dezembro 31, 2010

Bom Ano 2011





E que o novo ano traga o Bi-Campeonato.

A todos os visitantes, amigos e aos demais blog´s da Gloriosasfera boas entradas e com tudo o que desejam.

Votos deste vosso Blog.

dezembro 22, 2010

Crónica de João Malheiro



Obrigado, Eusébio

Já alguém terá feito esse exercício mental? O que seria o futebol sem Eusébio? Chegou a Lisboa há 50 anos e, com ele, tudo mudou. O Benfica? O Benfica e Portugal. Mesmo a bola planetária passou a referenciar uma das suas maiores divindades.

De Eusébio está tudo dito, mas tudo tem de ser sempre dito. Eusébio foi uma espécie de milagre neste país triste e envergonhado da década de sessenta. Transformou o Benfica num clube mítico. Em tempo de ditadura, colocou Portugal no mapa afectivo. Foi tudo por nós, sendo apenas ele. Sempre disse que antes de saber que me chamava Malheiro, já sabia dizer Eusébio, já sabia quem era Eusébio, já sabia que o meu ídolo era Eusébio. Só não sabia que, alguns anos volvidos, Eusébio estava no leque restrito dos meus melhores amigos, só não sabia que Eusébio haveria de ter a sua biografia assinada por mim, só não sabia que Eusébio seria padrinho de um dos meus casamentos, só não sabia que com Eusébio viria a servir o nosso Benfica.

Um dia, ainda no começo da década de 90, num jantar que organizei na Costa de Caparica, estava a nossa forte e arreigada amizade numa fase embrionária, Eusébio pediu-me um autógrafo. Fiquei apopléctico. A mim? Que troca absurda de factores era essa? Percebi então, emocionadamente, que só a humildade faz os grandes. Por isso é que Eusébio é tão grande. Por isso também percebi que só humildemente poderia continuar a ser credor da sua bênção amiga. Até porque, a seu lado, a minha pequenez me engrandece.

In Destak  

dezembro 21, 2010

O Voo da Águia_ Marta Rebelo


Vitória...

Em tarde de regresso à gloriosa goleada e eficácia bonita da época passada, a Vitória não “abençoou” a partida com o seu habitual voo. Salvio foi herói mas a nossa águia foi a grande ausente. Perdemos o nosso símbolo desde a inauguração da nova Catedral, há 8 anos. Ensombrou-me a partida...

O Benfica brindou-nos com uma exibição das antigas, do antigamente do ano passado. Como é que a equipa que jogou uns tremendos 30 minutos e uma segunda parte ainda mais argentina, se humilhou frente ao Hapoel há apenas semana e meia? Estruturalmente a mesma, alguma coisa mudou com a (entediante) vitória na Taça. Pela primeira vez esta época JJ teve estratégia, óbvio quando “mandou” Coentrão engonhar e levar o vermelho. Pela primeira vez esta época, JJ realizou que a gestão de expectativas é fundamental, e deixou-se de prognósticos de glória pela Europa fora, quando comentou o adversário que nos calhou na rifa para a Euroliga, o Estugarda. E, pelos vistos, estas novidades colheram frutos no balneário. E em campo.

As saudades que eu tinha de celebrar efusivamente logo aos 4 minutos, de sofrer até ao fim mas pela goleada e não pelos 3 pontos. Na primeira parte fizemos bonito pela esquerda, com Coentrão e Gaitán finalmente entrosados; na segunda mais pela direita, com Salvio de ouro; e durante os 90 com Aimar e Saviola, porque Cardozo foi uma nulidade absoluta. Saiu aos 63’, e saiu tarde. Eu sei que o adepto embandeira em arco com 90 minutos de glória. Eu celebro mas aguardo: pela confirmação de Salvio, tão intermitente; pelo Ano Novo, na esperança que Jesus consiga reproduzir a receita do fim-de-semana; pela certeza da mudança; pela defesa sem David Luiz, que pode ter feito a última partida pelo SLB. Além da jogada magistral do primeiro tento, que ofereceu a Aimar, ele bem tentou o golo da despedida. Lamento, mas está na hora de deixar o rapaz voar ainda mais alto.

  In Record

dezembro 20, 2010

Comunicado do SLBenfica


Desmentido

 Face as reiteradas declarações falsas e difamatórias que desde o passado sábado foram proferidas pelo senhor Juan Bernabé, ou pelo seu advogado, em relação aos incidentes verificados no passado dia 18 de Dezembro, a Benfica SAD vem esclarecer que:

a) Ao contrário do que repetidamente tem afirmado, o senhor Juan Bernabé não foi agredido, antes agrediu de forma injustificada e gratuita um Director da Benfica SAD, nos momentos que antecederam a entrada das equipas do SL Benfica e do Rio Ave em campo, no passado sábado. Situação presenciada por várias testemunhas que se encontravam no local e que ficou registada pelos meios de segurança.

b) Esta agressão não foi um acto isolado. Infelizmente, muitos outros incidentes foram registados ao longo dos últimos anos por aquele prestador de serviços desta Sociedade, envolvendo insultos e ameaças a diferentes profissionais do SL Benfica (Secretária Geral, Relações Públicas, Direcção Comercial&Marketing e Futebol de Formação).

c) Não se pode ter por pessoa de bem alguém que deturpa os factos e mente deliberadamente aos sócios.

d) Ao longo dos últimos meses, esta Administração encetou diversas diligências junto do Senhor Juan Bernabé para que este alterasse o seu comportamento.

e) Do diálogo entre as partes, sempre resultou o entendimento de que seria possível uma melhoria da postura daquele prestador de serviços, sendo para tal imperioso que este respeitasse, não apenas os colaboradores do Benfica, mas também as normas em vigor, nomeadamente aquelas que definem os procedimentos relativos à organização de jogos.

f) Infelizmente, os acontecimentos do dia 18 revelaram que não se trata de um problema pontual, mas sim de uma atitude reiterada e intolerável de desrespeito perante aqueles que sempre colaboraram com ele e, na pessoa destes, perante o próprio Benfica.

g) O símbolo do Sport Lisboa e Benfica é a águia, não o senhor Juan Bernabé.

h) A Benfica SAD não pode deixar de lamentar esta situação, mas, em face das agressões perpetradas e das declarações entretanto proferidas, não deixará de accionar os mecanismos legais ao seu dispor.

i) O SL Benfica foi, durante muito tempo o único clube do Mundo que tinha o seu símbolo a voar nos seus jogos. E só deixou de ser quando a ‘águia’ se transformou num negócio que nada tem a ver com benfiquismo. Facto que, naturalmente, lamentamos.

j) Foi alertado, em diversas ocasiões, quanto a esta situação. Nada mudou, apenas se agravou o seu comportamento.

k) Face à importância reconhecida do voo da águia, como símbolo vivo do nosso Clube, esta Sociedade irá tomar as medidas necessárias para que a mesma volte a animar o Estádio da Luz a breve trecho.

Lisboa, 20 de Dezembro de 2010

O Conselho de Administração

Email Aberto _ Domingos Amaral


Falar verdade

From: Domingos Amaral
To: Jorge Jesus

Caro Jorge Jesus
Churchill disse um dia que a verdade era a primeira vítima de uma guerra, e sendo o futebol uma espécie de jogo de guerra, é natural que poucas vezes os seus intervenientes digam, pelo menos em público, a verdade. Os discursos de treinadores, jogadores ou presidentes, ou são estratégias de motivação das equipas ou tentativas de desestabilização dos adversários ou dos árbitros. Contudo, em certos momentos é essencial falar verdade.
Ora, finalmente, e ao fim de cinco longos meses, desceste da torre de marfim e reconheceste o óbvio: subiste demasiado as expectativas, por um lado, e a equipa ainda não está bem, por outro. A euforia depois do título cegou-te, e foi doloroso o choque da realidade, com derrotas atrás de derrotas, mas o teu teimoso estado de negação só adiou as coisas. Foi tardia esta verdade, mas só ela pode libertar a equipa, e tentar relançá-la. Embora ainda perca muito facilmente o controlo dos jogos (final da primeira parte com o Rio Ave), desconfie de si própria, e não saiba estar a perder sem se angustiar, reconhecer tais verdades só fortifica o Benfica. 

