abril 30, 2011

Contra a Corrente _ Leonor Pinhão




Uma grande apreensão

O Benfica ontem não teve pernas para o rival. Só a ideia de poder vir a jogar a final da Liga Europa com este FC Porto deixa nervosos os Benfiquistas.

No dia em que o Sporting foi ao Dragão perder o jogo e a confiança na generosidade da aliança estratégica que vem mantendo com aquela casa, o presidente do FC Porto, rebaixando o Sporting à condição de grémio inapto, traçou um tão curioso quanto revelador paralelismo entre as carreiras de José Mourinho e de André Villas Boas.

Disse Pinto da Costa: «José Mourinho chegou a ter um pré-contrato com o Sporting e depois, devido à pressão da claque, o compromisso falhou. Curiosamente, o André Villas Boas também teve um pré-acordo assinado com o Sporting, no tempo do Costinha, mas
depois foi anulado.»
Objectivamente, não se tratam de grandes e impensáveis novidades. O fugaz entendimento de Mourinho com o Sporting já tinha sido exposto em público em devido tempo pelo próprio Luís Duque, que foi quem teve a ideia e está hoje de regresso ao comando
do futebol dos verdes e brancos.
Quanto ao não menos fugaz entendimento de Villas Boas com Alvalade, isso sim, é de algum modo a confirmação do que se suponha ter acontecido na Primavera de 2010 quando o jovem treinador dava os primeiros passos da sua carreira a solo em Coimbra e, num
gesto com pouco de original mas com muito de filial, oferecia o seu sobretudo à claque Mancha Negra nos festejos pela manutenção da Briosa no primeiro escalão do nosso futebol.

Sobre este acordo entre Villas Boas e Costinha residiram sempre algumas dúvidas, muito por força do estrepitoso desmentido que o próprio Villas Boas haveria de fazer, não se inibindo de chamar de «palhaços» aos jornalistas que, afinal bem informados, se propuseram a dar a notícia. 
Entretanto passou-se um ano inteiro e temos agora o jovem treinador do FC Porto já laureado com o título de campeão nacional, de vencedor da Supertaça interna e com o estatuto de ultra-favorito na corrente edição da Liga Europa. Naturalmente, Villas Boas 
desperta o interesse de clubes estrangeiros de nomeada e passou a ter um nome com créditos para a imprensa internacional.

Na semana passada foi noticiado o interesse do Liverpool nos seus serviços e esta semana os jornais italianos garantem que o consórcio norte-americano que comprou a Roma quer o português já para o ano no Estádio Olímpico. Villas Boas já disse que é adepto do FC
Porto e que está bem onde está.
E, por enquanto, ainda não chamou palhaço a ninguém.
O que também é de assinalar.

O FC Porto-Sporting de domingo saldou -se pela 15. ª vitória consecutiva dos novos campeões em jogos a contar para a Liga que acabam de vencer. O percurso do FC Porto tem o seu mérito mas também tem muita ajuda abençoada.
No domingo foi Soares Dias que não viu, nos últimos instantes do jogo, Rolando jogar a bola com a mão depois de ter perdido o equiIíbrio e por isso mesmo, em queda acidental, Rolando não quis perder a proximidade com a bola e deu-lhe um jeitinho com a mão.

Aliás não é a primeira vez nesta Liga que o mesmo Rolando tem o seu momento de andebol na área no Funchal, com o Nacional ainda menos dúvida ofereceu o seu gesto e os árbitros sempre mandaram seguir porque não estão para aborrecimentos, o que se compreende.
E até é caso para se dizer que se o Rolando ainda jogasse no Belenenses, já o Belenenses tinha descido mais uma vez de divisão porque, com um central deste quilate a enterrar a equipa, a vida ainda estaria mais difícil para o histórico do Restelo.

abril 26, 2011

Contra a Corrente _ Leonor Pinhão



Pela primeira vez ouvimos Antero sem ser nas escutas da Polícia Judiciária

O FC Porto está-se nas tintas para a arbitragem no último clássico mas, pelo
contrário, está muito empenhado no nível da que há-de ter na Luz no próximo jogo.


