fevereiro 27, 2011

Época 2010/2011 SLBenfica _ Maritimo




Fábio Coentrão garante vitória ao cair do pano

O Benfica sentiu muitos problemas para garantir a vitória, na Luz, este domingo, frente ao Marítimo (2-1). Fábio Coentrão foi a principal figura ao marcar o golo decisivo no período de compensações.

O Marítimo entrou na Luz com a missão bem estudada e impôs muitas dificuldades aos jogadores do Benfica. A equipa insular apresentou-se sólida na defesa e rápida no contra-ataque. Essa situação causou problemas à equipa encarnada, que também apresentou alguma fadiga.

Ainda assim, na primeira parte o Benfica teve uma clara oportunidade para marcar, com o argentino Gaitán a rematar ao poste. Depois, na etapa complementar, a pressão encarnada aumentou, mas o guarda-redes Marcelo, autor de uma boa exibição, foi evitando o pior.

O Marítimo, aos 77 minutos, acabou por chegar ao golo. Na sequência de um canto, Robson fez o desvio inicial e Djalma rematou com êxito. Cinco minutos depois surgiu a resposta do Benfica, com Fábio Coentrão, a principal «estrela» do jogo, a cruzar de primeira para o desvio, ao segundo poste de, Salvio, que prossegue a sua veia goleadora.

A intensidade e pressão foi aumentando, o tempo escasseando, mas no quinto minuto do período de compensações o Benfica chegou à vitória. Após vários ressaltos na área do Marítimo, Fábio Coentrão surgiu sem marcação e aplicou um forte remate, sem que Marcelo conseguisse evitar o pior.

Após este resultado, o Benfica permanece a oito pontos do líder, o FC Porto.

In Abola










Resumo com Relato:



fevereiro 24, 2011

Liga Europa_16 avos 2ª mão SLBenfica_Estugarda


Benfica vence Estugarda (2-0) e está nos oitavos-de-final


O Benfica venceu esta noite o Estugarda, na Alemanha, por 2-0, confirmando a passagem aos oitavos-de-final da Liga Europa, depois da vitória no Estádio da Luz, por 2-1, na primeira mão. Segue-se agora o Paris Saint-Germain no caminho dos encarnados.

Num jogo inteligente dos encarnados, e depois de duas oportunidades claras de golo, Salvio, à passagem da meia hora, aproveitou um ressalto no canto marcado por Aimar para, de meia distância, adiantar os encarnados no marcador.

Com uma vantagem confortável na eliminatória, o Benfica geriu da melhor forma o jogo, dominando em todos os capítulos e apresentando uma equipa solidária que raramente concedeu espaços e oportunidades ao Estugarda.

Aproveitando o adiantamento dos alemães, o Benfica criou mais uma mão cheia de oportunidades, quase todas em contra-ataque, mas acabaria por ser de livre que Cardozo, aos 78 minutos, deixou novamente a sua marca na Liga Europa.

Vitória justíssima do Benfica na Alemanha, a primeira da história dos encarnados naquele país. Agora, nos oitavos-de-final, o Benfica encontra o Paris Saint-Germain, que empatou a zero frente ao BATE Borisov no Parque dos Príncipes, depois do 2-2 na Bielorrússia.


In Abola

De Águia ao peito _ Luís Seara Cardoso



Benfica poderoso!

Ainda há dúvidas? Qual é mesmo a melhor equipa nacional da atualidade? Aquela que pratica futebol mais apelativo, mais bonito, mais dominante? A série de 17 triunfos consecutivos nas provas para consumo interno dizem bem da valia do Benfica, da capacidade do coletivo encarnado, da sua apetência vitoriosa.

Em Alvalade, mesmo em inferioridade numérica (que amarelo foi aquele que o árbitro exibiu a Sidnei, na sua primeira infração?), os comandados de Jorge Jesus bateram categoricamente um Sporting que apostou tudo no clássico para atenuar o bulício que se vive em Alvalade. O Benfica não foi melhor, foi muito melhor. Em condições normais, pela certa, golearia o seu rival.

Será que a sanha antibenfiquista não permite a muitos dos comentadores reconhecer as virtudes atuais da turma encarnada? Assim parece. Este Benfica pouco ou nada deve ao melhor Benfica da temporada última. Há ou não grande consistência defensiva? Há ou não grande magia ofensiva? Houve ou não dois triunfos recentes, sem ponta de mácula, no Dragão e em Alvalade, ademais com a turma vitoriosa em inferioridade numérica, vítima de injustas expulsões.

O Benfica vai continuar na senda vitoriosa. Nas competições domésticas? Também, decerto, nos jogos internacionais. De resto, já amanhã, no confronto aprazado para a Alemanha, cheio de dificuldades, mas numa eliminatória suscetível de ser conquistada por este Benfica. Como vai ser o futuro? Os indicadores, para quem não enferma de cegueira sectária, apontam seguramente para um Benfica arrojado e dominador.

In Record

Tempo Útil _ João Gobern



Sem tempo para tréguas

Por uma vez, e registando as inevitáveis exceções dos facciosos sem formação e sem códigos, podemos aproveitar a jornada europeia para correr todos para o mesmo lado, acreditando que as quatro equipas portuguesas envolvidas podem seguir adiante. Com apenas um resultado desvantajoso à entrada para a segunda mão, e mesmo esse é tangencial, as hipóteses, mesmo desiguais, são francamente boas.

E quem anda perto do futebol sabe como seria importante – e não, não é só prestígio – que fizéssemos o pleno, avançando a quatro para os oitavos-de-final, marcando pontos, multiplicando receitas, aproximando (nem que seja um bocadinho assim…) a periferia em que vivemos do centro nevrálgico das operações. Os investimentos estariam mais próximos da compensação.

De resto, basta lembrar que os primeiros vencedores da Taça dos Campeões Europeus também foram dois clubes ibéricos. Apetece dizer – e sonhar – que o Atlético Madrid já fez a sua parte, ganhando a edição de estreia da Liga Europa; falta a armada portuguesa corresponder…

Depois desta ronda europeia, a olhar então com fé, adensa-se o calendário, sobretudo para as equipas de topo e em particular para o Benfica. Antes de mais, é – por esta altura – a única ainda envolvida em quatro frentes, uma vez que entre as suas parceiras na Europa, o FC Porto já se despediu da Taça da Liga, o Sporting há muito esqueceu o campeonato e caiu na Taça de Portugal, o Braga – quase redimensionado à era pré-Jesualdo – já percebeu que tem de acelerar na Liga dos pontos para não perder o contacto com a Europa, dando de caras com competidores inesperados como Paços de Ferreira, União de Leiria, Olhanense e Beira-Mar, que se juntam a uma corrida que ainda abarca o Vitória de Guimarães (a um ponto do Sporting e ainda à espera da visita dos leões…) e o Nacional.

