outubro 30, 2011

Contra a Corrente _ Leonor Pinhão



Não me venham falar de brechas na organização

Se, por acaso, estiverem à espera de que venha para aqui tratar mal o Hulk por ter mergulhado a cabeça num balde de lixívia sem ter pedido autorização ao sineiro da Torre dos Clérigos e, pior ainda, se estiverem à espera de que veja nisso um sintoma de brechas na super-organização da super-estrutura do super-FC Porto, nesse caso, não contem comigo.
Temos de ser racionados e defender a liberdade de cada um. E dizer a verdade também faz bem.

E não é verdade que o FC Porto beneficiou muito com a cor do cabelo de Hulk, igualzinha à cor dos equipamentos do Nacional no jogo de domingo passado? Só à conta do cabelo amarelo do Hulk, os fiscais-de-linha deixaram-se confundir maia-dúzia de vezes e dessas ilusões cromáticas - ...mas aquilo é um jogador do Nacional ou é o Hulk? - os campeões nacionais beneficiaram de dois golos nascidos de posições irregulares.
Portanto, não me venham cá falar em brechas na organização.

André Villas Boas foi recebido com fidalguia no Coliseu do Porto por uma plateia que lhe soube dispensar uma ovação de pé. Foi bonito de se ver até porque veio contrariar os prognósticos mais sombrios que pairaram sobre a ocasião.
Mas como em Portugal as homenagens são sempre contra alguém, fica por saber se esta homenagem portista a Villas Boas não é, no fim de contas, uma grande contra-homenagem a Vítor Pereira que tem sido alvo de inusitadas desconsiderações públicas e privadas de cariz técnico-táctico, o que nem se percebe muito bem porquê visto que ainda a procissão vai no adro.
A atribuição do Dragão de Ouro a André Villas Boas só foi possível porque Vítor Pereira não conseguiu dar 5-0 ao Benfica no jogo da 6.ª jornada do campeonato corrente. Com esse resultado, ou com outro parecido e igualmente sonante, teria sido Vítor Pereira a subir ao palco do Coliseu no lugar de Villas Boas e a festa teria sido outra.
Não se duvide, no entanto, do apreço que o presidente do FC Porto tem pelo seu ex-treinador. No Verão passado, quando o treinador que lhe deu quatro títulos anunciou se ia embora, Pinto da Costa afirmou não se sentir dorido porque só se magoava «se caísse de um 7.º andar». Na segunda-feira, no Coliseu, declarou-se disponível e competente para «nos próximos trinta anos» escrever o prefácio da autobiografia de André Villas Boas.
A Pinto da Costa não só nunca se ouviu uma palavra menos polida sobre o actual treinador do Chelsea como também somos levados a crer, pelos exemplos citados, que quando se inspira em Villas Boas, o presidente do FC Porto respira imortalidade.
E não me venham cá falar em brechas na organização.

Uma pessoa inadvertida reflecte sobre o que anda para aí de movimentos para as eleições na FPF e fica sem saber no que reflectir.
Então o Filipe Soares Franco era o candidato do Pinto da Costa? Mas como seria isso possível se o Pinto da Costa foi tão deselegante para o Soares Franco quando este era presidente do Sporting?
E é verdade que o Fernando Gomes se candidatou à corrida sem o aval do Pinto da Costa? Impossível! Mas agora o FC Porto é o novo Sporting das liberdades de voto, onde Godinho Lopes apoia o Fernando Gomes e o Luís Duque apoia o Marta?
Então o Fernando Seara vem agora dizer que não se candidatou a presidente da FPF porque nunca aceitaria sacrificar «a cabeça de um amigo»?
Mas qual cabeça?
E qual amigo?
Vocês querem ver que o Godinho Lopes disse ao Fernando Seara que o Sporting só o apoiaria se o Seara lhe fizesse o favor de levar para a Federação o Luís Duque, por exemplo para vice-presidente das selecções, ou para vice-presidente de qualquer coisa, mas, por favor, que o levasse com ele para longe do Sporting?
Vamos continuar a reflectir...

Estando o país em dificuldades e os trabalhadores numa aflição e sendo o Benfica o clube do povo, não espanta que a tirada de Jorge Jesus, que é treinador do Benfica, sobre as agruras da crise e a classe política nacional tenha ecoado ao longo de todo o fim-de-semana passado, chegando quase a provocar reacções de Estado. «Os nossos políticos se fossem treinadores de futebol estavam muito pouco tempo no lugar», disse Jesus.
Responderam-lhe a sério, e algo sentidos, alguns políticos de maior ou menor carreira e houve até quem lhe lembrasse que os políticos têm de passar por eleições e pelo veredicto popular.
Pois é verdade que sim. Os políticos são eleitos de 4 em 4 anos. Mas os treinadores de futebol têm eleições todos os fins-de-semana e, às vezes, a meio da semana e o veredicto popular, na glória ou na desgraça, funciona sempre e é quem manda, quem põe e quem tira.
Aliás, era precisamente a isto que Jorge Jesus se estava a referir.

outubro 28, 2011

Tempo Útil _ João Gobern


Filho pródigo

Por uma vez, mesmo que isso desencoraje e enfraqueça os campeões das teorias da conspiração, proponho a via mais simples e transparente para olhar um dos momentos da semana – o reencontro de Jorge Nuno Pinto da Costa com André Villas-Boas (ou vice-versa) por ocasião da entrega dos Dragões de Ouro. Antes de mais nada, o troféu atribuído ao atual técnico do Chelsea, o de Treinador do Ano, parece da mais elementar justiça: foi campeão liderando uma equipa sem derrotas, colecionou mais uma Taça de Portugal, entrou para o núcleo restrito dos que levaram o FC Porto à conquista de provas europeias.

Sabe-se, ainda assim, que um veto presidencial poderia subverter esta elementar lógica e que o caminho percorrido por Villas-Boas, indesmentível, irrefutável, evidente, facilmente seria esquecido se a liderança do clube assim o entendesse. Felizmente, Pinto da Costa decidiu reduzir o episódio da partida de Villas-Boas para terras de Sua Majestade a um acontecimento quase natural, próprio de alguém que corresponde a uma legítima ambição de crescimento e a um desafio excecionalmente remunerado. Desta vez, Pinto da Costa optou por ser magnânimo e pragmático, tudo ao mesmo tempo, uma vez que acabou por amealhar 15 milhões de euros (que ajudaram a apagar jogadores) e ainda conseguiu baixar as despesas com a equipa técnica, apostando na promoção de um adjunto.

Para os adeptos (do FC Porto e, já agora, de outros clubes que ainda não perceberam que há um tempo para as guerrilhas e outro para o uníssono vibrante), os discursos de ambos foram verdadeiras peças de antologia. Mas se o de Villas-Boas acaba por não surpreender por aí além, o fervor de Pinto da Costa passa a imagem de um homem quase pacificado consigo mesmo, por conseguir chamar a casa um filho pródigo, deixando passar – voluntária e explicitamente – a ideia de que, devidamente ponderado, um regresso lá mais para diante, consoante o êxito internacional do jovem treinador, não estará posto de parte. Já agora: não acredito que haja qualquer intenção de enfraquecer o estatuto de Vítor Pereira. Para o atual técnico portista, os problemas são outros: não só tem que conviver com a pesada herança como, mesmo ganhando jogos por 5-0 e liderando o campeonato, é frontalmente contestado a nível interno. Ou, pelo menos, por distintos legionários da intelligentsia clubista. Resiste ou não? A viagem a Chipre vai ajudar a escrever a resposta.

NOTA – Da clareza à confusão em meia dúzia de passos, com notáveis de clubes não menos notáveis a fintarem as posições oficiais e a desviarem apoios, as eleições para a Federação complicam-se. Vêm a caminho os truques de bastidores e os argumentos de baixo nível. Aposto.