Com Pinto da Costa na qualidade de assistente com lugar na primeira fila da plateia, Antero Henrique deu-se finalmente a conhecer ao País para denunciar os quinze erros cometidos pelo árbitro Duarte Gomes, erros que lesaram o FC Porto não impedindo, contudo, a vitória dos novos campeões nacionais no Estádio da Luz.Do ponto de vista dos seus interesses, foi bem jogada esta iniciativa política do FC Porto que, a falar verdade, se está perfeitamente nas tintas para o Duarte Gomes e para o observador da Liga posto em causa. Mas que não se está nada, mas mesmo nada nas tintas, para o Benfica- FC Porto da meia-final da Taça de Portugal e para o árbitro e para o observador que irão estar na Luz na próxima quarta - feira.Antero Henrique é director-geral da SAD do FC Porto e está longe de ser aquilo a que se convencionou chamar uma figura mediática do universo portista. Até à última segunda - feira, Antero Henrique era praticamente um desconhecido do grande público.

E, por essa razão, a conferência de imprensa no Estádio do Dragão constituiu um momento histórico do regime. Pela primeira vez, todos tivemos a possibilidade de ouvir Antero Henrique falar sem ser nas educativas escutas da Polícia Judiciária.

Fernando Oliveira, o presidente do Vitória de Setúbal, está ofendido com o Benfica. Chega mesmo a insinuar que Jorge Jesus fez o que estava ao seu alcance para não ganhar o jogo com a Naval 1.º de Maio, o que atrapalha um bocadinho as contas do Vitória tendo em vista o seu legítimo propósito de manutenção na Liga principal. Parecendo não confiar muito na capacidade da sua equipa, que luta honestamente para não descer de divisão, o presidente do Vitória de Setúbal conhece bem o regime em que se vive e entendeu, a quatro jornadas do fim da prova, ser este o momento ideal para se indispor contra o Benfica.

E, consequentemente, fazer-se bem visto e estimado no Estádio de Dragão, recolhendo, de imediato, o elogio de Pinto da Costa, que lhe há-de valer de muito como teremos
oportunidade de comprovar.

Como convém, o presidente do Vitória de Setúbal não se limitou a condenar o Benfica como se esmerou em elogios ao FC Porto e ao seu treinador André Villas Boas, a quem
apelidou de «homem com H grande» porque, apesar de ter apresentado em Portimão uma equipa desfalcada de inúmeros titulares habituais, ganhou o jogo aos algarvios que lutam com o Vitória pela manutenção.

Triste e errada ideia esta de Fernando Oliveira pois, apesar de ser um dirigente experiente, parece acreditar que serão fenómenos do outro mundo a decidir quem desce
e.não desce à Liga Orangina. E, pelo sim pelo não, resolveu pôr-se a coberto nesta fase final da prova. Mas a coberto de quê e de quem?

Todos temos por certo que o presidente do Vitória de Setúbal é um homem ajuizado, em determinadas circunstâncias. Jamais se atreveria a espalhar -se ao comprido acusando, por exemplo, o guarda- redes do Portimonense, o jovem Ventura, de ter consentido de propósito aquele bonito golo de Hulk com o intuito de prejudicar a vida do Vitória.

E registe-se a contenção de Fernando Oliveira porque, na primeira volta do campeonato, quando o Vitória foi ao Dragão e Jailson, já em período de descontos, foi obrigado pelo
zelota Elmano Santos a repetir o pontapé de grande penalidade que daria o empate ao Vitória, o presidente dos visitantes nem se atreveu a discutir a decisão do árbitro.

O Voo da Águia_ Marta Rebelo



Vitamina TL, Rui?
Rui, este Benfica, que viste perder a hipótese de jogar no Jamor, contra o eterno rival, terá argumentos contra o SCB? Viveste, como o presidente Vieira, o teu pior dia enquanto dirigente do Benfica? Está na hora de voltares a ser maestro e como fazias, exímio, a distribuir jogo. Agora fora de campo.