Neste quadro, talvez seja o momento de os adeptos compreenderem por que Jorge Jesus não abdicou de algumas pedras menos utilizadas, antevendo que o número de jogos e o respetivo ritmo acabaria por justificar novas chamadas, e não perdeu tempo a inscrever os chamados “reforços de Inverno”, com Jardel e a sua inesperada chamada de anteontem a ser o primeiro a demonstrar utilidade e espírito combativo. Se a malapata germânica for ultrapassada – e é bom que ninguém tenha admitido ir a Estugarda a apontar ao empate –, o Benfica habilita-se, no conjunto das várias provas, a uma das melhores épocas de sempre, não só pelos resultados como pelo nível de empolgamento que regressou às exibições. Ou seja, não fosse a escorregadela inicial – a juntar à via rápida que de quando em vez se abre ao FC Porto –, e outra seria a história. Assim, em boa verdade, não há tempo para limpar armas.


In Record

O Voo da Águia_ Marta Rebelo



O dérbi

Hoje é dia de Sporting-Benfica. O primeiro dia do resto da vida do Glorioso, a (eventual) 18.ª vitória consecutiva, são mais 3 pontos para quem não se dá por vencido, por mais que os 8 pontos de distância estiquem e os árbitros ajudem os do Porto.

O Benfica chega ao Alvaláxia – provavelmente o estádio de futebol mais feio do Mundo – em grande, depois de dar a volta ao resultado contra o Estugarda com “alta nota artística”, como está na moda dizer. É certo que o Sporting tem por hábito reinventar-se quando nos enfrenta. Mas não é menos verdade que a este SCP já não serve qualquer invenção. Depois da última presidência ruinosa e dos tempos de um tal de “ministro” sem pasta ou talento, os lagartos vão apresentar-se liderados pelo mesmo treinador, aquele que se diz no chão e pronto a levar mais umas pancadas e colecionar outras nódoas negras. O meu ódio de estimação não é o SCP, é o FCP; e não me sinto especialmente vingada quando do lado de lá da segunda circular sopram ventos de desgraça. Para o Sporting parece que nada está em jogo, mas não é bem assim: tem o Guimarães a morder-lhe os calcanhares e a invejar por décimas o terceiro lugar. E lagarto que é lagarto basta-se com uma vitória ao Glorioso. Será que Paulo Sérgio tem a lata de resistir a mais uma derrota?

Quanto a nós, se chegarmos ao Lumiar com as ganas das últimas 18 partidas; se trocarmos a bola e conquistarmos a velocidade de passe ainda no nosso meio campo; se Jesus souber usar os 10m de balneário para o que for preciso; se Coentrão continuar sem medo, Saviola inspirado, Cardozo matador (mas por favor não lhe deem penáltis a marcar), Javi possante, Gaitán endiabrado, Aimar maestro de tango e Salvio reaparecer; e sobretudo se Jesus não inventar; não há lagarto que nos vença.

O campeonato da segunda circular é para os curtos de vista. Nós mantemos os olhos fixos no prémio dos crescidos.

In Record

fevereiro 23, 2011

Por força da lei _ Ricardo Costa



O golpe de estádio



1. O Ministério Público de Lisboa notificou a Direção da FPF no sentido de serem alterados os Estatutos da FPF num prazo de 30 dias. O MP, ao verificar que 16 cláusulas desses Estatutos estão em desconformidade com o Regime Jurídico das Federações (RJFD) e que já deveriam ter “desaparecido” ou sido modificadas até 30/6/2010, entendeu que essas cláusulas são nulas – em face da violação dessa obrigação legal de conformação dos Estatutos. Se isso não acontecer, o MP avançará para tribunal. A Direção entregou a solução aos “serviços jurídicos”. Avançou a imprensa que a Direção pretende aprovar ela própria a alteração dos estatutos e, com isso, responder ao “ultimato” do MP; haveria um entendimento na FPF de que a sanação das nulidades detetadas pelo MP não corresponde a uma “alteração dos estatutos”; até já haveria notário disponível para celebrar a escritura pública.

2. Se isto é assim, o caso é surpreendente.
(a) Em nenhuma circunstância a Direção da FPF se pode substituir à Assembleia Geral (AG) no exercício da competência exclusiva de modificação dos estatutos. Esta competência resulta imperativamente do art. 172.º, 2, do Código Civil e consagra-se nos Estatutos da FPF.
(b) O que está em causa é modificar ou suprimir cláusulas existentes e, em complemento, introduzir cláusulas novas – tudo isto são espécies de modificação dos estatutos de uma pessoa coletiva. O facto de essas alterações serem impostas pela lei – nomeadamente para se manter a utilidade pública conferida pelo Estado – em nada muda o seu caráter.
(c) Se a Direção da FPF deliberar a modificação dos Estatutos, essa deliberação será nula por ofensa de regra imperativa de competência e impotente para gerar quaisquer efeitos jurídicos. Ou seja, continuaria por cumprir o dever de transpor o RJFD e o MP não veria sanadas as nulidades comunicadas à FPF. Como é óbvio, nulidade não se sana com fraude à lei nem com outro ato nulo.
(d) Os notários estão obrigados por lei a recusar a prática de qualquer ato nulo.
(e) Abstraindo do facto de o mandato federativo ter terminado em Janeiro de 2011 (“outro” problema), poderia defender-se, em condições normais, que a aprovação pela Direção de alterações estatutárias constituiria fundamento para a destituição em AG do Presidente e dos membros da Direção FPF, por grave violação do dever de zelar pelo cumprimento dos Estatutos.

3. Então, o que fazer? A Direção, quando notificada pelo MP, não ficou obrigada a aprovar ela própria estatutos novos e a evitar a ação judicial do MP. Fica obrigada a fazer aquilo que lhe compete estatutariamente e é instrumental para essa alteração. Logo, elaborar a proposta de alteração dos Estatutos e solicitar ao Presidente da Mesa da AG a convocação de uma AG estatutária, com menção na convocatória das cláusulas cuja alteração é exigida pelo MP. Notifica o MP das diligências que fez dentro do prazo fixado e para as quais tem poderes. Cabe ao MP aguardar pela decisão da AG e fazer respeitar a lei.

4.Como, em jeito de alerta, digo aos meus alunos há anos a fio: no Direito há posições para tudo; mas há limites…!