Só identificando as fraquezas se pode trabalhar para as eliminar, como se fez, e bem, no caso do Roberto, que parece outro. Desejo-te boas férias de Natal, e espero que as aproveites para distinguir o trigo do joio e revitalizar o balneário.
Se fores lúcido e motivado, pode ser que ainda seja possível mordermos os calcanhares ao FC Porto. Em meados de 1942, também ninguém acreditava que Churchill ganhasse a guerra, mas ele reconheceu a verdade, e as coisas mudaram…

  In Record

Por força da lei _ Ricardo Costa


Incumprimentos

1 - Esta é a primeira época em que o incumprimento salarial a jogadores pode ter consequências desportivas sérias na Liga: perda de pontos. Está em vigor uma infração disciplinar que se junta ao impedimento de registo e renovação de contratos de jogadores. Uma inovação do “consulado” de Hermínio Loureiro, nascida numa das assembleias gerais “buliçosas” de que foram vítimas os órgãos da Liga desse mandato. Era, aliás, um dos objetivos de Loureiro: credibilizar as competições da Liga em razão da (tantas vezes alegada) concorrência desleal entre os clubes cumpridores e os clubes incumpridores. Claro que não foi nem é uma reforma fácil; antes é uma medida delicada, atentatória do status quo, mas reclamada pela transparência e tutela da igualdade entre os competidores. Melhor ou pior, assim se fez. Como?

1.º Os clubes, até 15 de dezembro, estão obrigados a demonstrar que têm os salários regularizados – os vencidos entre 31 de maio e 10 de novembro de cada ano; se dessas declarações – ou da falta delas – resultar que o clube está atrasado em 60 dias (ou mais) no pagamento dos salários, a Comissão Executiva (CE) “avisa” o clube para cumprir no prazo de 15 dias. 2.º Ao longo de toda a época, qualquer jogador ou clube pode queixar-se à Liga sobre o “atraso” igual ou superior a 60 dias no pagamento; a CE notifica o clube para comprovar (também) no prazo de 15 dias que pagou ou, pelo menos, que o atraso é inferior a 60 dias. Se os clubes não demonstrarem o cumprimento nesse prazo de 15 dias, a CE comunica à Comissão Disciplinar (CD) e esta instaurará o devido processo disciplinar pela “infração salarial”. Consequência: subtração de 3 pontos na tabela. E “bulício” na Liga.

2 - Enquanto isso, fomos percebendo que, a partir desta época, a suspensão de um treinador pouco ou nada significa. Uma vez castigado em tempo (dias ou meses) – e não em jogos –, um treinador suspenso pela Liga continua como se nada fosse: intervém publicamente em conferências de imprensa; comunica à vista de quem quer ver com o banco como se lá estivesse durante o jogo do “castigo”. Não julgo que seja este o caminho que deriva da leitura correta da letra e do espírito do Regulamento Disciplinar da Liga: os treinadores, durante o tempo do castigo, ficam inabilitados para, diz a “lei”, “o desempenho das funções decorrentes dos regulamentos desportivos na qualidade em que foram punidos”. Entre essas funções (expressas em direitos e deveres) estão naturalmente o exercício da direção técnica nos jogos, a participação em conferências antes e depois dos jogos, assim como o dever de participar na “flash interview”. Se desempenham algumas destas funções, ou contornam grosseiramente a inibição, estarão a violar o castigo. E sujeitam-se a outro – por “não acatamento”. De facto, estão a desafiar a autoridade da Liga. Para o evitar, necessário se torna delegados da Liga instruídos sobre a sua competência para fazer cumprir os regulamentos e as deliberações da Liga; e uma CD… atuante. Mas isso será com certeza incómodo demasiado para a Liga do “presidente pago”...

  In Record

dezembro 19, 2010

Aqui á Gato _ Miguel Góis


O silêncio

Esta semana, Sousa Tavares escreveu na sua crónica que Jorge Araújo foi um “treinador de basquetebol, que deu ao Benfica vários títulos nacionais, antes de rumar ao FC Porto”. Como é evidente, Jorge Araújo nunca treinou o Benfica, não cumprindo assim um dos requisitos necessários para se vencer vários títulos por esse clube. Sousa Tavares escreveu isto, mas - salvo uma única exceção (cuidadinho, Leonor!) - ninguém o desmentiu.

Esta semana, Sousa Tavares escreveu também: “Insisto: o futebol é um jogo simples de entender. Basta um mínimo de conhecimento do assunto e um mínimo de experiência de observação para distinguir um bom jogador dum mau jogador.” No entanto, a 9 de março não era “preciso ser nenhuma luminária para perceber que o Belluschi tem pose de pavão mas a eficácia em voo de uma avestruz”, e até que o jogador é “uma fonte de despesas e frustrações sem fim”; e, a 30 de novembro, já era um dos “bons jogadores” do plantel portista, e o único “médio de ataque à altura das necessidades”. Sousa Tavares escreveu isto, mas ninguém o confrontou.

Esta semana, Sousa Tavares escreveu ainda, referindo-se ao jogo contra o Setúbal, que “o FC Porto ganhou, de facto, com um penálti que não terá existido, mas só ganhou porque o Vitória, que dispôs da mesma oferta, a desperdiçou e o FC Porto não”. Posta a questão nestes termos, há quase, no desfecho da partida, um sabor a justiça, e quase nos esquecemos que justo, mas mesmo justo, seria que nenhum dos penáltis tivesse sido assinalado e o jogo acabasse 0-0. Sousa Tavares escreveu isto, mas ninguém o desmascarou. Assim é que é bonito.

In Record

Época 2010/2011 SLBenfica _ Rio Ave


«Fizemos os melhores 35 minutos da época» - Jorge Jesus

Orgulhoso pelos primeiros 35 minutos de jogo, Jorge Jesus classificou o arranque do Benfica frente ao Rio Ave como «os melhores 35 minutos da época». O treinador das águias considerou mesmo que os seus jogadores «foram diabólicos».

A vencer 2-0 aos oito minutos de jogo e com um arranque a todo o gás, o Benfica arrancou para uma importante vitória sobre o Rio Ave. Jesus congratulou-se, mas também se queixou de «uma grande penalidade por marcar sobre Fábio Coentrão», durante esse período. Para Jesus, «é difícil marcar penalties a favor do Benfica», mas muito «mais fácil contra».

CLIQUE AQUI PARA VER AS REPETIÇÕES VIRTUAIS DOS GOLOS

O treinador dos campeões nacionais destacou a qualidade do adversário: «O Rio Ave é uma excelente equipa, que obrigou o Benfica a jogar ao mais alto nível. Mesmo a perder, acreditaram e valorizaram o nosso jogo», disse.

«Na segunda parte, sem termos feito jogo com tanta qualidade técnica, as coisas tornaram-se mais fáceis. A perderem, os adversários abrem mais espaços. Acabámos por fazer um excelente jogo, com excelente vitória», acrescentou Jorge Jesus, que frisou a importância de «correr contra o tempo, contra o FC Porto».

CLIQUE AQUI PARA VER AS REPETIÇÕES VIRTUAIS DOS GOLOS

In ABola 

MatchCenter da LPF : http://www.lpfp.pt/liga_zon_sagres/pages/MatchCenter.aspx

dezembro 15, 2010

Tempo Útil _ João Gobern


Respirações

Estão cada vez mais rápidos os ciclos de confiança e de alerta no futebol português – que o digam Jorge Jesus e Paulo Sérgio, outra vez protagonistas do fim-de-semana e outra vez pelas razões opostas. Quatro dias depois de uma humilhante derrota caseira no fecho da participação benfiquista na Champions, o treinador campeão parecia outro. Voltou a fazer as suas corridas rápidas ao longo da linha lateral, a gesticular mais e melhor do que os antigos polícias sinaleiros, a usar a voz de comando para orientar posições defensivas e para estimular movimentos ofensivos. Será coincidência, mas a verdade é que nunca a superioridade do Benfica frente ao Braga esteve em causa e percebeu-se cedo que os golos seriam mesmo uma questão de tempo.

