fevereiro 29, 2012

O Voo da Águia_ Marta Rebelo


Meia bola e força

Sexta-feira temos o jogo que dá o campeonato, e a recuperação emocional da equipa tem de ser célere, rápida, tão rápida quanto as pernas de gazela de Rodrigo – que tanta falta nos fizeram em Coimbra…

Eu podia chorar os cinco pontos perdidos nas últimas jornadas. Podia queixar-me com veemência da arbitragem e dos dois penáltis roubados à fartazana. Podia repudiar a quantidade de golos falhados, até pelo meu amado Nélson Oliveira. Podia até perguntar ao Míster por que é que o Aimar e o Matic saíram deixando-nos sem miolo, mas sei que resposta me daria Jesus. E sobretudo poderia frisar que há dois homens sem os quais o Benfica é Glorioso mas não é campeão, e um deles ficou no banco em Coimbra e lesionado nas derrotas de São Petersburgo e Guimarães: Javi García.

Mas não. Decidi fazer a minha própria recuperação emocional e estou convicta que no jogo do campeonato os campeões seremos nós. Mesmo com o Emerson a fazer frente ao Hulk – ai que medo só de pensar nas chuteiras cor-de-laranja do defesa a fazer borrada da grossa –, o eixo Artur, Javi, Witsel, Aimar e Rodrigo vai ser imparável. Pouco me importa que Lucho e Janko tenham vindo fazer alguma coisa por uma equipa perdida nas mãos da incompetência de Vítor Pereira. Ao FCP só Pinto da Costa salva. A nós, 60 mil de cachecóis no ar e onze em campo. Subo ao Marquês lá para maio.

In Record

fevereiro 22, 2012

Jornal " O Benfica " Edição Nº 3538


Destaques

Principais títulos

- Renovação de Aimar: "Fazer os possíveis para ganhar títulos"; (pág 02 e 03).


Títulos




2/3 Síntese + Renovação de Aimar: "Fazer os possíveis para ganhar títulos" + Opinião João Paulo Guerra
4 Crónica Benfica - Nacional: "Ganhar com Tango e Paso Doble"
5 Análise à Jornada: "Já só faltam onze..." + Opinião Arons de Carvalho
7 Antevisão Vit. Guimarães - Benfica: "Segurar vantagem" + Opinião João Malheiro
8 Crónica Liga dos Campeões: "Decisão a 6 de Março"
9 Análise à Liga dos Campeões: "Nada está perdido" + Opinião Pedro Ferreira
11 Gala 108.º aniversário: "Continuamos a homenagear..."
12/13 Gala 108.º aniversário: "Os nomeados dos Galardões Cosme Damião são..."
15/18 Emblemas: "O Benfica reconhece os seus"
19 Opinião Pragal de Colaço: "O relatório da Deloitte de 2012 e um danoninho"
21 Zona de Decisão - Pedro Ribeiro: "Sou um adepto apaixonado"
22/23 Juniores: "União no ataque ao dérbi" + Juvenis: "Grande arranque" + Iniciados: "Começar com o pé direito" + Infantis e Benjamins: "Bom trabalho"
24/25 Atletismo: "Parabéns Campeões Nacionais" + Marco Fortes e Yazaldes Nascimento: "Há muitas vitórias pela frente" + Opinião Jorge Miranda
26 Voleibol: "Contornar a história"
27 Hóquei em Patins: "Tira teimas na Luz" + Futsal: "Retomar percurso vitorioso"
28 Andebol: "Confirmar apuramento" + Triatlo: "Estreia de àguia ao peito" + Râguebi: "Fim-de-semana vitorioso"
29 Basquetebol: "Pausa para recuperar" + Ténis de Mesa: "Diogo Rodrigues é campeão" + Ginástica: "Menção de ouro" + Bilhar: "Vitória na Amadora"
30 Tome nota + Programação Benfica TV
31 Opinião Luís Fialho: "O novo ciclo"
32 Bilhetes Benfica - FC Porto: "Não fique de fora e compre já " + Breves + Opinião José Jorge Letria


Email Aberto _ Domingos Amaral


Paizinho

From: Domingos Amaral
To: Bruno Alves

Caro Bruno Alves
O que me incomoda em ti não são as tuas declarações, sempre provocatórias, contra o Benfica. Acho natural que tentes os teus “mind games”, que digas que “o FC Porto é melhor que o Benfica”, o que podias tu dizer de diferente? E também já não me incomodo com o teu estilo trauliteiro, de que a entrada dura em Rodrigo foi mais um de muitos exemplos. Já todos sabemos que pertences à “turma do cacete”, ao lado de cromos como Materazzi, Gatuso ou o saudoso Paulinho Santos. Todos nós sabemos quem são os brutos, tal como sabemos que raramente esses jogadores passam da mediania, e só a dureza os torna célebres.

O que me incomoda em ti são as declarações do teu pai. Há anos que isto é assim. Agrides alguém, e no dia seguinte lá vem o teu pai defender-te nos jornais. Sinceramente, não conheço mais nenhum jogador de futebol no Mundo que esteja sempre a ser defendido em público pelo pai. É um sintoma de menoridade, percebes? Parece que ainda estás no recreio, e no dia seguinte a te teres portado mal, lá vai o paizinho à escola defender o seu filhinho. Não achas que um homem de 30 anos já não precisa que o pai o ande a defender constantemente?

Como se isso não chegasse, o teu pai teve o descaramento de dizer que o Estádio da Luz te devia receber bem porque eras “português”. Olha, acho que vais ter de dizer ao teu pai que isso não vai acontecer. A Luz nunca recebe bem os adversários que quer derrotar, e ainda menos aqueles que odeiam o Benfica e que passam a vida a agredir os seus jogadores. Prepara-te pois. E, já agora, prepara o teu pai.


