abril 27, 2012

Jornal " O Benfica " Edição Nº 3547


Destaques

Principais títulos

- Futsal - entrevista Paulo Fernandes:"Queremos que se orgulhem de nós" (pág 28


 Títulos  

2 Síntese + Futebol: "Francescoli esteve na Luz" + Clube: "Magnifica iniciativa"
3 Actualidade: "Vamos acreditar" + Clube: "Guardiões em solidariedade" + Opinião João Paulo Guerra
4 Crónica Benfica-Maritimo: "Nas asas de Nolito"
5 Análise à jornada: "Encanto á Luz do dia" + Opinião Arons de Carvalho
7 Antevisão 28ª jornada: "Sprint final em Vila do Conde" + Opinião João Malheiro
9 Juniores: "U. Leiria próxima final!" + Opinião Afonso Melo
10 Juvenis: "Dérbi de emoções" + Infantis e Benjamins: "Infantis recebem faixas de campeão"
11 Iniciados: "Que venham os dragões" + Opinião Pedro Ferreira
12/13 Entrevista Eriksson: "O Benfica joga um bom futebol e é tecnicamente muito forte"
15 7ª Corrida Atletismo: "Corrida com história"
16/17   7ª Corrida Atletismo: "Corra, para ainda correr connosco!"
18 Opinião Pragal Colaço: "Cérebros, consciência e economia"
19 Fundação Benfica: "Um plantel de sonhos"
21 Festival Benfica: "Veste a camisola, vive a Mística"
22 Hóquei em Patins - Falecimento de José Leste: "Até sempre, campeão!"
23 Hóquei em Patins: "Benfica é comandante!"
24 Ténis de Mesa: "Campeões de sub 21" + Pesca Desportiva: "Começo em grande" + Bilhar: "Benfica B em grande"
25 Voleibol: "Em busca do 4º Titulo de campeão"
26 Andebol: "Esta semana há dérbi"
27 Basquetebol: "Lusitânia no caminho" + Casas do Benfica
28 Futsal - entrevista Paulo Fernandes: "Queremos que se orgulhem de nós"
29 Futsal: "Motivados e preparados" + Atletismo: "Faixas de campeões entregues na Luz" + Ginástica: "Rumo ao centenário"
30 Tome nota e Programação Benfica TV
31 Opinião Luís Fialho: "O chão que pisamos"
32 TV Turca na Luz: "Documentário sobre o Sport Lisboa e Benfica" + Opinião José Jorge Letria + Breves + Falecimento


  



abril 26, 2012

Tempo Útil _ João Gobern


Lugar na história

Primeiro: pior do que os “tabus” dos políticos, só mesmo esses mal amanhados jogos de reserva mental nos dirigentes desportivos, à espera “do momento”, da “vaga de fundo”, do “eu ou o caos”. Tudo familiar, infelizmente. Segundo: tão mau quanto um país democrático sem oposição é o aceitar da gestão de um clube sem ideias alternativas ou complementares, meio caminho andado para o autismo (passe a expressão e fique o conceito). Terceiro: um contrato de treinador de futebol é tão válido como as leis laborais portuguesas, e tão perene como os “direitos adquiridos”. Quer dizer: aplica-se até que se levantem “superiores interesses”, venham eles dos ditames de uma troika qualquer ou do bramido das massas ululantes.

Por estas três premissas quis chegar à atual situação do Benfica, que se deixou cair na asneira de marcar eleições para outubro, já em plena época. Pergunto: sendo legalmente inatacável, será eticamente defensável o sumário despedimento do atual treinador, com hipóteses de rumar a outra casa – sabendo-se, ainda por cima, que Pinto da Costa não desdenha a aproximação, uma vez que se verá obrigado a desfazer um nó chamado Vítor Pereira, para sossego dos adeptos e das finanças portistas – com pesada indemnização (sete milhões?), com recomeço de todos os processos ainda antes de solidificado um modelo de jogo, com perda das inegáveis vantagens que Jorge Jesus (a par das falhas, já lá vamos) já demonstrou, e dentro de campo? Da mesma forma, num momento em que a chamada nação benfiquista espera uma prova de força a valer – depois dos falhanços com as arbitragens, com a gestão do plantel, de Enzo Pérez a Ruben Amorim, com o “mandato dos êxitos desportivos”, com as outras modalidades – do seu presidente, será tolerável que este hipoteque parte do futuro do clube com a timorata assinatura de um desvantajoso contrato com a Olivedesportos?

São apenas duas questões das muitas que podem separar Luís Filipe Vieira da grandeza. O homem que teimou no novo estádio, que hoje não se discute, que credibilizou financeiramente o nome do Benfica depois de todas as aventuras, que voltou a edificar o clube em termos europeus e que – com a ajuda de Jesus – revelou a capacidade para os indispensáveis negócios da sobrevivência, que denunciou (sozinho) o Apito Dourado, já tem lugar na História. Sem oposição à vista, falta-lhe um passo para a grandeza: aceitar o diálogo, aproveitar sugestões, preocupar-se mais com o adversário externo do que com as reticências internas. Começar por não delapidar os poderes do sucessor – que até pode ser ele próprio – é um bom princípio. Fortalecer a estrutura é um imperativo. E não ouvir sempre os mesmos um sinal exterior de democracia. Será?

In Record

Por força da lei _ Ricardo Costa


A procissão e o andor

O andor ainda estava no adro. A igreja estava engalanada e alguns dos fiéis suspiravam pela remoção dos santos desgastados pela pregação. Os pagadores de promessas, vindos das paróquias mais pobres e desfavorecidas, confiavam que aquele andor traria a boa nova. Aumentaram-lhe o tamanho, enfeitaram-no com metros e metros de cetim e madeira, rodearam-no de mensagens de esperança e bonança. Quando saiu a procissão, até os párocos da capital vieram em socorro da imponência do ato. A comissão de festas não cabia em si de contente: a fé abraçava mais do que nunca o espírito e iluminava a concórdia.