O choque vitamínico de Jesus chegou pela voz de Luís Filipe Vieira, entre os dois jogos. Dir-se-á que o tom de crédito de confiança ao técnico também se ficou a dever a terceiros (sim, o milagre de Lyon, que manteve o Benfica na Europa). Mas Vieira soube falar no tempo certo e no sentido que se espera de quem tem de decidir racionalmente. Chegou, até, a sublinhar erros do passado para declinar a hipótese de os repetir. Sem percalço frente ao Rio Ave, o Benfica vai para o Natal com um capital de confiança externo que lhe permite respirar e recomeçar. Já perdeu a Supertaça, já caiu na liga dos milhões, tem atraso considerável no campeonato. Mas sabe que, sem estabilidade (e não só emocional), arrisca-se a perder tudo o resto. É a diferença entre o revés e a catástrofe.
Já Paulo Sérgio começa a ver reduzida a margem de manobra e, afastado da Taça, vai precisar de se alimentar muito da Europa. Só que o problema do Sporting parece diferente – com aquela matéria-prima, a qualidade não estica e, sobretudo, parece insuscetível de se traduzir em estabilidade e consistência. Num dia bom, os leões podem ganhar a qualquer dos rivais. Mas, num dia mau, podem perder com qualquer adversário. O mais fácil (e o mais praticado) é culpar o técnico mas, no caso particular de Paulo Sérgio, julgo que se trata de uma enorme injustiça. Ele já apresentou vários tipos de omeleta, mesmo sem ovos no cesto – não pode é servi-la todos os dias. Ainda assim, no final, estou em crer que a época do Sporting acabará por ser menos aflitiva e menos medíocre do que na temporada passada. A menos que cortem o oxigénio a Paulo Sérgio.

Uma nota final para André Villas-Boas: em fase de recordes e em estado de graça, ele fala como respira. Mandaria a prudência que não gastasse o ar todo, porque pode vir a precisar de fôlego, se a coisa se complicar. Até Mourinho sabe que o silêncio, de quando em vez, é o melhor remédio para evitar o desgaste e o cansaço. Está em espera.

  In Record

Crónica de João Malheiro



(In)gratidão

Há dias, num café, uma criança, para aí com 11 anos, dirigiu-se-me, queria saber uma coisa sobre o Benfica. Esclareci de pronto e fiquei à espera de lhe matar outras curiosidades da bola. Espanto meu, a menina perguntou-me qual era o sentimento que mais abominava. Creio que utilizou a expressão «que menos gostas». Não hesitei, fui lesto na resposta. É a ingratidão, disse-lhe de forma categórica.
A minha interlocutora não objectou, pareceu-me ter ficado satisfeita. Ainda assim, insisti no propósito de lhe explicar o fundamento da minha opção. É que sentimentos há tantos, mesmo para o universo infantil. De que exemplo me socorri? A criança era benfiquista, falei-lhe de Jorge Jesus.

«Sabes quem é o treinador do Benfica?» Claro que sabia. «Sabes que foi campeão no ano passado?» Claro que sabia. «Sabes que, esta época, como as coisas não estão a correr bem, há quem queira mandar embora o Jesus?» Claro que sabia. «Sabes o que se chama a isso?» Claro que tive de explicar. «Chama-se ingratidão.» Ela entendeu.
Falei-lhe num treinador português com um trajecto feito a pulso, com recentes passagens de grande qualidade no Belenenses e no Braga. Falei-lhe num treinador português que, chegado ao Benfica, prometeu conquistar o título nacional e foi bem-sucedido logo na primeira experiência. Falei-lhe de um treinador português que tem muito para ganhar no clube que representa.
«Eu gosto do Benfica e gosto muito do Jesus», foi o que ela me disse. Disse-me gratidão. Num jeito garoto, numa forma crescida e até comovente.

In Destak 

dezembro 14, 2010

O Voo da Águia_ Marta Rebelo


O astral na Luz...

Continuamos na Taça. Eu não sou do contra, derrotista nem tão-pouco tenho sede de sangue. Não tenho um prazer masoquista em sofrer e criticar. Mas tenho muita sede de golos e saudades de exibições gloriosas. E a de ontem à noite foi triste, cinzenta, monótona.
Só em quatro momentos houve agitação: aos 38’, quando Saviola quebra o entorpecimento e marca o primeiro golo da noite; aos 61’, quando Coentrão se cansa da falta de cor e, endiabrado, arranca do meio campo e só depois de uma tentativa falhada e de, na recarga, ganhar o canto é que sossegou; aos 88’ Júlio César salva a noite, naquele que é o momento mais feliz do Benfica... outro seria o cântico se aquela bola entra...; e aos 93’, com o 2-0 por Aimar, um golo obtido na segunda recarga. É uma grande verdade que a bola teimou em não entrar. Mas nós teimámos em não entrar no jogo. E se o Braga se apresentasse na Luz com os sete titulares que não marcaram presença? É que nós jogámos com o nosso onze titularíssimo, pelo menos até à saída prematura de Luisão. E se o Benfica tivesse sido eliminado ontem?

É provável que se tornasse muito difícil à direção encarnada segurar Jesus. Mas houve eficácia. O Glorioso segue em frente, e os resultados têm de seguir para cima. Pede-se inteligência no mercado de Inverno, livrar-nos do lastro e investir em verdadeiros valores. Para as posições que estão desfalcadas. As contratações do Verão foram a pobreza que se vê em campo. A de Gaitán à parte (e Roberto, a baliza já serenou), que precisa de ser recolocado no terreno (faria, idealmente, o lugar de El Mago, e como Aimar só ele). O balneário precisa de repouso, por mais que nos digam que não... estava a equipa, suplentes e banco a festejar a vitória no relvado e JJ, à margem, já na entrada do túnel. Há um ano, o Guimarães eliminou o Glorioso da Taça, em casa. E mesmo perdendo por 0-1, o astral na Luz era outro. Que 2011 nos traga os momentos vibrantes que, afinal, aconteceram há menos de 6 meses...

  In Record

dezembro 13, 2010

Bloco de notas _ Nuno Farinha


Os melhores do Mundo

A eleição dos melhores do Mundo deixa sempre espaço para mil discussões. E quem não concorda com as escolhas descarrega no alvo mais fácil: o critério. Este ano, a “Gazzetta dello Sport” antecipou-se em toda a linha à concorrência e já anunciou quem serão os galardoados a 10 de janeiro, em Zurique. Iniesta melhor jogador, Vicente del Bosque melhor treinador. Falta a confirmação, mas ninguém parece duvidar da informação apressada pelo diário italiano.
Formou-se rapidamente um coro de descontentes a partir do momento em que a FIFA oficializou os três finalistas para cada um dos prémios. Os insatisfeitos moram, basicamente, em três países – Portugal, Itália e Holanda – e percebe-se porquê. Portugal porque aqui é quase unânime o entendimento de que o melhor treinador do Mundo deveria, ou deverá, ser José Mourinho. Itália e Holanda porque o craque do Inter, Sneijder, afinal nem sequer teve direito a figurar entre os três finalistas.
O critério (lá está…) pertence a cada um dos entendidos que é chamado a votar e esse princípio é irrevogável, mesmo que os derrotados tenham dificuldade em aceitar outro argumento que não o do número e da importância dos títulos conquistados. Mourinho deve ser considerado o melhor treinador porque ganhou o campeonato e a Taça em Itália e ainda a Liga dos Campeões? Tenho dúvidas. Se fosse apenas pela quantidade dos troféus ganhos então nem valia a pena incomodar selecionadores, capitães e jornalistas pedindo-lhes que entregassem os seus votos. Contavam-se os títulos e, pronto, estava o assunto arrumado, valendo a mesma regra para o prémio de jogador do ano.
Costuma dizer-se que em futebol a razão pertence a quem ganha. Provavelmente é mesmo assim, mas ganhar é uma coisa e ser o melhor é outra. O Barcelona, entre janeiro e dezembro, foi um permanente regalo e no único momento em que falhou, na Liga dos Campeões, até o treinador do Inter admitiu que a única forma que encontrou para travar aquela máquina foi utilizar um Airbus 340, na célebre noite da multiplicação dos trincos e dos laterais. 