Rui, ver as chuteiras amarelas do Hulk pisar o relvado da Catedral e o coração benfiquista amachucou o sonho europeu. Já não sei se vamos a Dublin; a Taça da Liga sabe-me a tão pouco; a humilhação da Liga foi reavivada. E agora, Rui? Continuamos a contar com Jesus, que tantos sustos nos tem motivado – tantos que até o presidente Vieira, que o defende com o arsenal todo, foi ao balneário dar 1 M€ aos nossos jogadores para ver se ganhávamos? É que por 2,4 M€ por época, há quem faça melhor, Rui. A nossa baliza vai continuar entregue ao galego, Rui? No sábado o Moreira foi o Homem do Jogo. Digo há anos que é ele o homem das nossas malhas (e Júlio César, que contra o FCP fez a defesa da vida dele?), e não põe ovos de 8,5 M€ nem construiu um aviário industrial entre a estátua do Rei Eusébio e o Media Center para guardar a frangalhada e os pontos fundamentais que nos perdeu, Rui. Como é que tu vês a implicância que Jesus arranjou com o capitão Nuno Gomes, teu companheiro de relva? Como é que tu vês a apatia e as vaias ao Cardozo, que segura mais a defesa adversária do que é ponta-de-lança? Como é que vês a preparação desta época, sem estratégia? Foi o Roberto, o Benquerença ou a nossa má entrada, com um JJ que nunca havia voado tão alto, que explicam chegarmos a maio e estar a escrever-te de coração benfiquista nas mãos, todo dorido?

E em 2011/12, Rui? Vais deixar escapar-nos o Salvio? E o Coentrão, são Carole ou Peixoto substitutos à altura? Dá-nos o campeonato, Rui. Dá-nos jogo para agarrarmos os cachecóis em lágrimas, subirmos ao Marquês porque somos os melhores de Portugal. Sem rival, diz o hino. Porque em Coimbra, Rui Costa, o Benfica foi uma equipa humilde. O meu Benfica é um clube glorioso.

Rui, leva-nos a Dublin. Leva-nos com rumo ao fim do Mundo.

 In Record

Email Aberto _ Domingos Amaral



Competência

From: Domingos Amaral
To: Sócios do Benfica

Caros sócios do Benfica
Depois das quatro coças que levámos este ano do FC Porto, está na altura de metermos na cabeça que só no dia em que formos todos (direção, treinadores, jogadores e adeptos) mais competentes e eficazes que eles, é que vamos voltar a ser o clube mais forte de Portugal. Neste momento, são eles. Isso acontece não apenas porque têm a melhor equipa no presente, mas sobretudo porque, nos últimos vinte e tal anos, criaram uma “cultura” de competência e eficácia em tudo o que faziam.

Aproveitaram melhor treinadores que os outros não souberam aproveitar (Robson, Oliveira, Mourinho ou Jesualdo); descobriram primeiro novos talentos (Artur Jorge e agora Villas-Boas); “roubaram” jogadores que eram de outros mas só ali explodiram (Futre, Deco, Maniche, e no presente Varela e Moutinho); desviaram para lá talentos que outros quase contrataram (Jardel e hoje Falcão ou Alvaro Pereira); compraram quase sempre melhor (Pepe, Hulk, Lucho, Lisandro, etc.); e venderam quase sempre melhor (a lista é grande). Portanto, no lado bom e bonito do futebol, foram mais competentes e eficazes.

E também o foram no lado mau e sinistro do futebol. O FC Porto é mais competente e eficaz que os outros no submundo e nas manigâncias, nas pressões aos árbitros e na manipulação da Liga, na fúria das claques e nos cânticos selvagens, nas pedradas e na criação de medo nos outros.

Em 30 anos, foram quase sempre mais competentes e eficazes, tanto a fazer o bem como a fazer o mal. É por isso que ganham mais vezes. Enquanto não reconhecermos esta verdade, e não trabalharmos melhor que eles, eles continuarão alegres e nós tristes. Perder custa muito mais quando não se percebe porquê.

 In Record

Por força da lei _ Ricardo Costa



As sessões da FPF

Chegado ao fim o período de um ano de suspensão da utilidade pública desportiva da FPF, o Secretário de Estado do Desporto (SED), ainda que gestionário, comunicou à Federação que pretende renovar por mais um ano essa suspensão. Antes de uma nova sessão das intermináveis assembleias gerais da FPF, o SEJ, não tendo na mão estatutos em conformidade com o Decreto-Lei 248-B/2008 (regime jurídico das federações), opta pela solução mais benigna, já que, legalmente, podia já avançar para o cancelamento da utilidade pública. De todo o modo, aguardará por nova tentativa de “fechar o assunto”, marcada para o próximo dia 30 de abril, depois de a reunião do dia 19 de Março não ter sido integralmente bem-sucedida.

De acordo com a imprensa, para além da aprovação na generalidade e da esmagadora maioria das especialidades, três preceitos não recolheram em Março a maioria necessária para “passarem” para os novos estatutos.