In Record

Email Aberto _ Domingos Amaral


Cuidado


From: Domingos Amaral
To: Paulo Sérgio

Caro Paulo Sérgio
Apesar do que para aí se diz e escreve, o teu Sporting não está assim tão mal. Na verdade, só foi afastado da Taça de Portugal, mas continua na Taça da Liga e na Liga Europa. No campeonato está no lugar certo, o terceiro, pois devia ser evidente para qualquer sportinguista que FC Porto e Benfica estão muito fortes. Contudo, é importante lembrar que o FC Porto está este ano muito mais forte do que no ano anterior, e o Benfica está, desde o ano passado, muito mais forte do que nos últimos quinze ou vinte anos. Tudo é relativo, no futebol como na vida, e o problema do Sporting é que, relativamente ao FC Porto e em especial ao Benfica, sente-se hoje muito mais frágil do que era há dois ou três anos. É um sentimento que, apesar de verdadeiro, é um pouco enganador. Para um clube que esteve 18 ou 19 anos sem vencer um campeonato, parece exagerado dizer que está em risco de se transformar no Belenenses só porque está em terceiro, e já não é campeão há 8 anos... A suposta queda no abismo só se está a dar na cabeça dos sportinguistas devido a uma sequência infeliz de episódios (saídas de Paulo Bento, Sá Pinto, Bettencourt, Costinha, Liedson) e à perceção de que não há dinheiro no clube. Pois... Nós, benfiquistas, sabemos o que é não ter dinheiro nem para comprar caramelos, ter um ex-presidente preso, ficar em sexto lugar e fora das competições europeias, e mesmo assim levantámo-nos do chão. Portanto, na véspera de ir a Alvalade, desconfio desta conversa de falhados. Ganhar ao teu Sporting não será nada fácil, e é bom que Jesus estude bem o assunto, senão... adeus campeonato.

In Record

Aqui á Gato _ Miguel Góis




Falcão existe?

Ultimamente, André Villas-Boas parece investir cada vez mais tempo em mind games. Olha-se para a qualidade do futebol praticado pelo FC Porto e não se tem dificuldade em perceber qual tem vindo a ser a prioridade do técnico portista. O futebol em si é, sempre foi, muito sobrevalorizado no mundo do futebol. Pois bem, a última moda de Villas-Boas consiste em convocar um jogador que sabe, à partida, não ter condições físicas ou psicológicas para alinhar. Neste momento, pode dizer-se que o Falcão é o papão dos tempos modernos. Quando os mais jovens adeptos do Benfica e do Sevilha contrariam os seus pais, estes agora dizem: “Se não te portas bem, vem aí o Falcão”. Tal como o seu antecessor, nunca vem. Mas, pelo menos, assusta a pequenada.

Por isso, se o leitor quer dar por bem empregue o seu tempo, assista às conferências de imprensa de André Villas-Boas e às partidas de futebol do Benfica – constatará que é complicado decidir em qual das duas há mais fantasia e criatividade.

Não se percebe é porque é que há tantos espectadores que pagam dinheiro para ver os jogos do FC Porto, se podem passar logo para a parte mais interessante da noite e ouvir os comentários do técnico portista a título gratuito. Por um lado, até é pena os mind games de Villas-Boas não terem eco junto do técnico do Benfica. Se Jorge Jesus não estivesse ocupado a construir uma nova fornada de craques (Sidnei, Gaitán, Jara e Salvio), ripostava à altura e anunciava, só para baralhar, a convocatória de Shéu Han. Mas, enfim, cada um tem os seus interesses.

Seja como for, o certo é que este mais recente mind game do técnico portista parece surtir efeito: os treinadores adversários ficam verdadeiramente baralhados, sem saber se o FC Porto vai praticar um futebol aborrecido e previsível com Falcão, ou um futebol aborrecido e previsível sem Falcão. Imagino a angústia...



In Record

fevereiro 22, 2011

Casa do Benfica Marinha Grande_ Noite de Fados



O reino do faz-de-conta


O futebol é rico em exemplos quanto às políticas de fachada, à megalomania, ao novo-riquismo e ao provincianismo serôdio que abundam na sociedade portuguesa.

O Estádio Magalhães Pessoa constitui espelho da desadequação entre a perceção que frequentemente anima políticos e governantes e aquilo que a realidade do país e, sobretudo, da vida das populações aconselha. Erguido como um dos templos do Euro que Portugal acolheu, está convertido num dos muitos elefantes brancos que o erário público amamenta.

Agora, a União de Leiria decidiu deixar de ali jogar. Independentemente das razões que estão por detrás dessa atitude radical, várias coisas transparecem de imediato, entre elas, duas: que para a alta competição é preciso dinheiro, não bastando fingir que se tem condições para ir a jogo, e que há estádios novos com viabilidade duvidosa, logo na gravidez, que não passam de dispendiosos esqueletos de betão. O futebol é, cada vez mais, um mundo de faz-de-conta, com muita estrutura que desaba perante o confronto com a realidade e protagonistas que, em muitos casos, se limitam a cavalgar oportunismos e vaidades sem limite.

No Algarve, o Estádio Intermunicipal Faro/Loulé é outra amarga referência, não valendo a pena acentuar as cores negras falando do Bessa. O mundo das aparências que sustentam a ilusão vai sendo abalado pelo impacto da verdade. Com a crise entrincheirada em cada esquina, a consciência do desperdício que poderia ter servido para acorrer a situações gritantes da sociedade torna-se insuportável. Se, ao menos, se tivesse conseguido valorizar o talento nacional ainda se encontraria uma escapatória, se bem que frágil, para justificar o pagamento da fatura que sempre chega a todos nós.

Infelizmente, o que se vê é a completa dependência dos clubes portugueses em relação a atletas estrangeiros. Até as equipas pequenas estão enxameadas de sul-americanos. Uma formação digna de se apelidar de nacional só se consegue no plano das seleções, elas próprias já também de portas abertas aos naturalizados.

Dir-se-á que tudo é normal. Não acho, nem entendo, que o chamado progresso competitivo nos condene desse modo. A arrumação tem de começar por qualquer lado. Desde logo, pela Federação Portuguesa de Futebol, que necessita de resolver dois problemas: a ilegalidade em que vive e o rejuvenescimento da sua direção.


In Record

fevereiro 21, 2011

Época 2010/2011 SLBenfica _ Sporting


Benfica vence em Alvalade e continua na perseguição ao FC Porto


O Benfica foi a Alvalade vencer o Sporting no grande «derby» de Lisboa (2-0), voltando a colocar-se a oito pontos do líder FC Porto. Salvio (15 minutos) e Gaitán (63) fizeram os golos dos encarnados, que fizeram toda a segunda parte reduzidos a 10 jogadores, devido a expulsão de Sidnei.