Mourinho tem argumentos suficientes, para além dos resultados conseguidos em 2010, para discutir o trono, porque é um mestre do treino, do planeamento e da eficácia. O problema é que o seu maior rival nos dias de hoje, Guardiola, colocou o Barcelona num patamar de excelência que arrasa por comparação. Se a FIFA, por exemplo, se lembrasse de premiar a melhor equipa do Mundo, alguém duvida que o Barça ganharia com uma margem entre os 95 e os 100 por cento? E a quem pertenceria esse mérito? Guardiola faz história deixando uma marca de qualidade que daqui a 20 ou 30 anos será lembrada. E ainda consegue influenciar as tendências do jogo de uma forma que não se via desde o tempo de Sacchi ou Cruyff. Mesmo assim, a “Gazzetta” diz que será Del Bosque a vencer. A confirmar-se, será apenas outra forma de consagrar o tiki-taka.
Quanto aos jogadores e às críticas pela ausência de Sneijder, importa lembrar que do Mundial para cá não voltou a dar sinal de vida, enquanto Xavi, Iniesta e Messi insistem em contínuos recitais que atingiram expressão máxima na recente goleada ao Real Madrid. E aqui, quem deve ficar com a Bola de Ouro? Xavi e Iniesta merecem mais do qualquer outro. Mesmo que o “outro” seja Messi, o melhor dos melhores.

  In Record

Email Aberto _ Domingos Amaral


Picareta falante

From: Domingos Amaral
To: André Villas-Boas

Caro André Villas-Boas
Algures na década de 90, Vasco Pulido Valente batizou genialmente António Guterres como “picareta falante”. Quando penso em ti, é disso que me lembro. Calado tantos anos à sombra de um gigante, chegaste a Portugal com uma necessidade infinita de afirmação e uma vontade irreprimível de palrar. Com a excitação juvenil de quem abandonou recentemente uma estranha prisão, a tua língua soltou-se.
Em pouco mais de um ano, ouvi-te arengar sobre tudo e mais alguma coisa. Discursas sobre o Benfica, muito, mas também sobre o Sporting, sempre em picanço; teorizas as falhas da Liga Europa, explicas a teoria do caos no futebol, gabas as metodologias dos treinos, defendes a primazia do coletivo sobre o individual, classificas os clubes que vêm da Champion como “frustrados”, reforças os grandes méritos de Jesus (dias depois de o ter humilhado), relembras os castigos da época passada, e opinas sobre arbitragens, Vítor Pereira, Benquerença, Jorge Silva ou Elmano Santos. Munido de mil e uma ideias, raciocínios e pontos de vista, peroras aos microfones, lançando bicadas à direita e à esquerda, como a picareta falante. 

A princípio, isto irritava-me. Depois, passou a cansar-me, e só me apetecia perguntar, como o rei Juan Carlos fez certo dia a Hugo Chavez: “Por que no te calas?”. Mas, agora já te acho graça. Na verdade, perante a penúria que tem sido este campeonato, se não fosses tu e as tuas inventivas teses, esta época não tinha ponta por onde se lhe pegasse. Bem hajas, por entreter o povo com a tua retórica malabarista.

  In Record

dezembro 12, 2010

SLBenfica _Braga 16avos Taça Portugal 10/11


Benfica está nos oitavos da Taça após derrotar Braga (2-0)

O Benfica venceu o Sporting de Braga, por 2-0, com golos de Saviola e Pablo Aimar, numa partida muito equilibrada. Com esta vitória, os encarnados qualificaram-se para os oitavos-de-final da Taça de Portugal, nos quais irão defrontar o Olhanense.

O jogo foi dominado pelo conjunto de Jorge Jesus, apesar de o Braga ter dado bastante réplica durante quase toda a partida.

Após falhar várias oportunidades (poucas mas flagrantes), o Benfica chegou à vantagem por Javier Saviola, num lance de bola parada. Na sequência de um lançamento de linha lateral, marcado por Maxi Pereira, o trinco Javi Garcia conseguiu elevar-se à defesa bracarense e assistir o argentino para o primeiro golo.

A equipa encarnada continuou mais forte, mas sentiu sempre muitas dificuldades para ultrapassar a boa estrutura montada por Domingos Paciência.

No segundo tempo, o Benfica tentou resolver o jogo cedo, mas as oportunidades de que dispôs, principalmente por Cardozo, não foram aproveitadas. Artur, o guarda-redes adversário, também esteve sempre seguro.

Bem perto do fim do jogo, após um canto, Alan cabeceou forte e quase surpreendia Júlio César, que fez a defesa da noite, mesmo em cima da linha de golo.

No lance seguinte, o Benfica mata o jogo, por Aimar. Salvio isola-se pela direita e remata ao poste direito da baliza de Artur, a bola sobra para a pequena área e é aliviada pela defesa brancarense. Porém, na recarga, Artur volta a estar em grande com uma boa defesa, mas já não consegue evitar o cabeceamento certeiro de Aimar.

O resultado justo acabou por ser justo, pelas oportunidades de que o Benfica dispôs.  


In ABola  

Por força da lei _ Ricardo Costa


Rumar às vitórias

Nos tempos idos de Direito em Coimbra, entre nós, estudantes, havia quem sublinhasse o apego ao desporto. Com chuva ou com sol, fosse curta ou longa a noite, um de nós dirigia-se invariavelmente de madrugada para o Mondego. Treinava-se com denodo. Queria ganhar títulos. E ganhava. Não vivia sem o seu compromisso com a modalidade. Prolongou-o, mais tarde: desde 2004 é presidente da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC). Falo de Mário Santos. Que foi eleito Chefe de Missão para as Olimpíadas de 2012.
Num país submerso numa “futebolização” castradora, a canoagem é o paradigma do crescimento sustentado de uma modalidade. Sem sofismas e sem lamúrias. Sem desculpas na dependência do Estado. Um projeto em que se vê uma estratégia a prazo e medidas para a tornar plausível. Tudo mudou com a chegada de Mário Santos e o rejuvenescimento da FPC.
Rejuvenescimento em visão e, acima de tudo, em paixão. Intuiu-se que Portugal tinha as condições físicas e ambientais para ser uma potência. Planeou-se a emergência de massa humana para almejar o topo. Compreendeu-se que vale a pena investir para ganhar ou estar sempre próximo de ganhar. Para isso, houve que alterar regulamentos e práticas, de modo a premiar quem tivesse mais atletas jovens, mais atletas novos e atletas com mais qualidade. Em 6 anos, onde antes havia 1.700 atletas, agora há 2.300; onde antes havia 850 menores de 16 anos a praticar, agora há quase 1.300; onde antes se exibia uma medalha internacional, agora exibem-se 17 medalhas internacionais só em 2010, e muitas vencedoras; onde antes ia um atleta a Jogos Olímpicos, agora estão dez no Projeto Olímpico. 

Um dos traços essenciais foi enriquecer a base de recrutamento e tirar frutos depois no alto rendimento – onde chega a elite. A grande aposta da FPC é, para qualificar a elite, o desporto universitário. Com um protocolo “estrangeirado” com a Universidade de Coimbra e o aproveitamento do Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho, ultrapassou-se a dificuldade de inconciliação de atletas universitários e talentosos: uma residência universitária modelar, treinadores e praticantes a viver em estágio permanente, agilidade nos estudos e aproveitamento escolar, desportistas com uma carreira, quase todos no trilho do olimpismo. Chegaram naturalmente os títulos de campeões do Mundo e da Europa.
O outro ponto da filosofia era transformar Portugal num país de acolhimento de estágios e de provas internacionais, aumentando o peso relativo do país. Veja onde se está hoje: depois do sucesso do Mundial de Maratona de 2009, em Gaia, em 2012 teremos cá o Europeu de Velocidade de Juniores e de Sub-23 e, em 2013, a Taça do Mundo e o Campeonato da Europa de Velocidade. E, este ano, estarão 300 (!) estrangeiros das maiores potências mundiais a estagiar nos “training camps” do nosso inverno.
A estratégia foi certa e o Estado podia ver nela uma “carta” para a sua ação: ouviremos falar de canoagem em Londres’2012. Onde o estudante que se levantava mais cedo para se treinar no rio, e que ainda corre para vencer nas pistas dos “veteranos”, levará, justamente, a bandeira de Portugal!