Passado pouco tempo, o andor estava mais pujante. Os pagadores de promessas voltaram a unir-se e desejavam levar agora a boa nova – que é como quem diz, a procissão – até à Igreja Matriz, onde, desde as obras mais recentes, se ampliaram as instalações para dar lugar a novos conselhos da fé. Havia que convencer novos párocos de que a procissão seria diferente mas a mensagem era sempre a mesma. A comissão de festas deu o seu melhor, mas temeu que a procissão acabasse por não chegar ao destino prometido. Algumas paróquias por onde passaria a procissão estavam ainda de pé atrás, pois não confiavam que o andor, ainda mais altivo com arames e alfinetes, juntasse fiéis suficientes. Mas, no dia anunciado, tudo se compôs. A procissão fez chegar o andor ao adro e depositou-o bem perto do altar.

Desde então, o andor olhou os pagadores de promessas de lado. Por trás. Outra vez de lado. Perdeu aquele cheiro de naftalina do cetim e atraiu o bicho da madeira. Os alfinetes mudaram de direção e os arames iniciaram uma espécie de resistência aos que sempre foram fiéis. Até parecia ter ganho vida, feita de desdém por quem se fez à vida por ele. A comissão de festas não quer agora restaurá-lo. Convenceram-se que o andor nunca será mais do que um mau pagador de promessas.

Assim se deu esta semana a rutura da maioria dos clubes da Liga com Fernando Gomes. Lá terão as suas razões para que o andor não seja efetivamente o que parecia… Todavia, os clubes que agora solicitam “voto de censura”, se têm razões ou interesses legítimos, perdem toda a razão quando ameaçam com “greves” e “paralisia dos campeonatos”. Não é esse o caminho. Nesse trilho só encontram derrota e perda de pontos nos jogos em que não comparecerem. Nessa rota encontram a oposição de todos aqueles que, com justeza, formulam dúvidas e incertezas na fórmula e no tempo encontrado para o alargamento aprovado. Nessa posição sem recurso à Liga enquanto representante institucional, desobrigam Gomes a negociar um novo “contrato” com a Liga. Nessa trincheira acabarão por permitir que Gomes persista na ilegalidade que é invocar a vigência do “protocolo” atual até 2013. Nessa opção fragilizam todos os outros temas do “contrato” FPF-Liga e causarão um dissenso insanável que ficará nas mãos do Conselho Nacional do Desporto. Se é tudo isto que não querem, voltem à “casa-mãe” e deliberem em assembleia um mandato claro para a Liga ser forte junto da FPF. Esta força, nas “procissões” caseiras e lá fora, será a força de todos os clubes.

In Record

Email Aberto _ Domingos Amaral


Descrentes


From: Domingos Amaral
To: Jorge Jesus

Caro Jorge Jesus
Ontem, quando o Marítimo marcou o seu golo, reduzindo para 2-1, e tu retiraste de campo Aimar e Saviola, os descrentes enfureceram-se, pensando que ainda íamos perder os três pontos. Havia, há sempre, algumas razões para tal fúria. É um pouco estranho que apenas a 4 jornadas do fim se vejam a jogar na primeira equipa jogadores como Saviola, Capdevila e até Matic, que nos últimos tempos tem jogado bem melhor que Javi. Não foi muito inteligente da tua parte ter insistido tanto e tantas vezes em Emerson, um jogador medíocre e pouco esperto; ou ter apostado constantemente num Rodrigo que estava em baixo de forma depois da pancada que levou na Rússia. Capdevila, com a sua experiência, evita muita trapalhada naquele flanco, e Saviola, com os seus truques, inventa um jogo diferente, imprevisível e mais perturbador para os adversários.

Contudo, a descrença acumulada, e a frustração sentida por muitos benfiquistas, em especial no campeonato, não nos podem toldar o julgamento ao ponto de cegarmos por causa de substituições. Minutos depois, (o futebol é cheio destas ironias) Rodrigo marcou um golito, Bruno César outro e o Marítimo foi vencido e convencido, e nós continuamos na luta.

É isso que é essencial percebermos: este campeonato ainda não acabou! Há ainda jogos muito difíceis para todos e não podemos por tudo em causa agora. Temos, todos mas sobretudo tu, de acreditar até ao fim, até ao último minuto possível, que ainda podemos ser campeões e que este campeonato se pode decidir ao sprint. Quanto aos ajustes de contas, esses fazem-se no fim.

In Record

abril 21, 2012

Jornal " O Benfica " Edição Nº 3546


Destaques

Principais títulos

- Fundação Benfica em Ponte de Sor:"Viveram-se momentos únicos"(pág 13)


Títulos



2 Síntese + Clube: "Benfica participou no Galaxy Foot 2012"
3 Actualidade: "Faltam quatro finais" + Opinião João Paulo Guerra
4 Crónica Final da Taça da Liga: "Benfica ergue 4ª Taça da Liga"
5 Análise à Taça da Liga: "Fez-se Luz em Coimbra" + Opinião Arons de Carvalho
6/7 Final da Taça da Liga: "Coimbra tem mais encanto na hora da vitória" + Opinião João Malheiro
9 Antevisão Benfica-Maritimo: "Mostrar raça e acreditar!" + Opinião Afonso Melo
10/11 entrevista Humberto Coelho: "Faltou-nos sorte na Liga dos Campeões. Foi pena!"
13 Fundação Benfica em Ponte de Sor: "Viveram-se momentos únicos" + Opinião Jorge Miranda
15 Opinião Pragal Colaço: "United States, Fusão e 007"
16/17 Poster equipa vencedora da 4.ª Taça da Liga
18 e 19 Juniores e Juvenis: "Clássicos vão dominar este fim-de-semana" + Opinião Pedro Ferreira
20 Iniciados: "Benfica vence dérbi" + Infantis e Benjamins: "Jovens àguias vencem todos os jogos"
21 Festival Benfica: "Festival Místico para todos!"
22/23 Hóquei em Patins: "Á procura da 6ª final" + "Objectivo cumprido" + Ténis de Mesa: "Benfica nos Nacionais"
25 Voleibol: "Final antecipada em Espinho"
26 Andebol: "Continua a luta pelo título"
27 Basquetebol: "Encantar, parte III" + á converca com Ricardo Rosa
28 Futsal: "É para ganhar" + Bilhar: "Taça dos Campeões Europeus" + Casas do Benfica
29 Corrida Benfica: "Ainda pode participar" + Canoagem: "Duplamente vencedores" + Triatlo + Duatlo
30 Tome nota e Programação Benfica TV
31 Opinião Luís Fialho: "Nozes e vozes"
32 7ª Corrida Benfica: "Rui Costa também vai!" + Opinião José Jorge Letria + Breves