A 10 jornadas para o final, os encarnados mantêm assim o despique com o líder da competição, somando a oitava vitória consecutiva na Liga, melhor do que na época passada em que se sagraram campeões (vão também na 17.ª consecutiva em provas nacionais). São muitos pontos, é verdade, mas no futebol tudo é possível e a águia não parece esmorecer...

Já o Sporting, vê agora o Benfica a 15 pontos (e o FC Porto a 23!), ficando com o terceiro posto na classificação em risco, até porque segue mergulhado numa sequência negativa de resultados em Alvalade (apenas três vitórias em 10 jogos para a Liga).



In Abola





fevereiro 18, 2011

Tempo Útil _ João Gobern


Só mais dois



Pode uma equipa praticar o futebol que o Benfica mostrou no passado domingo, frente ao Vitória de Guimarães, com a velocidade ao serviço da técnica e com esta a abrir portas à inspiração, com um massacre real infligido e continuado a uma das boas formações da Liga nacional, e não chegar a ser campeão? Pode. O “quanto baste” portista em Braga vem reafirmar a ideia de que será preciso um cataclismo para que o FC Porto deixe escapar o título. Pensou-se que seria depois da primeira derrota – ela chegou com o Nacional e os rapazes de Villas-Boas voltaram aos triunfos. Segundo momento de expectativa, depois do desaire com o Benfica – regressaram aos triunfos. Braga era um momento-chave, pelo calendário que fica a faltar, pelo abalo psicológico que a perda de pontos poderia significar, pela forma distinta como as duas equipas vêm jogando as partidas mais recentes.
Mas o FC Porto, mesmo sem o brilho que se esfumou e sem poder gabar-se de uma indiscutível superioridade (a não ser nos pontos e não vale a pena repisar a ideia de que alguns deles tiveram, como se diz agora nas televisões, “ajudas à produção”), venceu com naturalidade uma partida em que o Braga voltou a andar para trás no seu desejo de se fixar como o “quarto grande”.
A cada semana, a coisa vai-se resolvendo. Sem deslizes, correrá a favor dos que mantiveram a regularidade pontual (não a de exibições), compreendendo que também é disso que se faz um campeão. Pode é não empolgar tanto como outros, como parece acontecer por agora.
O mais curioso é que, do lado do Benfica, se ninguém parece disponível para atirar a toalha ao chão no que toca à Liga interna, já se começou a sonhar com a hipótese que os caminhos internacionais podem proporcionar: mais dois confrontos com o FC Porto para a Liga Europa. De preferência na final, se as vias do sorteio o permitirem. Mas antes, se preciso. Esse é um desejo que cresce e que, pelo menos parcialmente, vem dar a razão a Luís Filipe Vieira e a Jorge Jesus – é que a vitória, categórica e esmagadora, no campeonato 2009/2010 (em que o FC Porto até foi terceiro…) pode não ter significado de imediato o fim de um ciclo e a abertura de outro. Mas trouxe uma mudança decisiva: o Benfica já não se esconde do rival do Norte, já não se encolhe como aconteceu durante anos que os seus adeptos terão como de má memória. Pelo contrário: até pelas declarações bipolares de Villas-Boas, percebe-se bem quem é que sonha acordado com quem. E sempre ao nível do pesadelo.
NOTA – Espero que o litígio entre o FC Porto e Carlos Pereira, presidente do Marítimo, permita investigar e descobrir o que houver para conhecer, que vá até ao fim e que não acabe em acordo nem em empréstimos de jogadores...
In Record

fevereiro 17, 2011

Liga Europa_16 avos 1ª mão SLBenfica_Estugarda


Cardozo e Jara garantem vitória europeia


O Benfica esteve a perder frente ao Estugarda, após uma primeira parte menos conseguida, mas na etapa complementar reagiu e conseguiu dar a volta ao marcador, após os golos de Cardozo e Jara.

O Benfica não entrou em jogo na primeira parte, perante um Estugarda coeso, preciso nas marcações, nos passes e forte nas marcações. Aos 21 minutos surgiu o golo do conjunto alemão, Hajnal fez uma excelente assistência para Harnik, que fugiu da marcação de Coentrão e Sidnei e depois fez um chapéu ao guarda-redes Roberto.

Na etapa complementar, o Benfica regressou diferente, mais rápido, confiante e começou a obrigar o guarda-redes Ulreich a defesas de qualidade, algo que não tinha acontecido na primeira parte.

Aos 70 minutos o Benfica empatou a partida. Após um cruzamento, Aimar conseguiu desviar a bola e Cardozo aplicou um forte remate à meia volta, com Ulreich, desta vez, a não evitar o golo.

Os encarnados continuaram a pressionar e aos 82 minutos alcançaram a reviravolta no marcador. Jara aplicou um forte remate, fora da área, a bola embateu num jogador do Estugarda, Ulreich ainda afastou a bola contra a trave. Surgiu depois Cardozo, mas o remate do argentino já tinha entrada na baliza germânica.

Até ao final da partida o Benfica dispôs de boas ocasiões para aumentar a vantagem, com Kardec e Cardozo a desperdiçarem. Enquanto, o Estugarda ainda viu o livre de Elson embater no poste.

Este resultado deixa tudo em aberto para a partida da segunda mão no terreno do Estugarda.



In Abola




As estranhas análises de um ex-árbitro

fevereiro 16, 2011

O Voo da Águia_ Marta Rebelo


Em profundidade


No dia 13 de Fevereiro o capitão Luisão fez 30 anos. Eu fiz 33. E o Benfica deu 3-0 ao Vitória de Guimarães. Correção: o Benfica deu 5-0 ao Vitória de Guimarães. Mas o fiscal-de-linha Pais António e o árbitro João Ferreira roubaram escandalosamente dois golos ao Benfica. A língua portuguesa é rica, só que em determinadas situações só certas palavras se adequam: o sr. Ferreira comportou-se como um verdadeiro bandido. Para variar. O homem já tinha imaginado penáltis no Rio Ave-Benfica da Taça.