In Record

Jornal " O Benfica " Edição Nº 3522



» LER MAIS:

» 15 - Aniversário Catedral: "Factor de agregação e ninho da Mística" (pág. 15)
» 16 e 17 - Aniversário Catedral: "Oito anos de alegrias benfiquistas" (pág. 16)

» TÍTULOS:

» 2 - Sintese + Futebol: Gaitan renovou até 2016: "É um Clube que me trata muito bem"
» 3 - Clube: "Alicerces para o futuro"
» 4 - Crónica Beira Mar - Benfica: "Vitória do futebol positivo"
» 5 - Análise à Liga: "Os números não enganam" + Opinião João Paulo Guerra
» 7 - Antevisão Benfica - Olhanense: "Espera-se festa na Luz" + Opinião Arons de Carvalho
» 9 - Antevisão Liga dos Campeões: "Garantis os oitavos"
» 10 - Juniores: "Vitória robusta antes da paragem"
» 11 - Juvenis: "Sem comprometer" + Opinião João Malheiro
» 12 - Iniciados: "Á procura da 10ª vitória" + Infantis C e D: "Resultados diferentes"
» 13 - Opinião Pragal Colaço: "Consequências de austeridade no Desporto Rei"
» 15 - Aniversário Catedral: "Factor de agregação e ninho da Mística"
» 16 e 17 - Aniversário Catedral: "Oito anos de alegrias benfiquistas"
» 18 - Aniversário Catedral: "Festejos junto de mais de 3000 adeptos"
» 19 - Basquetebol: "Venha até à Luz" + Opinião Afonso Melo
» 20 e 21 - Zona de Decisão - Carlos Lisboa: "Queremos ganhar com dignidade e respeitando sempre o adversário"
» 22 - Judo - Telma à Benfica TV: "Acho que fiz um bom ano" + Atletismo e Triatlo
» 23 - Voleibol: "Vem aí dupla jornada" + Opinião Pedro Ferreira
» 24 - Hóquei em Patins: "Acreditem nesta equipa"
» 25 - Andebol: "Manter a liderança" + Opinião Ricardo Palacin
» 26 - Râguebi Feminino: "Ganhar está-lhes no sangue" + Râguebi Masculino: "Vitória escapou na 2ª parte" + Ténis de Mesa: "Francisco Nunes o melhor em Gondomar"
» 27 - Futsal: "Triunfar em Aveiras" + Opinião João Diogo
» 28 e 29 - Inauguração da Casa do Benfica na Moita e Marinha Grande: "O essencial somos nós"
» 30 - Tome nota + Programação Benfica TV
» 31 - Bingo: "Oktoberfest com balanço positivo" + Clube: "Exposição o Voo da águia" + Clube: Saudade na apresentação do Sabuguense"
» 32 - Taça de Portugal: "Naval é o adversário " + Breves + Opinião José Jorge Letria

outubro 27, 2011

Futebol á Portuguesa _ José António Saraiva



Sporting à antiga


O Sporting é, neste momento, a equipa que joga melhor futebol em Portugal, o que não deixa de ser surpreendente. Mas esta época tem sido um turbilhão de surpresas. Começou com o FC Porto a dar ideia de que iria passear-se pelo campeonato, depois foi o Benfica a crescer e a impor-se, finalmente é o Sporting a renascer das cinzas após um início de temporada titubeante.

O bom futebol do Sporting deve-se, em grande parte, ao facto de jogar “à antiga”: os extremos são mesmo extremos, vão à linha, centram – aparecendo depois na área jogadores em posição de marcar com a cabeça ou com os pés.

No FC Porto e no Benfica isso não acontece. Ambos seguiram a moda de colocar os esquerdinos do lado direito e os dextros do lado esquerdo. E o que se vê? Ninguém consegue ir à linha centrar. No domingo, em Aveiro, onde o Benfica fez o seu pior jogo da “era Jesus”, foi patético ver Bruno César do lado direito à procura do pé esquerdo, e ver Nolito do lado esquerdo à procura do pé direito.

O FC Porto também está a ser vítima do mesmo “mal”. Hulk, na direita, vê-se e deseja-se para centrar, tendo de o fazer muitas vezes de trivela. Mesmo assim, dado o seu fulminante pé canhoto, consegue tirar mais partido da colocação à direita.

Espero que a moda de pôr os extremos fora do seu lugar natural passe rapidamente. Quando os extremos não podem centrar, porque lhes falta o pé adequado, perde-se profundidade e espetáculo. O Sporting é que não vai na conversa – e está a tirar dividendos de ter extremos à antiga.


In Record

De Águia ao peito _ Nuno Melo



Para já, tudo vai bem

O estatuto do Benfica extravasa as nossas fronteiras. Será talvez um dos “produtos” nacionais mais reconhecidos, e com todo o mérito, porque justificado nas vitórias desportivas.

Como em tudo na vida, o estatuto implica responsabilidade equivalente. E por isso, não importa o ano, ou a competição, ninguém aceitaria, muito menos os adeptos, que o Benfica deixasse de ser candidato ao topo de todas as competições.

Felizmente, para já, tudo vai bem. Na Liga dos Campeões, o Benfica é líder destacado do grupo, de que faz parte, não esqueçamos, o Manchester United, finalista vencido da última edição.

Aqui chegados e tal qual disse o Cardozo, nosso goleador de serviço, também eu sonho com uma presença na final, em Munique

Na Taça de Portugal o Benfica venceu em Portimão, e segue na eliminatória contra a Naval. E para o campeonato, lá ombreamos com o Futebol Clube do Porto, no primeiro lugar da tabela classificativa, depois de uma vitória difícil em Aveiro. Por tudo isto, podemos dizer que o Benfica se tem comportado à altura dos seus pergaminhos.

Continue então o Jorge Jesus a treinar a equipa como tem feito, e a distrair-se menos com a política, para que não foi talhado, e lá mais para o fim, acredito, teremos muitas razões para festejar.


In Record

O Voo da Águia_ Marta Rebelo


Suada

Vencer em Aveiro revelou-se tarefa digna de um verdadeiro candidato a campeão: aquele que, em todas as frentes, com diferentes constituições do plantel mas a mesma estrutura de equipa, com as geometrias variáveis inerentes à competição onde concorre, sai vencedor. O Glorioso estava cansado, Jesus teve de dar descanso às pernas de muita gente, e esbarrou num Beira-Mar pleno de dificuldades para os nossos. Ganhámos, e os três pontos souberam que nem ginjas.

Cardozo, aquele com o qual cada benfiquista mantém uma relação de amor-ódio, é outro homem. Desde que descobriu que tem a cabeça a prémio, com Rodrigo a espreitar a qualquer esquina e a revelar já de início uma enorme panorâmica de jogo e capacidade concretizadora, o paraguaio sente o chão a fugir-lhe debaixo dos pés – ou o traseiro a sentar-se no banco – e inventa menos. Muito menos. Quando Rui Rego, o menos batido dos guarda-redes da Liga, sai mal e afasta a bola para a zona de Cardozo, este não fez o seu exercício mental do costume. Antes de Rodrigo, o Tacuara pensaria “ora agora o que fica aqui bem é uma pirueta, um pontapé de bicicleta ou uma desmarcação em jeito”. Depois de Rodrigo, Cardozo não pensa, marca. Fez o simples, o que para ele é uma complicação.

Foi um Benfica em gestão de jogo e de pernas, aquele que jogou sábado à noite. Com dois alas comprometidos: Emerson revelou-se nervoso, ainda sob o efeito do vermelho frente ao Basileia; Ruben Amorim nervosinho estava, a perder bolas, a fazer muita falta, a perder o esférico onde não devia e a deixar saudades de Maxi Pereira. Pior: se na receção aos suíços vamos ter Maxi à esquerda, a solução primeira para a direita é precisamente Amorim. E a prestação do português deixou os benfiquistas com nervoso miudinho, porque o flanco vai ressentir-se.

O Beira-Mar esteve no campo todo – com destaque para Joãozinho, que até ser substituído parecia omnipresente – e o Benfica sofreu à campeão. Quando teve hipótese marcou, e suou, transpirou a vitória por todos os poros. Se eu queria mais Benfica? Queria, muito mais. Mas quero mesmo os primeiros lugares: na Liga e na Champions. Venham os suíços, que já comia três ou quatro quadrados de chocolate.