 

abril 19, 2012

Tempo Útil _ João Gobern



Modernos e eternos

Os melhores adeptos do Sporting, entre os quais “coleciono” grandes amigos, não mereciam aquilo que lhes caiu em cima. Só há duas hipóteses: ou é uma traição de um dos seus, inusitada, indesculpável, indecorosa e ainda por cima mal montada, ou é uma cabala de terceiros, o que seria prova final do estado de demência a que chegou o futebol português. A época leonina parecia já ter suportado toda a agitação possível. Pode o Sporting queixar-se de que esta bomba, com ondas de choque ainda incalculáveis, rebenta em vésperas de um momento decisivo da temporada para um clube que foi arquivado cedo de mais, acabando por se tornar no mais resistente dos portugueses à erosão europeia. O primeiro encontro com os espanhóis do Bilbao ajudará a traçar o rumo da eliminatória e, certamente, este não era o clima que os dirigentes e os técnicos gostariam de poder proporcionar à equipa.

O problema, mais uma vez, vem da gestão do caso, mal concretizada. Nas suas aparições e declarações públicas, Godinho Lopes nunca passou a imagem que se esperava dele – a de alguém profundamente ofendido, legitimamente indignado pela calúnia que envolve um homem em quem confia (Cristóvão). Ou será que não confia? No final da sessão eleitoral que o consagrou, Godinho Lopes titubeou. Na Luz, com pirómanos à solta, ameaçou com umas famigeradas gravações – “altamente” comprometedoras para Luís Filipe Vieira – que nunca se ouviram. No caso Domingos, mudou de discurso e de posição em menos de um dia. Agora, a ter sido ele o responsável final pelo regresso do vice-presidente, voltou a dar uma imagem de fraqueza. Para sossego geral, sobretudo para descanso do próprio Sporting, Paulo Pereira Cristóvão devia ficar longe dos círculos de decisão, ao menos por uns tempos.

Há, ainda assim, alguns elementos que me fazem pôr tudo isto em causa. Um antigo inspetor da Polícia Judiciária, a ter feito aquilo de que o acusam, não conseguiu prever que o depósito era um tiro no pé quando o que se usa, ao que julgo saber, é o numerário em envelope, entregue em local discreto? Um vice-presidente pode tomar a iniciativa de vigiar jogadores do clube quando se sabe, por tradição, que essa tarefa policial é entregue a um qualquer adjunto ou assessor da equipa técnica? Mais do que tudo, custa-me a hipocrisia (com que tenho sido forçado a conviver de perto…), elevada ao extremo, de ver arautos de um certo clube, satisfeitos e impiedosos com o alegado percalço de um sportinguista, a gritarem por sangue, a exigirem cabeças e a esquecerem-se que têm lá em casa um senhor que só não foi condenado por pormenores técnicos. Mas nem uma sentença judicial muda a essência da verdade – e essa anda aí, para quem quiser ouvi-la.

In Record

Futebol á Portuguesa _ José António Saraiva


Eles não aprendem

Durante anos esforcei-me por explicar uma evidência: só com paciência e estabilidade o SL Benfica conseguiria atingir o patamar do FC Porto. Por isso, disse que Vieira teria de ficar muito tempo na liderança e Jesus deveria ser o Ferguson do Benfica – que esteve 5 anos em Manchester sem ganhar nada. Mas a emoção em Portugal sobrepõe-se à racionalidade.

1. Critica-se o facto de Jesus ter desperdiçado 5 pontos de avanço. Até parece que foi outro que os ganhou e Jesus que os esbanjou. Ora esses pontos de avanço foram conquistados por… Jesus.

2. Diz-se que Jesus falha nos momentos decisivos. Só que os outros não falharam porque não chegaram... aos momentos decisivos.

3. Afirma-se que Jesus tinha obrigação de ganhar porque tem um plantel caríssimo. Mas esse plantel é quase dez vezes mais barato do que o de equipas (como o United) que o Benfica eliminou. E além disso foi pago em boa parte com o dinheiro “ganho” por Jesus. Quanto embolsou o Benfica nesta Champions ou com a venda de jogadores que ele potenciou, como Di María, David Luiz ou Coentrão? Já se esqueceu o tempo em que os jogadores vinham para a Luz e perdiam valor em vez de o ganharem?

4. Em que épocas recentes a equipa do Benfica atingiu o patamar exibicional médio dos últimos 3 anos?

5. Quem poderá fazer melhor que Jesus, que foi o treinador do Benfica nos últimos 60 anos com maior percentagem de vitórias (70%)?

Mas todos os argumentos são inúteis. Quando não corre tudo bem, há que arranjar um bode expiatório. E esse hoje chama-se Jesus. O resultado é previsível: o treinador que vier será despedido ao fim de um ano, depois acontecerá o mesmo ou pior – e assim por diante. Não há nada a fazer.


In Record

abril 18, 2012

Crónica de João Malheiro


 Metamorfose

Vítor Pereira era contestado, Jorge Jesus era idolatrado, Domingos Paciência era venerado. Chegou a ser assim ou não? E ainda nesta temporada. O FC Porto apartou-se precocemente da Europa da bola e pareceu soçobrar na Liga nacional, o Benfica deu colorido na Champions e pareceu espairecer em triunfo no Campeonato, o Sporting jogou alto no exterior e pareceu jogar crescido no domínio interno. Chegou a ser assim ou não? E ainda nesta temporada.

As contas estão quase saldadas. Vítor Pereira reabilitou-se, Jorge Jesus enterrou-se, Domingos Paciência demitiu-se. O futebol tem destas coisas, tem mutações imprevistas, tem nuances esquisitas. Dois ou três jogos mudam cenários, alteram atmosferas, provocam metamorfoses. A bola não é uma certeza, nunca será. A bola é uma incógnita, sempre será.

A um mês do termo da competição, Vítor Pereira resulta, Jorge Jesus não exulta, Domingos Paciência nem resulta. O FC Porto vai ser campeão, o Benfica vai ser frustração, o Sporting só vai ser consolação. Vítor Pereira é melhor treinador do que Jorge Jesus? Vítor Pereira é melhor treinador do que Domingos Paciência? Não é certamente. Mas vai ganhar o que os outros se propunham ganhar. Nem sempre ganha o melhor? Mas quem ganha, ganha sempre melhor.