In Record

fevereiro 21, 2012

Por força da lei _ Ricardo Costa


Uma guerra a sério

De há muitos anos a esta parte, aparentemente, procuram-se indícios de esquemas menos lícitos na valorização e transferências de jogadores de futebol. Indagam-se agulhas no palheiro. A quantidade de intervenientes nos negócios dos “passes” corresponde, num mundo globalizado em “sites” e “links” e acesso simultâneo à informação, a uma nuvem mais ou menos densa de ligações jurídico-económicas e dependências materiais: entre clubes, sociedades desportivas, seus diretores e administradores, agentes credenciados e “empresários” de facto, “testas-de-ferro”, “off-shores”, fundos de investimento legais e fundos travestidos em sociedades “ocas”, bancos e prestamistas, advogados, fiscalistas e contabilistas, treinadores e “scouters”, políticos e decisores regionais. Poderá encontrar-se um caso, um negócio, uma colocação, e daqui erigir um “exemplo”. Mas chegados aqui, com tanto défice de transparência (mesmo que se comunique formalmente algo inócuo às autoridades competentes) e campo aberto para a teia de cumplicidades que o dinheiro insindicável sempre gera, esse “exemplo” não chegará. Sem algo de mais estratégico, o cenário ameaça ser perene, como uma espécie de banda gástrica que não resulta. Em nome da bola feita negócio.

Nestas matérias, como em quase todas as outras que hoje afetam a credibilidade do desporto (violência, corrupção, tráfico ilegítimo de influências, coações), um órgão jurisdicional de uma FIFA ou de uma UEFA ou de uma federação desportiva nacional pode pouco ou nada. Pode não ficar parado – o que é fulcral – mas depende sempre em medida decisiva, no conteúdo e no tempo, dos órgãos estaduais de investigação criminal e dos juízes do Estado: só estes têm competências para invadir o terreno de certos direitos para apurar essas infrações; tendo competências, porém, não têm geralmente meios nem leis amigas para chegar à “prova”. As mãos estão ainda atadas para higienizar o desporto. Se se desatam, há por fim o risco de a ilicitude se transmutar em pressões sobre os julgadores, juízos insalubres de sectários e imbróglios jurídicos alimentados pelo voluntarismo.

Este status quo poderia ser alterado. Tomemos em linha de conta os meios e instrumentos que as leis e os laboratórios dos Estados e os regulamentos desportivos colocaram ao serviço do combate à dopagem. Suponha que o Comité Olímpico Internacional e as federações transnacionais fundavam uma “Agência Mundial contra a Corrupção e a Violência”. Suponha que essa Agência elaborava um Código Mundial, destinado a padronizar as regras de prevenção e punição. Suponha que essa Agência produzia o efeito de uniformizar as leis a nível geral e, através delas, se criassem entidades públicas, especializadas e independentes, que tivessem o poder de averiguar a prática desses ilícitos, oferecendo, com todas as garantias e contraditório, o seu “trabalho” aos tribunais e aos órgãos desportivos. Suponha que se atingiriam os resultados que se conhecem na “guerra” (interminável) contra o desporto viciado por “doping”.

Suponha que todos confiaríamos mais no desporto. Seria uma “guerra”. Será que a querem comprar?

In Record

Tempo Útil _ João Gobern


A verdade de hoje

Está confirmado: qualquer “forever” no Sporting vale como morte anunciada e próxima. Menos taxativo do que José Eduardo Bettencourt com Paulo Bento, Godinho Lopes repete a dose com Domingos Paciência. E nem vale a pena evocar a máquina que sacrificou Carlos Carvalhal, Paulo Sérgio e José Couceiro. Vejamos. Há oito dias, escrevia-se aqui mesmo: “Deixa-me a pensar que seja o treinador – não o adepto – a definir a Taça como o grande objetivo da temporada quando, em termos futuros, o tal terceiro lugar no Campeonato será seguramente mais útil e mais agradável (…). É por isso que podemos questionar-nos se, com a sua escolha clara, inequívoca, Domingos Paciência dá sinais de uma personalidade romântica ou se, pelo contrário, quer ganhar a Taça por saber ou intuir que, na próxima época, já não estará no comando técnico do Sporting”. Afinal, nem a Taça o deixaram ganhar, desviando-o sumariamente da hipótese do seu primeiro título como técnico.

À falta de melhor, inventa-se um “adultério” com dirigentes do FC Porto, denunciado por fontes não identificadas. Domingos desmente. Pergunto: quando foram buscar o técnico a Braga e o jogaram como a mais poderosa arma eleitoral não sabiam do amor clubístico do antigo avançado? E não sabiam que ele era um dos candidatos ao posto de treinador no Dragão, desígnio que há-de confirmar-se mais cedo ou mais tarde? E não aceitaram esse pressuposto com base no profissionalismo imaculado do homem, demonstrado em Leiria, em Coimbra e em Braga?

No domingo, o presidente do Sporting Clube de Portugal disse – sem que ninguém lhe encomendasse o sermão – que “não fazia sentido” questionar a continuidade de Domingos, já que este fazia parte da estrutura do clube. Na segunda-feira, Domingos era despedido. Pode dar-se o caso de, com a ajuda de um qualquer CSI, os responsáveis leoninos terem descoberto os crimes de alguém que, de repente, num ápice, passou a ser fraco psicologicamente (usando até a leitura de lábios para seguir os seus desabafos no banco), a ser um tirano com os jogadores a quem “não justificava as convocatórias” (como Paulo Bento…), a culpado das lesões (exemplos citados os de Izmailov, Rodríguez e Jeffren, reconhecidos crónicos do estaleiro), a andar em más companhias (falamos de um clube que oferece trunfos como João Moutinho e Yannick Djaló aos adversários diretos).

O poder resvalou para a rua. Ou para a claque. Era dispensável que Godinho Lopes, como presidente, gastasse tantas palavras só para mostrar que é algo de que não dispõe: palavra. Bom será, para todos, que Sá Pinto não falhe, porque os ativos começam a esgotar-se. E até Vítor Pereira vai ter que olhar mais vezes por cima do ombro – agora, Domingos Paciência é um homem livre.

In Record

Futebol á Portuguesa _ José António Saraiva



Amar Aimar

Todas as massas associativas têm os seus bem-amados e os seus mal-amados. Na Luz, Oscar Cardozo, mesmo quando marca golos, é criticado – e Aimar, mesmo quando comete erros, é endeusado.

Sou vizinho de Aimar, pelo que posso testemunhar que é um homem simpático, afável e bom chefe de família. Tem três filhos pequenos, aos quais dá atenção. Dentro do campo, como todos veem, é um senhor. Mas já tem 32 anos e é fisicamente frágil, precisando de ser gerido com pinças. É capaz do melhor e do pior: tanto pode pôr ordem na equipa e lançá-la para a vitória como pode perder bolas em zonas perigosas.