In Record

Email Aberto _ Domingos Amaral



Feitiçarias

From: Domingos Amaral
To: Pinto da Costa

Caro Pinto da Costa
Em julho, o senhor desdenhou: “O Atlético Madrid não tem dinheiro para contratar Falcão”. Porém, para espanto geral, em finais de agosto vendeu-o. Muitos, eu incluído, não compreenderam como podia o jogador trocar o mais forte clube de Portugal por um mediano de Espanha. Mas os valores eram galácticos, 30 e muitos milhões de euros, mais uns milhões por objetivos inatingíveis, e a sua aura de mago das finanças a ser glosada pela propaganda portista. “A maior transferência de sempre”, disseram os jornais. E, de caminho, a chave para a estratégia, caríssima mas na aparência bem-sucedida, de “roubar” ao Benfica tudo o que desse pontapés numa bola. Numa exibição musculada de poder económico, o senhor contratou Alex Sandro, Danilo, Defour e Mangala, em quem gastou os mesmos 30 e muitos milhões de euros. Chapa ganha, chapa gasta.

Contudo, as coisas estão a correr para o torto. Há semanas que o Standard Liège se queixa de não ter recebido pela venda de Mangala e Defour. E, surpresa geral, o FC Porto reconheceu em comunicado ainda não ter pago, culpando o Atlético Madrid, porque também não lhe pagou Falcão! “Não nos pagam, não pagamos”: inesperada regra da gestão azul, bem mais habitual em clubes à beira de um abismo financeiro. Já não bastavam as desilusões da equipa e agora isto! De facto, o feitiço parece estar a virar-se contra o feiticeiro. Para quem gozou o Benfica, apelidando a venda de Roberto de “milhões da treta”, deve ser azedo provar este veneno dos calotes. Apetece perguntar: e os seus milhões, serão da tanga?

In Record

outubro 26, 2011

Por força da lei _ Ricardo Costa


Perigo e apelo

O Sion disputou o playoff de acesso à etapa de grupos da Liga Europa. Ganhou ao Celtic de Glasgow e passou. Inconformado, o clube escocês alegou junto da UEFA que o Sion tinha utilizado jogadores que não reuniam as condições de “elegibilidade” para essas partidas europeias. O Comité de Controlo e Disciplina da organização presidida por Michel Platini legitimou as razões do Celtic e atribuiu ao Sion duas faltas de comparência. O clube suíço avançou para a justiça comum suíça, esta julgou-se competente para apreciar as deliberações internas da UEFA como pessoa coletiva de direito suíço e ordenou em duas oportunidades a reintegração do Sion; a UEFA reuniu-se de emergência e confirmou a participação do Celtic em detrimento do Sion e do tribunal estadual; entretanto, o caso subiu ao Tribunal Arbitral do Desporto (TAS de Lausana) e a UEFA espera pela resolução da instância que reconhece; e o tribunal cantonal de Vaud alegou um perigoso “abuso de posição dominante” da UEFA…

Está montado (mais) um cenário de desafio à autorregulação e à jurisdição própria das entidades federativas desportivas, nacionais e internacionais, e a UEFA, percebendo o perigo, enviou ao tribunal o próprio Platini para dar a perceber que a “marcha-atrás” era possível, na hipótese de o clube suíço ganhar o processo no TAS. E tratou de fazer a sua “comunicação”. Em primeiro lugar, as federações nacionais associadas da UEFA declararam o apoio ao “sistema de justiça desportiva independente”, como sendo “o garante de igualdade e justeza” reservado aos participantes no futebol. Em segundo lugar, o Comité Executivo da FIFA apelou aos clubes e aos futebolistas para que respeitassem os seus estatutos e não recorressem aos tribunais comuns estaduais, reconhecendo como instância de recurso final o TAS e respeitando as decisões vinculativas da FIFA, das confederações e desse mesmo TAS. Apelou, portanto, ao acatamento do artigo 64.º, onde se diz que o recurso aos tribunais “não desportivos” é proibido (a não ser sob a égide de leis imperativas e regulações da própria FIFA), e as federações e ligas, em contrapartida, devem inserir cláusulas de arbitragem no foro desportivo.

Por cá, os “documentos” respeitam a “bula”. Os Estatutos da FPF, além de reconhecerem o TAS como única instância de recurso das decisões da FIFA e da UEFA, dizem que, “salvo nos casos expressamente previstos na lei, é vedado submeter à apreciação dos tribunais comuns qualquer litígio da competência exclusiva da FIFA, da UEFA e da FPF”; por outro lado, preveem um tribunal arbitral para litígios entre FPF, sócios e agentes desportivos. Por seu turno, os clubes da Liga, por força do atual art. 54.º dos Estatutos, renunciam expressamente aos tribunais comuns (ou qualquer outra instância) para dirimirem os litígios que tenham com a Liga, a propósito, naturalmente, da atuação dos seus órgãos; em troca, reconhecem a sua Comissão Arbitral como jurisdição exclusiva para esses processos.

Agora que os focos se voltam para o eixo Sion-Lausana, as hostes perguntam até onde e por onde vai o apelo (e a vigilância) da FIFA pontífice…

In Record

outubro 23, 2011

Contra a Corrente _ Leonor Pinhão





Teimosia e sentido de Estado

O que devem, então, os portistas fazer quando André Villas Boas subir ao palco para receber o seu Dragão de Ouro? Fazer barulho? Virar as costas? Abandonar o recinto? Fazer o pino?

Depois de na temporada passada ter feito uma figura tristíssima na Liga dos Campeões, o Benfica vai agora bem lançado para o apuramento e pode até encarar a perspectiva de ir a Manchester com o assunto resolvido, o que é um grande alívio, com toda a franqueza.
Anteontem, em Basileia, o Benfica fez o que lhe competia. Ganhou, somou 3 pontos e reforçou a economia do país com os euros devidos por cada vitória na competição.
Dizem os entendidos que Jorge Jesus está agora com um grande problema na linha de ataque porque tem de escolher entre Nolito ou Bruno César ou Saviola ou Cardozo ou Rodrigo ou Rodrigo ou Bruno César ou Saviola ou Nélson Oliveira para o lugar de todos os demais. É, na verdade, um problema maravilhoso de resolver e Jesus lá o tem resolvido com sucesso e perante a aprovação geral.

Do ano passado para este ano, de facto, o Benfica tem mais um problema - o tal no ataque - mas, por outro lado, tem menos um problema, o problema da baliza.
E aqui está um problema que deixou de existir porque Artur tem dado conta de recado com um tal sentido de Estado, de modo tão imperturbável que mais parece um jogador de cartas do tipo poker face, daqueles que nem pestanejam e deixam os adversários à beira de um ataque de nervos por não conseguirem adivinhar o que lhe vai na alma.
No sábado é em Aveiro. E também é para ganhar.

Por fim, a Justiça portuguesa alinhou com a decisão do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e limpou o crime de difamação do cadastro do jornalista José Manuel Mestre.
Para que este caso morresse foram precisos 15 anos e uma reprimenda do TEDH, sediado em Estrasburgo, ao Estado português por «não ter acautelado a defesa da liberdade de expressão» que consta na carta universal dos direitos do homem.
Assim sendo, os Juízos Criminais do Porto que tinham condenado José Manuel Mestre e a SIC em primeira instância, reconhecem agora que não houve da parte do jornalista intenção em difamar o presidente do FC Porto quando, em 1996, entrevistando Gerhard Aigner, à época secretário-geral da UEFA, Mestre perguntou ao dirigente estrangeiro se achava normal que Pinto da Costa, à época presidente da Liga dos Clubes, se sentasse no banco dos suplentes à frente dos árbitros quem era «por inerência de cargo» o patrão.
Com as próximas eleições na FPF e com o frenesi estratégico que por aí vai com o regresso da arbitragem ao seio da Federação, seria bom para o país - porque tempo é dinheiro - que Fernando Gomes, neste particular, não demonstre uma sensibilidade tão à flor da pele quanto exibiu Pinto da Costa quando acumulava o cargo de presidente da Liga e isto num tempo em que a arbitragem ainda estava longe, muito longe mesmo, de regressar aos poderes da Federação.
Também é verdade que não se vislumbra motivo algum para Fernando Gomes se sentar no banco do FC Porto à frente dos árbitros de quem, por inerência de cargo, vai brevemente ser o patrão, o que não constitui ofensa alguma.
Neste período pré-eleitoral, lendo transversalmente as notícias dos jornais sobre o assunto, fica-se com a ideia, provavelmente errada, de que o acto do próximo mês de Dezembro não serve para eleger um novo presidente da FPF mas sim um novo patrão dos árbitros.
E deste lamentável paradoxo nem Fernando Gomes nem nenhum dos outros concorrentes tem culpa alguma.