Esta temporada tem tido muito de atípico, de anómalo. Campeonato para o FC Porto, Taça da Liga para o Benfica, talvez Taça de Portugal para o Sporting de… Sá Pinto. Satisfação a três? Nem pouco mais ou menos. Aprazimento portista, desagrado benfiquista, talvez alívio sportinguista. Esta temporada vai provar que a bola, se dúvidas houvesse, é ainda mais redonda que as precipitadas contas redondas de muita gente redonda em matéria de futebol.

O Voo da Águia_ Marta Rebelo


Sem nada

Foi agradável. Sem qualquer euforia. Foi simpático ganhar a Taça da Liga – até porque, como isto anda a correr, sabia que o Gil Vicente nos faria a vida negra e podia bem vencer o troféu. Fez-nos a vida num inferno, mas perdeu por um bigode de Conejo. Quando vi o ar extasiado dos nossos jogadores, confettis e fitinhas vermelhas a esvoaçar, não consegui entender. Percebo é o ar enfiado de Jesus. Nesta fase do campeonato, não há volta a dar: ou se está contra a continuação de JJ, ou a favor da manutenção do míster. Os benfiquistas não perdoam tanto jejum: a maioria quer a cabeça do treinador. A mim, o que dói é chegar a março com tudo na mão e em abril tê-la vazia. São os 5 pontos de avanço que perdemos sem mais nem quê. O que dá cabo de mim é aquele banco benfiquista desolado, apático, desligado e absolutamente triste, que se viu em Alvalade. Sem fé, sem esperança. Chateiam-me os recados que os jogadores têm vindo trazer nas “flash interviews”. Que seja fatal que o Benfica leva pelo menos um golo por jogo. E que o Luisão tenha sido lançado à morte contra o SCP. Tudo isto somado – e isto sim é que é a soma de todas as partes – perdemos o campeonato. E esta soma dói-me muito mais do que os pontos roubados pelas arbitragens.

In Record

Email Aberto _ Domingos Amaral


Taças

From: Domingos Amaral
To: Luís Filipe Vieira

Caro Luís Filipe Vieira
Diz Pinto da Costa que a Taça da Liga não é importante, mas não tem razão. Se olharmos para todas as competições oficiais internas que os clubes têm de jogar por ano, é evidente que a mais importante é o Campeonato Nacional, pois são 30 jogos difíceis. Logo a seguir vem a Taça de Portugal, que além de ser uma prova de grande tradição e a única onde participam todos os clubes de Portugal, implica a disputa de 6 jogos para um clube da Liga principal que chegue à final (a meia-final é a duas mãos). Em terceiro lugar, e para grande azia de Pinto da Costa, vem a Taça da Liga, onde os finalistas têm de disputar 5 jogos. Em último lugar, e mais fácil do que qualquer torneio do Guadiana, aparece a Supertaça, apenas um pobre joguinho de verão, quando o público está de férias e os jogadores no aquecimento para a época. Uma Supertaça é uma irrelevância, não vale nada, ainda por cima porque normalmente é entre o campeão e um clube de segunda linha que foi à final da Taça de Portugal na época anterior.

Apesar disso, conta para a célebre contabilidade dos troféus, com o mesmo valor que uma Champions (!), o que é ridículo e absurdo. Veja-se que o FC Porto, para ganhar as suas 18 Supertaças, disputou menos jogos que o Benfica para ganhar as suas quatro Taças da Liga (20 jogos)!

Para mais, a Supertaça só existe desde os anos 80. Se tivesse existido desde os anos 30, o Benfica iria para aí com vinte e cinco títulos de avanço sobre o FC Porto. Não se incomode pois com o que diz o Rei do Freixo: cada Taça da Liga nossa vale por cinco minúsculas Supertaças deles! E um dia ele vai perceber.

In Record

abril 17, 2012

Por força da lei _ Ricardo Costa


Acordo de concertação

Há muitos anos que advogo a subsistência de um conjunto de matérias que não devem ser reguladas pelos associados das federações e pelos clubes das ligas profissionais sem parâmetros de enquadramento e de limitação. Reger contra os próprios interesses não está obviamente no perfil de quem decide e vota em causa própria. Por isso assistimos nos últimos anos à resistência “cartelizada” em mudar as regulamentações desportivas nas matérias mais sensíveis. Olhando para a lei e para o princípio de autonomia que é reconhecido à organização das modalidades desportivas, ainda que sob fiscalização do Estado (em tese, claro…), julgo que, no que toca ao futebol, dividido entre profissional e não profissional, há um instrumento privilegiado para atingir esse desiderato: decidir num plano superior e transversal através do “contrato” entre FPF e Liga.

Na lei atual, este contrato (o antigo “protocolo”) é gizado como a ferramenta para delinear todo o relacionamento entre a federação e liga profissional. Enumeram-se exemplificativamente os assuntos do número de clubes participantes nas provas da Liga, o regime de subidas e descidas entre essas provas e as provas da federação, a organização da Seleção Nacional e o apoio ao futebol “amador”. Tudo o resto caberá no clausulado pertinente, assim o queiram: o relacionamento entre os órgãos de ambas as entidades, os princípios essenciais da regulamentação da arbitragem e da disciplina (definindo regras uniformes para todas as competições quanto a ilícitos, penas, poderes, prazos, etc.), a estrutura básica de funcionamento das secções profissionais dos conselhos de arbitragem e de disciplina, os pressupostos de admissão dos clubes nas provas, os requisitos comuns na elaboração dos calendários das competições e dos jogos, a uniformização das regras de organização dos jogos e de condições técnicas e de segurança dos estádios (salvaguardadas as diferenças exigidas pela especificidade do profissional), a coordenação entre a Taça de Portugal e a Taça da Liga, as comparticipações financeiras recíprocas, etc. Por isso seria tão importante que os presidentes e os órgãos executivos da FPF e da Liga tivessem a perceção institucional desse entendimento para uma conceção estratégica da modalidade e formalizassem com objetivos um processo negocial de longo alcance.