O Cardozo não estava fora-de-jogo, nem o Saviola jogou a bola com a mão. Mas para os árbitros que nos têm calhado em sorte – ou azar – isso importa muito pouco. E se o sr. Benquerença já tinha sido uma vergonhosa amostra de árbitro em Guimarães, na primeira volta, o sr. João Ferreira, na segunda, não lhe quis ficar atrás. Com uma ligeiríssima diferença: na primeira ronda o Benfica chegou à Cidade Berço depois de três péssimos resultados, e quando parecia que podia reerguer-se e ignorar a desgraça no início da Liga, o tal árbitro quis impedir a recuperação. Ontem o Benfica que entrou em campo árbitro nenhum, com as melhores ou (provavelmente) as piores intenções do mundo, conseguiria derrubar. A primeira meia hora de jogo foi infernal, com uma basculação ofensiva que só pedia mais golos e que sossegou os quase 55 mil que foram à Luz: se o Vitória costuma ser terrorista nos embates com o Glorioso, ontem foram três as bombas que lhes rebentaram nas mãos. Correção, cinco. As duas em falta, é fazer contas com o sr. Ferreira.

Que belos golpes em profundidade do Sidnei. Que “pareja” tão improvável, a do central e de Aimar. Só Cardozo borrou a pintura. Numa noite quase perfeita, o chapéu de Martins fechou com ouro a chapelada ao Vitória. Gostou, sr. Ferreira?


In Record

Email Aberto _ Domingos Amaral


Flashforward


From: Domingos Amaral
To: Domingos Paciência

Caro Domingos Paciência
Na terça-feira passada comprei o DVD de “FlashForward”, uma série que não tive oportunidade de seguir quando a SIC a transmitiu aos domingos à tarde. Desde esse dia, a família tem-se reunido na sala para ver, episódio a episódio, o que se vai passando numa história onde uns cientistas meio loucos provocaram um colossal apagão na Terra. À mesma hora, em todo o Mundo, houve um desmaio coletivo que durou 137 segundos, e que provocou muita mortandade e perplexidade.

O curioso é que, durante esses 137 segundos, as pessoas desmaiadas tinham visões – “flashforwards” – do que lhes iria acontecer seis meses depois. Uma via-se a trair o marido, outra num funeral, outra na casa de banho, outra a ser afogada, outra a conduzir a investigação sobre as causas do apagão, etc., etc. A série é boa, mas porque trago eu este assunto para aqui? É que, certamente contagiado, também eu tive, durante a noite de sexta-feira, um “flashforward”.

Nele, via-me no Estádio da Luz, em euforia, a vencer o FC Porto por 3-0, o que nos permitia ultrapassar os azuis e brancos na classificação, e ser campeões no final. O mais divertido é que o meu “flashforward” não incluía apenas os detalhes desse jogo, com dois golos de Saviola e um de Cardozo, mas também uma memória interna, que relembrava onde começara a queda em desgraça do FC Porto. E começara em Braga, contra a tua equipa, hoje à noite. O FC Porto empatava o primeiro de 3 jogos, e jogava cada vez pior. Embora não tivesses derrotado Villas-Boas, contribuíras para a sua a aflição, para o seu calvário na segunda volta. Foi um sonho? Sim, o meu “flashforward” foi um sonho. Mas, como dizia o poeta Sebastião da Gama, “pelo sonho é que vamos”…

In Record

Cónica de Sábado _ J.E.Moniz



Leão está de rastos


O demissionário presidente do Sporting diz que o poder não caiu na rua. José Eduardo Bettencourt é um homem que transmite franqueza em muitas das afirmações que faz. Às suas palavras pode mesmo, por vezes, associar-se uma ideia de ingenuidade, que surpreende, por inabitual em dirigentes desportivos envolvidos em estruturas ajustadas à dimensão de um grande clube.

Admito que Bettencourt acredite convictamente que o poder na sua agremiação não tenha caído na rua. A verdade, no entanto, é que está de rastos. Os péssimos resultados desportivos da equipa de futebol, a venda de Liedson e a demissão de Costinha são o corolário de sucessivos erros que, pedra a pedra, sem travão, vêm abalando o edifício de competência e prestígio, desde há anos. A realidade que revela é que o Sporting de hoje está longe de corresponder ao que a herança de glória que lhe foi legada reclamaria. A frustração dos adeptos e sócios está em correspondência direta com o declínio que a formação de Alvalade assume no contexto do futebol português, de cuja cúpula se foi afastando, em detrimento do Futebol Clube do Porto e do Benfica.

A tarefa que aguarda o candidato que acabe por conquistar a cadeira da presidência é gigantesca. Não apenas a situação financeira obriga a intervenção urgente, realista e determinada, como a necessidade de relançar o Sporting como um clube com ambição de campeão pressupõe inteligência, pragmatismo, capacidade de mobilização e conhecimento.

Uma instituição que descobriu, criou e formou jogadores como Nani e Cristiano Ronaldo, sem citar mais nomes que me roubariam espaço nesta crónica, tem obrigação de ser coisa diferente daquilo que vem exibindo. É confrangedor assistir a uma equipa, outrora prestigiada e temível, arrastar-se nos relvados, insegura e frágil, sempre atormentada pela incerteza do desempenho, tal a vulgaridade para que convergiu.

Há ocasiões em que, claramente, a bola é um instrumento que queima... Sem tranquilidade, sensatez e rumos definidos dificilmente o Sporting dará a volta ao panorama em que se arrasta. A coragem para a rutura com o marasmo representa condição fundamental para que uma mudança ocorra. A não ser assim, o ciclo do declínio não conhecerá fim e outros Liedsons hão-de ser vendidos para pagar salários dos jogadores. Os dedos desaparecerão e os anéis a eles se juntarão.


In Record

Crónica de João Malheiro


Verde não é esperança

Liedson deixou o Sporting, foi comovente a despedida. Correram lágrimas em Alvalade. Por Liedson? Mais do que por Liedson, pelo Sporting. Numa altura em que o clube atravessa uma crise directiva, vive submergido em problemas múltiplos e transmite uma pálida imagem competitiva, a perda do grande goleador das últimas temporadas acentuou a angústia leonina e o afogo no horizonte mais próximo.

Quanto vale o Sporting da actualidade? Esse mesmo clube, ainda com estatuto aristocrático no futebol doméstico, que nos últimos 40 anos apenas venceu cinco Campeonatos? Esse mesmo clube que, há duas ou três décadas, exibia com orgulho a excelência do seu ecletismo vencedor? Que esgrimia com nomes da casta fabulosa de Joaquim Agostinho, Carlos Lopes, Fernando Mamede ou António Livramento? Que projectou, ainda recentemente, na alta-roda da bola, futebolistas do jaez de Paulo Futre, Luís Figo, Simão Sabrosa, Cristiano Ronaldo, Quaresma ou Nani. 