In Record

Aqui á Gato _ Miguel Góis


Em defesa de Jesus

Posso estar em negação (isso explicaria por que razão estou convencido que o mau futebol do Benfica não passa de um plano diabólico para desencorajar os adeptos a irem assistir aos jogos fora). Mas a verdade é que me recuso a pensar na hipótese de Jorge Jesus ser despedido. Em termos racionais – e eu peço, desde já, desculpa por estar a amalgamar neste texto assuntos tão díspares quanto “racionalidade” e “futebol” – não faz sentido termos por fim encontrado um treinador capaz e competente, depois de décadas a tolerar treinadores razoáveis e medíocres, e agora demiti-lo por não estar a ter sucesso nos últimos meses. Sejamos razoáveis: se, até 2037, Jorge Jesus não puser a equipa a jogar como na época passada, apontemos-lhe então a porta de saída com maus modos.
Jesus perdeu o balneário? É simples: compre-se-lhe um novo balneário. Quem está com o nosso treinador, fica. Quem não está, é excomungado. Custa-me dizer isto, mas o Benfica tem muito a aprender com a forma como a Igreja Católica lidou, no passado, com a dissensão: quem não acreditar em Jesus, deve ser castigado. Mas sem aquela parte das acendalhas.

Uma referência final à forma energúmena como alguns adeptos do Benfica têm tratado o campeão nacional César Peixoto. Eu não me esqueço quem é que, no ano passado, marcou Hulk na Luz, de forma exemplar. E também não me esqueço quem é que, na época passada, foi o melhor jogador em campo no Sporting 1 - Benfica 4, referente às meias-finais da Taça da Liga. Mas isso sou eu, que não gosto de dar tiros no pé.

In Record

O Voo da Águia_ Marta Rebelo


Revolução, sff

Vamos por um caminho de curvas sinuosas e estamos a espalhar-nos ao comprido. Mas que simulacro de jogo de futebol foi aquele que fizemos contra o Schalke 04? Recordo o míster há cerca de dois meses, quando afiançou que ia fazer história na Champions... E fez, a mais triste historieta possível. O que é que fazia ali o César Peixoto – um estorvo, um empata, sem gala ou técnica para jogar num glorioso clube como o Benfica, e nem os assobios fazem aquele banco tomar o pulso à realidade? Mas desde quando é que brincamos ao 5-3-2, com um desalentadíssimo Javi García a fingir que era o quinto defesa?
Como é que Jesus pode dizer, no rescaldo da partida, que “a prioridade era ganhar e apurar-nos com 9 pontos”, quando tudo o que fizemos só nos fez merecer a derrota e justo, justo mesmo, era nem sequer irmos à Liga Europa, tão má foi a nossa campanha na Champions... A derrota contra o Schalke custou aos cofres da Luz 800 mil euros. Outro tanto importou a derrota em Telavive. E não vale a pena continuar o rol de tragédias. Nem procurarmos, como se falássemos de D. Sebastião, substituto para um eterno Di María. Se o problema fosse esse, a pré-época teria sido o palco para a resolução desse drama...
Na sequência do meu “Então tchau”, logo com um toque de paternalismo me fizeram saber que Jesus tem uma conceção revolucionária do jogo. Pois eu, como adepta que vibra e vive este clube e a bola com o coração, e é assim que vale a pena, acho que está na hora de pensar em revolução, de facto. E penso-a aqui, dão-me ouvidos neste jornal, faço o que posso com as palavras. Para uns quantos curiosos que por aí andam, não, no Record não há censura. 

Batemos fundo, mas não desisto. À minha sobrinha Madalena, nascida a 1 de Dezembro, ofereci o Kit Sócio Júnior. Mas ao futebol do meu clube continuarei a oferecer a minha crítica, apaixonada mas desinteresseira, todas as semanas.
  
In Record

dezembro 11, 2010

Crónica Semanal de Leonor Pinhão

Mas a quem serviria o empate se Elmano nem podia expulsar Villas Boas

ELMANO SANTOS - El Mano para os amigos, provavelmente - não tinha muito por onde escolher quando Jailson converteu com êxito o pontapé de grande penalidade que permitiria ao Vitória de Setúbal empatar o jogo com FC Porto no Estádio do Dragão.
Como é absolutamente perceptível através das imagens televisivas, de apito na boca, o árbitro madeirense viu Jailson correr para a bola e, depois, desacelerar a corrida para enganar Helton com um pontapé de belo efeito. Mas El Mano mandou repetir o castigo porque ainda não teria apitado para autorizar a cobrança.
El Mano é assim mesmo. Se Jailson tivesse acertado nas redes no ser segundo chuto, El Mano teria mandado repetir, uma vez mais, porque estava um jogador do FC Porto dentro da área o que, pela lei, é proibido. Mas Jailson falhou, atirou para as nuvens e El Mano suspirou de alívio, outra coisa não poderia ele fazer.
Faltava pouco tempo para o fim do jogo e o empate iria, certamente, complicar a vida do árbitro tendo em conta os registos históricos do campeonato corrente.
Sempre que o FC Porto empatou nesta temporada aconteceu que o seu treinador, André Villas-Boas, fez-se expulsar. Ora, na segunda-feira, Villas-Boas, que já tinha sido expulso na jornada anterior em Alvalade, não estava no banco.
Foi nisso que terá pensado o árbitro quando o Vitória de Setúbal empatou. «Agora vou ter de expulsar o Villas-Boas... espera aí... não posso expulsar o Villas-Boas... só se subir os degraus todos da bancada até ao camarote onde ele está a ver o jogo...»
De acordo com esta perspectiva é legítimo especular no que se teria passado se o mesmo Jailson tivesse logo falhado o seu primeiro pontapé de grande penalidade sem que o árbitro tivesse ainda apitado para autorizar a execução do castigo.
Teria El Mano mandado repetir o penalty?
Certamente que não.
Não se atreveria a prolongar a agonia e o suspense nas bancadas do Estádio do Dragão e inviabilizada a hipotética igualdade a tão curta distância do final do jogo, jamais El Mano Santos correria o risco de se expor a uma segunda tentativa de golo para o empate. Principalmente porque não poderia, de seguida, expulsar o ausente Villas-Boas, como mandam as regras de isenção nesta prova.

Há dez anos, num Benfica - Sporting, aconteceu uma coisa parecida. Pierre Van Hooijdonk converteu com sucesso uma grande penalidade contra os rivais e o árbitro Jorge Coroado mandou repetir o castigo ou porque estaria algum jogador dentro da área ou porque considerou que Van Hooijdonk, estando isolado de frente para o guarda-redes do Sporting, se encontrava em posição de fora-de-jogo, sem dúvida a hipótese mais verosímil.
A verdade é que o segundo pontapé do fabuloso avançado holandês foi ainda mais certeiro e mais potente do que o primeiro, Coroado deu o concurso por terminado e mandou a bola ir ao centro para grande alegria de Van Hooijdonk, que até deitou a língua de fora, e para alegria de José Mourinho que era o treinador do Benfica e que até esboçou um manguito mais do que apropriado.
Quarenta e oito horas depois do último FC Porto - Vitória de Setúbal, surgiram através da imprensa declarações do presidente dos sadinos insurgindo-se contra a «displicência» com que o pobre Jailson correu pela segunda vez para a bola. Não parece justa esta indignação de Fernando Oliveira. Pierre Van Hooijdonk há poucos... Coroados e Elmanos é que há muitos.

dezembro 09, 2010

Crónica de João Malheiro



(Des)ordem

Até poderia ter olhado de viés para o recorte, não me fosse entregue pelo amigo António Simões. Esse mesmo, o mais jovem campeão europeu da história. Deu-me a ler a lista dos 100 desportistas para os 100 anos da República. Iniciativa? Da Confederação do Desporto de Portugal. Pretexto? A realização de uma gala, no caso a 15ª da conhecida instituição.
A iniciativa até que foi louvável, nada mesmo a obstar. Já o critério da escolha é surpreendente. Quem assume a responsabilidade? Claro que há nomes incontroversos, verdadeiras unanimidades nacionais. Que dizer de Eusébio, Joaquim Agostinho, Livramento, Carlos Lopes, Rosa Mota, outros mais que integram a casta dos nossos melhores desportistas de sempre?
E no futebol? Especificamente no futebol? Para além de Eusébio, também Peyroteo, Travassos, Coluna, Matateu, Fernando Gomes, Luís Figo, Vítor Baía, Rui Costa, Cristiano Ronaldo. Treinadores contemplados foram José Maria Pedroto, Artur Jorge e José Mourinho. Todos merecem a distinção? Claro que sim, jogadores e treinadores. Os mencionados foram ou são responsáveis por momentos inolvidáveis.