Uma das matérias que deve ser incluída nesse “pacote” de concertação é o cumprimento salarial perante os atletas e treinadores e a sua relação com o acesso e manutenção dos clubes nas provas. Segundo as estatísticas sindicais, este é mais um ano negro de degradação nas provas profissionais, sempre acentuada na segunda metade da época. Como se vê, a regulamentação de Hermínio Loureiro/Andreia Couto, assente no controlo do pagamento dos salários no final de dezembro de cada ano sob pena de perda de pontos, não evitou nem dissuade esta desgraça. Fiscalização mensal e exigente, própria de competições sérias, é o início de uma solução. Partilhada com os sindicatos e pensada no lugar próprio do “contrato”. Em nome do futuro e de quem pode estar no futuro. Será pedir de mais?

In Record

abril 15, 2012

Tempo Útil _ João Gobern


Acertar contas

O Benfica deve a Jorge Jesus um campeonato, ganho com um futebol empolgante que ajudou a lançar a onda vermelha. Deve-lhe duas ou três Taças da Liga, consoante o resultado de sábado. Deve-lhe uma boa época europeia (que se finou há uma semana em Londres), uma razoável caminhada na Europa (meias-finais da Liga Europa, mas com queda frente ao Braga) e uma radical deceção internacional na estreia do técnico. Não convém esquecer o regresso do futebol de ataque, do espetáculo, de jogos de autêntico cilindro. O renascimento da atitude guerreira da equipa, de vez em quando capaz da raça que os mais antigos (como eu) associam a uma forma própria de estar em campo, merece ser contabilizado. E há o crescimento de jogadores que, ganhando destaque no clube, já lhe renderam ou podem render excelentes negócios. É muito crédito para Jesus.

Em contrapartida, Jesus fica, depois de Alvalade, a dever um título ao Benfica. Não há outra forma de sintetizar a queda vertical dos últimos dois meses, em que os 13 jogos dos encarnados (em três competições) se traduzem em cinco vitórias, quatro delas na Luz, dois empates e seis derrotas: Zenit, Guimarães, FC Porto, Chelsea duas vezes e Sporting. No final da primeira volta, o Benfica tinha dois pontos de avanço. Virada a jornada 18 (três quintos do campeonato), há dois meses, o Benfica aumentara a diferença – cinco pontos. Daí para cá, toma lá 13 pontos perdidos em 24 possíveis. Mesmo que faça o pleno nos quatro jogos em falta, o Benfica da segunda metade do campeonato ficará longe do que se apresentou na primeira volta – 32 pontos possíveis (20 até agora) contra 39. Hoje, o Benfica tem quatro pontos de atraso.

Mais: Jorge Jesus deve ao Benfica, à sua história e à sua dimensão, o imperativo de não repetir a desculpa com as arbitragens. É certo que Proença, Capela e Soares Dias passam a ser protagonistas – e não figurantes, como deviam – do campeonato. Mas isso não lhe dá o direito de não perceber que a equipa estourou, que há demasiada gente a acusar a pressão, por excesso de nervos (Bruno César) ou por defeito de desempenho (Gaitán, Cardozo), que sempre houve lacunas e teimosias. Jorge Jesus, enquanto treinador do Benfica, não pode descrever a partida com o Sporting – justo vencedor – como o fez, lançando um manto sedoso de ilusão sobre a triste realidade. Chegou a hora de acertar contas com ele. Para, logo a seguir, começar a avaliação da estrutura diretiva e do próprio presidente, que prometeu mais do que deu.

Custa aos adeptos do Benfica assistir a isto. Mas também custa aos amantes do futebol perceber que, no seu país, um técnico irremediavelmente medíocre como Vítor Pereira possa ser campeão nacional, só porque tem mais máquina.

In Record

abril 14, 2012

Jornal " O Benfica " Edição Nº 3545


Destaques

Principais títulos

- José Augusto director do jornal "O Benfica" por um dia:"Podemos voltar a ser Campeões Europeus" (pág 16) e  (pág 17)

Títulos



2 Síntese + Editorial José Augusto: "A importância da Mística"
3 Actualidade: "Jogar para o tetra" + Opinião João Paulo Guerra
4 Crónica Sporting-Benfica: "A história do costume"
5 Análise à Jornada: "Poderia ter sido diferente" + Opinião Arons de Carvalho
7 Taça da Liga - História: "Pintada a vermelho" + Opinião Afonso Melo
8/9 Antevisão Taça da Liga: "Todos a Coimbra para voltar a fazer história" + Opinião Pedro Ferreira
11 Juniores: "Continuamos a pensar jogo a jogo" + Opinião João Malheiro
12 Juvenis: "Início da luta pelo título" + Iniciados: "Começar com o pé direito"
13 Infantis e Benjamins: "Torneio da Pontinha é nosso pela 7ª vez"
15 José Augusto director do jornal "O Benfica" por um dia: "Momentos únicos do Zé da Europa"
16/17 José Augusto director do jornal "O Benfica" por um dia: "podemos voltar a ser Campeões Europeus"
18 Opinião Pragal Colaço: "Ideias, desejos e vontades"
19 Fundação Benfica: "Receita de sonho" + Opinião Jorge Miranda
20 Munidalito XIX: "em 1º lugar dos grupos"
21 Hóquei em Patins: "Goleada antes da Europa" + Opinião João Diogo
23 Futsal: "Fechar, na luz, com chave de ouro" + Andebol: "Colocar um fim na malapata insular"
25 Basquetebol: "Todos à Luz para o play-off"
26 Atletismo: "Em estágio no Jamor" + Ténis de Mesa: "Hugo Santos conquista bronze" + Triatlo + Casas do Benfica
27 7ª Corrida Benfica: "Venha participar na Corrida!"
28/29 Duo Dinâmico - Roberto Reis e Flávio Cruz: "Queremos todos ganhar o título" + Voleibol: "No play-off à espera..."
30 Tome nota e Programação Benfica TV
31 Opinião Luís Fialho: "Na Europa, fomos Benfica"
32 Clube: "Benfica Tv em França através da operadora Orange" + Opinião José Jorge Letria + Breves

 

abril 13, 2012

Ainda os Osgas se queixam dos árbitros

O arturinho do sistema no seu melhor, trabalhando para o seu amo, presidente, patrão ou outro nome qualquer de escravatura ao sistema.




Afiambrado ao PluribusUnum7

abril 11, 2012

O Voo da Águia_ Marta Rebelo


Antevisão

Agora que a época se prepara para chegar ao fim, a carreira do Benfica é como a história: a.C e d.C – antes da (eliminação da) Champions e depois da Champions.

