maio 31, 2011

Por força da lei _ Ricardo Costa


Tribunal desportivo

Os titulares das pastas da Justiça e do Desporto do próximo governo vão ter em cima das suas secretárias uma opção a tomar. De um lado, têm o requerimento do Comité Olímpico de Portugal (COP) para ser instalado o Centro de Arbitragem Desportiva (CAD). Do outro, têm o projeto de criação do Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), da autoria da comissão governamental para a Justiça Desportiva. O próximo governo estará em condições de decidir a vetusta questão do “tribunal desportivo” – o “fantasma” sempre alegado como solução para a justiça desportiva quando as decisões jurisdicionais não agradam aos “gregos” ou aos “troianos”, conforme os casos.

Nenhum dos dois modelos substitui a justiça desportiva das federações (e que deixou as ligas). Acontece que um arquétipo de “tribunal desportivo” que ocupasse o lugar dos conselhos de disciplina e de justiça, sem a alegada (e quase sempre doentia) suspeição sobre os seus membros aquando das sentenças desfavoráveis, não é partilhado por nenhum daqueles projetos. Ou seja, fica tudo na mesma quanto à competência dos órgãos jurisdicionais federativos “internos” – e não podia deixar de ser assim, tendo em conta a lei das federações e os princípios de autonomia das organizações desportivas.

Assumido isto, os caminhos separam-se. O CAD é uma instância arbitral “voluntária” que desincentivaria o recurso das decisões federativas nos tribunais administrativos do Estado. O TAD é uma instância arbitral “necessária” e “exclusiva” para o recurso dessas decisões, excluindo-se, desta forma, o acesso final à justiça administrativa do Estado; o TAD não é um tribunal do Estado, com magistrados judiciários comuns, especializado em matéria desportiva, mas uma entidade jurisdicional incluída na ordem desportiva, com “juízes” indigitados. Em suma: o ambicionado “tribunal desportivo” será o “tribunal de última instância” – desde que as matérias não sejam as famosas “questões estritamente desportivas” (como os castigos decorrentes da amostragem dos vermelhos) – e não um substituto da justiça federativa.

Concordo com o projeto do TAD. Tirar as decisões desportivas dos tribunais do Estado é a melhor medida e conforma-se com a Constituição. Porém, julgo que o TAD devia funcionar no seio do Comité Olímpico, como ente supra-federativo e transversal. Deveria fazer-se uma harmonização dos dois modelos, tanto mais que o TAD também pode funcionar por vontade das partes (arbitragem voluntária). O projeto do TAD não esgota os problemas a tratar. Longe disso. Haverá tempo, entre outros pontos, para refletir sobre recursos imediatos de sentenças federativas de 1.ª instância para o TAD – que terá uma “câmara de recurso” – sem passar pelo Conselho de Justiça ou ponderar a compatibilização das providências cautelares no TAD com efeitos suspensivos a decretar pela justiça federativa. E, no fim, esperar que juristas com capacidade e estofo psicológico queiram ir para o TAD. O que não será fácil, pois, nos tempos que correm, ser juiz desportivo passou a ser uma atividade a necessitar de... “subsídio de risco”!

  In Record

Aqui á Gato _ Miguel Góis


Donos da bola


É hoje que se joga a final da Liga dos Campeões, que irá ser disputada entre FC Barcelona e Manchester United – a fasquia está elevada, mas julgo haver condições para logo à noite se praticar um futebol ainda mais espetacular do que aquele a que se assistiu na final da Liga Europa. Se, por exemplo, o Barcelona conseguir fazer mais do que um remate à baliza adversária, isso significa então que Pep Guardiola ter-se-á borrifado de vez na sua promessa de se inspirar em André Villas-Boas. Aquilo que, à partida, era uma homenagem do técnico português transformou-se definitivamente numa picardia sem fim à vista:

“- Eu inspirei-me em Pep Guardiola.”

“- Não, não. Eu é que me inspiro em André Villas-Boas.”

“- Mau! A gente assim chateia-se. Antes de você se inspirar em mim, já há muito que eu me inspirava em si.”

“- Será? E tem maneira de provar isso?”

Em geral, fala-se muito da qualidade atacante do Barcelona. Pessoalmente, há muito que considero o Barcelona uma das melhores equipas a defender de que tenho memória. Não raras vezes a equipa adversária tem pouco mais posse de bola do que eu, que estou em casa a assistir ao jogo pela televisão. Ou muito me engano ou o intervalo em que os adversários do Barcelona têm a bola durante mais tempo seguido verifica-se entre o momento em que a vão buscar ao fundo da baliza e a altura em que a colocam no centro do terreno. A partir daí, é sempre a descer. É por isso que há equipas que se chegam a sentir aliviadas quando sofrem golo.

E quando, aos oitenta e tal minutos, Xavi falha o primeiro passe e um adversário recupera a bola, o que é que sucede? Esse adversário está demasiado frio para conseguir dar um seguimento digno à jogada. Mas, ainda mais assombroso, o Barcelona consegue fazer tudo isto, apesar de ter Busquets no onze. Imaginem o que faria com Javi García…

In Record

Email Aberto _ Domingos Amaral


Mais fortes?

From: Domingos Amaral
To: Pep Guardiola

Caro Pep Guardiola
No futebol, como na guerra, a História escreve-se sempre a favor dos vencedores. É evidente que os jornais de hoje irão destilar uma prosa épica sobre as virtudes do teu Barcelona, reconhecendo que o Manchester levou um banho de bola; que o Messi é um génio só comparável a Maradona; e que o teu “tiki-taka” não é uma irritante “rabia” mas sim a melhor “posse de bola” que já se inventou na história da Humanidade.
Sem dúvida, digo eu. Mas, permitam-me lançar uma suave pergunta: porque será que as melhores equipas do Universo têm sempre de beneficiar da ajudinha dos árbitros? Provavelmente, digo eu, porque os fortes metem um bocadinho mais de respeito que os menos fortes, e os árbitros se intimidam perante tanta força. Ontem, por exemplo, ficou por marcar um penálti, uma mãozinha marota do Villa, que podia ter relançado o Manchester. Isto já para não falar na meia-final contra o Real, onde no primeiro jogo Pepe foi expulso sem justiça, e no segundo se anulou um golo limpinho ao Real quando ainda estava zero a zero. Que interessa isso quando estamos perante a melhor equipa da galáxia?
Nada que nós, por cá, não estejamos habituados. O árbitro da outra final europeia também se esqueceu de expulsar o Sapunaru a vinte minutos do fim; na Luz, o Benfica foi eliminado da Taça de Portugal com um golo de Hulk em fora-de-jogo; e até contra o Sporting o árbitro não marcou penálti numa mão escandalosa de Rolando. Que importa isso? São obviamente equipas fabulosas e é preciso carregá-las num andor até à eternidade. Ámen. 

PS: Ao contrário da outra, esta final europeia teve a virtude de não ser um tédio.