A questão tem a ver com os ausentes. Nem todos poderiam ser escolhidos? Ainda assim, percebeu-se, de forma demasiado flagrante, o propósito de equilibrar o… bem. Por onde? Pelas três grandes aldeias da bola lusa, Benfica, FC Porto e Sporting. O critério obedeceu, em primeira instância, a motivações de ordem clubista. Por essa razão, não foi justo. Pior, é reprovável.
Não sei se subscreveriam a indignação, mas apetece falar de Pinga, José Águas, Germano, José Augusto, Simões, Damas, Bento, Humberto Coelho, Chalana, Paulo Futre, Fernando Couto, João Vieira Pinto. Mais? Mais ainda, que a injustiça foi demasiado flagrante…

In Destak

Tempo Útil _ João Gobern


Esforços e reforços

Seria útil que Jorge Jesus tivesse utilizado os vinte minutos em que, ontem, o Benfica esteve matematicamente afastado da continuidade nas competições europeias para repensar as suas intervenções públicas. É certo que fazer confluir para um só homem as culpas de uma exibição desastrada e abúlica, tão arrastada como se do resultado não dependesse o (relativo) equilíbrio financeiro e a salvaguarda da última fatia do prestígio amealhado na época passada, assume foros de injustiça – afinal, o treinador não pode entrar em campo para empurrar os jogadores… Do mesmo modo, é verdade que, nas declarações do técnico de um grande clube, há que contar sempre com uma percentagem reservada à motivação do plantel e ao empolgamento dos adeptos. Mas o grave, neste caso, está no abismo que emerge entre o que se diz e o que se vê.
Sejamos honestos: com exceção de uma hora frente ao Lyon, na partida da Luz, a participação do Benfica na Liga dos Campeões fica abaixo do medíocre, tanto pelas exibições como pelos resultados. O que fica para a história são quatro derrotas em seis jogos e a desvantagem no marcador face a todos os oponentes: 1-4 frente ao Schalke 04, 4-5 na soma com o Lyon, até 2-3 nos desfechos com o Hapoel. Mais: os benfiquistas que suspiraram de alívio com o golo de Lacazette não vão esquecer que a sua equipa entrou a depender de si própria e acabou a rezar pelo milagre em Lyon. Antes de mais esta pintura esborratada, já Jorge Jesus tinha defendido que o Benfica poderia chegar mais longe na Liga Europa do que fez na época passada. Só para avivar a memória: o campeão nacional despediu-se nos quartos-de-final. O que levanta a questão – a jogar assim, sem pressão, alta ou baixa, sem velocidade, alta ou baixa, sem eficácia, ao invés da última época, alguém acredita na verosimilhança deste objetivo?

É preciso mudar muita coisa, a começar pela atitude. Como é indispensável desvendar o grande mistério da temporada benfiquista: se os jogadores são praticamente os mesmos (e Jesus teve tempo e dinheiro para substituir à altura Di María e Ramires), de onde vêm tantas diferenças? Vem aí o mercado de Janeiro e a tentação pelos reforços é grande, mesmo tendo consciência de que é muito mais difícil fazer bons negócios no Inverno. Talvez por isso, se troque o reforço pelo esforço: sem a resolução das maleitas internas, os que vierem podem alinhar no lado dos problemas e não das soluções. Acima de tudo, o Benfica precisa jogar mais e melhor. Caso contrário, ficará a falar sozinho, quando protestar contra os Elmanos desta vida. Claro que a reclamação é justa, nas primeiro é necessário fazer pela vida dentro de campo. Chama-se autoridade moral, se não me engano.

  In Record

Email Aberto _ Domingos Amaral


Saber perder

From: Domingos Amaral
To: José Mourinho

Caro José Mourinho
Notável, a forma como reagiste à maior derrota da tua carreira, a goleada de segunda-feira em Camp Nou. A digestão foi fácil, disseste, porque a tua equipa jogou muito mal e o Barcelona muito bem; e também porque não houve razões de queixa da arbitragem ou bolas ao poste. Tiro-te o meu chapéu, em dose tripla. Primeiro, porque é verdade, o Real esteve muito fraco e o adversário muito inspirado. Depois, porque discutir as vitórias alheias, barafustando contra árbitros ou alimentando polémicas estéreis, é a melhor forma de encapotar as fraquezas, negando a realidade, e isso é o mais habitual, principalmente entre os lusitanos. Ao surpreenderes toda a gente com a verdade, mataste qualquer discussão. Apenas cinco dias depois do jogo, já passou, não ficou nenhum trauma ou celeuma. Foi brilhante a forma como retiraste a pressão à tua equipa, diluindo a dor de 5 golos em 5 minutos. E, em terceiro lugar, tiro-te o meu chapéu porque ao dizeres o que disseste, provas que és mesmo o melhor do Mundo, pois evoluíste. No Porto, no Chelsea, mesmo no Inter, havia sempre em ti um perfume de mau perder. Agora, há maturidade e verdade. Como dizia Darwin, quem sobrevive não são os mais fortes, mas os mais adaptáveis…
A diferença cá para os nossos é abissal. Jesus, depois de levar 5 do FC Porto, só falava em Hulk, justificando-se, metendo os pés pelas mãos, vergado e humilhado. Villas-Boas, por seu lado, por cada empate enlouquece e é expulso, levando-nos a questionar o que faria se tivesse perdido. Que diferença…

  In Record

Bloco de notas _ Nuno Farinha


Tudo para dar certo

Há momentos em que vale a pena recuperar um texto. Este “Bloco de notas” foi publicado a 6 de junho, dois dias depois de Villas-Boas ter chegado ao FC Porto. Passaram 6 meses e a história vai-se fazendo...
Éraro acontecer, mas desta vez até alguns senadores do FC Porto e outros proeminentes fazedores de opinião vão olhando com desconfiança para o treinador que Pinto da Costa escolheu. Verdadeiramente estranho, contudo, é que entre os céticos que nos últimos dias se têm pronunciado sobre a capacidade de André Villas-Boas não exista mais do que um argumento para invocar: a idade do técnico – 32 anos.
As dúvidas já levantadas vão permanecer até que a bola comece a rolar e o novo projeto do FC Porto ganhe corpo e definição. AVB continuará, portanto, a suscitar as mesmas reservas enquanto o tempo for de trabalho invisível. Nada a fazer.
Mas há um erro de avaliação que pode estar a ser cometido. Porquê? Porque salta à vista um vazio de conteúdo na mensagem dos descrentes. Não há grande preocupação em perceber de que forma AVB entende o futebol; não há nenhuma preocupação em detalhar o que foi capaz de fazer em poucos meses na Académica de Coimbra; não há nenhuma preocupação em interpretar, sequer, as palavras que escolheu para o dia da apresentação. Esse é o erro.
Por mim, e direito ao assunto: Pinto da Costa acertou em cheio na escolha do treinador. Não, não é por ter feito o longo estágio que fez ao lado de Mourinho ou por ter vivido experiências em clubes de topo, como Chelsea ou Inter. Seguramente que essas etapas contribuíram em boa medida para o conhecimento e capacidade de liderança que hoje AVB evidencia, mas a minha convicção nasce sobretudo da Académica que o treinador foi capaz de recriar – e mais até pelo salto evolutivo em tão curto espaço de tempo do que propriamente pelos pontos acumulados no final.
Aideia de um jogo positivo e de respeito pelo espetáculo é a primeira razão por que vale a pena acreditar no novo técnico dos dragões. A meio de abril, em véspera de receber o Benfica, em Coimbra, o treinador fez um rasgado elogio aos encarnados, confessando ao mesmo tempo que estava ali, na equipa de Jorge Jesus, o seu registo preferencial: “Não me compete comentar, mas sou um fã daquele estilo de jogo, dominador, agressivo e de ataque. Jogam de forma apreciável, marcam uma quantidade inacreditável de golos, entram sempre para ganhar, são fortes em todos os sentidos. Sou fã deste estilo.”