Antes da eliminação, a passada quarta-feira frente ao Chelsea, arriscávamos tudo em três frentes. Foi com pouca estrelinha, nenhuns centrais, má sorte e dois roubos descarados que ficámos para trás frente aos londrinos, que são um bocadinho como o Raul Meireles: muita tatuagem, muito jogo de vista, mas vai-se tirando as camadas e fica pouco. Mas a verdade é que nos passaram, e agora vai atirar-se a eles o Barcelona do Messi e os pobres vão amargar por não terem ficado pelos “quartos”. Todavia, deu-se uma grande descoberta em Londres: o Emerson descobriu-se. Afinal o rapaz é um central razoável, e andou enganado este tempo todo a desgraçar a defesa esquerda.

Depois da Champions, fica-nos o campeonato. Sim, podemos trazer de Coimbra a Taça da Liga – assim o Gil Vicente deixe. Mas ficar apenas com esta Taça teria um sabor agridoce. O gostinho do campeonato é outra louça. Com um Sporting estafado da ida à Ucrânia, mas galvanizado pela passagem à meia-final da Euroliga, pela luta pelo quarto lugar e pela vitória no campeonato da Segunda Circular, hoje vamos ter de lutar pelos três pontos. O que é que poderia fazer melhor à autoestima de Ricardo Sá Pinto e seus rapazes, a seguir ao Metalist, do que roubar-nos a possibilidade de sermos campeões? Depois de o Braga ter feito o favor de perder frente ao FCP, com um grande obrigado de Vítor Pereira a Hugo Viana, perdermos não pode sequer ser cogitado.

À nossa autoestima faria bem um resultado expressivo. Os nossos jogadores estão cansados, dado o jogo de alta pressão que JJ imprime à equipa. Míster, com o capitão de volta, o Rodrigo é que não. E o Matic, por favor.

Eu só quero o Benfica campeão.


In Record

abril 07, 2012

João Gobern in Facebook


Meus amigos:

Gostava que me dessem a oportunidade de me referir aos acontecimentos desta semana. Tentarei que seja a última vez até porque, doravante, o assunto só serve para cansar e desgastar. Lá vai…

1. Não me peçam, nem agora nem nunca, que não festeje um golo do Benfica. Faço-o há muitos anos, desde que me reconheço como gente. Já me aconteceu ter que o fazer em campos tidos como adversos – as antigas Antas, o antigo Alvalade. Não festejo contra ninguém, nem me pinto de raiva ou de provocação. Gosto muito do meu clube. Tenho esse direito.

2. Festejei o golo no enquadramento errado. Se não tivesse consciência plena desse deslize, não tinha posto o meu lugar no “Zona Mista” à disposição ainda antes de as campanhas orquestradas chegarem ao seu destino. Ou seja, tenho consciência de que errei. Saber se existiu proporcionalidade entre o meu lapso e a posterior sentença, isso é outra conversa. Tenho a minha opinião (por mais que isso custe aos que viram nessa minha mania uma coisa qualquer chamada “falta de isenção”) mas, com vossa licença, opto por guardá-la.

3. Desafio um adepto de qualquer clube a manter-se quieto depois fechado num estúdio – já a comentar as incidências de um jogo mas sem poder perder as jogadas-chave de outra partida, que terá que comentar de seguida e que se reveste de muito maior importância – diante de um encontro que decide a continuidade nas corridas ao título, emotivo como aquele foi, decidido no último quarto de hora, e com um golo favorável no tempo de compensação. Foi infeliz o gesto? Sim. Foi desajustado? Sim. Foi tudo um grande azar? Quero continuar a pensar que sim. Mas não posso sequer garantir, para ser sincero, que não voltaria a fazer-me o mesmo, de uma forma espontânea e não premeditada. Por maioria de razão, não foi – insisto – uma provocação a ninguém, muito menos aos adeptos do Sporting de Braga.

4. Quanto à minha “atitude continuada” no programa, digo apenas isto: nunca me limitei nas minhas críticas pelo facto de ser adepto do Benfica. Julgo, inclusivamente, que o condicionamento funcionou ao contrário, obrigando-me a ser mais exigente com o meu clube do que com os outros. Nunca ofendi nenhuma instituição, nunca mencionei sequer a vida privada de dirigentes, técnicos ou jogadores – as críticas foram sempre dirigidas a comportamentos públicos e relacionados com o futebol.

5. Apesar de poder ter ofendido – involuntariamente – alguns telespectadores com o meu gesto, acabei por ser agradavelmente surpreendido com a quantidade de mensagens de apoio que recebi de sportinguistas e portistas, bem como de alguns adeptos do Braga. Agradeço o gesto, que me deixa mais descansado quanto ao meu desempenho no programa. De caminho, e sem querer entrar em discussões académicas, quero deixar bem claro que não acredito na “isenção” ou na “imparcialidade”. Respeito, evidentemente, todos os meus parceiros de ofício que optam por não revelar as suas preferências clubísticas. Eu escolhi outro camnho mas, dentro daquele estúdio de tantos sábados, a única camisola que vesti foi a da RTP. E, se quiserem, a de um combate por um futebol melhor e mais autêntico.

6. Tenho que agradecer aos benfiquistas o apoio demonstrado. Algumas mensagens foram verdadeiramente comoventes, outras muito estimulantes. E, de alguma forma, acaba por ser significativo o facto de elas não virem de gente com responsabilidades directivas, mas das bases, dos adeptos, dos meus pares. Não esquecerei o aconchego, nesta hora complicada de viver.

7. Agradeço aos meus amigos, a todos os que não conheço, a alguns com quem não falo há mais de vinte anos, à minha família (que se afligiu e a quem recordo que aquilo que não nos mata torna-nos mais fortes), a camaradas de profissão que julgava perdidos no tempo, a jornalistas que mal conheço, a figuras públicas cuja atitude não precisa de ser aqui publicitada, até velhos companheiros destas e outras lides (pelo incómodo que isso lhes possa ter causado não devo deixar de referir o Pedro Ribeiro, o Paulino Coelho, o José Mariño, o Jorge Alexandre Lopes, o Manuel Queiroz, o João Querido Manha, o Nuno Dias, o Leonardo Ralha, o José Carlos Soares, o João Carlos Silva, o Miguel Carvalho, o Rui Baptista, a Maria João Fialho Gouveia, o Luís Miguel Pereira, o José Zambujal, a Lurdes Feio, o José Paulo Fafe, a Raquel Morão Lopes, o Paulo Marcelino – obrigado a todos e mais aqueles de que possa estar a esquecer-me.