Entretanto, o nome de Aimar no Benfica vai ficar ligado a outro, não argentino mas bem português: Jorge Jesus. Quando Jesus chegou à Luz, Aimar era um jogador em fim de carreira, que parecia já não ter muito para dar. Ora Jesus deu-lhe uma segunda vida.

Como deu uma nova vida ao Benfica – que em 2009 era uma equipa em trajetória descendente, com o desgaste de muitas épocas com péssimas classificações (apenas um título conquistado em 10 anos, vários terceiros lugares e um sexto), e hoje é uma equipa alegre, pujante, capaz de exibições sublimes.

Aimar, que agora renovou, já não vai ficar muito tempo na Luz. Mas Jesus pode ficar. Independentemente do que suceder esta época, já se viu que o Benfica com ele é outra loiça. Jesus já ganhou 100 jogos, tornando-se o melhor treinador da história do Benfica, com 71% de vitórias nos jogos disputados, à frente dos lendários Bela Guttmann (70%), Eriksson (68%) e Otto Glória (65%). Luís Filipe Vieira deveria, pois, fazer com ele um contrato a longo prazo – tornando-o, como um dia escrevi, o Ferguson do Benfica.


In Record

fevereiro 20, 2012

Benfica, o meu relógio biológico



As senhoras dizem que têm um relógio biológico. Eu acredito na teoria, porque também tenho um: o Benfas. É este relógio que controla a minha semana. A quarta-feira e o sábado/domingo são as âncoras emocionais da vidinha semanal. Se não há jogos nesses dias, sou invadido por aquela sensação dinamarquesa do "to be or not to be". Se não há jogo à quarta, entro em stress. Se não há jogo ao fim-de-semana (como neste que passou), transformo-me num fumador preso na cantina da ASAE, rebolando por todos os lados, ressacando com a falta da nicotina que vem de chuteiras. Este biopoder é tão potente que eu até aposto que todos os meus filhos nascerão durante um jogo do Benfica.

Como é óbvio, este biofanatismo tem fortes efeitos secundários, a começar por uma constante abandono do lar (o Benfica potencia o Schettino que há em mim). A minha mulher não me deixa ter Sport-tv, logo, tenho de inventar mil pretextos para ir ver a bola à casa dos velhos. Ou, então, tenho de procurar um gélido café. Mas a bola no café equivale a forte sarilho. Não, não estou a falar do lagarto que vai ao café para picar os nervos lampiões. Estou a falar dos idiotas que levam o rádio e que, por isso, gritam golo quando a bola ainda está no Artur. Há pouca gente mais irritante do que esta sub-espécie de homo sapiens, o gajo que vai ver a bola com um rádio escondido no ouvido. Tenho a impressão de que já espanquei um: não se mexe assim com as hormonas de uma pessoa.

E as minhas hormonas encarnadas não gerem apenas a semana, também gerem o calendário inteiro, ou seja, a minha relação com tempo. Durante anos e anos, pensei que a sensação de recomeço que acompanha o final de Agosto e o início de Setembro era provocada pelo início das aulas. Tretas. Tretas de um fanático anónimo. Deixei de estudar há muito tempo, e a sensação continua activa. O final do verão sabe a réveillon, porque marca o início da época de futebol, perdão, o início da época em que o Benfica vence todas as provas ou da época em que o Benfica, em toda a sua magnanimidade, deixa que outros clubes menores vençam algumas provas. Sim, podem acreditar nas senhoras: os relógios biológicos existem mesmo.

In Expresso

fevereiro 15, 2012

Por força da lei _ Ricardo Costa



Adepto ao poder

Ver um estádio restaurado e ajustado às necessidades do seu utilizador e uma partida intensa entre a Oliveirense e a Associação Académica de Coimbra no acesso à final da Taça de Portugal foram apenas os pressupostos para verificar o mais importante: um estádio cheio de adeptos com vibração pelo jogo! Por ser uma raridade (exceto nas partidas que todos sabemos quais são), quem gosta do jogo apreciou a mancha humana que é a clientela desse mesmo jogo. E todos lamentamos que uma clientela tão apaixonada por esta modalidade deixasse de ser nas últimas décadas uma clientela fiel. Se dizem que o futebol é um negócio, então o negócio não tem conseguido trazer os seus clientes à… “fábrica”. Como foi possível chegar a tal ponto, num país tão fervorosamente interessado pelo futebol? Quem viu esse jogo, porém, tem que acreditar em recuperar da falência: ver os adeptos vencedores, no fim, saltarem para o campo para comungar com os jogadores e os técnicos a sua emoção é uma imagem – de tempos passados – que deixa uma esperança.

Combater a perversão é o início de tudo. O adepto sempre tem sido pensado, legislado e regulamentado numa perspetiva negativa e repressiva: como controlar e punir a violência, como sancionar os clubes pela sua atuação incorreta, como estruturar e legalizar a sua organização. Não admira que o adepto apareça motivador de interesse quando se assalta e vandaliza e quando se aterroriza. Falta o nevrálgico: o adepto que gosta do jogo e faz dele um momento de prazer e partilha. Que se refere àquela partida como uma oportunidade de lazer com familiares e amigos. Não o adepto que vai para uma batalha com rancor, mas sim o adepto que se vai divertir com as vicissitudes de um jogo que o empolga. Falta pensar, legislar e regulamentar este adepto: com “estatuto”, “direitos” e “condições” para cheirar por sistema aquela fragrância inconfundível da relva.