Há no Sporting um fenómeno de belenensização, só não tão acentuado porque dispõe de uma massa adepta ainda numerosa. Só que a sedução Sporting, ao invés da sedução Benfica ou FC Porto, é cada vez menor. O clube perde referências e não parece capaz de se reabilitar. Pior ainda, um Sporting pujante faz falta ao desporto nacional, no caso vertente ao futebol português. Os próximos tempos do Sporting vão ser dolorosos. Perdeu, porventura de forma irreversível, a carruagem da frente. E, porque aconteceu assim, situa-se e só muito imprevistamente sairá do apeadeiro da desilusão.

fevereiro 15, 2011

Aqui á Gato _ Miguel Góis


Aristoleões

Vimos a assistir, nos últimos tempos, a inúmeros alertas em relação ao perigo que o populismo representa para o Sporting. Compreende-se a preocupação, uma vez que o clube se tem dado tão bem com o elitismo. Afinal, o que seria hoje do Sporting, se não tivesse sido gerido por gestores de topo? Provavelmente, acumularia um passivo preocupante, ou implementaria uma lógica completamente irracional na contratação e demissão em série de altos funcionários. Tudo isto de acordo com os mais modernos princípios de gestão (inclusive aquele que defende que uma empresa deve estar plenamente satisfeita por ser a segunda do seu sector com mais quota de mercado, em vez de almejar a liderança). Com aristocratas destes, quem é que precisa do povo?

Dito isto, começa a instalar-se junto de alguns sócios a sensação de que as eleições no clube (um mecanismo legal de exceção que é acionado quando a sucessão e a cooptação falham) não serão inteiramente livres, e o pior é que parece estar muito longe um 25 de Abril no Sporting – razão pela qual não se compreende de todo a fuga de Liedson para o Brasil.

Algo vai mal numa instituição desportiva, quando até o relvado do estádio é demitido. A última cabeça a rolar foi a do diretor para o futebol. Só agora, quase um ano depois de tomar posse, é que se percebeu por que razão Costinha terá elaborado um severo código de conduta, que desencorajava os jogadores do Sporting a lerem jornais desportivos e a verem programas de desporto na televisão: no fundo, era para os proteger das suas declarações bombásticas em programas da Sport TV. Por outro lado, assiste-lhe alguma razão. Antes da entrada de José Couceiro, Costinha continuava a ser conhecido como “o Ministro”. Depois da entrada do diretor-geral, passou a ser “o Ministro sem pasta”.

In Record

Época 2010/2011 SLBenfica _ Guimarães


Benfica de luxo vence V. Guimarães (3-0)

O Benfica alcançou a 16.ª vitória consecutiva em provas nacionais num jogo em que terá realizado uma das melhores exibições da época. Em noite de alto voo da águia, destaque para Sidnei.

O jovem substituto de David Luiz, transferido para o Chelsea, abriu o caminho para a vitória do Benfica. Foi aos 27 minutos que o brasileiro subiu no terreno num pontapé de canto. Ganhou posição ao primeiro poste e, de cabeça, bateu Nilson.

Antes já o Benfica tinha estado por várias vezes perto de chegar ao golo, valendo por várias vezes a qualidade de Nilson ao Vitória de Guimarães.

O 1-0 com que o jogo chegou ao intervalo era pouco para exprimir a diferença de rendimento entre as duas equipas.

Acabou o segundo golo do Benfica por surgir cedo na segunda parte. Aos 49 minutos, Sidnei transportava a bola na defesa quando viu um espaço no ataque, onde se desmarcava Aimar. Com um passe longo, colocou a bola nos pés do argentino. Aimar, com classe, dominou a bola, entrou na área e rematou para o 2-0.

O Benfica não tirou o pé de acelerador, marcou mais duas vezes (nenhuma valeu pois Cardozo estava fora de jogo, primeiro e Saviola terá tocado a bola com a mão depois) e viu ainda o paraguaio Oscar Cardozo falhar uma grande penalidade.

Em noite de grande exibição, tempo ainda para um terceiro golo, mais que merecido. Foi de Carlos Martins, chegou aos 90+4 minutos, e muito bonito. O médio encarnado fez um chapéu a Nilson e colocou selo de qualidade numa grande vitória da águia.

O Benfica prossegue a senda vitoriosa em território nacional e mantém o ritmo na perseguição ao FC Porto. O Sporting, terceiro classificado, é que ficou mais para trás: agora está a 12 pontos das águias.


In Abola

Por força da lei _ Ricardo Costa


O grito de Moniz Pereira

1_ Ainda que com oscilações, o desporto português cresceu e ramificou-se no cerne da nossa sociedade à custa da disseminação e do labor dos três grandes clubes de massas. Muitas vezes vivendo em oligopólio; outras vezes mesmo em duopólio; até, numa ou noutra modalidade, durante mais ou menos anos, em monopólio de títulos. Houve modalidades em que, desaparecendo a tríade, outros clubes emergiram com força e se impuseram. Houve outras em que a manutenção da tríade tornou ainda mais valiosa a ascensão de “intrusos”. Quando (modestamente) nadava no Fluvial Portuense, percebia que o meu clube não poderia competir com as mesmas armas; teríamos medalhas, mas nunca tantas e tantas vezes como os “grandes” (na altura ao mesmo nível e apostando forte na modalidade). Mas eram eles que nós perseguíamos quando treinávamos. Eram eles que nos faziam crescer.

2_ Essa tríade sufocou demasiadas vezes a disseminação dos médios e dos pequenos. A história está aí para o provar. Mas sem os três grandes num patamar próximo, o nosso desporto fica mais pobre. Em todas as modalidades. Como se tem visto. É por isso preocupante a erosão do Sporting, talvez o clube que, desde a sua origem, mais significado deu ao sentido de ser um “clube” de “desporto”. O FC Porto correu o risco de se desintegrar no início da década de 80. O Benfica esteve perto da extinção com o “valeazevedismo”. E, em tempos distintos e com percursos diferentes nos últimos 30 anos, ficaram e lutam pelo domínio. Parece que, entretanto, o Sporting de inspiração “roquettiana” abdicou. Desapareceu de muitos pavilhões, deixou de ter quem o simbolizasse nas pistas, apostou tudo num “modelo” para o futebol, potenciador de tudo o resto. Hoje não sabe se o abismo é ali ou se a salvação é acolá: vive-se a fronteira. A tríade está ameaçada e, com isso, ameaçado está o vigor do nosso desporto.