Ora, se este já era o pensamento que revelava antes de chegar ao topo, não há razão para considerar que, perante novas obrigações, AVB não queira implantar esta etiqueta no FC Porto. E esse será um dos principais aliciantes do próximo campeonato: saber até que ponto o treinador irá conseguir cravar esta marca (aliança entre espetáculo e qualidade dos resultados) no Dragão.
Quem mostrou coragem e saber para pôr uma equipa que lutava pela permanência a jogar no campo todo – e em qualquer estádio! –, deveria agora ter mais crédito do que lhe está a ser concedido. AVB não deve somente ser olhado como discípulo de Mourinho, nem penalizado por ter 32 anos. Deve, pelo contrário, ser valorizado por ter iniciado o caminho ao lado dos melhores e por ter chegado a um gigante do futebol português com esta idade. O resto, como diz PC, é capaz de ser inveja.

  In Record

dezembro 08, 2010

De Águia ao peito _ Luís Seara Cardoso

Greve geral vermelha

Que Benfica foi aquele que jogou em Israel? Que Benfica foi aquele que se deixou bater por um adversário sem categoria internacional? Que Benfica foi aquele que se deixou arredar num jogo decisivo da próxima fase da Liga dos Campeões? Como foi possível semelhante desastre?
Já há duas semanas, noutra partida de capital importância, o Benfica vergou ao peso da mais cruel derrota de sempre no reduto do FC Porto. Que se passa com este Benfica, oito vezes derrotado em 18 jogos realizados? Que se passa com este Benfica, tão poderoso e exclamativo no ano anterior?
O começo da temporada foi muito atribulado, jogadores houve que chegaram a conta-gotas em virtude do Mundial? Saíram duas unidades influentes? São razões bastantes para o Benfica, esta época, se exibir de forma tão pouco convincente, tão amedrontada, tão perdedora? Claro que não. Seguramente, outros motivos haverá. E, muitos deles, só podem ter a ver com o interior do grupo.
Como vai ser o futuro, prognosticado em Novembro? Doloroso, ao que tudo indica. A menos que qualquer coisa de extraordinário aconteça. Ainda há objectivos, ainda há muito a defender e a conquistar. Mas também há muito a mudar, também há muito a corrigir. Uma coisa é certa: no curto espaço de meses, o Benfica deixou de ser um conjunto de futebol sedutor para se transformar num conjunto apático. E a competição não perdoa tão brutal metamorfose...

In Record

Por força da lei _ Ricardo Costa


Erros, Mou e "corridas"

1 Perdoe-me o leitor o desvio às questões desportivas. A pesquisa de Sofia Pinto Coelho sobre “erros judiciários”, exibida nas últimas semanas na SIC, fez alguns pasmar, outros corar, muitos outros compreender, pedagogicamente, a justiça. Erro é condenar quem não pratica um crime. Erro é também absolver quem praticou um crime. São os dois riscos que se correm na justiça dos homens. Nada de novo para quem já viu o suficiente nos corredores e nas salas dos tribunais. Mas é cru ver os dramas humanos de um possível equívoco, reflectir depois de ver como a jornalista (e jurista) averiguou o percurso de quem julgou e, depois, concluir. Percebe-se que o julgador tem, nas sociedades democráticas, um dos poderes mais significativos de um poder judicial independente: a “livre apreciação da prova”. Dela resulta que só se condena quando o juiz não tem “dúvida razoável” sobre os factos. Isto é, na outra face, a eventual dúvida é sanada quando a prova existente é, em conjunto, suficiente para se estar convicto da versão dos factos que leva à condenação. Ao invés do que parece ser agora tendência, não se condena com a certeza nem se aspira à certeza: esta poucas vezes poderá subsistir. Em tribunal – ou em qualquer outra jurisdição – ambiciona-se a reconstituição da verdade. A reconstituição possível. Sendo assim, não se alcança que certa prova em certo processo seja valorada contra a evidência de um juízo comum. E não se entende bem, aqui e ali, a despreocupação em fundamentar com rigor e transparência as decisões, o que antes era uniforme “questão de honra”. Pois é por aqui que – também – alastra a crise de valores: porque se começa a gerar a ideia que a justiça é, em certos casos, menos intransigente na defesa de certos princípios, pelo menos os que têm arrimo na lei. Nomeadamente no ilícito relacionado com o poder ou ligado a um certo poder. Neste país pequeno e apoucado, é pois tempo de recompensar e estimular quem, como autoridade e com autoridade, vai contra esta corrente! Afinal, não me desviei assim tanto... 

2 Mourinho tem a partir de agora a prova mais difícil da carreira. Como, por exemplo, Jesus está a ter e teve Jesualdo no FCPorto depois de alguns desaires na Champions. Seja como for, a conferência de imprensa de Mourinho depois do jogo de Nou Camp é um manual de reação a um desastre. Disse tudo bem e no sítio certo. Visto e revisto, esvaziou logo ali metade do efeito “boomerang” da humilhação. Em comparação, viu-se novamente o que é hoje preciso no currículo de um treinador de “clube grande” e “mediático”. Para quem não há justiça, mesmo que aqui e ali com erros. Só conta a bola na rede: se entrar, tudo está absolvido; se ficar à porta, a condenação é certa. Justiça dos homens, claro está!

3Justa ou injustamente, Portugal e Espanha não ganharam à Rússia. Julgo que a Ibéria partiu à frente mas perdeu na reta final da meta. Onde esteve concentrado o poder das “cabeças” do Comité Executivo da FIFA. Agora sim, começam a sério as outras “corridas”. Internas. Para a Federação.

In Record

Aqui á Gato _ Miguel Góis


O penitente

“Saber jogar (...) em campos inclinados é uma velha tradição do FC Porto”. Ainda que não tenha sido essa a intenção, Rui Moreira pode ter aqui encontrado a única frase que todos os benfiquistas e, ao mesmo tempo, todos os portistas subscrevem. Trata-se, portanto, de um notável esforço no sentido da pacificação no futebol português. Tragicamente, Rui Moreira pode ter feito um mau serviço a si próprio, porque – logo ele, que tem um apego tão grande a discussões livres e abertas, sem qualquer tipo de condicionamento – pode ter delineado o fim dos programas de debate desportivo:
Portista – Fique sabendo que saber jogar em campos inclinados é uma velha tradição do FC Porto.
Benfiquista – Então, eu não sei disso... Não podia estar mais de acordo.
(E é nesta altura que o comentador afeto ao Sporting fica sem saber o que dizer, porque se, por um lado, quer concordar com o portista, faz-lhe confusão não discordar do benfiquista).

Seja como for, o encanto da frase está no seu caráter dúbio: escrita por um comentador afeto ao FC Porto, a frase pode revelar ou uma honestidade desarmante, ou uma torpeza inaudita. E para aqueles leitores que defendem que, por se tratar de Rui Moreira, nos devemos inclinar sem demoras para a hipótese “torpeza”, devo dizer que não me revejo nesse julgamento precipitado, e até difamatório, com o qual me recuso a pactuar. Na minha opinião, depende de que Rui Moreira estamos a falar. Por exemplo, o Rui Moreira de outrora, crítico em relação aos métodos de Pinto da Costa, poderia perfeitamente revelar uma honestidade desarmante. Em contrapartida, o Rui Moreira atual já teria alguma dificuldade nessa matéria, uma vez que se encontra em pleno processo de penitência. E, como sabem os crentes, a penitência implica atos como jejuns, peregrinações e vigílias. Isso mesmo: vigílias. Começa tudo a fazer sentido....