Encontramo-nos hoje na charneira: ou se dá o salto ou se perdem as bancadas. Comenta-se no meio que o futebol português não tem hoje lideranças para pensar estrategicamente a modalidade. Vive-se o “consenso” do momento, alegam-se as questões “politicamente corretas” e “resiste-se” à confeção de um “plano global” gizado na FPF e na Liga. Não há muito tempo escrevi aqui sobre a urgência da regulamentação desse programa sobre o adepto, com exemplos: 1) impor aos clubes a ocupação de 3/4 dos estádios através de ingressos baratos, tendo em conta critérios como a proximidade geográfica entre clubes e a proximidade competitiva na tabela classificativa; 2) determinar pacotes familiares com custo baixo e “marketing” incorporado; 3) associar o adepto aos patrocinadores da competição e dos clubes na aquisição de bens e serviços, especialmente atendendo à assistência a um número considerável de jogos; 4) ajustar os horários televisivos; 5) converter os jogos em locais de animação e divertimento alternativo. Tudo com o efeito subordinante das leis fundadoras, onde residiriam a emancipação e a valorização do adepto “positivo”. Dúvidas e resistências? Revejam o que se passou durante e depois do jogo de Santa Maria da Feira…


In Record


O Voo da Águia_ Marta Rebelo


(De) Parabéns

Hoje eu e o capitão Luisão fazemos anos. E o Glorioso resolveu brindar-nos com uma mão-cheia de golos e uma exibição de campeão. Já se sabe que eu sou fã do Rodrigo, aquela gazela de ouro que fez dois golos de génio e é grande e grande. Mas, à exceção de Emerson e Cardozo, todos quiseram contribuir para o presente de aniversário.

A semana passada, em reação à contratação de inverno de Djaló, escrevi que Jesus podia bem fazer dele jogador. Mas depois de ver a exibição de Gaitán, como somou assistências e ultrapassou meia equipa do Nacional para oferecer o segundo golo do Benfica ao Cardozo, assistem-me dúvidas. Por maior mestria que Jesus tenha na educação de jogadores, Djaló não tem a inteligência de Gaitán, a criatividade de Nolito e até de Bruno César. Tem a velocidade, mas será que virá a ter mais do que isso? E mais atrás, na defesa lateral? Com Ruben Amorim emprestado e Maxi castigado, o míster inventou e não saiu nada de jeito. O Witsel é muito bom, mas se há coisa que não sabe ser é lateral-direito. Até pode já ter experimentado na Bélgica. Mas espero que não volte a tentar por cá. Podia ter sido pior, quando a partida começou a memória voou-me até Liverpool ou ao Dragão, a ver o David Luiz na lateral... Será que Capdevila não pode socorrer na direita? Será que Luís Martins não pode jogar daquele lado? E, quando Maxi regressar, não poderá algum deles ir para a esquerda, fazer-nos esquecer que o Emerson existe?

Hoje é dia de pedir desejos. Subir a estátua do Marquês em maio, para celebrar o campeonato, é o primeiro. E já que vamos tão bem lançados, outros mais pequenos mas importantes: míster, o Cardozo pode deixar de marcar (falhar) penáltis, por favor? O Emerson pode deixar a titularidade? E, finalmente, podemos ir à final da Champions?

Numa noite gloriosa como a de sábado, Jorge Sousa fez o que costuma: roubar-nos escandalosamente. E é este um dos árbitros de top em Portugal.

In Record

Email Aberto _ Domingos Amaral



Obrigado

From: Domingos Amaral
To: Pablo Aimar

Caro Pablo Aimar
Um dia, com imensa pena, vamos ver-te partir. Regressar a casa, à tua pátria, quem sabe ao teu River Plate do coração, para por fim arrumares as botas. Nesse dia, vamos agradecer-te, vamos homenagear-te, vamos aplaudir-te todos de pé, num adeus sentido e emocionado. Nesse dia, vamos sentir saudades da tua arte, da tua humildade, do teu profissionalismo. Nesse dia, vamos sentir saudades do teu amor pelo nosso país, aonde tu e a tua família se sentem tão bem e toda a gente gosta de ti. Nesse dia, vamos sentir saudades do teu comportamento, em campo e fora dele, da tua forma honesta de jogares. Nesse dia, vamos sentir saudades das tuas tabelinhas, das tuas danças com a bola nos pés, dos teus passes de morte, da tua visão de jogo, da tua solidariedade para com os teus companheiros. Nesse dia, felizes, vamos dizer bem alto: eu sou do tempo de Aimar, eu vi o puro talento neste estádio a quem tu dás ainda mais luz, eu vi um homem cavalheiro como poucos com o emblema do Benfica ao peito, em vi um génio a honrar a nossa camisola. Nesse dia, vamos dizer que contigo ganhámos muito, títulos e taças, e que contigo sonhámos e os sonhos tornaram-se realidade, e o Benfica jogava como nós sempre imaginámos desde miúdos e ganhava e marcava golos, muitos golos. Nesse dia, vamos sentir um vazio nos nossos corações e no nosso meio-campo, vamos procurar-te com os olhos e tu não vais estar lá para nos resolver as nossas aflições e os nossos jogos e vamos ter saudades, tantas saudades que até vão doer. Graças a Deus, este não é ainda esse dia. Obrigado Pablo, por passares mais um ano connosco.


In Record

fevereiro 14, 2012

Estádio da Luz sugerido para receber final da... Taça do Rei



Revelação feita por Fernando Amorebieta

E se a final da Taça do Rei fosse em... Portugal? A possibilidade parece um pouco fora da realidade, mas o certo é que Fernando Amorebieta, defesa do Athletic Bilbao, confessou que o Estádio da Luz foi um dos palcos falados para receber o encontro decisivo, que se disputará em maio.

"O Athletic Bilbao não quer jogar a final da Taça do Rei no Camp Nou. Até ouvi que podia ser disputada no estádio do Benfica, mas não acredito que seja assim", revelou o defesa venezuelano dos bascos, admitindo que o ideal será o Santiago Bernabéu.

In Record

fevereiro 11, 2012

Crónica de João Malheiro



 Artur Jorge na Luz


Diz-se que acontece em todas as áreas da vida. A alegria e a tristeza, o amor e o ódio, tantos sentimentos opostos, tantas sensações antagónicas. Caminham de mão dada? Caminham, no mínimo, lado a lado. Em todas as áreas da vida, no futebol também. Muito no futebol, espaço quase singular de arrebates, de sobressaltos, de alvoroços.

No futebol, queira-se ou não, a justiça é o reflexo dos golos, dos triunfos, dos títulos. No futebol, queira-se ou não, sem golos, sem triunfos, sem títulos não há justiça. Há frustração, há desânimo, há animosidade. Mas também há momentos surpreendentes.