3_ Prova? “Se aparecer uma pessoa que diz ‘eu só quero o futebol aqui’, eu peço a demissão de sócio”. “Se alguém conhece o Sporting, sou eu e pouca gente mais. Muitos que lá estão a trabalhar sabem muito de contas, de bancos, de contratos, mas de desporto não”. Quem o diz? Porventura algum candidato às próximas eleições pós-Bettencourt? Não. É o sócio n.º 2 do Sporting e tem 90 anos. Viveu 66 anos no Sporting e para o Sporting: “Dei sempre o exemplo e nunca pedi para fazerem nada que eu não fizesse primeiro”. Chama-se Moniz Pereira. E, para mim, que ouço sempre com multiplicada atenção as palavras de quem já viveu muitas vidas, este é o grito que faltava para se perceber que a angústia do Sporting pode ser o epitáfio de uma crise da “ideia” de desporto deste país.

PS – O Ministério Público instalou uma “tenda” na “praça” do futebol. Está a ver se espicaça os “mubarakes” que ali habitam. Da FPF dizem que por agora avançam os advogados. Não sei o que isso significa. Mas está bem. Enquanto isso lembrei-me do grande Nanni Moretti e de uma personagem por ele inventada para uma película anti-Berlusconi. Dizia, enquanto nadava, que, sempre que se atingia o fundo do buraco, havia sempre alguém que continuava a escavar e a escavar…

In Record

fevereiro 10, 2011

Benfica foi o 26.º clube que mais facturou em 2009/2010


Benfica foi o 26.º clube que mais facturou em 2009/2010


O Benfica foi o 26.º clube que mais facturou a nível mundial na temporada 2009/2010, que consagrou os encarnados campeões nacionais.

O clube da Luz, o único português a figurar nas contas finais do estudo promovido pela empresa de consultoria e auditoria Deloitte, facturou um total 98,2 milhões de euros na época transacta, ocupando a 26.ª posição na lista liderada pela sexta vez consecutiva pelo Real Madrid, com 438,6 milhões de euros.

A posição dos encarnados melhora no capítulo das receitas de bilheteira, ocupando o 11.º posto com 40,2 milhões de euros.

As águias surgem ainda na 17.ª posição da contabilidade das receitas comerciais, tendo arrecadado 41,2 milhões de euros.

Total de receitas:
1. Real Madrid, 438,6 milhões de euros
2. Barcelona, 398,1
3. Manchester United, 349,8
4. Bayern, 323
5. Arsenal, 274,1
6. Chelsea, 255,9
7. Milan, 235,8
8. Liverpool, 225,3
9. Inter Milão, 224,8
10. Juventus, 205
(...)
26. Benfica, 98,2

Receitas de bilheteira:
1. Real Madrid, 129,1 milhões de euros
2. Manchester United, 122,4
3. Arsenal, 114,7
4. Barcelona, 97,8
5. Chelsea, 82,1
(...)
11. Benfica, 40,2

Receitas comerciais:
1. Bayern, 172,9 milhões de euros
2. Real madrid, 150,8
3. Barcelona, 122,2
4. Manchester United, 99,4
5. Schalke 04, 79,0
(...)
17. Benfica, 41,2.



In ABola  

Tempo Útil _ João Gobern



A remodelação

Longe vai a época em que o cidadão guindado a uma pasta ministerial se sentia no direito de arquitetar um telefonema público para a paternidade, dando conta da comoção e do orgulho. Se o protagonista deste episódio já nem mora por cá, preferindo climas menos agrestes, é duvidoso que os progenitores não tomem conhecimento deste passo dos filhos sem franzirem os sobrolhos e sem pensarem que, com os tempos difíceis que atravessamos, mais vale isto do que desempregado… Mas é um facto que a coisa não anda de feição para os senhores ministros – primeiro foi Jorge Lacão, rapidamente abafado pelos amplificadores partidários. Agora, foi Costinha.
O antigo jogador do FC Porto e hoje diretor de qualquer coisa no Sporting tem consciência que, com a entrevista de anteontem à Sport TV, rasgou em pedacinhos ininteligíveis a folha de papel em que estava contemplada a hipótese contratual da sua continuidade a partir da chegada do próximo presidente. Assumiu outro papel, o de justiceiro que, solitário, tenta defender à espadeirada e aos gritos a honra do castelo – contra a administração, que mente aos sócios, que subscreve negócios ruinosos (Liedson), que lhe exige rendimento de milhões em troca de tostões, que não assume responsabilidades e “sacode a poeira dos ombros”; contra o seu superior direto, José Couceiro, que “não vai resolver nada”; contra jogadores, como João Moutinho, “que não teve comportamento digno”.
Costinha pode ter razão em múltiplos aspetos do que afirmou, mesmo que lhe seja mais fácil ensaiar a defesa de Maniche do que explicar a “normalidade de relações” com Izmailov. A questão é mais complexa: ele é tão escasso no tempo de permanência ao serviço do Sporting como abundante é a sua coleção de episódios infelizes, de declarações embaraçosas e de atos falhados. O que significa que não se encontrava na melhor posição para, com uma precisão cerebral e impressionante, desatar a partir a pouca loiça que ainda restava intacta nas vetustas vitrinas de Alvalade. Chama-se “autoridade moral” a essa qualidade que legitima ou que, ao menos, desculpa um desabafo desta grandeza na escala de Richter – neste caso, ela não existia. Embora o silêncio da SAD, na resposta, também seja ensurdecedor.
Será um mal português, este de olhar primeiro os autores, e só depois as obras. Mas é um dado adquirido, que permite dizer que Costinha se autoexcluiu de qualquer futuro em Alvalade, a menos que uma qualquer administração vindoura acredite na regeneração ou se divirta a dar tiros no pé. Por mim, como adepto do futebol, preferia ter guardado a imagem do Costinha rigoroso e discreto, mas influente ou decisivo. Assim, confesso, vou ter mais saudades dos fatos que dos factos.

In Record

fevereiro 08, 2011

O Voo da Águia_ Marta Rebelo


O 15.º

NO RESCALDO, NÃO FAÇO PARTE DO NOVO CLUBE DE FÃS DE CÉSAR PEIXOTO

Porque será que para o FCP-Rio Ave o arbitro é do Porto, e para o V. Setúbal-Benfica vem um árbitro de Braga? Depois da expulsão infame de Coentrão na meia-final da Taça, por favor expliquem-me porque é que aos 57’ Miguelito nem amarelo viu, ao ensaiar um estaladão a Aimar. Começa a ser difícil encontrar neutralidade nestas nomeações e sobretudo nestas arbitragens.