Casa Benfica Moita_Marinha Grande_ Luis Filipe Vieira


Discurso do Presidente

Luís Filipe Vieira: "O essencial é estarmos unidos"

Intervenção do presidente do Sport Lisboa e Benfica, Luís Filipe Vieira, este domingo, por razão da inauguração das novas instalações das Casas do Benfica na Moita e na Marinha Grande.

“Aqueles que sabem o esforço que sempre dediquei e a importância que sempre reconheci às Casas do Benfica imaginam a satisfação de poder estar aqui hoje, concretizando um desejo antigo que, agora, de uma forma gradual estamos a concretizar.

As Casas do Benfica são hoje espaços modernos, realidades dinâmicas que acompanham a evolução do Clube e isso é algo que devemos assinalar.

A nova imagem, os novos serviços das Casas do Benfica eram uma necessidade sentida pela Direcção a que presido, mas acima de tudo um imperativo para responder as exigências dos nossos sócios e adeptos.

A minha primeira palavra é, por isso, de reconhecimento para todos os que trabalharam e dedicaram o melhor do seu esforço para levar por diante o projecto que há pouco tivemos oportunidade de inaugurar.

Queria, por isso, na pessoa do presidente da Casa saudar todos aqueles que de forma dedicada se empenharam na concretização deste projecto.

Sempre o disse e sempre o defendi: As Casas do Benfica devem constituir uma prioridade da nossa acção, porque a defesa do Benfica começa aqui, começa nestes espaços onde se vivem e defendem os valores e a história do Clube!

Quando este processo de uniformização da imagem das Casas se iniciou, recordo que poucos acreditavam que seria possível chegar até aqui. Mas hoje já poucos têm dúvidas de que somos capazes!

Sempre foi e sempre será esta a nossa postura: nunca virar costas, seguir sempre em frente. Inovar, contornar as dificuldades, fazer e pensar, hoje, o futuro! Foi assim que a história do Benfica se fez!

Uma das coisas boas de desempenhar as funções que hoje tenho é a possibilidade de encontrar soluções, de ‘inventar’ alternativas, de pensar, todos os dias, o futuro do nosso Clube.

Mas a minha acção e a razão de ser daquilo que faço só tem sentido em função dos sócios. A nossa história sempre se construiu em função das pessoas, em função dos sócios, porque no fundo foram eles – foram vocês - que projectaram o Clube, que o fizeram crescer, que o fizeram uma marca do Mundo, que, em alguns momentos, tiveram a coragem de inverter a sua história, salvando-o.

Todos sabem dos sacrifícios e das dificuldades que tivemos de ultrapassar.

Todos sabemos de onde partimos e onde queremos chegar. Sabem - porque o tenho dito repetidamente - que estou esperançado no futuro, porque sei exactamente o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido.

Sei as dificuldades que aí vêm, mas sei também a exacta medida da nossa força enquanto Clube.

A nossa história é uma história de persistência, de carácter, de querer. É uma história de resistência, de sucesso, mas também uma história de superação dos momentos menos bons. Por isso, o desafio que aqui deixo é o de continuar fiéis à nossa história!

Na próxima terça-feira cumprem-se oito anos desde a inauguração do nosso estádio. Recordo, como se fosse hoje, a dificuldade e a complexidade do processo. As dúvidas que muitos tinham em avançar.

Recordo que fomos o último clube a decidir avançar. O cenário era pesado em função da herança recebida, mas tivemos a coragem de avançar. E foi nesse momento, não tenho dúvidas, que se começou a desenhar o novo Benfica, porque o novo estádio recuperou a nossa auto-estima. Foi um momento de união de todos nós à volta de um projecto comum.

Foram necessárias - como calculam – fazer muitas contas, muitas reuniões com os bancos. Foi necessário convencer muitas pessoas da nossa capacidade de fazer e de cumprir. Era um desafio enorme, num cenário difícil, mas nunca tive dúvidas de que tínhamos de avançar.

As dúvidas que alguns tinham há oito anos, transformaram-se na certeza de que se não tivéssemos avançado o nosso futuro enquanto Clube teria ficado irremediavelmente comprometido. Queria, por isso, dedicar uma palavra de gratidão ao Mário Dias, sem o seu entusiasmo e empenho talvez não houvesse nenhum aniversário para festejar.

A história do novo estádio é um dos muitos momentos de superação de que atrás falei e dos quais se tem construído a história recente do nosso Clube.
Enquanto caminhamos e construímos o nosso presente e futuro, temos de saber que seremos sempre mais fortes quanto mais unidos estivermos.

Que aquilo que nos deve importar não é o que passa ao lado ou o que dizem de nós. O essencial somos nós, o essencial é estarmos unidos à volta dos nossos objectivos.

Viva o Benfica!"

outubro 22, 2011

Tempo Útil _ João Gobern


Zangas e arrelias

Jorge Jesus tem razões para estar arreliado com Emerson. Não só foi o menos concentrado dos jogadores da linha defensiva como chegou a dar mostras de alguma displicência. Falhou um golo obrigatório. E, embora lhe tenha calhado em sorte o melhor jogador do Basileia (Shaqiri), o lance que vale o segundo amarelo ao brasileiro é digno de um tenrinho. Ou seja, com a retribuição à porta e a hipótese (invulgar) de conseguir de imediato o apuramento, passeando e gerindo as duas últimas partidas, Jesus tem motivos para estar zangado consigo mesmo, por se comprovar agora que daria algum jeito que um homem como Capdevila pudesse ser opção. Ainda assim, talvez haja uma saída chamada Luís Martins. É uma aventura, um risco? Que seja. Pode acontecer que o jovem português vista uma daquelas personalidades que se agigantam perante os grandes desafios. Com exceção desse pormenor, Jorge Jesus não pode zangar-se com mais ninguém: do inultrapassável Artur ao eficaz Cardoso, tudo resultou com precisão. Com sofrimento, mas também com espetáculo.

Amuados, ao que consta, ficaram os dirigentes do Sporting, com a súbita transferência do Portugal-Bósnia para o Estádio da Luz, depois de “vistorias” e documentos trocados. Alguma razão lhes assiste, sobretudo se for possível confirmar que foram os últimos a saber. Mas, ao mesmo tempo, não podem deixar de reconhecer que a diferença da lotação e que as próprias características do recinto são argumentos insofismáveis a favor da mudança. Pode dar-se o caso de ser a receita de despedida (cruzes, canhoto!) deste Europeu, o que significa que a Federação Portuguesa de Futebol já encara o minorar dos “estragos” resultantes de uma ausência da fase final. E, em matéria de apoio, todos não serão demais – se puderem ser 65 mil, deve perder-se a oportunidade?

Furiosos, vociferantes, andam alguns dos peões de brega do FC Porto para o combate mediático. Tudo por causa do Ministério Público (MP) e da conclusão a que este chegou relativamente ao comportamento de cinco jogadores portistas no túnel no Estádio da Luz. Nem Pinto da Costa se aventurou a tão iradas tiradas – limitou-se a regressar à sua pueril ironia e a comparar o incomparável (Scolari, claro). Os outros não: da palhaçada à conspiração (além dos limites da demagogia ao acusar o MP de perseguir atletas do clube por ter falhado o presidente), sucederam-se as acusações. Todas alinhadas por um nível que envergonha quem o assume e que só se entende por um bizarro nervosismo. Há remédios eficazes. E não me parece que as espumantes figuras dependam de taxas moderadoras. De resto, à falta de melhor, moderar deveria ser um dos verbos a tomar, já. Mesmo em automedicação – é por uma boa causa.