Recentemente, por ocasião do lançamento da minha nova biografia de Eusébio e do seu 70º aniversário, convidei Artur Jorge a comparecer na cerimónia. Entrei com ele na Luz, na nova Luz, espaço que jamais havia visitado. Grande jogador do Benfica, na dobragem das décadas de 60 e 70, Artur Jorge chegou a fazer as delícias dos adeptos vermelhos, tão manifesta era a sua apetência goleadora. Mais tarde, já como técnico, notabilizou-se no FC Porto, arrebatando mesmo um título europeu, circunstância que lhe conferiu dimensão mundial e muito contribuiu (foi uma espécie de precursor de José Mourinho) para aumentar a cotação dos técnicos portugueses no contexto internacional.

De regresso ao Benfica, Artur Jorge não foi feliz. A conjuntura era, desde logo, particularmente adversa. Foi altercado com veemência, foi mesmo diabolizado. O estigma, tantas vezes repetido, de ter aniquilado uma equipa campeã ainda hoje o persegue. Artur Jorge e Benfica passaram, na versão futebolística, a viver um divórcio com foros de litígio irreparável.

Há dias, entrei com ele na Luz. Dezenas de sócios e aficionados benfiquistas foram colhidos de surpresa. Como reagiram? Com elegância, com cordialidade, com respeito. Ou mais uma lição que a bola soube dar num momento em que o país vive uma fase de brutal desumanidade e crispação atroz.

fevereiro 10, 2012

Jornal " O Benfica " Edição Nº 3537


Destaques

Principais títulos

- Digressão dos Juniores a Angola: "Conquistadores e solidários"; (pág 12)


Títulos


2 Síntese + Comunicado + Clube: "Talking Tom reforça Benfica"
3 Actualidade: "Mês de resolução" + Opinião João Paulo Guerra
4/5 Entrevista Capdevila: "Precisamos dos adeptos e eles sabem a importância que têm"
6 Crónica Taça da Liga: "Futebol apaixonante"
7 Análise Taça da Liga: "Duas grandes meias-finais" + Opinião Arons de Carvalho
9 Antevisão Campeonato: "Manter ciclo vitorioso"
11 Antevisão Champions: "Derreter o gelo russo" + Opinião Afonso de Melo
12 Digressão dos Juniores a Angola: "Conquistadores e solidários"
13 Iniciados: "Sem derrotas" + Juvenis: "Benfica na segunda fase" + Infantis e Benjamins: "Fim-de-semana glorioso"
15 Opinião Pragal Colaço: "O relatório de falência que a PJ devia ler"
16/17 Entrevista Luis Filipe Vieira na RTP: "Queremos estar em todas as frentes para ganhar"
19 Clube: "Liga elogia simulacro na Luz"
20 Atletismo: "Juniores Campeões da Europa"
21 Atletismo: Sub 23 deram o mote para o Nacional" + Opinião João Diogo
23 Judo: "Telma de ouro em Paris"
24 Basquetebol: "Um Vitória para superar" + Ténis de Mesa: "Três vitórias na Taça"
25 Hóquei em Patins: "O espectáculo continua" + Futsal: "Três jovens lançados na digressão pelo Algarve" + Opinião Jorge Miranda
26 Voleibol: "Embates importantes"
27 Showfight 11: "Reis foi King" + Casas, Filiais e Delegações + Catedral dos Sabores + Opinião Luis Lemos
28/29 Zona de Decisão - Artur Santos: "Envergar a camisola do Benfica é uma honra"
30 Tome nota + Programação Benfica TV
31 Opinião Luís Fialho: "A cantiga de sempre"
32 Gala 108º aniversário do SL Benfica: "Vote nos seus favoritos" + Breves + Opinião José Jorge Letria

Futebol á Portuguesa _ José António Saraiva



Penálti?

Os penáltis (marcados ou não marcados) são os lances que provocam maior polémica no futebol. Ainda no sábado, Domingos Paciência justificava a derrota frente ao Gil Vicente com o facto de o árbitro ter marcado um penálti a favor do adversário e ignorado outro a favor do Sporting.

Ora, não fica bem aos treinadores justificarem os maus resultados com erros dos árbitros. Além disso, sendo o penálti uma falta pesada, que normalmente dá golo, os árbitros têm de ser muito exigentes na sua apreciação. O referido jogo de Alvalade é bom para ilustrar esta ideia. O penálti contra o Sporting resultou do derrube claro de um jogador do Gil que ia isolar-se em posição frontal à baliza; o penálti reclamado por Domingos foi um toque duvidoso num jogador do Sporting que estava de costas para a baliza, em posição lateral e no limite da área, numa jogada que não tinha perigo nenhum.

Os legalistas dizem que os árbitros devem marcar cegamente todas as faltas na área, quer sejam mais ou menos graves. Mas, do mesmo modo que o juiz não pode aplicar a mesma pena ao tipo que rouba uma carcaça num supermercado ou ao ladrão que assalta uma senhora para lhe roubar a mala, também o árbitro deve ter o bom senso de não marcar penáltis por dá cá aquela palha. Porque isso pode adulterar gravemente a verdade desportiva.

Uma nota para concluir: o jornalista da SIC que relatou esse jogo de Alvalade parecia um adepto do Sporting a gritar na bancada, repetindo seis vezes que fora penálti e que o jogador do Gil Vicente devia ter sido expulso. Ora, os jornalistas devem ser um fator de moderação e não o contrário, alimentando o fanatismo dos adeptos.

In Record

Marketing do SLBenfica no seu melhor



Bom Trabalho.....está BRUTAL

Tempo Útil _ João Gobern


Novos objetivos


Em consciência, aplicado o realismo necessário para temperar desejos e esperanças, são poucos os que acreditam que o Sporting – este Sporting carregado de dúvidas e ansiedades, este Sporting em que ainda não se percebeu se contam mais as limitações ou os fantasmas, este Sporting que tão depressa passou de aflito a empolgante e daqui saltou para uma confrangedora banalidade – possa ganhar a Liga Europa. Tratando-se, ainda por cima, de uma prova a eliminar e com adversários poderosos, pode aspirar-se ao prolongamento de uma aventura. Mas a expedição pode desfazer-se já na próxima esquina.

Depois há o campeonato. Aí, num par de meses, o Sporting passou de candidato-sombra (esteve a um ponto dos comandantes, recorde-se) a uma posição em que o seu combate parece confinado a Sporting de Braga e a Marítimo, na corrida pelo último lugar do pódio, o tal que avaliza a participação na pré-eliminatória da Champions. A cinco pontos dos minhotos, que o precedem, joga no próximo sábado uma cartada muito importante, quando fizerem nos Barreiros o segundo jogo do périplo madeirense, então com o surpreendente Marítimo de Pedro Martins. Em caso de derrota, recorde-se, baixa a quinto lugar.