In Record

maio 28, 2011

Contra a Corrente _ Leonor Pinhão


Com mais onze Coentrões teria sido melhor

Dizem os jornais que os aplausos a Coentrão caíram mal no balneário porque uma
equipa de futebol "são onze", o que não deixa de ser verdade e explica a época toda

Domingo, 15 de Maio

Pronto.Agora é que acabou mesmo o campeonato. Na Luz, o campeonato finou-se com mais um resultado desconsolador, um empate frente ao União de Leiria, e com.Fábio Coentrão a receber uma agradecida e calorosa salva de palmas vinda das bancadas, quase em regime de excepção visto que os demais ~ colegas foram frequentemente vaiados ao longo do jogo e no final, o que é lamentável.

Coentrão foi, na verdade, a excepção neste Benfica de 201 0/2011 e por isso não é de estranhar o carinho que recebeu do público.
Aquela malta percebe de futebol e quis recompensar Coentrão. Não é a primeira vez que tal coisa acontece no Estádio da Luz. No final da época de 2000/2001, outra época medíocre, também Pierre Van Hooijdonk e Robert Enke, os únicos que se salvaram do desastre geral, deram uma volta ao relvado no fim do jogo da última jornada do campeonato, para receberem do público a recompensa devida.

Dizem os jornais que os aplausos a Coentrão caíram mal no balneário benfiquista porque uma equipa de futebol são onze, o que não deixa de ser verdade e o que explica a época toda. Com onze Coentrões teria sido bem diferente.

Honestamente, o campeonato para o Benfica acabou logo à quarta jornada, ainda um bom bocado antes do tempo das vindimas. Com três derrotas nos primeiros quatro jogos da prova, os campeões em título capricharam num arranque que tão cedo não será-esquecido pelo que teve de caricato.
E no futebol a sério não há nada que mande mais abaixo uma equipa do que deixar-se posar para a caricatura que é sempre impiedosa no exagerar dos defeitos.

E se não é mentira que foram medíocres e tendenciosas as arbitragens de Cosme Machado, no jogo inaugural com a Académica, e de Olegário Benquerença, no jogo de Guimarães, à quarta jornada, também é verdade que o Benfica se pôs muito a jeito para o conflito com os corporativos do apito ao produzir um futebol sem fio e sem brio, excessivamente dependente das decisões dos árbitros para fazer valer a justiça dos resultados que lhe interessavam mas que não interessavam nada aos seus rivais e adversários mais ou menos históricos.

Há quem deferida que o momento decisivo da época foi logo em Agosto, ainda em tempo de praia, quando o Benfica foi a Aveiro discutir a posse da Supertaça com o FC Porto com uma tal tranquilidade de espírito que só podia acabar em desaire, tal como acabou.

Outros encontram razões mais específicas. E culpam o guarda-redes. Culpam Júlio César por ter cometido uma falta para penalti no jogo da terceira jornada com o Vitória de Setúbal, tendo-se feito expulsar e obrigatoriamente feito substituir por Roberto que já estava posto no banco depois de duas exibições altamente comprometedoras nas duas primeiras jornadas do campeonato. E, não menos embaraçante, depois de toda uma pré-temporada em que o gigante espanhol se foi comprometendo sempre que chamado a justificar o investimento.

maio 26, 2011

Tempo Útil _ João Gobern


Traje de passeio

Sou um admirador de longa data – e com prova escrita – do trabalho televisivo da jornalista Fátima Campos Ferreira, em particular da moderação que, na esmagadora maioria das ocasiões, consegue imprimir ao “Prós & Contras” (RTP) que é, em múltiplas circunstâncias, uma “arena” difícil de tornar útil e apresentável. Fátima, insisto, consegue um rácio muito apreciável na condução do programa. Esta ideia, repetida, deixa-me à vontade para concluir que prestou um mau serviço à informação e ao canal para o qual trabalha com a entrevista que anteontem realizou a Jorge Nuno Pinto da Costa.

Primeiro: não estava suficientemente preparada. Só isso explica que tenha designado um dos troféus em exposição como correspondente à Taça da Liga, precisamente a única competição que o FC Porto não ganhou esta época. Só assim se entende o erro de pensar que o alegado jantar de Pinto da Costa, agora investigado pela Procuradoria-Geral da República, com um árbitro holandês tivesse ocorrido em Espanha e não em Matosinhos.

Segundo: nunca foi capaz de marcar uma linha condutora para a conversa, saltando do ponto de vista desportivo para o pessoal, quase ignorando as questões orçamentais e do passivo do clube/SAD (aqui deu “carta branca” para que o presidente portista disparasse duas ou três verbas, sem exercer qualquer contraditório).

Terceiro: permitiu – e, por vezes, com um sorriso de anuência – que Pinto da Costa mantivesse a sua estratégia de ódio irónico contra alguns jornais, desportivos ou não, contra algumas personalidades, sejam elas os “fedorentos” (Domingos Amaral passou, por força de uma crónica, a integrar a trupe dos humoristas...) ou o “meia-tigela” (o vice-presidente do Benfica, Rui Gomes da Silva, outra vez alvo indefeso da verborreia do timoneiro) e um político (o presidente da Câmara Municipal do Porto). Volto a estar descansado neste particular: da mesma forma que defendi que a abertura dos Paços do Concelho ao FC Porto na sequência de uma grande vitória internacional não beliscaria a fronteira entre política e futebol traçada por Rui Rio, consigo perceber que, apesar da apregoada indiferença, Pinto da Costa não perdoa ao autarca. Da mesma forma que não suporta o Benfica. Já agora: convém que alguém explique a Pinto da Costa que as edições on-line permitem que um jornal português possa referir uma notícia do mesmo dia de um jornal espanhol sem que haja aqui batota ou tráfico de influências.

Fátima Campos Ferreira terá presumido que não seria preciso engalanar-se nem vestir o fato de operário para entrevistar Pinto da Costa. Errou. Apresentou-se de traje de passeio e só deu direito a que o seu interlocutor aproveitasse aquilo que garantiu não ver: um tempo de antena.

In Record

maio 25, 2011

O Voo da Águia_ Marta Rebelo



Quem trama o Rui?


A época termina com o Benfica a ver os calcanhares mordidos pelo FCP: venceu as duas taças cujas meias-finais perdemos, e igualam-nos em troféus. Reação? Ação. Preparar a época 2011/12 sem mácula. E sem loucuras.

Sem que a direção tolere loucuras. Como a reportada amplamente esta semana, relativa a Jesus e Roberto: mas o que é que o treinador que ficou quer? Que Artur e Moreira olhem para o lado nos treinos e percebam que pior que o companheiro não fazem, porque no seu ADN não está inscrita a “frangalhice” que calhou em azar ao galego? Passámos uma temporada com um banco de miséria, está na hora de ter equipa em jogo e equipa sentada. E, para usar palavras do presidente Vieira, equipa “suficiente”.