E ao 15.º jogo, ainda me cheira a vitória no campeonato. No Dragão, com trinco e meio, começou a vingança. A criatividade de Jesus foi bem direcionada e não comprometeu as nossas aspirações. No rescaldo, não faço parte do novo clube de fãs de César Peixoto – nem “patinho feio” nem “menino bonito”. Mas ontem à noite, num jogo indefinido, denso e nervoso, Coentrão fez falta. Entrámos no campo do Vitória com os titulares habituais e com um Cardozo que nunca sai, e ultimamente serve mais para entreter e deter o adversário do que para marcar golos. A verdade é que os setubalenses deram-nos cabo do juízo. A primeira metade só se salvou pelo pé de Gaitán – que Jesus colocou a recuar no auxílio iminente a Peixoto, e o argentino foi tão lento a descer o terreno. Foram raros os momentos em que conseguimos desestruturar a defesa vitoriana. Eles deram tudo por tudo. Já são clássicas as nossas dificuldades no Bonfim. Só aos 71’, quando Jesus substitui em piloto automático, começa a sentir-se o sossego. Jara entra e aos 78’ a textura indefinida do jogo ganha as cores das águias.

Fomos eficazes. Lá para o fim até jogámos bonito. Javi García jogou muito, e foi o melhor. Salvio deixou tudo em campo, e Gaitán foi massacrado com faltas. Foram assinaladas 23 faltas ao Benfica, contra apenas 8 do Vitória. É de gargalhar. Com um FCP atormentado, entediante e a vencer pela margem mínima, parece que os 11 pontos encolheram. O que é que Villas-Boas terá a dizer agora?

In Record

Email Aberto _ Domingos Amaral


A ferida

From: Domingos Amaral
To: André Villas-Boas

Caro André Villas-Boas
Nos últimos vinte e cinco anos, só me lembro de ganhar três vezes ao FC Porto em sua casa. A vitória de César Brito e Eriksson, a vitória de Koeman e Nuno Gomes, e agora a vitória de Jesus e os seus apóstolos. São, é verdade, poucas vitórias, mas é exatamente a sua raridade que lhes dá um valor extraordinário e inesquecível. Rebentei de alegria na quarta-feira, e se Cardozo tivesse metido o terceiro teria tocado no céu. Por todas as razões: pelo gozo que dá vencer em casa do rival maior, pelo orgulho que tive no meu Benfica, mas sobretudo porque era uma vitória essencial para que o impossível passasse a ser mais possível.

É verdade: a vitória do Benfica mudou, para já, a narrativa da época. Até aqui, tínhamos um Braga dececionante, um Sporting em calvário, e um Benfica que começara muito mal e fora derrotado por ti duas vezes, uma das quais de forma humilhante. A narrativa era a de um FC Porto praticamente imbatível, que a irrelevante derrota com o Nacional não afetara. Agora, a narrativa mudou. Ao vencer-te em casa, o Benfica retirou-te a vantagem psicológica que tinhas, e introduziu as dúvidas no teu universo. Agora, serás tu a jogar sobre brasas, a temer, a cada momento, a perda de pontos.

Agora, serás tu a recear a desestabilização da defesa, a falta dos talentos, a ansiedade no grupo. Por mais que tentes negá-lo, há uma “ferida” sim, e só Deus sabe se vai sarar ou abrir mais. Daqui para a frente ninguém sabe o que irá acontecer, mas tenho a certeza que, a partir de agora, todas as noites antes de adormeceres te vais lembrar que, até ao fim da época, ainda vais ter de jogar na Luz duas vezes...

In Record

fevereiro 07, 2011

Por força da lei _ Ricardo Costa


O Cairo está próximo

1. Talvez devesse falar da assembleia geral estatutária da FPF. Talvez devesse falar, portanto, do litígio entre o “passado” e o “futuro”. Talvez devesse falar, por isso, de coerência e de luta pela sobrevivência. Mas, como aqui escrevi em jeito de prognóstico mais do que uma vez, nada de novo se passou no “29 de janeiro”. Logo, não vale a pena.

2. Talvez devesse falar de todos os processos que a Comissão Disciplinar da Liga não instaurou ao longo desta época e deveria ter instaurado. Diz a imprensa que este ano os processos são abertos apenas com queixa – ficando tudo o resto por averiguar, a não ser o que vem nos relatórios dos jogos. Talvez devesse falar, portanto, dos critérios legais e regulamentares de abertura de processos disciplinares na Liga, sem esquecer esse novo critério, desconhecido até agora e ausente na “lei”: a turbulência pública. Mas também não vale a pena.

3. Também devesse ainda falar das conferências da Comissão de Arbitragem da Liga sobre as atuações dos árbitros. Corajosas e pedagógicas, tratando os árbitros com a maturidade que o futebol profissional exige. Mas não vale a pena também. Os que sempre navegaram na opacidade e na falta de transparência, assim como os que prezam o “recato” dos bastidores, nunca gostarão da prática inovadora de Vítor Pereira e da sua equipa.

4. Antes valha a pena discutir os próximos cenários: o cancelamento da utilidade pública desportiva da FPF e, depois, a possível constituição de uma nova federação de futebol. De facto, não parece que Pedro Silva Pereira e Laurentino Dias, depois de esticarem a corda toda na suspensão que por ora afeta a FPF, tenham outra alternativa: cancelar e acabar com o futebol na FPF. Qualquer outra decisão – como voltar a suspender a utilidade pública por mais um ano a partir de Abril – é perder em definitivo a credibilidade, nomeadamente perante todas as outras federações desportivas que cumpriram a lei para organizar e regular os seus campeonatos. Se, até Abril, nada mudar na FPF, o não cancelamento da utilidade pública instalará a Praça Tahrir do Cairo no desporto português. A não ser que a previsível intervenção da FIFA tenha algum efeito substancial antes de abril. E já sabemos que é essa última cartada que o ministro e o secretário de Estado esperam. Enquanto isso, é tempo de pensar na “revolução de Abril” de 2011. Cancelada a utilidade pública e criado o cenário para a eventual extinção da FPF nos tribunais, será a hora de colocar as flores nas espingardas e começar de novo. Será a hora de saber quem está disponível para constituir uma nova federação, reconhecê-la junto da FIFA e da UEFA, respeitar a lei e adquirir a utilidade pública junto do Estado. E começar uma nova era a partir de Julho de 2011. Veríamos, então, quem são as associações – e os clubes – que fariam parte da nova federação e as que ficariam de fora. E veríamos quem se ordenava nesse ato de superação. Talvez não se chegue lá. Mas convém ter a noção que o fim da linha da FPF já esteve mais longe.

In Record
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