A Taça da Liga ajudou os leões a mergulharem na depressão. Apesar de ser uma competição geométrica e ideologicamente desenhada para os grandes, o Sporting não fez o que lhe cumpria, não ganhou nenhum jogo e acabou atrás de Gil Vicente e Moreirense.

Mais logo, tudo ficará decidido quanto à Taça de Portugal que, depois dos brindes do FC Porto e do Benfica, o Sporting “tem obrigação de ganhar”. Claro está que a ideia de que este passou a ser o grande objetivo da época tem duas leituras. Por um lado, o Sporting precisa do Jamor como de pão para a boca, pelo reencontro festivo dos seus adeptos, pela proximidade a que fica de regressar a um título. Mas, confesso, deixa-me a pensar eu seja o treinador – não o adepto – a definir a Taça como o grande objetivo da temporada quando, em termos futuros, o tal terceiro lugar no Campeonato será seguramente mais útil e mais agradável (do ponto de vista financeiro, no que toca às eventuais contratações). A Taça vale currículo e alguma mobilização. A “medalha de bronze” na Liga vale futuro e desafio. É por isso que podemos questionar-nos se, com a sua escolha clara, inequívoca, Domingos Paciência dá sinais de uma personalidade romântica ou se, pelo contrário, quer ganhar a Taça por saber ou intuir que, na próxima época, já não estará no comando técnico do Sporting. Quero acreditar na primeira hipótese. Além do mais, se o Sporting chumbar logo na Choupana, parece que fica despido, vazio, de outros objetivos. E isso não augura nada de bom.

In Record

fevereiro 09, 2012

Pablo Aimar renova contrato


Depois de uma reunião mantida ao final da tarde entre o presidente Luís Filipe Vieira e o atleta Pablo Aimar, no Estádio da Luz, foi acordada a renovação de contrato do número 10 do Sport Lisboa e Benfica, por mais uma temporada.

O acordo foi alcançado em menos de dez minutos, uma vez que quer o atleta, quer o Presidente do Benfica já tinham manifestado há muito a vontade de prolongar o vínculo que os unia. Pablo Aimar está na Luz desde a época 2008/2009, estando a cumprir a sua 4ª época com a camisola do SL Benfica.

Não perca as declarações do atleta no noticiário Benfica 21h da Benfica TV.


És um dos meus Heróis......Obrigado por ficares mais um ano.


Aimar e a renovação: “É mais uma alegria na minha vida”

 

O médio argentino Pablo Aimar expressou, em declarações à Benfica TV, o seu enorme contentamento por ter renovado o seu vínculo contratual com os “encarnados”.

Na hora de renovar por mais uma temporada, o jogador começou por recordar o dia em que chegou ao Benfica:Foi um dia importante não só da minha carreira, mas também da minha vida. Sabia também que era uma responsabilidade grande jogar num Clube da dimensão do Benfica”

“Sabia que ia encontrar um clube muito grande, mas não imaginava que tivesse tantos adeptos e tanto apoio, bem como uma grande estrutura, permitindo que os praticantes de todas modalidades tenham condições para trabalhar”, prosseguiu.

Aimar recordou também o título nacional conquistado ao serviço do Benfica e os festejos no Marquês de Pombal. “Soube a pouco, tem de haver outra celebração. Foi muito bonito, tal como já tinham dito ou mesmo mais. Foi um espectáculo e quer voltar a sentir isso muitas vezes”, referiu.

O argentino referiu que o acordo de renovação foi fácil e que está muito satisfeito em Lisboa: “É mais uma alegria na minha vida ter renovado com o Benfica. Tratam-me como estivesse em minha casa e isso não se encontra em qualquer lugar. Para mim, é um orgulho muito grande estar aqui, num lugar em que me tratam tão bem”, afirmou, acrescentando: “Não foi difícil chegar a acordo porque as duas partes tinham a intenção de renovar por mais um ano.”



O Voo da Águia_ Marta Rebelo


Ah valentes!

O Benfica ultrapassou a única equipa que nos derrotou esta época e avança para as meias-finais da Taça da Liga. Não é novidade para ninguém que o meu coração benfiquista bate mais forte pelos nossos miúdos, que são valentes, que são grandes e que, idealmente, são o futuro do Glorioso: o Rodrigo e o Nélson Oliveira.

É quase criminoso que um atacante como o Nélson Oliveira fique de fora, a mais das vezes, dos planos de Jesus. Mas a concorrência é forte, Rodrigo é uma gazela real e Cardozo vai marcando. O Nélson tem a velocidade, a técnica, a inteligência, a visão de jogo e a frieza finalizadora de um grande. Aos 13’ marcou e muito bem, aos 71’ serviu Gaitán na linha e este lançou Rodrigo para o golo. E depois veio outro, do Rodrigo. Teriam sido dois golos para cada miúdo, não estivesse o Nolito numa noite de triste egoísmo: roubou um golo ao Nélson e tirou ao Cardozo a hipótese dos 200 golos de carreira. Já imaginaram o ataque do Benfica com dois jogadores de génio e velocidade como o Rodrigo e o Nélson Oliveira? Se as necessidades de encaixe financeiro não falarem mais alto antes do tempo, o futuro encarnado é todo deles. E, por isso, nosso.

O Benfica continua dominante. E ontem estiveram na Luz 20 mil a torcer pela equipa e a chamar pela novidade do plantel: Djaló, “Floribelo”, o Yannick. Não vibrei com esta contratação. Preocupa-me muito a defesa esquerda, porque o Emerson é mau de mais. Mas a custo zero, e acreditando no poder de criação do míster, o Djaló estará bem para as alas, para a extrema-direita. Aliás, o Benfica está a fazer o que eu ando a pedir há anos: a acautelar as saídas previsíveis. Gaitán deve rumar a outros voos no final da época, e o camisola 12 é veloz e pode fazer a ala. Precisa de inteligência, porque não é o mais técnico e brilhante dos jogadores. Mas se Jesus fez o Fábio, o Di María, o Gaitán, pode fazer o Djaló.