  In Record

dezembro 05, 2010

Crónica Semanal de Leonor Pinhão


Com Xau, lavam mais branco

No final do jogo de Aveiro, no momento daquela coisa que se convencionou chamar flash-interview, o profissional do microfone de serviço, não contente com os pormenores do jogo e com o desfecho do resultado, que foi favorável ao Benfica, entendeu levar a conversa com Jorge Jesus para o âmbito das relações entre o treinador e os jogadores e entre o treinador e o clube.
Embora o regulamento daquela coisa a que se convencionou chamar Liga de Clubes, e que é a entidade organizadora dos jogos, desautorize os profissionais do microfone de serviço de levarem as suas questões para além do âmbito do jogo a que acabaram de assistir, não é de todo invulgar, nem muito menos suspeita, a curiosidade dos jornalistas pelas circunstâncias mais gerais.

Foram tão pouco invulgares as questões do profissional do microfone a Jorge Jesus como também não foi em nada surpreendente a primeira resposta do treinador do Benfica, impacientando-se com o jornalista, remetendo-o para o tal regulamento da Liga que só permite aos jornalistas cingirem-se à matéria de facto dos 90 minutos de jogo em causa.

À segunda investida do repórter, Jorge Jesus perdeu definitivamente a paciência e com um popular e em nada acintoso «então, xau!» pôs-se a andar dali para fora. Fez muito bem o treinador do Benfica que se poupou, e nos poupou, a um diálogo menos urbano optando pelo silêncio que não ofende nem embaraça ninguém.
O assunto morreria ali se o profissional do microfone, sem o adversário por perto, não resolvesse terminar a sua exibição com uma graça a despropósito, como qualquer velho e competente jornalista lhe reprovaria, qualquer coisa do género: isto aqui não é «a Benfica TV», o que lhe era absolutamente dispensável porque só veio reforçar a justeza da retirada de Jorge Jesus perante um repórter do tipo engraçadinho e, francamente, sem maneiras. Sem maneiras de jornalista, obviamente.

Há jornalistas, sempre houve, que se queixam muito de coisas sem importância nenhuma.

Bloco de notas _ Nuno Farinha


Um feliz e o outro contente

A exibição do Benfica foi pobrezinha. Diria até que o campeão nacional já perdeu alguns jogos esta época actuando a um nível superior ao que registou ontem, na Luz, frente ao Olhanense. Mas no meio daquela mediania há um facto que deve servir para animar os adeptos encarnados: Cardozo e Saviola, juntos, são mesmo dinamite!
Não é que o atraso do Benfica na Liga decorra da prolongada ausência, por lesão, do goleador paraguaio. Na realidade, sem Cardozo, o Benfica apenas perdeu no Estádio do Dragão. Para além desse, venceu todos os jogos que realizou sem o seu avançado mais eficaz. Mas há uma outra realidade que entra pelos olhos: Kardec faz diminuir o peso de Saviola na equipa; enquanto Tacuara contribui exactamente para o contrário. E foi aí que esteve a principal diferença nos últimos dois jogos: no poder de fogo e na facilidade com que esta dupla foi capaz de recuperar a memória de 2009/10.

Na última jornada, em Aveiro, já tinham sido eles os goleadores de serviço. Contra o Olhanense voltou a dupla maravilha a fazer estragos e a carimbar a 9.ª vitória na prova (é a única equipa sem empates). Em noite de desacerto generalizado valeu, portanto, a inspiração do ataque e… os dois guarda-redes em campo: Roberto pela positiva e Moretto pelo frango com penas que permitiu aos encarnados desatarem um nó que já começava a apertar. Foi esse mesmo frango, de resto, que permitiu a Cardozo igualar Mats Magnusson como melhor marcador estrangeiro ao serviço do Benfica: 84 golos! A continuar a este ritmo nem parece muito arriscado calcular que possa chegar ao centenário algures entre o Carnaval e a Páscoa.
Uma palavra final para a contabilidade de que Jorge Jesus evocou na conferência de imprensa: com as mesmas 13 jornadas disputadas, os encarnados somam apenas menos três pontos (27) do que na época passada (30). Se não tivesse ido confirmar, garanto que não acreditava. É mesmo verdade.

 In Record

dezembro 04, 2010

Artigo de Opinião _ Sílvio Cervan


Algumas constatações

O Benfica foi a Aveiro mostrar várias coisas. A primeira é que dizer mal de Cardozo devia ser exclusivo dos nossos adversários, entra marca e dá a marcar. A segunda foi a certeza que um meio-campo mais combativo, com mais atitude e competência defensiva ajuda muito. Por fim, embora este Benfica esteja ainda distante daquilo que fez no último ano, e daquilo que ainda pode fazer este, é já uma equipa que mostra ser capaz de conseguir alcançar algumas das metas propostas para esta temporada.

Desde a escandalosa arbitragem de Guimarães que ditou a nossa derrota, o Benfica é a melhor equipa do campeonato. Desde Guimarães, em oito jogos para o campeonato temos sete vitórias e uma derrota, perdemos três pontos. O FC Porto é segundo com dois empates desde aí. Sem essas vergonhosas arbitragens iniciais lutávamos pelo título, assim lutamos para mostrar que somos capazes de lutar pelo título quando nos deixam.

Nada disto obsta a que temos de melhorar e que queremos mais de um plantel que tem valor para fazer melhor.


Na terça-feira será pedir serviços mínimos continuar na Liga Europa. Única competição europeia onde podemos ter uma ambição realista no actual estado do nosso futebol, mas também onde podemos subir um degrau na recuperação do prestígio europeu. Nos últimos cinco anos por três vezes chegámos aos quartos-de-final de uma prova europeia. Na Champions onde perdemos com o Barcelona; na UEFA onde caímos com o Espanhol e na Liga Europa frente ao Liverpool.

24 Horas depois de festejarmos o 1.º de Dezembro, como afirmação da nossa Independência, tentámos organizar um Mundial de futebol mostrando a nossa dependência de Espanha para um evento de tal calibre económico e financeiro. Tinha simpatia pela ideia e gostaria que a nossa candidatura tivesse ganho. Não me sinto nenhum Miguel de Vasconcelos e penso até que seria bom em termos económicos para Portugal. Não conseguir o evento é bem melhor que não o ter tentado organizar.

In ABola  

Obrigado amigo Benfica 73 

dezembro 03, 2010

Época 2010/2011 SLBenfica _ Olhanense


Benfica vence (2-0) Olhanense e chega-se ao líder

O Benfica venceu esta noite o Olhanense por 2-0, com golos de Cardozo (42) e Saviola (81), e reduziu para cinco pontos a desvantagem em relação ao FC Porto (joga segunda-feira com o V. Setúbal, no Dragão).

Clique aqui
para consultar a ficha de jogo, as incidências da partida, os comentários, as estatísticas individuais e as estatísticas de equipa.

Missão cumprida. O Benfica somou os três pontos na recepção ao Olhanense e aproximou-se, ainda que à condição, do primeiro lugar da classificação.

A exibição não foi das melhores – sobretudo na primeira parte –, mas deu aos encarnados a sexta vitória em sete jogos da Liga disputados na Luz.

Óscar Cardozo inaugurou o marcador à passagem do minuto 42 - contando com o precioso contributo de Moretto – e levou as águias em vantagem para o intervalo, perante um Olhanense organizado a defender e de olhos postos no contra-ataque.

A etapa complementar foi mais do mesmo. Sem deslumbrar, o Benfica subiu de produção e ameaçou o segundo golo por Takuara. O remate do paraguaio, porém, acertou no poste. Antes, logo a abrir, já Paulo Sérgio colocara a bola no fundo da baliza de Roberto, lance que seria anulado por fora-de-jogo do extremo do Olhanense.

O resultado ficaria definido na recta final do encontro, com um golo de Saviola. Carlos Martins bateu um pontapé de canto, David Luiz desviou ao primeiro poste e “El Conejo” emendou de cabeça.

O Benfica venceu, aproximou-se do topo da tabela e registou o sexto jogo consecutivo sem sofrer golos para o campeonato na condição de anfitrião. 

In ABola  

 Fonte: LPF

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