Porto da Costa
O seu último apelido confunde-se com o do clube: ele é “da Costa” e o clube é o FC Porto. Ora, um porto fica naturalmente na costa. O outro apelido é que não lhe assenta bem: sendo “Pinto”, ele normalmente canta de galo. E que galo!
Pinto da Costa guindou o seu FC Porto a um plano nunca visto, pelo que o Prémio Carreira que agora lhe foi entregue no Dubai é justíssimo.
Tenho-lhe feito várias críticas. Acho que exagera ao impor companheiras de ocasião à tradicional sociedade nortenha, chegando a convidar ex-Presidentes para casamentos que se revelam farsas.
Mostra, também, inacreditável desfaçatez ao falar dos árbitros – ele que só não foi condenado no Apito Dourado porque as escutas telefónicas que o denunciavam não foram aceites pelo tribunal. Mas todo o país as ouviu – e percebeu como ele lida (ou lidava) com os homens do apito. Se alguém em Portugal nunca mais devia falar desses espécimes era, pois, o presidente do FC Porto. Mas fá-lo sem nenhum problema de consciência.
De qualquer modo, ele ficará para a História do futebol como um dos maiores dirigentes de sempre. E até os defeitos que exibe, fazendo parte inseparável da sua identidade, acabam por ser relativizados.
Ao princípio houve quem dissesse: “Em terra de cegos...” Mas ele fez questão de desmentir categoricamente os que o minimizavam, mostrando que tem os dois olhos bem abertos. Pegando num clube quase regional, Pinto da Costa projetou-o primeiro no país, depois na Europa e finalmente no Mundo – afirmando-se no patamar onde o futebol atinge o grau máximo de exigência.
Perante isto, há que lhe tirar o chapéu... e procurar esquecer o resto.
In Record