In Record


Esta menina deve estar mal, por o seu amor pelo Cardozo não ser correspondido, só pode, pelo azedume com que fala dele. 

Por força da lei _ Ricardo Costa


O alargamento

Os resultados das eleições intercalares para a presidência da Liga de Futebol confirmaram um clássico dos manuais de ciência política: a vitória do “descamisado” que foi à “praça” tentar a sua sorte e a derrota do “vencedor antecipado” sentado no plesbicito anunciado. Enquanto Laranjo despachava na Refer, iludido com a influência dos seus apoiantes, Figueiredo (e a sua equipa de comunicação) atuavam como se estivessem numa eleição para a junta de freguesia e distribuíam os seus “panfletos” porta a porta, café a café, igreja a igreja, de dia e de noite.

Laranjo revelava uma inabilidade política surpreendente, à medida que negligenciava os sinais mais evidentes: (1) os primeiros apoiantes de Figueiredo pertencentes à 1.ª Liga situavam-se na cauda da tabela e Figueiredo anunciou o tema do alargamento – Laranjo não compreendeu a potencialidade de contágio; (2) a reunião dos clubes da 2.ª Liga (que tinham sido a “lebre” combinada nas corridas eleitorais de Fernando Gomes) mostrava uma tendência que não era favorável a Laranjo: são 16 clubes, apareceram 11 e só 6 votaram a favor do apoio a Laranjo – este não percebeu que estavam 10 clubes disponíveis para votar na lista adversária e que esses 10 votos eram decisivos; resultado: Figueiredo convenceu 9; (3) Figueiredo escolheu dois temas apelativos para os “sem-abrigo” (concentração dos direitos televisivos e aumento dos clubes nas provas) e repetiu-os até à exaustão em todas as oportunidades, enquanto Laranjo, sem reacção, perdeu-se num “discurso redondo” insusceptível de convencer indecisos; (4) Laranjo esqueceu-se que as eleições eram em dezembro e não em junho ou julho, sem negócios de jogadores, treinadores e agentes metidos na campanha – algo que Figueiredo bem sabia de outras andanças no passado. Figueiredo é, no fim das contas, o aproveitamento de um tempo e a virtude de um método.

À medida que a época avança, é óbvio que a promessa do alargamento da 1.ª Liga vai ser questionada: quando e como? Se for para vigorar na próxima época, os clubes têm até meados de julho para tomar decisões, mas o seu poder de modificação do Regulamento de Competições está condicionado por uma autonomia “relativa”. Porquê? O regime jurídico das federações de 2008 institui a figura do “contrato” entre a federação e a liga, substituto do (ainda) vigente “protocolo” e necessitado de celebração urgente. Entre outras matérias do relacionamento entre federação e liga, a lei obriga a que se estabeleça nesse acordo o “número de clubes que participam na competição desportiva profissional” (tal como o “regime de acesso entre as competições desportivas não profissionais e profissionais”).

Está à vista que qualquer deliberação de alargamento que se faça sem a previsão antecipada dessa cláusula (ou que, no limite, a desrespeite) estará viciada na sua eficácia. Em suma: primeiro, o acordo da Federação; segundo, a decisão da Liga. E convinha que tudo fosse limpo. Já sabemos como no futebol há sempre alguém disponível para transformar a questão mais simples num interminável imbróglio jurídico, como bem sabe Figueiredo de outras andanças… 

In Record

Email Aberto _ Domingos Amaral


"Haircut"

From: Domingos Amaral
To: Godinho Lopes

Caro Godinho Lopes
Aguiar Branco, ministro da Defesa, declarou esta semana que as Forças Armadas, que ele tutela, são “insustentáveis, tal como estão”. Podia estar a falar da Madeira, da banca, do Metro, da CP, da Carris, de Portugal ou da Grécia. Ou do seu Sporting, cuja auditoria mostrou em “falência técnica”; mas também de muitos clubes europeus, que a UEFA considerou recentemente à beira do abismo.

Curiosamente, à nossa volta quase tudo parece hoje “insustentável, tal como está”. E o que fazer? Fecha-se a Marinha e a Força Aérea, o Sporting ou o Metro? Fecha-se a maioria dos clubes de futebol europeus? Fecha-se a Grécia? Claro que não. Há três caminhos. O primeiro é o “merkeliano”, aplicado na Grécia. Viu-se o resultado: a austeridade gerou uma profunda recessão, e os credores vão digerir 70 por cento de perdas. Ou seja, perderam todos. Num clube de futebol, este é o caminho do fim. Lembre-se que, no Sporting, a contenção de custos já derrotou Franco e Bettencourt.

O segundo caminho é o milagre dos “petroeuros”, provavelmente angolanos. É tentador, mas perigoso. Vende-se o clube, mas quem paga manda, e os sportinguistas passariam a andar a toque de caixa de Luanda. É isso que deseja, tornar-se um pau mandado?

Resta a terceira via: reestruturar a dívida com um “haircut” (perdão parcial) e um plano financeiro de longo prazo, credível e ambicioso. Eu ia por aí. Ao contrário da Grécia (e de Portugal), o Sporting ainda pode evitar o ciclo infernal e depressivo da austeridade. Faça isso e continue a construir uma boa equipa, como fez Vieira no Benfica. É difícil e demorado, mas vale a pena.

In Record

fevereiro 08, 2012

Jornal " O Benfica " Edição Nº 3536


Destaques

Principais títulos

- Digressão dos Juniores a Angola: "Várias histórias para recordar em Angola" + "Um misto vencedor"; (pág 10 e 11)