Confesso que finalmente gostei de ter a razão comigo. Há cerca de duas semanas deixei aqui o meu plantel “suficiente” para a próxima temporada. E até agora vou acertando na mosca: Artur chegou ao Glorioso uma semana depois; Nolito está na Luz; as despedidas tornam-se evidentes; até a saída de Cardozo deixa de parecer (um desejo) impossível. Mas não chega. Faltam muitos reforços e nessa matéria as primeiras semanas de junho serão decisivas. Prognostiquei também, e antes do fim do jogo como manda “a regra”, o reforço da estrutura de futebol do Benfica. No entanto, se LFV e Jesus já não fazem noitadas a decidir o futuro da equipa sem conhecimento de Rui Costa, porque é que este continua a ser tramado? Quero acreditar que notícias como as que dão Octávio Machado no futebol benfiquista são, como as relativas a Couceiro, rumores e “diz-que-disse”. Mas não há fumo sem fogo… Esta é a altura certa para afastar o nevoeiro e não ficarmos na espera “sebastiânica” de maus momentos portistas. A técnica de união em torno de um só inimigo, que Pinto da Costa instituiu, Villas-Boas seguiu e Jesus tentou imitar, é coisa lá de cima. Aqui fazem-se equipas e procuram-se vitórias, rivais à parte. Venha a mudança.


In Record

maio 24, 2011

Contra a Corrente _ Leonor Pinhão

Já não há amor à camisola
Graças a um tal Pizzi, salvou-se o velho recorde de Jimmy Hagan que não merecia ser arrolado como destroço nesta época desastrosa.

Se
o Benfica fosse um clube pequeno (ou mesmo médio) teria concluído na última quinta - feira uma época notável tinha conquistado um título oficial, a Taça da Liga, tinha sido semi-finalista da Taça de Portugal e da Liga Europa e iria acabar o campeonato no lugar de vice-campeão.

Felizmente, o Benfica é um clube grande e não é um clube pequeno ou médio. Portanto concluiu, lamentavelmente, na última quinta - feira uma temporada muito má. E como se não lhe bastassem os resultados desportivos, para piorar as coisas, ainda fez questão
de primar por momentos sociais e de comunicação entre o apatetado e o patético.

Foi um Luís Filipe Vieira acabrunhado, e isso só lhe fica bem, que falou na noite de segunda - feira aos benfiquistas através da estação de televisão do clube. Fez bem o presidente do Benfica em oferecer a cara ao descontentamento popular, sujeitando-se ao crivo das opiniões a favor e contra as suas palavras. Foi humilde ao reconhecer os erros da casa, da estrutura e os seus próprios erros. E ainda foi mais humilde ao prometer que, na Luz, ninguém mais voltará a prometer títulos em tempo de defeso.

Pode ser que fique esta lição, que já é bem importante de aprender.

Por não ser um clube pequeno nem médio, os benfiquistas exigem ao Benfica que reaja como o grande Benfica, um clube grande, o maior do pais, num momento tão frustrante como este que está a viver. Por essa razão talvez fosse dispensável, até em nome do
bom senso, aquela parte do discurso de Luís Filipe Vieira em que o presidente do grande Benfica assegurou "todos os sacrifícios" para garantir a continuidade de Salvio.

Que o tempo - pois, pois,esse grande escultor ... - não venha a reduzir ao estatuto de pequeno Benfica esta garantia de Vieira, é o que se deseja.

De todos os modos, um verdadeiramente grande Benfica, à dimensão do seu poderio histórico e mítico, estaria hoje muito pouco preocupado em fazer "todos os sacrifícios" por Salvio.Estaria, porventura, mais empenhado em bater os 20 milhões da cláusula de rescisão de Falcão. Isso, sim, é que era grande. Até porque já não há amor à camisola.
   
Domingos Paciência vai estar em Dublin com todo o mérito a dirigir o Sporting de Braga na final da Liga Europa mas os adeptos minhotos já foram informados, com mais de uma semana de avanço, que o próximo clube do seu treinador é outro.

Inácio, que foi treinador campeão em Alvalade, já desejou felicidades a Domingos mas ressalvou um pormenor de grande importância: "Vamos ver se Domingos tem no Sporting parede para se segurar", disse. Não haja dúvida de que o futebol português tem muitas metáforas. Agora chegámos às metáforas da construção civil. Mas Inácio deve saber de que "parede" está a falar porque, certamente, não lhe faltou "parede" quando foi campeão com o Sporting.

Um rapazinho chamado Pizzi, nascido em Bragança, prestou um belo serviço à memória de
Jimmy Hagan e apontando de rajada três golos ao FCPorto conseguiu que o recorde do
treinador inglês se mantivesse imbeliscável, Hagan conduziu o Benfica ao título de campeão em 1972/1973, um campeão sem derrotas e apenas com dois empates.

Fraco consolo este para os jovens benfiquistas do presente. Salvou-se o velho recorde de Jimmy Hagan e ainda bem porque Hagan não merecia ser arrolado como destroço nesta época tão desastrosa do Benfica.

maio 23, 2011

Por força da lei _ Ricardo Costa


Na noite de Dublin

No rescaldo da final da Liga Europa – ocasião que confirmou o mérito e o fulgor físico-psicológico que a equipa do FC Porto exibiu durante esta época –, o presidente do clube vencido “descaiu-se”. Involuntariamente ou não (?!), disse que não desejaria felicidades para o futuro do treinador Domingos Paciência porque ele iria treinar um adversário: o Sporting. No dia seguinte, a CMVM suspendeu as ações da Sporting SAD “até à divulgação de informação relevante” sobre a sociedade desportiva. Percebeu-se logo que o fiscalizador da “bolsa” não gostou do desabafo do presidente da Braga SAD e que essa revelação colidiria com as regras que os “mercados bolsistas” exigem para as sociedades cotadas no que toca a “informação privilegiada” e “idónea para influenciar de maneira sensível o preço” das ações. Significa que a CMVM está atenta, atua por sua iniciativa e não espera por queixas ou denúncias – como deveria ser (e não é) no futebol atual. A nova administração da Sporting SAD não apreciou a atitude do construtor. De todo o modo, teve de sair do recato e responder nesse mesmo dia à CMVM. Com o que podia responder: “não efetuara quaisquer contactos com o presidente da Braga SAD relacionados com o seu treinador principal”. Isto é, não houve negócio com o construtor; o que não quer dizer que não tenha havido com Domingos. A CMVM não ficou esclarecida.