In Record   

outubro 21, 2011

Crónica de João Malheiro



Dissemelhanças

Há dias, poucos dias, num jantar, um jovem até muito cordial deixou escapar uma inconfidência. Revelou que havia chegado a vereador da sua terra e que projectava, daqui a duas legislaturas, ocupar um lugar de deputado. Há dias, ainda poucos dias, noutro jantar, um jovem não menos cordial também deixou escapar uma inconfidência. Revelou que havia chegado ao Paços de Ferreira e que projectava, daqui a dois anos, ocupar um lugar no plantel do Benfica, do FC Porto ou do Sporting.

A coisa tem tudo de semelhante. Tem, mas não tem. Cordialidade à parte e sinceridade ao pé, protagonizadas pelos dois meus interlocutores, bem que se pode falar de coisas distintas. Dessa coisa do carreirismo e da coisa da carreira. Se o carreirismo é reprovável, a carreira é louvável. Ambas expressões de ambição pessoal, o carreirismo é feio, a carreira até pode e deve ser bonita.

Neste Outubro em que o tempo atmosférico é generoso e o tempo social é cruel, vale a pena tentar perceber o que alicia, nos últimos anos, o grosso da classe política. O apego à causa pública, ao interesse público? Definitivamente, não é. Antes, o apego à causa pessoal e às causas de padrinhos e compadres de circunstância, quer conhecidos quer anónimos.

Antes era honroso fazer política, hoje é horroroso fazer política. Claro que há excepções, sobretudo no limite da coisa, na extremidade da coisa, na antítese da coisa. A coisa é o bloco central dos interesses. Por isso é que o líder máximo da JSD pede, folcloricamente, responsabilidades criminais para Sócrates. Por isso é que o líder máximo da JS pede, folcloricamente, responsabilidades criminais para Alberto João Jardim.

«A história repete-se, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa», sustentava Karl Marx. Pior é que a farsa já vai no enésimo acto. E outra coisa: fazer carreira na bola não é inequivocamente mais digno do que fazer carreira na política?

Futebol á Portuguesa _ José António Saraiva


Ferguson da Luz

A memória dos adeptos é curta. Quando Jesus chegou ao Benfica, o clube estava de rastos: tinha ficado em 3.º lugar no campeonato e não passara da 5.ª eliminatória da Taça de Portugal e da fase de grupos da Taça UEFA.

Jesus operou o milagre de não só ganhar logo o campeonato, mas praticar um futebol como há muitos anos não se via na Luz. E na “horrível” época passada, conseguiu o 2.º lugar no campeonato, ganhou a Taça da Liga, e chegou às meias-finais da Taça de Portugal e da Liga Europa. Mas não foi assim tão mau...

Jesus iniciou no Benfica um ciclo novo: implantou um padrão de jogo, deu um estilo ao futebol encarnado e projetou o plantel, valorizando jogadores que já renderam (ou vão render) muitos milhões ao clube: Di María, David Luiz, Coentrão, Gaitán, Emerson.

Por tudo isto, o Benfica devia começar a pensar fazer de Jesus uma espécie de Ferguson da Luz. Um treinador da velha guarda, que não aderiu a modas de circunstância, que conhece muito bem os meandros do futebol, que tem pulso de ferro e garante boas exibições, mesmo quando não ganha.

Com Jesus, o Benfica valerá sempre mais – como acontece com o Manchester United de Ferguson.

Jesus devolveu a esperança aos benfiquistas, sendo em muitos anos o único treinador que o conseguiu. E o clube tem de agarrar isso com ambas as mãos, iniciando um ciclo novo que faça esquecer os tempos Jupp Heynckes, Camacho, Toni e companhia.

Se Jesus saísse, o Benfica voltaria à estaca zero, à instabilidade interna, à descrença, aos tempos em que a equipa passava um jogo inteiro sem criar uma oportunidade de golo. Seria inglório se isto acontecesse.

 In Record

O Voo da Águia_ Marta Rebelo


Os putos

Aproveitando uma jornada fácil, Jorge Jesus deu muitos minutos de pontapé na bola aos nossos miúdos: Miguel Vítor, David Simão, mas especialmente os “selecionáveis” Rodrigo e (o meu favorito) Nélson Oliveira. Já Carlos do Carmo cantava: “Uma bola de pano, num charco/ um sorriso traquina, um chuto/ o céu no olhar, dum puto.” O míster seguiu a batuta do fadista e alguns cantaram à desgarrada, outros desafinaram…

Miguel Vítor jogou fora da sua posição – a defesa-central, onde Jesus não abdica da muralha Garay/Senhor Capitão nem quando se adivinham facilidades – e fez um bom corredor direito. Aliás, na primeira metade da partida só deu direita e centro, com o Chuta-Chuta a puxar para as diagonais, David Simão a aparecer descaído à direita e Matic mais lá atrás, e Nélson Oliveira lá à frente. À esquerda Capdevila sobe pouco, Nolito também gosta do miolo e desdenhou da “côdea” da sua ala, e Rodrigo mais apagado. Gostava de ver Vítor a central. Boa prestação. David Simão fez algumas boas jogadas. A primeira logo cedo, a servir Nélson Oliveira. O ex-Paços mostrou que se faz.

Mas para mim – desculpem-me os outros – os putos são o Nélson Oliveira e o Rodrigo. O português vem de uma lesão e teve o nervoso miudinho todo à flor da pele. O puto é raçudo, faz receções como ninguém, recua, vai buscar o serviço ao meio-campo, corre como uma gazela e o pé gosta é de baliza. Mas nada disto vi o Nélson fazer frente ao Portimonense. Desafinou na nota. Foram os nervos. JJ passou-lhe informação que a nervoseira não o deixou processar. Mas era uma oportunidade de ouro e Nélson Oliveira foi de bronze.

Já o Rodrigo foi de platina. A segunda parte foi dele e de Bruno César. Tem pernas, uma panorâmica de jogo muito interessante, mas gosto mais dele a 2.º ponta-de-lança. No dia em que o Rodrigo e o Nélson “aprenderem a ser homens”, vão mesmo parecer “bandos de pardais à solta”, estes putos. Ah fadistas!

In Record

Por força da lei _ Ricardo Costa



Doping... mas não tanto

A guerra contra o uso de substâncias dopantes na atividade desportiva de alto rendimento continua. O endurecimento “global” das penas e as metodologias cada mais invasivas para surpreender fora de competição os prevaricadores são apenas as linhas mais visíveis de um combate contra a manipulação e a perversão do corpo. De todo o modo, também a guerra deve ter alguns limites de conteúdo inultrapassável, mesmo que as consideremos “não escritas” e não tenham uma expressa conformação legal, regulamentar ou estatutária. Uma delas é, a meu ver, o veto da estigmatização futura do atleta castigado. A que o direito não deve ficar alheio.

Em junho de 2008, a Comissão Executiva do Comité Olímpico Internacional (COI) decidiu estabelecer um “Regulamento de Participação nos Jogos Olímpicos”, associado ao art. 45.º da Carta Olímpica (“Programa dos Jogos Olímpicos”). Nele se determinou que os atletas suspensos por dopagem por um período superior a 6 meses não mais poderiam competir nas edições das Olimpíadas realizadas após o cumprimento do castigo. O princípio desse afastamento ficou conhecido como “Regra de Osaka”. Acontece que o Comité Olímpico dos EUA levou a validade desta regra ao Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) de Lausanne. Esta jurisdição chegou a uma decisão no passado dia 6 de outubro, julgando inválida e insuscetível de execução essa inibição do COI.

Os argumentos utilizados são fundados. Em primeiro lugar (dando continuidade à jurisprudência dominante do TAS), entende-se que estávamos perante uma “verdadeira” sanção disciplinar, que ia para além daquela já decretada pelas organizações competentes e cumprida no tempo de suspensão; logo, não estávamos perante uma estatuição que constituísse tão-só uma condição de admissão para competir nos Jogos Olímpicos; em suma, uma medida emanada sem competência e sem as garantias próprias do direito sancionatório, por um lado, e uma medida que viola a proibição da “dupla punição” pelo mesmo facto. Em segundo lugar, essa sanção viola o Código Mundial Anti-Dopagem, quando este proíbe a introdução de providências que modifiquem o efeito dos períodos de suspensão (art. 23.2.2.). Por fim, o TAS alegou que, fazendo esse Código parte integrante da própria Carta Olímpica, o regulamento da Comissão Executiva do COI era em si mesmo uma violação dos seus próprios estatutos.