Títulos


2 Síntese + Clube -Museu Cosme Damião: "Mais uma doação"
3 Actualidade: "Benfica soma e segue" + Opinião João Paulo Guerra
4 Crónica Feirense - Benfica: "Suar, lutar e... brilhar"
5 Análise à Jornada: "Caminhada para o título" + Opinião Arons de Carvalho
7 Antevisão Taça da Liga: "Garantir as meias-finais" + Opinião João Malheiro
8/9 Zona de Decisão - Álvaro Magalhães: "O Benfica, neste momento, está no caminho certo"
10/11 Juniores: "Várias histórias para recordar em Angola" + "Um misto vencedor"
12/13 Entrevista Pedro Valido: "O Benfica, para mim é tudo" + Iniciados: "Fechar com chave de ouro" + Infantis e Benjamins: "Boa evolução"
15 Opinião Pragal Colaço: "O mais recente relatório da UEFA sobre o desenvolvimento financeiro dos clubes europeus"
16/17 Entrevista Yannick: "Tenho a certeza que nesta casa vou triunfar e ser feliz"
19 Nova iniciativa Modalidades: "O sucesso destas equipas passa, também pelos sócios"
20 Atletismo: "Os objectivos foram alcançados"
21 Benfica Olímpico: Novo recorde nacional" + Triatlo: "Bruno Pais triunfa no Jamor" + Opinião Afonso Melo
23 Desportos Combate: Luís Reis é reforço no kickboxing" + Ténis de Mesa: "Taça joga-se em Vagos" + Bilhar: "Vitória no Torneio Abertura Lisboa" + Opinião Pedro Ferreira
24 Voleibol: "Viagem à Pérola do Atlântico"
25 Entrevista Kibinho: "O nosso objectivo é ganhar todos os jogos"
26 Basquetebol: "Mais duas estreias na LPB"
27 Andebol: "Aproximação ao topo" + Opinião João Diogo
28 Hóquei em Patins: "Queremos contrariar a história"
29 Hóquei em Patins: "Vitória frente ao Candelária" + Casas, Filiais e Delegações
30 Tome nota + Programação Benfica TV
31 Opinião Luís Fialho: "O futuro em cima da mesa"
32 Clube 14 de Fevereiro: "Celebre o Dia dos Namorados com o seu Benfica" + Breves + Opinião José Jorge Letria

  

fevereiro 03, 2012

Futebol á Portuguesa _ José António Saraiva


Uma lição


A derrota do FC Porto em Barcelos constituiu uma lição para muita gente. Depois das dificuldades do Benfica para vencer o Gil Vicente na Luz, alguns portistas diziam arrogantemente que o Gil tinha dado “um banho de bola” ao Benfica.

Simultaneamente, os comentadores afetos ao Porto diziam que o seu clube tinha feito contra o Guimarães um dos melhores jogos da época, querendo convencer-se a si próprios de que, sem Hulk, o FC Porto ainda podia ser mais forte.

Ora, viu-se.

E isto devia servir de lição a todos os adeptos do futebol, aconselhando-os a ser mais comedidos. De que vale estar, num domingo, a atirar pedras aos adeptos do rival para, no domingo seguinte, as pedras estarem a cair-nos em cima?

Um adepto do Sporting dizia-me no princípio de dezembro que Jesus não chegaria ao Natal, pois perderia com o Manchester United, perderia a seguir com o Sporting, e ficaria com a época estragada. Ora, se cheirava a heresia dizer que Jesus não chegava ao Natal, o que se passou foi o contrário e quem veio a ficar na berlinda foi o treinador do Sporting.

O Benfica está hoje no topo. Mas os benfiquistas também não deverão cantar de galo (ou de águia).

Até porque 5 pontos podem ser imenso ou muito pouco. Se o Benfica derrotar o Porto na Luz, os 5 transformam-se em 8 e equivalem a 9 (porque em caso de desempate o Benfica ganhará). Mas se o FC Porto vencer na Luz, os 5 serão apenas 2 – e valem por 1.

O jogo de Barcelos foi uma lição para todos: não humilhes hoje o teu adversário, porque essa humilhação voltar-se-á amanhã contra ti.

In Record

fevereiro 02, 2012

Tempo Útil _ João Gobern


Sinais de fumo

Já tinha havido sintomas de que as exigências do lugar de treinador principal do FC Porto iam muito além da couraça psicológica de Vítor Pereira. Agora, mesmo diante de uma arbitragem infeliz, o antigo adjunto de Villas-Boas começou por assumir responsabilidades para depois derrapar sem remédio, ao referir as faixas de campeão para “a outra equipa”. Não há memória de, a cinco pontos de distância e a quatro meses da meta, alguém com responsabilidades neste clube, ter assinado assim, unilateralmente, os papéis para a rendição.

Em defesa do técnico, mantenho a ideia de que os dois maiores catalizadores da época cinzenta do FC Porto – que, em boa verdade, ainda pode ser campeão e importar de novo a taça da Liga Europa, mas não se livra do justificado amuo de muitos adeptos – se deve a teimosias da “estrutura”. O que, neste universo, equivale a dizer duas iniciativas presidenciais demasiado prolongadas, sobretudo porque já se provaram sobejamente calamitosas.

Uma nasce da incapacidade de Pinto da Costa perder a face em público – agora, fica à vista que Pereira foi um remendo para tapar a cratera aberta por Villas-Boas, que deixou descalço o patronato. Como o poder nunca pede desculpa pelos enganos, é o que se vê: um apoio “incondicional” que parece contar as horas que faltam para poder fazer a limpeza ao homem que escolheu.

A segunda provém da falta de força do treinador, que não conseguiu impor a contratação de um ponta-de-lança com as caraterísticas do muito recordado Falcão, deixando a tarefa nos pés de um Kleber sem estatuto, de um Walter sem velocidade e de um Hulk sem o dom da omnipresença. Sem referência de área e sem um matador, o FC Porto somou outros problemas: se foi capaz de integrar Defour e Mangalla, cuja remoção para o banco é incompreensível no ano negro de Rolando, não conseguiu potenciar Iturbe nem Alex Sandro. E Danilo, a menos que haja emenda rápida, vai pelo mesmo caminho. Guarín perdeu-se cedo na época e Belluschi foi queimado antes deste despacho pouco honroso para Génova. Moutinho está longe dos expoentes da última época. Fucile e Sapunaru ainda não devem perceber o que lhes aconteceu.

Tal como na “crise Villas-Boas”, quem manda no FC Porto foi rápido a responder à “crise Gil Vicente”. Resta saber se a cortina de fumo vai além disso mesmo. Lucho? É um grande jogador, cujo regresso ao futebol português se aplaude, é um Comandante. É capaz de desenovelar esta equipa? A ver vamos. Janko? Salvo melhor opinião, nunca vi nenhum ponta-de-lança deste tipo deixar boas lembranças no FC Porto. Pode dar certo. Mas não me espantava se os sinais de fumo resvalassem para um fogo em casa – acontece muito, com a pressa de provar que tudo vai bem.


In Record
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