Para além das regras, o certo é que a próxima época começou naquela noite. Godinho Lopes terá percebido com o que pode contar sobre princípios no futebol; poderá sempre obter mais pormenores junto de Duque e Freitas. Disse: “Estranhei esse tipo de observação, estivemos juntos de forma cordial no último jogo do campeonato, assistimos ao jogo juntos e (…) não se trocou nenhuma palavra sobre qualquer jogador ou treinador”. Desde as eleições no Sporting que o nome de Domingos como seu treinador foi uma matéria administrada com a óbvia preocupação de salvaguardar profissionalmente o técnico, a sua entidade patronal, os deveres de informação que se devem às entidades externas e, desportivamente, uma “entrada favorável” em Alvalade. Em Braga, Domingos tornou-se carta fora do baralho a meio da época e não lhe foi proposto novo contrato. Agora, depois de um trabalho de grande valia, com uma reconversão difícil de plantel a meio do caminho, quer fazer-se crer que quem não quis continuar foi Domingos. Ou seja, à boa maneira de “algum” futebol, está a criar-se uma “realidade”. A “realidade” que visa esconder o desinteresse que agora não se consegue explicar. A “realidade” que visa intoxicar e manipular com dissimulação os destinatários e desgastar os adversários: à boa maneira dos “mestres” nesse ofício. Será esse “desabafo” apenas um instrumento dessa intoxicação? Ou apenas um “caso” para desviar as atenções? O que for, ver-se-á nos próximos tempos. Mas, enquanto a negociação das ações da Sporting SAD continua suspensa, algo mais já se soube: no Funchal, o treinador do Marítimo anunciou que o “madeirense” Leonardo Jardim ia treinar para Braga…

  In Record

Email Aberto _ Domingos Amaral



Coragem

From: Domingos Amaral
To: Rui Rio

Caro Rui Rio
Admiro a sua coragem, e a sua coerência. Desde que é presidente da Câmara do Porto, o senhor definiu uma linha de separação clara entre a política e o futebol. Ao contrário do costume português, o senhor nunca se aproveitou da popularidade fácil nascida do conluio com a “malta da bola”, nem nunca patrocinou “negociatas” com os clubes da sua cidade. Isto, é claro, trouxe-lhe muitos inimigos. No país das palmadinhas nas costas, quem tem coluna vertebral é ostracizado como corcunda.

Mas, esta semana, o teste era ainda mais difícil, pois tratava-se de uma vitória europeia. Corajosamente, o senhor resistiu. Às pressões, às bocas, às piadas grosseiras. Consigo, o futebol e a política são como o azeite e a água, não se misturam. Afinal, e ao contrário da propaganda local, ainda há gente no Porto que não se verga nem deslumbra, não corre ao beija-mão, não lambe certas botas. Afinal, o Porto não é uma coutada privada dos que se limitam a ganhar jogos de futebol.

Consigo, o futebol não define a identidade da cidade. Uma cidade não é apenas um clube, é muito mais do que isso, e nunca se deve deixar reduzir uma cidade a um emblema, nem submetê-la ao jugo autoritário de uma agremiação desportiva. Por mais que gostemos de futebol, às vezes é preciso alguém corajoso que nos venha relembrar que uma cidade com séculos de história não se resume a golos de cabeça colombianos e cânticos ordinários a insultar os adversários. Houvesse mais políticos firmes como o senhor, e Portugal seria um país bem melhor.


  In Record

maio 22, 2011

Aqui á Gato _ Miguel Góis



Cântico dos cânticos

Por princípio, não assisto a transmissões televisivas que cobrem festejos de títulos conquistados pelo FC Porto. Como se depreende, não tenho visto ultimamente muita televisão. Mas, quando vejo, certifico-me de que, por exemplo no dia a seguir à conquista da Liga Europa, começo a ver o telejornal a partir das oito e um quarto, oito e vinte da noite. Às vezes, não me apetece estar assim tão bem informado.

Acontece que, quando a azia acalma, não resisto a espreitar a festa portista, só com o fito de testemunhar o esforço que alguns jornalistas fazem para tentar dar credibilidade e prestígio a uns festejos que se fazem ao som de “SLB, SLB, filhos da p…”. Os meus preferidos são aqueles repórteres que alteram cirurgicamente o ritmo sincopado das suas frases até à altura mais politicamente incorreta do cântico, a partir da qual desatam a falar freneticamente, sem pausas para a respiração. É, assim, com alguma dificuldade que se percebe de que profissão se está ali a falar. E é uma pena, porque, quer-se queira quer não, esse é hoje o cântico mais representativo do FC Porto. E não escrevo isto só pelo facto de o seu hino oficial falar em nobreza e lealdade, algo que me parece manifestamente anacrónico.

Seja como for, escutar milhares de adeptos portistas a entoarem esse cântico durante os festejos é, por mais estranho que pareça, emocionante. É que eles cantam sem se aperceberem de que na esmagadora maior parte do tempo estão só a cantar “SLB! SLB!”. Em rigor, aproximadamente 75% desse cântico é profundamente benfiquista. Convenhamos que se trata de uma percentagem anormalmente alta. Sendo assim, lanço uma questão incómoda mas cada vez mais premente: numa altura em que milhares de adeptos portistas frequentam os mais altos palcos do futebol internacional, não será já da mais elementar justiça nomeá-los a todos embaixadores do Benfica?


  In Record

maio 21, 2011

Artur Moraes: assinou pelo Benfica


Artur Moraes: "Quero ser feliz aqui"

O guarda-redes Artur Moraes é reforço do Sport Lisboa e Benfica para 2011/2012. O atleta brasileiro terminou contrato com os italianos da Roma e, após uma temporada ao serviço do Sp. Braga, por empréstimo, assinou um contrato válido para as próximas quatro épocas. Em declarações à Benfica TV, Artur Moraes explicou o porquê de escolher o Clube da Luz.

“Pela grandeza, pela importância que o Benfica tem, pelo projecto ambicioso que foi apresentado e pela felicidade de continuar em Portugal. Quero ser feliz aqui e tenho uma grande ambição de fazer uma óptima época”, afirmou o novo guardião do Sport Lisboa e Benfica.

Ambicioso e ciente do que é representar um Clube da dimensão do Benfica, Artur Moraes quer dar o máximo com a camisola benfiquista. “Nestes dias que antecederam a decisão, tive contacto com muitos adeptos na rua. Amam o Clube e têm uma grande paixão pela Instituição e percebi o quanto o Benfica é importante para Portugal e, sem dúvida nenhuma, que vou procurar representar o Clube da melhor maneira possível.”

Quando se fala em títulos, o brasileiro destaca primeiro o trabalho. “Temos que trabalhar muito, porque um Clube com a dimensão do Benfica tem sempre que sonhar e pensar em 
títulos e vamos ter tempo para trabalhar, para a equipa jogar ao melhor nível e, aí sim, pensar em títulos.”

  
Quem é Artur Moraes

Artur Guilherme Moraes Gusmão, ou simplesmente Artur, nasceu a 25 de Janeiro de 1981 em Leme, no Estado de São Paulo e começou por se destacar no Paulista.

Em 2003 rumou ao Cruzeiro onde conquistou Campeonato e Taça do Brasil. Seguiu-se a passagem pelo Coritiba, onde despertou o interesse do mercado italiano. E assim em 2008 começou a etapa transalpina. Naquela que é considerada a pátria dos grandes guardiões, começou por representar o Siena e depois o Cesena. Seguiu-se a Roma antes do empréstimo ao Sporting de Braga, clube onde se destacou. “Tive grandes experiências, tanto no Brasil como em Itália, depois tive um ano muito importante em Braga e agora estou feliz por estar aqui, para dar sequência ao trabalho que foi iniciado.”