Assim, atletas entretanto castigados e regressados à competição podem voltar à montra “maior” do desporto mundial. Um deles é o ciclista inglês David Millar, campeão do seu país, figura recorrente nas “camisolas” das principais competições e banido pelos responsáveis olímpicos do seu país depois de uma suspensão de dois anos. Confrontado com a deliberação do TAS, desabafou: “Cada caso de doping é diferente. Um castigo até ao fim da vida para punir uma primeira infração não encoraja a reabilitação e a formação, duas coisas necessárias para a prevenção futura da dopagem.” Quando retornou, já afirmara o que basta para nutrir o que comecei por defender ao início: “Quero ser um ícone do ciclismo limpo e um exemplo para os jovens.”

 In Record

Jornal " O Benfica " Edição Nº 3521


» TÍTULOS:

» 16 e 17 - Aniversário Catedral: “Oito anos depois, o Inferno da Luz mantém-se vivo!”
(pág. 16 / pág. 17)
» 29 - Opinião Luís Fialho: “Mentiras” (pág. 29)

» 2 - Sintese + Clube – Facebook: “Ultrapassar 1.000.000 de fãs é um objectivo natural” e “Saudade em iniciativa em Caxias”
» 3 - Inauguração Nova Imagem Casa do Benfica em Lenzburg: “Lenzburg em festa!”
» 4 - Crónica Basileia – Benfica: “Solidez e pragmatismo reinaram”
» 5 - Análise Champions: “Um passo decisivo” + Opinião João Paulo Guerra
» 7 - Antevisão Beira Mar - Benfica: “Continuar na senda das vitórias”
» 8 - Crónica Portimonense – Benfica: “Imperou a lei do mais forte”
» 9 - Análise Taça de Portugal: “Missão cumprida” + Opinião Arons de Carvalho
» 10 – Juniores: “Segue-se recepção à Naval 1º Maio”
» 11 - Juvenis: “As estrelas que nasceram na Luz”
» 12 - Iniciados: “24 pontos em 8 jogos!” + Infantis e Benjamins: “II Torneio de Vouzela”
» 13 - Bingo: “Oktoberfest à Benfica” + Actualidade + Opinião João Malheiro
» 15 - Opinião Pragal Colaço: “Os génios, os parasitas, os eunucos e os cucos”
» 16 e 17 - Aniversário Catedral: “Oito anos depois, o Inferno da Luz mantém-se vivo!”
» 18 e 19 - Zona de Decisão – Marcel de Almeida: “O Benfica é um afecto que não se define!”
» 21 - Andebol: “Clássico no Restelo” + Opinião Afonso Melo
» 22 e 23 - Hóquei em Patins: “Vamos fazer o nosso caminho” e “1.ª jornada: Estamos prontos” + Opinião Pedro Ferreira
» 24 - Gala do Desporto: “Vote nos benfiquistas” + Judo + Triatlo
» 25 - Futsal: “Reinar no Infante” + Bilhar: “Rui Edgar vence Torneio”
» 26 - Basquetebol: “Viagem até à Madeira” + Á conversa com Ted Scott
» 27 - Voleibol: “Manter a invencibilidade” + Opinião Luís Lemos
» 29 - Opinião Luís Fialho: “Mentiras”
» 30 - Tome nota + Programação Benfica TV
» 31 - Futebol Internacional: “Liderança jogada em Atenas e Salónica” + Opinião João Diogo
» 32 - Clube: “Garanta o seu lugar e celebre à Benfica ” + Breves + Opinião José Jorge Letria

outubro 20, 2011

Email Aberto _ Domingos Amaral


Bomba-relógio


From: Domingos Amaral
To: Fernando Gomes

Caro Fernando Gomes
Há uns meses, e ainda apenas presidente da Liga, o senhor declarou que o endividamento dos clubes junto da banca era insustentável, e que o modelo económico em que eles assentaram nos últimos anos, o do crédito fácil, tinha de mudar. Mas mudar para o quê? Não existindo mecenas que nos comprem os clubes, como os sheiks árabes ou os milionários russos, de onde virá o dinheiro? As receitas de televisão são fracas e, mesmo que melhorem, não creio que possam voltar a substituir a banca, como aconteceu no passado com a Olivedesportos. As vendas de jogadores podem render, mas é preciso produzir continuamente novos talentos para que a coisa resulte. E mais vale não esperar nada das receitas dos jogos. Com a brutal recessão que se aproxima, com mais impostos e novos cortes salariais, com suspensões de décimos terceiros e quartos meses, onde irão os portugueses arranjar dinheiro para ir à bola?

Sendo assim, como poderão os três grandes continuar a pagar salários milionários, a fazer contratações caras, a encher estádios? Será que os nossos bancos, ou mesmo alguns europeus, que estão entalados até ao pescoço, já não sobrevivem sem a ajuda do Banco Central Europeu e não conseguem dar crédito a empresas e particulares, ainda têm um cofre secreto de onde sairão os milhões para financiar o futebol? Ou a única saída é, como acontece com o Estado e o país, uma brutal cura de austeridade?

Veja se pensa nisto, pois se chegar a presidente da FPF, esta bomba-relógio, cujo tic-tac se ouve cada vez mais, vai rebentar-lhe nas mãos.


In Record

outubro 18, 2011

Crónica de João Malheiro


Na bola da mulher


As bancadas do futebol não são hoje as mesmas de há anos. A crescente presença feminina dá mais graça ao espectáculo em redor dos relvados. Casos há em que o show não se confina exclusivamente aos embates. Casos há de outras emoções, comoções. Casos daqueles que fazem aumentar a atenção, a tensão e a tesão. Casos que não são acasos. Acaso é inocente a cada vez maior afluência de mulheres aos recintos desportivos? O fenómeno é também um caso de emancipação, ultrapassado aquele quadro deprimente, de há anos, quando as senhoras permaneciam nos carros, por norma a fazer croché, enquanto os homens acorriam aos estádios livres de companhias tidas por incómodas.

O caso mudou. Trata-se de um novo caso. Um caso sério na casa da bola. Um caso de amor pelo amor à bola. Um caso de invasão a um território que parecia exclusivamente macho. E a recentemente descoberta do amor feminino pela bola? E a pujança da nova realidade? E a sua crescente evidência? “Um homem tem sempre medo de uma mulher que o ame muito”, escreveu Bertolt Brecht. E a bola? Como se sente a bola (muito) amada pela mulher? A bola está agora mais bonita. A bola está agora mais responsabilizada.

A bola está agora mais exigente. A mulher dá beleza à bola, dá responsabilidade, dá exigência. O homem ainda tem mais bola do que a mulher? Só que a mulher tem melhor bola do que o homem. Entende mais? Não entende, por ora, mas entende, já nesta hora, que a bola é tão outra bola quanto mais escorrer no feminino. Quer sorria quer chore. Mas sempre outra bola, muito mais e melhor bola.

 

outubro 17, 2011

Contra a Corrente _ Leonor Pinhão


A Estónia, por favor, venha a Estónia!

Na sexta-feira da semana passada, depois de Nani marcar o seu segundo golo aos simpáticos islandeses, o público do Dragão desatou a cantar em coro o nome do dito Nani e qualquer pessoa com dois dedos de testa percebia logo que este torneio de qualificação para o Europeu de 2012 só podia acabar como acabou, ou seja, num desconcerto completo e numa meia aflição.

Tudo isto porque, como toda a gente sabe, o nosso Cristiano Ronaldo, excelente miúdo certamente, fica nervoso quando ouve o público a cantar nos estádios outro nome que não seja o dele. E o caso está a tornar-se bicudo.

Não espanta que em Espanha as plateias pró-Barcelona não parem de cantar o nome de Messi sempre que o nosso Cristiano Ronaldo toca na bola. São coisas lá deles, dos espanholitos, e ainda bem recentemente uma sondagem publicada no diário madrileno As desfazia o mito local da superioridade do Real Madrid em termos de adeptos.
De acordo com as respostas dos inquiridos, o Barcelona é o clube preferido dos espanhóis com 44% dos afectos recolhidos enquanto o Real Madrid é o clube mais detestado de Espanha, com 51% das intenções de desamor, seguido pelo Barcelona com 40% e do Sevilha com 30%.