Um deles dizia respeito à eleição do Conselho de Arbitragem e do Conselho de Disciplina (as “estrelas” da companhia…) de acordo com o método proporcional de distribuição de mandatos em órgãos colegiais, a global invenção do professor belga Victor D’Hondt. Essa “reprovação” é absolutamente indiferente, uma vez que a consagração de tal método não depende da inserção nos estatutos. Estar ou não estar pouco importa, já que se aplica sempre a norma imperativa constante da lei: “Os órgãos colegiais mencionados no número anterior [Conselho Fiscal, Conselho de Disciplina, Conselho de Justiça e Conselho de Arbitragem] devem possuir um número ímpar de membros, os quais são eleitos de acordo com o princípio da representação proporcional e o método da média mais alta de Hondt na conversão dos votos em número de mandatos” (art. 33º, 3, DL 248-B/2008). Logo, matéria resolvida por natureza e independente de qualquer rejeição. Sobram duas prescrições.

Essas outras duas regulam (i) o número de delegados que, por eleição e designados por inerência, compõem a assembleia geral da FPF e (ii) o número máximo de delegados que são eleitos. Ora, aqui sim, a pronúncia estatutária é imprescindível. Veja-se o art. 35º, 1, do DL 248-B/2008: “A assembleia geral é composta por um mínimo de 30 e um máximo de 120 delegados, nos termos estabelecidos nos estatutos da respetiva federação desportiva de acordo com os princípios constantes do presente decreto-lei.” E ainda o art. 37º, que atribui aos estatutos (ou a regulamento federativo) a faculdade de conferir aos associados da FPF o direito de designar um delegado por inerência na assembleia geral.

Oimpasse está aqui: a eleição e a representatividade dos delegados. Logo, é preciso aprovar essas duas “matérias-quadro”, desde logo para que os restantes pormenores do hemisfério dos delegados possam ser explicitados através do Regulamento Eleitoral. O tal que está para discussão e votação no próximo dia 30 de abril. E que estará a ser “cozinhado” no lume dos “superiores interesses do futebol”. Sem que se esqueça, já agora, que, mesmo com disciplina férrea, cada delegado no futuro da FPF vai ser dono do seu votinho...


 In Record

abril 24, 2011

Aqui á Gato _ Miguel Góis


Razão e coração

Irritabilidade, depressão, suores frios… Ninguém me convence de que, quarta à noite, não me chegou a andropausa. Outro sintoma de que padeço desde essa altura é uma atenção inaudita a minudências: por exemplo, uma vez que o FC Porto está a usar regularmente o nosso estádio como salão de festas, não se lhes deveria começar a mandar a fatura? Enfim, até podíamos aproveitar para mostrar que ainda nos lembramos dos preceitos que se cumprem na tesouraria das Antas desde a viagem de Carlos Calheiros e mandar-lhes a fatura em nome de “Sport e”, de modo a não se identificar facilmente o prestador de serviços.

Quem me conhece, sabe que sou um indivíduo bastante pacífico – como todos os lingrinhas, que não têm jeito para a porrada. Por exemplo, não pratico nenhuma arte marcial. (Se praticasse, escolheria o judo, porque é uma arte marcial em que se aprende a usar em nosso favor a força do adversário e, em rigor, essa é a única força com que eu posso contar.) Mas, neste momento, recusar uma guerra aberta com o FC Porto não é só uma questão ética – é uma questão de inteligência. Toda a gente já percebeu que a estratégia de Pinto da Costa passa por inventar inimigos, como forma de motivação da sua equipa. Vestir a pele de inimigo – apagando a luz durante os festejos dos jogadores portistas, ou colocando no sistema de som do estádio o refrão “Cheira bem/Cheira a Lisboa” – é um favor que lhe fazemos.

Alguns adeptos benfiquistas responderão: “Mas o Benfica não é o Gandhi.” Talvez seja altura de lembrar que Gandhi ficou na história justamente por, sem abdicar da sua identidade e dos seus princípios morais, ter conseguido vencer os seus adversários. O Sport Lisboa e Benfica, por este caminho, arrisca-se a não conseguir nem uma coisa, nem outra.

 In Record

abril 22, 2011

Tempo Útil _ João Gobern



Contas na mesa

A pouco mais de um mês de se jogar a final da Taça de Portugal, partida que fecha o calendário oficial das principais equipas nacionais, o quadro é distinto para os três “grandes” e para o seu mais recente acompanhante. A contar os dias para as férias está o Sporting, a quem faltam três jogos para começar a exorcizar uma época tão penosa que nem o terceiro lugar parece bem encaminhado. É fácil perceber que adeptos e dirigentes queiram pôr uma pedra sobre o assunto. Quanto aos jogadores, muitos abalarão em maio com um enorme ponto de interrogação sobre as respetivas cabeças – será que voltam?