Foi mesmo um dos elementos em maior destaque na caminhada até à final da Liga Europa, sem dúvida o capítulo principal na história bracarense. Artur somou 810 minutos e sofreu apenas cinco golos, apesar de ter tido pela frente equipas como o Lech Poznan, Dínamo de Kiev, Liverpool, Benfica e FC Porto.

“Foi uma época fantástica com o Braga e agora quero dar continuidade a esse trabalho e poder ajudar da melhor maneira possível os meus companheiros e o Benfica, sempre a sonhar alto”, revelou o novo guarda-redes “encarnado”, que quer oferecer segurança à sua nova equipa. “Temos de estar sempre frios e com tranquilidade, passando a maior segurança possível, porque tudo começa atrás e com tranquilidade e segurança, toda a equipa pode fazer um grande futebol.”

Figura em grande destaque no Campeonato na passada temporada, mostra-se adaptado a um futebol com características muito particulares. Também por isso, a decisão de continuar em Portugal, apesar do assédio internacional. “A minha escolha de ficar em Portugal aconteceu porque sei o quão difícil é mudar de país, ter de aprender uma nova língua, ambientar a um novo estilo de futebol e aqui as coisas aconteceram da melhor forma possível e estou feliz por estar aqui a fazer esta apresentação e quero fazer uma grande época!”

Fotos: Gualter Fatia

In SLBenfica

maio 20, 2011

Tempo Útil _ João Gobern


Juizinho e boa bola

Dirão os do costume que é fácil pregar de fora, quando se está longe da gigantesca pressão de hora e meia que equivale a uma final europeia. Dirão esses e outros que a defesa que aqui promovo terá sobretudo a ver com a equidistância a que me mantenho das duas equipas portuguesas que, com inteiro mérito, vão entrar em campo mais logo na capital irlandesa. Não costumo perder tempo com quem pensa pequeno e ainda menos com quem faz questão de raciocinar por métodos tortuosos – e, infelizmente, são seitas desse calibre que poluem muito o mundo do futebol.

Mantenho aquilo que já disse noutro quadro: espero um bom jogo de futebol, afinal de contas a única resposta desejável a este quadro histórico (e dificilmente repetível) que é dispormos de equipas portuguesas de ambos os lados da barricada de uma final europeia. Se é verdade que as nossas competições internas não podem ombrear com as de outros países – mais ricos, mais populosos, mais organizados, menos periféricos –, não é menos certo que esta proeza pode obrigar os amantes do futebol a olhar para nós de outra forma, e não apenas como mercado abastecedor de craques que, sendo nativos lusitanos ou sul-americanos em trânsito, acabam por amadurecer e crescer aqui, adaptando-se inclusivamente às leis exigentes do futebol europeu, para depois irem render para outras paragens. Não nos favorecem os orçamentos, nem na bola nem no resto. Mas é sabido que, em múltiplas ocasiões, se descobrem antídotos para o poder do deus-dinheiro e, com trabalho, disciplina, talento e alma, ainda se consegue contrariar a fria lógica empresarial que poderia já dominar por inteiro o futebol.

Em Dublin, FC Porto e Sporting de Braga defenderão orgulhosamente as respetivas cores. Têm trunfos e têm craques para fazer brilhar. Mas gostava que não se esquecessem que também representam Portugal e podem, com uma boa partida e uma boa estada, retirar enormes dividendos para o futebol local. Terá a UEFA deixado entender que uma final com um só país é uma festa meio estragada. Julgo que a melhor resposta, a nossa possibilidade de estragar a festa por completo, é um jogo que fique na memória de muitos, a juntar ao comportamento de duas massas adeptas que possa ser relembrado por todos. Que ganhe o melhor e que sejam ambos muito bons, antes, durante e depois.

NOTA – Ser ridiculamente pequeno, na grandeza – poderia ser esta a frase para definir Jorge Nuno Pinto da Costa, que se prepara para mais uma final europeia e não consegue libertar-se da obsessão Benfica, desta vez recuperando a mão de Vata. Qualquer livro de Psicologia Elementar explica – é complexo de inferioridade, recalcado. Só não consegue explicar porquê. Nem indicar cura. Já vai tarde.

  In Record

Bilhar Grande _ Alberto do Rosário


Benfica

O presidente do Benfica caiu no real. As suas declarações, na semana passada, são o reconhecimento da petulância, da sobranceria e da megalomania que atacaram a Luz quando campeões. Aquele estado de alma, fora da realidade e do bom senso, levou a afirmações que foram pagas com língua de palmo.

As expectativas não podem ser criadas em festejos, são atos de gestão responsável e as palavras não ganham troféus. Com uma nobreza não habitual no futebol, o presidente veio reconhecer os erros. Mas veio tarde, o treinador já tinha afirmado que para o ano seria campeão. Quem nasce incontido, tarde ou nunca se endireita.

O presidente garantiu que vai mudar o rumo e, para isso, vai delegar menos. Na gestão desportiva, todos percebemos que isso significou cartão amarelo ao diretor-desportivo e ao treinador. O presidente abriu, assim, fogo contra os seus, enfraquecendo-os. Sozinho, ou mal acompanhado, não é uma ideia brilhante para enfrentar o ardiloso adversário sediado a norte. No futebol, Lisboa não aprende.
   In Record

maio 18, 2011

Boicote á SIC _ Hoje





Vamos boicotar hoje a SIC durante todo dia, para sentirem na pele quem faz as audiências.

De Águia ao peito _ Luís Seara Cardoso


Nova época com nova vida!


O Benfica descarrilou no último mês competitivo, exceção feita à Taça da Liga. Razões? Várias, com toda a certeza. De resto, já esta semana, o presidente do clube veio a terreiro dar as explicações que achou convenientes ao universo vermelho. Disse tudo? Disse muito e disse bem. Importa é que os seus juízos tenham a devida e urgente aplicação já na próxima temporada.

O Benfica falhou em abril e no começo deste mês de maio? Não. O Benfica falhou, sobretudo, no começo da época. É verdade que foi fustigado por arbitragens deploráveis, mas também é verdade que ficou muito a dever ao futebol que, indiscutivelmente, acabou mesmo por patentear nos meses de janeiro, fevereiro e março, altura em que criou legítimas expectativas, mas os troféus não se perderam agora, perderam-se em agosto quando fizemos, talvez, a pior gestão de plantel da nossa história recente, quiçá por excesso de confiança, mas também por alguma incompetência e endeusamento sem sentido do plantel por alguns jornais que apenas serviu, mal, para convencer os jogadores, dirigentes e alguns adeptos menos atentos.

O Benfica verdadeiro é o do início do ano civil. Com Salvio, com Gaitán, com os demais jogadores. O problema é que, quando falta um ou outro dos indispensáveis jogadores, a equipa oscila em demasia. Luís Filipe Vieira, ele próprio, já o disse. Jorge Jesus não enveredou pelo mesmo caminho, mas certamente pensará de forma semelhante à do presidente e do grosso da nação benfiquista.