8. Ironizando, quase apetece dizer que valeu a pena tudo isto só para ser nomeado numa coluna do José Ferreira Fernandes, a quem fico devedor de mais esta atenção. Como de costume, ele viu o pormenor que escapa aos outros. Como é seu hábito, partiu do ponto para chegar ao todo. Soube-me especialmente bem o propósito guerreiro da Helena Sacadura Cabral e da Maria João Duarte. O meu parceiro, Pedro Rolo Duarte, esse nunca falha. Permitam-me, ainda assim, que saliente uma mensagem simples, “um abraço” só, de um homem com quem nunca falei pessoalmente mas que, se dúvidas houvesse (e eu já não as tinha), se confirmou como aquilo a que os meus avós chamariam “um cara direita” – Nuno Gomes, o (antigo) capitão do Benfica, hoje profissional de mão cheia do Braga.

9. Nesta espécie de despedida, antes de voltar à “vida real”, faço questão de agradecer a dois homens que, pela entrega, pelo profissionalismo, pela boa disposição e por um quase infinita capacidade de trabalho, caminham para o lugar dos eleitos num mister que não é para todos – o Hugo Gilberto e o Manuel Fernandes Silva. Não há melhor. Quanto ao Bruno Prata, quero afiançar-lhe que, escaramuças à arte, guerrilhas postas de lado, mantenho o que disse na primeira emissão do “Zona Mista”: aprendi com ele. Futebol mas, mais do que isso, lealdade e disponibilidade. Já que não nos deixam ser adversários, lá teremos que ser amigos.

10. Tendo reconhecido o erro, tendo lamentado o sucedido, há uma pessoa que me obriga a ir mais longe. Por ter apostado em mim quando nada o obrigava, por me ter brindado com este desafio e porque o capítulo final é tão murcho, resta-me pedir desculpas ao meu amigo Carlos Daniel. Garantindo-lhe que há casos em que a memória funciona mesmo.

11. Aos que escolheram o insulto, a insinuação, a mentira, a queixinha – já conseguiram o que queriam. Agora, por favor, vão marrar para outro lado, que eu, felizmente, tenho mais que fazer.

12. Gostaria, se me permitem esse desejo, que fossem desactivados os grupos de apoio e as petições em que eu esteja envolvido, mesmo indirectamente. Esta terra tem problemas sérios demais para que se gaste tanta energia, tanta disponibilidade e tanto tempo com questões que são verdadeiramente acessórias.

13. Num país onde os lapsos andam à solta, onde se mente impunemente, onde se rouba sem consequências, onde se abusa dos mais fracos, onde se lançam cortinas de fumo para que as pessoas se esqueçam dos seus problemas, posso dizer que, ao menos no meu caso, a culpa não morre solteira. Azar meu: foi justamente agora que ela, a culpa, decidiu casar-se e ser monogâmica.

14. Obrigado, ainda uma vez. Até um dia destes. Boa Páscoa. Espero as amêndoas só na segunda-feira.

abril 06, 2012

Tempo Útil _ João Gobern



Para estudo

Parece combinada, esta tendência paralela de FC Porto e Benfica para escorregarem e deixarem os respetivos adeptos com o coração nas mãos. Os do Norte partiam favoritos, depois da época de sonho com Villas-Boas, mas cedo deixaram indicações de alguma tremideira, porventura mais sensível nos compromissos internacionais, com um grupo na Champions que parecia a pedido, e nas exibições – não nos resultados – internas. Os do Sul cavalgaram uma época em beleza até ao momento em que pareceram deslumbrar-se com um avanço invulgar sobre os maiores rivais das últimas épocas (cinco pontos) e começaram a acusar o cansaço das frentes múltiplas. O resultado e a exibição de logo, em Londres, vão ajudar a escrever o êxito ou o fracasso da temporada para Jorge Jesus e para os seus jogadores.

O Braga é o exemplo a preservar. Munido de uma série de jogadores com experiência nos “grandes” (cfr. Record de ontem), de resto bem distribuídos (Alan, Miguel Lopes, Ukra, Nuno André Coelho do FC Porto, Quim, Nuno Gomes e Ruben Amorim do Benfica, Hugo Viana, Custódio e outra vez Nuno André Coelho do Sporting), sabe recrutar entre as revelações do mercado nacional – Lima, Leandro Salino, Luís Alberto, Mossoró – e internacional, sempre dentro de uma lógica cuidadosa mas capaz de render a curto e a médio prazo. Se poucos acreditavam numa época à altura da anterior, com a presença na final da Liga Europa, Leonardo Jardim, a cinco rondas do fim, está a lutar pelo título.

Também há o Marítimo de Pedro Martins, claro. Mas, confesso, o caso do ano é – para mim – o Sporting. Não vale a pena discutir outra vez a saída de Domingos. Olhemos antes para os números: com Domingos, o Sporting somou 62,2% dos pontos possíveis no Campeonato (18 jornadas). Com Ricardo Sá Pinto, chegou aos 71,4%, mas deve ser ponderada a circunstância de ainda faltarem os jogos com os três candidatos.

O Sporting marcou o dobro dos golos que sofreu (38-19). Tem a melhor defesa a jogar em casa (seis golos sofridos, apenas). Não sofreu golos em 11 partidas, não marcou em 8 jogos – muito bom e muito mau, respetivamente. Com Domingos terá feito as melhores exibições, com Sá Pinto conseguiu a eliminação “impossível” do Manchester City e arrisca-se a ser a última equipa portuguesa a cair na Europa. Só por uma vez, desde a chegada do novo técnico, ganhou acima da diferença tangencial. Percebe-se bem que só lhe falta consistência, continuidade e alguns reforços (especialmente no centro da defesa, onde a qualidade não iguala a quantidade) para voos mais altos. Com Izmailov e Matías como grandes reforços, o problema do Sporting para a próxima época vai, creio eu, chamar-se “orçamento”. Para já, “fundir” o Metalist é quase um imperativo.