Não admira assim que Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do Real Madrid, tenha de sofrer grandes amarguras de ego sempre que se vê longe do conforto do Santiago Bernabéu e perante público hostil que sabe perfeitamente como atazaná-lo onde lhe dói.
Também no último jogo do Real Madrid para a Liga dos Campeões, na Croácia, Ronaldo passou pelo mesmo tendo de suportar os cânticos pró-Messi dos adeptos do Dínamo de Zagreb. “Não gostam de mim porque sou rico, giro e grande jogador”, disse o português no fim do jogo. Nada disto espanta.

Já espantou, isso sim, que a moda de enervar o nosso Cristiano Ronaldo cantando por Messi tenha chegado a Chipre como se viu da última vez que a selecção foi lá jogar. Foi, admita-se um despautério cipriota na ânsia de perturbar o capitão de selecção portuguesa. E perturbaram mesmo.

Viu-se no modo Cristiano Ronaldo comemorou os golos que consegui marcar em Limassol, correndo para as bancadas com vontade de despachar aquele pessoal à estalada. Mais tarde, na conferência de imprensa, diria que estava habituado «a calar o público todo o ano» e nem uma vez sequer proferiu o nome de Lionel Messi.

Tempo Útil _ João Gobern


Bonito serviço

Podiam ter avisado… Se o tivessem feito, evitavam uma deceção que, de tão expressiva, já desfez o “estado de graça” de Paulo Bento – mesmo quem ganha cinco jogos consecutivos e reabilita uma seleção, que antes andava em ebulição (comportamental, não criativa) desde o estágio que antecedeu a partida para a África do Sul, não pode assinar por baixo uma exibição como a que vimos ontem, com um resultado dos mais lisonjeiros que já beneficiaram as cores nacionais. Podiam ter avisado que João Pereira ia continuar a sua campanha benemérita, especialmente para com Krohn-Dehli, que Eliseu se esqueceria de levar a caixa de velocidades para poder perseguir um veterano como Rommedahl, que os centrais passariam o jogo inteiro a brincar às escondidas, que o meio-campo sofreria de amnésia coletiva face às suas tarefas moderadoras e pró-ativas, que Ronaldo e Nani apareceriam armados em aderecistas, adornando até ao cansaço jogadas que nunca passaram de cenários de ilusão, que Hélder Postiga mandaria para campo o seu gémeo, mais lento e mais inútil.

Tudo aquilo que poderia ter servido de lição desde a passada sexta-feira, com tremideiras e arrepios no Dragão, valeu afinal a insistência. Os dois inícios de jogo, em cada uma das partes, foram confrangedores. A falta de dinâmica, de contenção, de fio de jogo, de controlo dos andamentos agravou-se. A insegurança defensiva foi tão gritante, abrindo vias rápidas às cavalgadas vikings (e vá lá que eles não quiseram maçar-se muito, no fim), que é milagre só termos sofrido dois golos. Claro que de João Pereira, Rolando, Bruno Alves e Eliseu para Bosingwa, Ricardo Carvalho, Pepe e Fábio Coentrão, a diferença é muita. Mas não explica tudo. E mais: os lesionados recuperam mas, quanto aos outros, são urgentes as campanhas para as respetivas (re)integrações.

Paulo Bento fez muito, dando vida ao cadáver legado pelo seu antecessor. Mas espero que tenha percebido agora que, entre a má disposição contínua e uma certa tendência autista, é urgente repensar muita coisa. Ninguém lhe pede que deixe de decidir pela sua cabeça. Mas é fundamental que ouça outras opiniões, que as analise e pondere, sobretudo se quem lhas garante não tem contrapartidas na volta do correio. Jogar na Dinamarca com os mesmos onze e insistindo nas mesmas fragilidades exibidas em jogo caseiro com a Islândia deixa de ser incompreensível – torna-se inaceitável.

Com todas as grandes seleções já apuradas (Espanha, Alemanha, Inglaterra, Itália, Holanda, França, Rússia), aí vem outro playoff. Vamos pensar nisto: para chegarmos à fase final e jogarmos assim, muito francamente mais vale não sairmos de casa. Em energia e em dinheiro, afinal, sempre se poupa alguma coisa.


In Record  

Futebol á Portuguesa _ José António Saraiva



Naufrágio

Depois de uma brilhante recuperação, em que Portugal fez 15 pontos em 15 possíveis e ficou a uns metros de alcançar a praia, Paulo Bento deitou tudo a perder!

É verdade que, por isto ou por aquilo, foi perdendo todos os jogadores da defesa. Primeiro Ricardo Carvalho, depois Pepe, finalmente Fábio Coentrão. E até Sílvio, uma boa alternativa para uma faixa lateral, se lesionou.

Mas por que responsabilizo Paulo Bento pelo naufrágio de ontem? Porque não retirou as devidas conclusões do jogo com a Islândia. Neste encontro já tinha ficado claríssimo que a defesa era um passador. As faixas laterais funcionavam como duas autoestradas onde os adversários corriam sozinhos e a faixa central parecia a Avenida da Liberdade, com Rolando a ver passar os automóveis.

Confesso que nunca esperei que Paulo Bento apresentasse na Dinamarca a mesma defesa que jogou com a Islândia. Havia que substituir pelo menos um lateral (Eliseu por Veloso) e pôr um trinco a ajudar os dois centrais. Mas não fez uma coisa nem outra – e desde o primeiro minuto adivinhou-se o pior. Aliás, só a sorte e Patrício evitaram um resultado humilhante.

Depois do que se passou, não se percebe que Paulo Bento tenha dispensado Ricardo Carvalho forever, e custa a aceitar a exclusão de Bosingwa.

De uma defesa de luxo, com três jogadores do Real Madrid (Carvalho, Pepe e Coentrão) e um do Chelsea (Bosingwa), Portugal passou a uma defesa improvisada. E pagou isso bem caro: morreu à vista da praia. Foi cruel mas não deixou de ser justo.


In Record   

Bloco de notas _ Nuno Farinha



Maradona

O conceito de que um grande jogador de futebol nunca dá grande treinador faz muito sentido. E quando nos lembramos de Maradona passa a fazer ainda mais. Maradona nem foi um grande jogador, aliás: foi um génio. Não vale a pena recordar o que fez em campo. Fez tudo. Por isso é que sempre houve, na vasta legião “Maradonista”, quem não se conformasse com um futebol sem Diego: se ele está por perto, a festa é garantida.

Maradona queria, legitimamente, prolongar o reinado. Provar a si próprio e provar-nos a nós que era capaz de continuar em cena. Mas sabia, ou tinha obrigação de saber, que o banco de treinadores não é para todos. Quando o momento decisivo chegou, em 2008, Maradona parecia um adolescente a quem ofereceram a última criação de Steve Jobs. De repente, a Argentina nas mãos. Era só garantir a qualificação para o Mundial 2010 e depois pôr em prática tudo o que tinha andado a estudar nos últimos 10 anos. Eles ali estavam todos às ordens de Don Diego: Messi, Higuaín, Tevez, Di María e o genro Aguero. Essa Argentina foi o deserto. Ninguém entendia como jogava ou queria jogar a equipa. Nem os jogadores. Nos quartos-de-final, claro, a Alemanha passou-os a ferro: 4-0. E Maradona saiu de cena. Como sempre, a espernear e a pedir justiça.

Cai e volta a levantar-se. Quer tentar mais uma vez. Mas como em Espanha, Itália ou Inglaterra ninguém se lembra dele, está nos Emirados Árabes Unidos. Volta e meia dá notícias. Ou porque agride um adepto da própria equipa ou porque o seu Al Wasl é goleado.

Na época passada Allegri (AC Milan) foi campeão em Itália. Rudi Garcia (Lille) em França. Klopp (B. Dortmund) na Alemanha. Para não falar de Villas-Boas. Alguém faz ideia se estes cavalheiros sabiam dar um pontapé numa bola?