E agora? A temporada terminou. Falta apenas um jogo, em casa, para ganhar. Um jogo que bem pode servir para uma despedida suscetível de projetar a nova época. Mais bem concebida, mais bem organizada, mais bem vivida. Com Jorge Jesus? Certamente, com Jorge Jesus. E a promessa do título? Quem é o treinador, num clube como o Benfica, que não promete o título nacional? Para mais Jesus, que em somente duas temporadas, arrecadou um cetro nacional. Venha, então, o novo ano. E a convicção de que haverá Benfica. Muito Benfica. Melhor Benfica…

   In Record

maio 17, 2011

O Voo da Águia_ Marta Rebelo



Meio Jesus

A época 2010/2011 termina vagarosamente penosa nas pernas dos nossos jogadores e com três golos da U. Leiria na nossa baliza. Apesar das declarações “oficiais” à Benfica TV, Fábio Coentrão despediu-se de camisola atirada à claque e mão no peito agarrada ao símbolo do glorioso. E Nuno Gomes terá feito – assim quis frisar Jesus – o seu derradeiro jogo. Roberto continua “lesionado”, e parece que vai colecionar frangos e perus de volta para Espanha: Artur deve estar de viagem marcada para a Luz. Esta época não gostei de ter razão no que respeitou ao Benfica, porque ter razão foi ver a temporada muito perdida com a Supertaça dada de bandeja ao FCP, o campeonato errante à quarta jornada, a Champions desdenhada contra um tal de Hapoel lá para dezembro e as esperanças do Jamor e de Dublin estraçalhadas numa semana. E agora?

Diz-nos o presidente Vieira que continuamos com Jesus, mas já só é meio Jesus: aquele com quem ele decidia grandes marcos da vida futebolística do clube, às tantas da noite, sem Rui Costa saber, já não será o treinador do glorioso em 2011/12; ficamos agora com o Jorge Jesus que se conforma com as decisões da estrutura de futebol, que (aparentemente) vai ser reforçada? Tenho sérias dificuldades em levar esse JJ a sério, quando desmente a saída de Roberto e chegada de Artur. Porque esse é também o treinador campeão que se contentou com uma equipa que era “insuficiente”, nas palavras do Ppresidente Vieira.

Precisamos de férias. A equipa de reencontrar ânimo e reforços sérios. A estrutura de reestrutura e dia 14 de Agosto entrarmos em campo, 6 milhões e muitos, certos de que em 2012 há títulos – e não falo da Taça da Liga. E aqueles que esta temporada foram dizendo que eu nada percebo de bola e só digo disparates, precisam de parar de olhar para o umbigo ou para as diretrizes da direção.

 In Record

maio 16, 2011

Por força da lei _ Ricardo Costa


Made in Portugal

A próxima semana junta numa final europeia duas equipas portuguesas. Inédito. Uma das grandes vitórias do futebol português é também o triunfo do treinador português: as duas equipas vão subir ao relvado com equipas técnicas nacionais. É o triunfo da “nossa escola” e da evolução clara dos respetivos métodos: no treino, na motivação, na prospeção e na estratégia. É o culminar da evolução da última década. Que assentou no estudo científico, no processo analítico, na criação do conceito de “identidade” de equipa. Que percebeu como se treinava, por ex., no basquetebol ou no andebol. Que foi aprender com as melhores escolas e usa integralmente a informação que tem ao seu dispor. Com o jogo da próxima 4.ª feira, Domingos Paciência e André Villas-Boas marcam uma geração e sinalizam a evolução pós-Mourinho.

Dizem alguns que a fronteira foi a chegada de Eriksson na década de 80, há 30 anos atrás. É injusto para Fernando Vaz e José Maria Pedroto, mestres na sua época; responsáveis pela emancipação do receio e do complexo de inferioridade. Ou, antes, Béla Guttman e Otto Glória – também estrangeiros que abanaram o “estado da arte”. Mas tivemos Mário Wilson, Manuel José, Artur Jorge e Carlos Queiroz. E ex-jogadores, como Alves, Pacheco, Oliveira e Fernando Santos. Cada um com as suas idiossincrasias e sucessos. Todos eles fizeram o caminho do reconhecimento do treinador português e preparam a chegada dos “novos”. Pelo caminho ficaram alguns que seriam o “novo Mourinho”. Como muitos jogadores ficaram pelo caminho porque seriam o “novo Eusébio”.

O que mais importa agora é ver que há uma forma portuguesa de treinar. Se quisermos, uma “marca”. Que dá cartas por esse Mundo fora. E não me venham com o argumento de que não é na Europa ou na América do Sul. Pois na Europa vão estar, na final da Liga Europa, dois treinadores cá do burgo! Como se verá a muito curto prazo, o percurso de Mourinho pode ter réplicas na Europa mais competitiva, mesmo que não seja no Chelsea, no Inter ou no Real Madrid. O “treinador português” conhece, estimula, tem liderança, tem confiança e aprendeu a fazer equipas com o que lhe podem dar. 4.ª feira mostrará que é tão bom ou melhor que os melhores!

Por isso é tão urgente acabar com a situação de “vazio legal” e dar enquadramento claro ao técnico desportivo: nas relações laborais com os clubes, no usufruto dos seus “direitos de imagem”, na contratualização do seu “know-how”. Para já não falar no estatuto de plena maioridade da sua posição para com as federações e as ligas e na constante preocupação que deve merecer a sua formação e reciclagem. A FPF tem dado um bom exemplo, como tive oportunidade de comprovar nos últimos anos, com o trabalho de Arnaldo Cunha. Que deve ser aproveitado e continuado. Pois, como já escreveu Manuel Sérgio, não há nenhuma razão para sermos “colonizados” por quem vem de fora!

P.S. – Esta semana lembrei-me de Martin Luther King: “O mais preocupante não é o grito dos que não têm crédito nem ética. O mais preocupante é o silêncio dos bons.”

 In Record

Marco Fortes vence lançamento do peso


Marco Fortes venceu este domingo o concurso do lançamento do peso do meeting de Belém do Pará, no Brasil, ao terminar a competição com 20,32 metros.

Fortes bateu claramente o argentino German Lauro, que marcou 20,09 metros e foi segundo, enquanto o cubano Carlos Véliz ficou na terceira posição, com 20,02m.

O atleta do Benfica, que no seu quarto lançamento conseguiu a sua sexta melhor marca de sempre, fez mais dois ensaios acima dos 20 metros - 20,11 no terceiro e 20,12 no quinto.

O outro português presente no meeting, o sportinguista Edi Maia, foi quarto no salto com vara, com 5,20 metros, em prova ganha pelo brasileiro Lázaro Borges, com 5,70m.