In Record

abril 05, 2012

Futebol á Portuguesa _ José António Saraiva


O bom caminho

No ser humano há uma enorme atração pela asneira. Se alguém diz qualquer coisa com um arzinho de novidade, mesmo que seja um grande disparate, é certo e sabido que vem logo uma multidão repetir o que foi dito.

Vem isto a propósito da afirmação de que “Jesus geriu mal o plantel”. Ora não deve ter havido esta época uma equipa que rodasse tanto os jogadores como o Benfica. Por poupança, por lesão ou por castigo, os nomes têm-se sucedido em todos os sectores, ao ponto de Jesus já não ter jogadores para rodar. No centro da defesa jogaram Luisão, Garay, Jardel e Miguel Vítor (estando agora três fora de combate!). Nas laterais atuaram quase sempre Maxi e Emerson, mas também jogou Capdevila. No meio-campo alternam Javi, Witsel, Aimar e Matic. Nas alas revezam-se permanentemente Gaitán, Bruno César e Nolito. No centro do ataque já alinharam Cardozo, Nélson Oliveira e Rodrigo. Assim, nos 10 lugares de campo já houve 17 titulares. Mais era difícil.

O problema do Benfica é outro. O Benfica está a pagar o preço do êxito. Há muitos anos que não havia uma época assim, com a equipa a chegar a abril com hipóteses de vencer três competições. E, mesmo que não ganhe nada (só pode vencer um), este é o fruto de um trabalho de fundo que começa a render.

É assim que se atinge o topo. Até porque, mesmo com o enorme desgaste físico e mental a que não estava habituada, a equipa consegue performances notáveis – como a jogada que ditou o 2-1 contra o Braga, um hino ao futebol realizado mesmo no fim do jogo e apesar do enorme balde de água fria que fora o golo do empate.

O Benfica está no bom caminho. Agora é continuar.

In Record

Maxi é o primeiro capitão a ser expulso

Maxi é o primeiro capitão a ser expulso na prova milionária



Maxi Pereira entrou ontem na história do Benfica por um motivo pouco desejado por qualquer jogador: foi o primeiro capitão dos encarnados a ser expulso num jogo da Liga dos Campeões.

O lateral-direito viu o primeiro cartão ao minuto 20 quando foi reclamar com o árbitro Damir Skomina a marcação do penálti contra o Benfica. Mais tarde, aos 40’, num lance no meio-campo, derrubou Obi Mikel e o juiz esloveno não perdoou, dirigiu-se ao jogador uruguaio e mostrou-lhe novamente o amarelo e expulsou-o.

In Record

Europa rendida ao Benfica



Europa rendida ao Benfica mas destaca vitória eficaz do chelsea

A imprensa internacional falou numa vitória eficaz de um Chelsea que poderia ter sido eliminado pelo Benfica nos quartos-de-final da Liga dos Campeões.

SKY SPORTS

Tragam o Barcelona

“A época pode não ter começado bem para o emblema de Stamford Bridge mas, depois do encontro da Liga dos Campeões diante do Benfica, o panorama pode mudar. Não tendo sido nada explosiva, a exibição que os blues apresentaram frente aos encarnados foi eficiente.”

BBC SPORT

Mais uma meia-final

“O Chelsea vai defrontar o Barcelona na meia-final da Liga dos Campeões, isto após ter eliminado o Benfica num jogo bastante equilibrado. Recorde-se que esta é a 6.ª vez que o emblema de Londres alcança a referida fase da prova milionária nas últimas 9 temporadas.”

MARCA

Chelsea teve de suar

“Em frente. O Chelsea irá medir forças com o Barcelona nas meias-finais da Liga dos Campeões depois de ter eliminado o Benfica. Sem fazer um encontro brilhante, os ingleses conseguiram vergar uma equipa que não fez mais por ter jogado 50 minutos com 10 elementos.”

AS

Medo com mais um

“O Chelsea vai voltar a reencontrar o Barcelona nas meias-finais da Liga dos Campeões. Os ingleses chegaram a Stamford Bridge com a vantagem de um golo, mas precisaram de se esforçar perante uma formação que mostrou estar ali para discutir a eliminatória.”

L'EQUIPE

Chelsea e a vingança

“O Chelsea pode-se vingar. Depois de ter eliminado Benfica, os blues vão voltar a defrontar o Barcelona numa meia-final da Liga dos Campeões. Os homens de Jorge Jesus bateram-se bem num encontro em que quase surpreenderam a formação do italiano Roberto di Matteo.”



In Record

O Voo da Águia_ Marta Rebelo


Acreditar

O sonho durou seis minutos. Entra o Nuno Gomes e azarou-nos a vida. Já não acredito no campeonato. Não consigo. O ano passado perdemos cinco a nada com o Porto, esta época perdemos cinco pontos. Começámos a perder o campeonato na Cidade Berço. O carrasco é meu amigo, treina em Guimarães mas um dia o Glorioso, o Rui Vitória. Mas ali foram três pontos. A arbitragem mais um quantos. Mas os golos que consentidamente sofremos, todos os que não marcámos, as substituições que eu não soube perceber, a teimosia do míster em defender os indefensáveis? Passei um ano a descrever as inqualificáveis misérias do César Peixoto. Mal sabia eu a desgraça desgraçada que nos ia calhar: um tal de Emerson, que nem num clube de fim de tabela teria direito à titularidade. Que o Ramires tão bem descreveu esta semana como “o lado mais fraco do Benfica”.

Mas depois veio o Bruno César. Aos 90’ e uns segundos a bola voltou a entrar no galinheiro do Quim. Caramba, saltou-me o coração. Esqueci-me que não gostei do Witsel a maestro, marcou o penálti (e naquele momento quis lá saber se era – e foi – penálti). Senti saudades do Cardozo (embora saiba Deus se ele teria marcado o penálti).

Perdoei o jogo do Rodrigo, que o arruaceiro do Bruno Alves estragou. Quis as luvas do Artur, assistir como o Gaitán, quis as chuteiras laranja do Chuta-que-chutou, o futuro do Nélson, os títulos do Cap, a esperteza do Javi, a cura do Miguel Vítor, a garra do Super Maxi, a camisola do Capitão. Eu só quero o Benfica campeão.

Com raça, com garra, querer, ambição. E acredito.

Quem entra na Luz e tenta o empate perde.


In Record
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