O Braga enfrenta um mínimo de cinco jogos e um máximo de seis, dependendo da Liga Europa. Apetece dizer que, mesmo que falhe Dublin e não confirme o último lugar no pódio do campeonato, esta será uma temporada inesquecível para clube e apoiantes, tal a cavalgada europeia e tão forte acabou por ser a recuperação a nível interno. O Braga deu um enorme passo em frente para se fixar como o tal quarto “grande”, evitando candidaturas alternativas. O hábito de ganhar e de se transcender começa a estar cimentado. Resta saber quais os custos do recomeço, a confirmar-se a partida de Domingos Paciência.

Ao FC Porto esperam-no, se ambas as meias-finais em que está envolvido correrem mal, um mínimo de seis encontros e, caso contrário, um máximo de oito (três de campeonato, três de Liga Europa e dois de Taça de Portugal). Atrevo-me a dizer que o compromisso está cumprido com a conquista do título, ainda mais se os comandados de Villas-Boas mantiverem a invencibilidade no campeonato e se balancearem para uma diferença de pontos ainda mais assinalável. A Taça de Portugal pode ser um bónus que, sem remissão, atirará o Benfica para horas amargas. Quanto à Liga Europa, seria menos doloroso para os portistas perderem agora com o Villarreal do que chegarem à final e serem derrotados por um dos parceiros lusitanos. Mas e se ganharem, fazendo jus ao favoritismo que lhes dão os apostadores? Será, na íntegra, uma época à Mourinho…

Por fim, o Benfica afina quase pela bitola do FC Porto quanto ao número de jogos, sabendo que tem obrigatoriamente mais um: a final da Taça da Liga já no próximo sábado. A decisiva diferença está nisto: para brindarem esta época e manterem “cara alegre” na próxima, os homens de Jesus não têm margem de erro. Ultrapassar hoje o FC Porto é imperativo de orgulho e, de seguida, amealhar as Taças da Liga e de Portugal. Quanto à Europa, por mais que isso custe a alguns, está obrigado a deixar o Braga para trás. Na final, para não ressuscitar fantasmas, só tem uma saída: ganhar aos novos campeões ou, a perder, que seja com o Villarreal.

O tempo é o mesmo para todos. Os desafios é que mudam. Muito.

 In Record

abril 20, 2011

Estou Envergonhado!!!!!!

Andam a brincar com o meu dinheiro....................

O Voo da Águia_ Marta Rebelo



O 5.º metatarso
 
Depois de três valentes sustos e um sofrimento a lembrar 1988 até aos 44’, o Benfica foi ao balneário de Eindhoven acalmar os nervos para entrar nas quatro linhas reencontrado e vitorioso. Recuperámos de dois sustos: os golos holandeses, marcados nuns desgraçados 15 minutos de total ausência benfiquista. Mas do primeiro de todos, aquele que só depois dos 90’ saberíamos ser o mais grave, vamos ver como recuperamos: a lesão de “Toto” Salvio.

Feita a vingança de Estugarda – pois, ao intervalo homenagearam os “heróis” de 1988, no final da partida os heróis eram outros –, deixámos de ter descanso. Só no campeonato, com as equipas C e D a darem descanso aos guerreiros das Taças. A partir de agora não há margem para erro: 4.ª fazer justiça à vantagem de dois que trouxemos do Dragão; sábado renovar a Taça da Liga em Coimbra; e dia 5 vencer em Braga. Por muitos. Porque, como ouvi dizer a adeptos do SCB, desta feita o árbitro é internacional. Engraçado, diziam isto em jeito de recado para sul: meus senhores, aí no Minho é que fizeram do roubo mister! São osso duro de roer, mas creio que sem invenções de Jesus terminam a meia-final da Liga Europa roidinhos até ao tutano. Só que entre nós e Dublin não está só o SCB. Está uma fratura no 5.º metatarso do pé direito de Salvio. E a nossa ala direita fraturada sem o argentino. Iniciámos a época com uma esquerda problemática, vamos terminá-la com os problemas à direita – tal e qual o país… Que fará Jesus? Amorim está arredado; Martins fez um bom extremo na 5.ª, mas não é a mesma coisa; Gaitán é “móvel” mas para o centro; julgo que a solução está noutro “preferiti” de JJ: Franco Jara.