In CM

Email Aberto _ Domingos Amaral



Bruxas

From: Domingos Amaral
To: Pinto da Costa

Caro Pinto da Costa
Ao contrário de muitos, a mim não me dá nenhum entusiasmo especial saber que a final da Liga Europa será entre duas equipas portuguesas. Não vejo qualquer razão para desejar os sucessos, desportivos e financeiros, dos meus principais adversários. Tenho mesmo muita pena que um dos finalistas não seja uma equipa estrangeira, para eu poder torcer por ela. Assim, vejo-me num estranho limbo, um limbo de resolução impossível. Entre Braga e FC Porto, eu preferia que ambos perdessem e nenhum ganhasse.

Como o senhor muito bem sabe, ainda está para nascer o adepto do FC Porto que queira que o Benfica ganhe uma final europeia. Se estivesse o Benfica na final, e não as outras equipas que lá estão, jamais os adeptos do FC Porto torceriam por nós, mesmo que fosse contra uma equipa estrangeira. Portanto, é natural que o senhor compreenda muito bem que eu não queira a vitória da sua equipa na quarta-feira. 

 In Record

maio 15, 2011

Aqui á Gato _ Miguel Góis


Todos mamavam

Não sei bem porquê, mas, quando alguém refere o facto de Pinto da Costa ser o dirigente com mais títulos do Mundo, isso lembra-me sempre aqueles taxistas que não se cansam de nos lembrar de que no tempo de Salazar quase não havia criminalidade. Suponho que aquilo que me choca nos dois casos é a total descontextualização.

Contextualizemos então, pelo menos uma dessas situações: esta semana, veio a público uma gravação em que Jacinto Paixão, depois de uma longa carreira na arbitragem, dá a sua primeira contribuição para a verdade desportiva. Na sequência das suas declarações, o país ficou boquiaberto por ouvir falar de viagens pagas a árbitros através da Agência Cosmos, de favores sexuais em troca de resultados adulterados, e de jantares de António Garrido com elementos de equipas de arbitragem. Em rigor, a afirmação mais duvidosa do vídeo é a de que o processo Apito Dourado poderá vir a ser reapreciado pela justiça portuguesa. “E agora? Será que a justiça vai, finalmente, agir?” Esta é fácil. A resposta é, obviamente: sim, até porque o Pai Natal e o Coelhinho da Páscoa entretanto chegam a Portugal e envolvem-se pessoalmente na causa.

Mas o principal mérito da gravação é oferecer-nos a possibilidade de ver como aqueles que até hoje acusavam os outros de terem teorias da conspiração em relação aos campeonatos conquistados pelo FC Porto conseguem eles próprios tecer maquinações notáveis. Repare-se, dizem eles, que Jacinto Paixão diz “ex-árbitro” e, em 2004, ainda apitava. Note-se também que ele parece estar a ler. Assinale-se, já agora, que a gravação veio a público na semana em que a justiça deu mais uma vitória ao FC Porto. Fica-se a saber, pois, que é impossível dizer a verdade em 2011, enquanto se lê um texto previamente escrito, e sobretudo numa semana em que o FC Porto vence um processo em tribunal.


In Record

Juvenis _ Campeões Nacionais




Triunfo sobre FC Porto no jogo decisivo

O Benfica venceu este domingo o FC Porto por 1-0 sagrando-se, assim, campeão nacional de juvenis, amealhando 16 pontos na 3.ª fase do campeonato.

Hélder Costa foi o marcador do único golo da partida (53'), disputada no Caixa Futebol Campus, no Seixal.

O FC Porto terminou o campeonato em 2.º lugar, com 10 pontos.



In Record

Tempo Útil _ João Gobern



No tom e na hora

Com o passar do tempo, com os tristes espetáculos a que assisti no que toca à tortura e ao desperdício das palavras, tornei-me um adepto convicto em defesa dos que só falam quando têm algo a acrescentar. Ou a inovar. Ou a salvaguardar. As principais culpas para esta desconfiança face aos fala-barato, empossados em vendedores da “banha da cobra”, como se dizia noutras eras, não moram sequer no mundo do futebol – basta verificarmos a diária enxurrada de disparates que a política nos vai assegurando para termos a certeza que mesmo os mais palradores dirigentes desportivos são meninos de coro se tomados em comparação.

Acontece que, neste final de época, de epopeia para o FC Porto e para o Braga, de naufrágios (diferentes, ainda assim) para Benfica e Sporting, toda a gente – leia-se: presidentes – tem falado. Ora não deixa de ser curioso que aqueles que vêm dando boa conta de si são sobretudo os perdedores. Vejamos: António Salvador, incapaz de prever o arranque final de Domingos Paciência, deixou que ele se escapasse. Não vai ter o futuro facilitado depois das duas épocas que o antigo artilheiro rubricou por terras minhotas. Mais: foi ele quem primeiro levantou o véu sobre a partida do técnico, ainda antes de resolvida a questão do terceiro lugar e, sobretudo, antes de disputada a final da Liga Europa. Pinto da Costa, igual a si próprio quando chega a temporada de almoços e jantares, voltou a falhar rotundamente a hipótese de ser magnânimo, ao recuperar – ainda?! – o “campeonato do túnel”. Parecem, sobretudo com André Villas-Boas e outros em alta na estrutura portista, começar a faltar-lhe razões para prolongar um consulado a que já acrescenta pouco, no humor ou na magistratura de influência.

Godinho Lopes ganhou por falar claro: primeiro, ao exortar os adeptos do clube a que preside a alegrarem-se mais com vitórias próprias do que com desaires alheios (no caso, os do Benfica). Falou na verdade desportiva, sem o receio atávico dos seus antecessores. E foi direto: o quarto lugar será um fracasso, já do seu mandato.

Finalmente, Luís Filipe Vieira esclareceu os seus: não haverá instabilidade quanto ao treinador e não deverá voltar a haver bravatas e vitórias “antecipadas”. Fez bem, no tom e na hora, o mea culpa que se impunha depois de uma época que, após tantos voos iminentes, acabou em queda livre. Mas deixou, em contraponto, uma ideia de firmeza que, como o próprio admitiu, poderá não agradar a todos. Casou-a com algo que pode ajudar a fazer a diferença, sobretudo se todos os que trabalham sob a sua orientação e responsabilidade, o seguirem em uníssono – a humildade, que só fica bem a quem perde. Como ficaria bem a quem ganha, mas isso seria pedir de mais.
In Record

E agora .................a justiça funcionará ?

maio 13, 2011

Espionagem. Emails do Benfica podem chegar ao FC Porto?


Dirigentes temem que informação confidencial seja passada ao rival. Contrato com a Sportinveste não é renovado

Alguns sócios do Benfica receberam na terça-feira nos seus emails, alegadamente por engano, uma newsletter com conteúdos do FC Porto. Poucas horas depois, o clube da Luz anunciava que iria processar judicialmente a Sportinveste Multimédia, empresa responsável pela gestão do site e distribuição do correio electrónico das águias. Este episódio veio agravar uma suspeita que, sabe o i, tem sido mais ou menos comentada nos últimos dois anos entre dirigentes e funcionários do Benfica: a de que as caixas de correio electrónico possam estar a ser consultadas no exterior. "A Sportinveste gere o site e os servidores de email de Benfica e FC Porto, portanto, daí a suspeita de que os nossos rivais possam ter acesso a informação confidencial", disse ao i fonte encarnada.