Os melhores treinadores do Mundo são Mourinho, Guardiola e Ferguson. Só um, Guardiola, atingiu notoriedade como jogador. Mas até “acabou” a carreira cedo, porque ainda há dias Fernando Couto contava em entrevista a “Record” que, mesmo com as botas calçadas, “Pep sempre foi treinador, vivia focado em aspetos do jogo que iam para lá da simples execução técnica”.

Maradona era Deus. Não tinha tempo para essas coisas menores. Jogou sempre como se não houvesse amanhã. O problema é que havia.


In Record

outubro 16, 2011

Jornal " O Benfica " Edição Nº 3520


» TÍTULOS:

» 2 - Sintese + Clube - Entrega de equipamentos à GNR: “Estamos sempre receptivos a ajudar Timor-Leste”
» 3 - Análise: “Os dados estão lançados” + Opinião João Paulo Guerra
» 4 e 5 - Antevisões: “Máquina da Luz quer manter veia goleadora”
» 7 - Futebol - Derlis Gonzalez: “Estou muito contente por chegar a um Clube tão grande”
» 9 - Selecções: “Vários benfiquistas em acção”
» 10 - Juniores: “Nova deslocação a Norte”
» 11 - Juvenis: “Mão cheia de golos” + Opinião Arons de Carvalho
» 12 - Iniciados: “Ninguém os pára!”
» 13 - Geração Benfica: “Crianças também entram em competição” + Opinião João Malheiro
» 14 - Opinião Pragal Colaço: “O deserto transformado em ouro”
» 15 - Zona de Decisão - Garay: “Queremos ir longa na Champions”
» 16 e 17 - Zona de Decisão - Garay: “Somos uma grande equipa, temos que vencer todos os jogos”
» 18 - RED PASS Regressivo: “Ainda pode garantir o seu lugar na Luz” + Praça dos Heróis: “Ainda vai a tempo” + Baptismo de sócio: “Regressa dia 19”
» 19 - Clube – Visita à Fundação Gil: “Benfica Solidário” + Sessão de autografos - Saviola e Rodrigo: “Continuar a trabalhar como tenho feito”
» 21 - Futsal: “Clássico na Luz” + Opinião Afonso Melo
» 22 - Triatlo: “Bruno Pais conquistou o bronze” + Atletismo - Desporto Adaptado: “São verdadeiros campeões”
» 23 - Hóquei em Patins: “Campeonato até ao fim” + Juniores: “Plantel renovado, a mesma ambição” + Opinião Pedro Ferreira
» 24 - Voleibol: “Não há duas sem três”
» 25 - Râguebi: “Á terceira foi de vez” + Ténis de Mesa: “Vitória na Madeira” + Pesca: “Resultados diferentes” + Opinião Luís Lemos
» 26 e 27 - Basquetebol: “Um troféu a abrir a nova temporada” + Opinião Ricardo Palacin
» 29 - Opinião Luís Fialho: “Um, dois, três”
» 30 - Tome nota + Programação Benfica TV
» 31 - Futebol Internacional: “Entre a história e a crise, um campeonato emocionante” + Opinião João Diogo
» 32 - Clube: “Estreitar laços com o Médio Oriente” + Breves + Opinião José Jorge Letria

Bronze para Telma Monteiro



Grand Prix de Abu Dhabi

A judoca do Sport Lisboa e Benfica, Telma Monteiro, alcançou este domingo a medalha de bronze na categoria de -57 kg do Grand Prix de Abu Dhabi.

Depois de ter ficado isenta na primeira eliminatória da competição, a “encarnada” suplantou as atletas Isabel Fernandez (Espanha) e Irina Zabludina (Rússia), o que lhe permitiu chegar às meias-finais.

Foi, então, quando o azar bateu à porta da atleta do Benfica. No combate das meias-finais frente à holandesa Juul Franssen, Telma Monteiro lesionou-se e foi obrigada a desistir.

Desta forma, a judoca portuguesa ficou-se pela conquista da medalha de bronze no Grand Prix de Abu Dhabi, prova que decorreu nos Emirados Árabes Unidos. 

outubro 12, 2011

O Voo da Águia_ Marta Rebelo



Carta aberta a JJ

Caro Jorge Jesus: a nossa relação começou em amor e vai percorrendo os difíceis trilhos do desamor, às vezes profundo. Outras toca a raiva, outras a bonança. E estes têm sido tempos bons para o Benfica. Mas... há sempre uns “mas”.

A nossa defesa, JJ. O Artur é uma muralha quase invencível. O Garay, que ainda este fim-de-semana disse que o fazes sentir importante, faz uma bela dupla com o Senhor Capitão. Mas o que é que se passa quando ficam todos parados a ver a bola passar e o adversário marcar (ou tentar)? Estas “brancas amnésicas”, como lhes chamo, custam-nos o primeiro lugar isolado, porque o FCP tem uma defesa bem menos batida que a nossa. Este é o meu principal “mas”.

Preocupa-me também o rendimento do Witsel. Tem potencialidades de herói, mas tem perdido combatividade. E vê lá se pões o Javi a dar umas lições valentes ao Matic, que o miúdo faz-se mas ainda não faz o lugar. E o Capdevila, confessa lá, o que é que tens contra o campeão de tudo o que há para “campeonar”? O Emerson não tem falhado, mas caramba, míster, estamos todos à espera para ver o espanhol.

No meio-campo, parabéns. Genuínos. Deste ao Aimar a única coisa que ele precisava para ser o verdadeiro “El Mago”: condição física. Não sei como é que conseguiste esse milagre, mas está conseguido. Também te tiro o chapéu quanto ao Gaitán: quando não dávamos nada por ele, acreditaste. O problema é que o rapaz gosta mais da esquerda do que eu de gelado de chocolate. E o Nolito e o Chuta-Chuta são concorrência dura. Por fim, o Cardozo. É notório que não posso com ele. Queria ver-te ser um treinador raçudo e dar ao Rodrigo e ao Nélson Oliveira – a este, a este – oportunidades reais. Talvez fizéssemos temporariamente as pazes.

Jesus, o nosso amor não tem volta. Mas enquanto dominarmos as estatísticas de ataque, com 18,6% de golos por remate, e tivermos o 1.º lugar e a Champions, o nosso convívio é menos difícil. Bom trabalho, míster.

 In Record

outubro 11, 2011

Email Aberto _ Domingos Amaral


Parabéns

From: Domingos Amaral
To: Paulo Bento

Caro Paulo Bento
Em primeiro lugar, muitos parabéns. Cinco jogos, cinco vitórias, qualificação praticamente garantida, só uma hecatombe impedirá Portugal de ficar fora do Euro’2012. Esta tua sequência é excelente e merece o nosso orgulho. Quando pegaste na equipa, ela não conseguira ganhar em casa ao Chipre!

Queiroz deixou-nos no inferno, tu levaste-nos ao céu. Só que uma coisa é estar presente no Euro, outra é aspirar a mais. Portugal tem um grupo de jogadores bipolar, com alguns astros geniais, como Ronaldo, Nani, Coentrão; e outros absolutamente banais, e estou a ser simpático em não os nomear. Ou seja, e mesmo que não existam lesões no final da época, será extremamente difícil montar uma grande seleção, como as que brilharam nos Euros de 2000 e 2004 ou no Mundial de 2006.

Desde 2008, ainda com Scolari, todos percebemos que o valor geral da matéria-prima estava a baixar. Ninguém, no seu juízo perfeito, pode comparar Rolando com Fernando Couto, Jorge Costa ou Ricardo Carvalho. E o meio-campo de Meireles, Moutinho e Martins fica a milhas de Costinha, Maniche e Deco ou Rui Costa. Nem vale a pena falar na baliza, na lateral-direita ou no ponta-de-lança…Comparando com a década anterior, só melhorámos na lateral-esquerda, e piorámos muito em várias posições. Sejamos, pois, realistas.

Nestas circunstâncias, já é muito bom irmos ao Euro, mas quando vemos o que jogam a Espanha, a Holanda ou a Alemanha, é preciso ter os pés bem assentes na terra e ser lúcido. Já fomos uma das melhores seleções do Mundo, mas já não somos.


In Record
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