A desconfiança benfiquista deve-se principalmente aos assuntos relacionados com o futebol. Fonte do clube confirmou ao i que Rui Costa, director desportivo, era um dos responsáveis que mais preocupações exibia sobre este assunto, já que nos seus emails troca correspondência relativa às contratações do Benfica. Ou seja, a suspeita instalou-se na alta cúpula dirigente do clube e conheceu dois momentos agravantes. Primeiro, na pré-temporada 2009/10, quando o FC Porto concretizou os negócios de Falcao e Alvaro Pereira, dois jogadores que estiveram muito perto de assinar pelas águias, situação que deixou os responsáveis encarnados apreensivos. Depois, com o erro desta semana. "Se a Sportinveste falhou desta maneira, quem nos garante que não irá fazer pior até Novembro [quando termina o vínculo com o Benfica], quando já é público que o contrato não vai ser renovado?", questionou fonte das águias. Por outras palavras, na Luz teme-se que, se alguns emails estiverem a ser vigiados, estes últimos cinco meses com a Sportinveste, possam significar uma maior fuga de informação para o rival. O proprietário da Sportinveste (além da Olivedesportos e Sport TV) é Joaquim Oliveira - amigo de Pinto da Costa e de Luís Filipe Vieira - e personalidade conotada há muito tempo com o FC Porto. E se as alegações difícilmente dariam para um filme do James Bond, chegam pelo menos para manter as cabeças de alguns dirigentes encarnados ocupadas com contos de espionagem.

Fonte oficial do Benfica ontem contactada pelo i acabou por confirmar a desconfiança, mas também procurou desvalorizá-la, salientando que a decisão de rescisão do contrato se deve principalmente a questões de operacionalidade: "O Benfica é que vai passar a fazer a gestão do site. Demoram muito tempo a colocar a nossa informação online". A violação da confidencialidade de um endereço de email é grave mas também, numa situação como esta, difícil de provar. Por isso, sabe o i, as águias nunca apresentaram qualquer queixa junto das autoridades competentes.

Sem explicações Após o erro de envio das newsletters, a Sportinveste Multimédia (SM), que também gere o site do Sporting, não fez qualquer comunicação pública sobre o sucedido. O i questionou a empresa sobre a falha e procurou saber mais informação sobre a segurança dos endereços de email, mas não obteve resposta até ao fecho da edição. Seguindo as pisadas, na Internet, consegue-se saber que o responsável técnico da Sportinveste pelos domínios de Benfica e FC Porto é a mesma pessoa. Os emails dos dois clubes estão alojados em servidores geridos pela SM, o que por si não prova nada. "Benfica e Sportinveste Multimédia têm o mesmo endereço IP [uma espécie de morada virtual], o que significa que o servidor é o mesmo. Mas num caso como este, seria difícil ter provas de que alguém acedeu a emails do Benfica. Os computadores guardam registo das operações efectuadas, mas admitindo que alguém dessa empresa poderia conseguir aceder ilegalmente aos emails, só a PJ poderia provar", esclareceu ao i um especialista informático.


Jornal i

maio 11, 2011

O Voo da Águia_ Marta Rebelo


Plano 2011/12

A época 2010/11 ainda merece comentário. Mas hoje quero ação e a cabeça de Jesus, que peço há meses. Parece que a dita orça entre 7,5 M€. Mas quem dá 8,5 M€ por um Roberto que teremos de emprestar, não dá 7,5 milhões em nome do regresso à glória?

Um plano para a época 2011/12: reforçar a estrutura desportiva, em frangalhos; chamar Rui Vitória para o nosso banco – dir-me-ão que ainda lhe falta mais do que uma época de traquejo, mas que belo trabalho fez nos juniores; um preparador físico decente. Depois, o plantel, 11 e 2.ªs opções: (1) Roberto emprestado a Espanha, e desembolsamos uns 4 M€ por Artur (SCB) mantendo Moreira e Júlio César. (2) Ao centro, Luisão é indiscutível mas Jardel não: vamos transformar Roderick de esperança em efetivo. (3) Na ala esquerda não há ilusões: Coentrão quer sair.

Encaixamos 30 M€, Carole tem 19 anos e pode vir a ser jogador da bola, mas falta-me um defesa-esquerdo – não sei que pensar de Taiwo, do Marselha. Gaitán mantém-se a extremo e Urreta regressa, com Peixoto dispensado. (4) À direita renovação com Maxi já! E vamos buscar o Sílvio. À frente não podemos dar-nos ao luxo de perder Salvio, apesar de as segundas opções de luxo: Ruben Amorim, Martins e Nolito das canteras do Barça. (5) Javi García é o trinco e Airton substitui e complementa. (6) Pablito Aimar não pode voltar já à Argentina, mas dadas as suas limitações físicas, precisamos de boas opções. David Simão e os seus 20 anos, é uma excelente aposta. Uma sub-hipótese: trazer Gaitán para o centro, que lhe é natural, e Reyes à Luz. (7)

E Saviola? Não pode ir, mas não pode ficar como está: Jara abandona a versatilidade exacerbada e, com grande rotação nesta posição de 2.º avançado na pré-época, faz-lhe as vezes. (8) Por fim, vendia Cardozo. Sem dó nem piedade. Trazia Nélson Oliveira, Neira, do Panathinaikos, ou mesmo Lisandro, do Lyon, com uma parcela dos 30M€ que as saudades de Fábio nos deixarão. E vencemos a Liga e as Taças.
   In Record

Crónica de João Malheiro



Que vermelho?

O FC Porto repete, o Benfica remete, o Braga promete. O FC Porto regressa a uma final europeia, após um trajecto absolutamente notável. O Benfica frustra expectativas, depois de um mês com atribulações múltiplas. O Sporting de Braga agita louvores no seguimento de três eliminatórias formidáveis.

O FC Porto é confirmação, o Benfica é desilusão, o Braga é sensação. O FC Porto tem protagonizado a melhor temporada do seu historial. O Benfica tem claudicado nos momentos decisivos. O Braga tem revelado sabedoria nos despachos capitais.

O FC Porto passeia, o Benfica arreia, o Braga devaneia. O FC Porto quase só sabe ganhar, o Benfica quase não sabe ganhar, o Braga ganha quando tem que ganhar. O FC Porto tem tido um ano conforme, o Benfica tem tido um ano disforme, o Braga tem tido um ano enorme.

O FC Porto encanta, o Benfica desencanta, o Braga canta. O FC Porto encanta na excelência das suas últimas exibições. O Benfica desencanta na oscilação das suas últimas prestações. O Braga canta na melopeia das suas últimas realizações.

O FC Porto já venceu e tem mais para vencer. O Benfica já perdeu e não tem mais para perder. O Braga pode vir a perder, só que já venceu. O ano, doméstico e europeu, com excepção da Taça da Liga, ganha de forma competente e justa pelo Benfica, termina colorido de azul e de vermelho… de Braga.

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