Ainda que Jesus diga que a rotação na Champions nos permite chegar agora à meia-final, a verdade é que tal é fruto do acaso e não de estratégia. Perdemos a Liga de início e fizemos uma triste figura na Europa, a desperdiçar milhões de euros, prestígio e pontos. Mas se chegarmos ao Jamor, conquistarmos Coimbra e dia 18 pisarmos o relvado em Dublin, esta será uma bela época benfiquista. A eles, rapazes. A eles!

 In Record

Crónica de João Malheiro



Bola Orgulhosa
 
O FMI já está aí. E os nossos responsáveis políticos? Estão aí? Estão, mas não parece. Os governantes parece, isso sim, que não governaram, é pelo menos o que sugere a sua verborreia demagoga. Quem tem culpa do gigantesco apagão que afecta Portugal, da depressão que atinge quase todas as almas lusitanas? Parece que ninguém.

Enquanto isso, da classe política sucedem-se os maus exemplos. Fernando Nobre, sem ponta de nobreza, acaba de aderir à partidocracia que tanto objectou há escassos dias. Fez o mesmo que Lourdes Pintasilgo, em meados dos anos 80, que depois de ter protagonizado uma candidatura independente no Inverno, logo aceitou candidatar-se por um partido na Primavera.

Diz-se mal do futebol? Benfica, Braga e FC Porto estão nas meias-finais da Liga Europa. Só mesmo na bola é que Portugal consegue uma maioria absoluta. E já se deram conta que são três treinadores nacionais os responsáveis por tão marcante desiderato? Jorge Jesus, Domingos Paciência e André Villas-Boas ganharam, com todo o mérito, notoriedade internacional. Ainda há quem diga que a Liga Europa não passa de uma prova menor? É preciso descaramento.

Mas o que é que se passa na Liga dos Campeões? José Mourinho lidera uma equipa técnica portuguesa no Real Madrid e dispõe das melhores soluções de Cristiano Ronaldo, Pepe e Ricardo Carvalho. No Manchester United agiganta-se Nani, segundo Rio Ferdinand “jogador do ano”. E ainda há o promissor Bebé. Chega?... Só mesmo a bola nos engrandece na Europa. O FMI está aí? O futebol daqui, orgulhosamente, não precisa do FMI.


abril 18, 2011

Email Aberto _ Domingos Amaral


A Europa menor
From: Domingos Amaral
To: Michel Platini

Caro Michel Platini
Como muitos portugueses, alegra-me ter 3 clubes nas meias da Liga Europa. Mas não é uma surpresa. Desde 2000, ano em que passou a haver apenas Taça UEFA, é a terceira vez que irão clubes lusos à final, depois do FC Porto em 2003 e do Sporting em 2005. Ou seja, em 10 anos metemos na final pelo menos tantos clubes como nos quarenta e tal anteriores, em que só por três vezes fomos a finais (Sporting e FC Porto às Taças, Benfica à UEFA).

Isto seria bom se não fosse, porém, um sinal de que Portugal é claramente prejudicado pelo formato da Champions. Entre 1956 e 1993, disputaram-se 37 finais da antiga Taça dos Campeões Europeus. Dos 74 finalistas, 8 foram portugueses ( Benfica 7; FC Porto 1), cerca de 11 por cento.

Desde 93 (ano inicial da Champions), e já contando com esta época, existirão 19 finais e 38 finalistas, mas só um português: o FC Porto em 2004. A percentagem de presenças lusas em finais desceu, pois, drasticamente para 2,6 %.

Os “tubarões ricos” (ingleses, espanhóis, italianos e alemães), ao entrarem aos magotes na Champions, varreram das finais os outros países. Só 5 dos 38 finalistas não foram “tubarões ricos” (Ajax, 2 vezes; Marselha, Mónaco e FC Porto). E desapareceram os finalistas de países que antes conseguiram tê-los, como Escócia (2), Grécia, Suécia, Roménia, Bulgária, Jugoslávia e Bélgica.

Fortemente prejudicados na Champions, resta-nos a consolação da Liga Europa, onde obviamente melhorámos a estatística. Ribéry disse que a Liga Europa é uma “treta”. Não vou tão longe. Mas lá que descemos de divisão, isso é evidente. Há a “Europa das Quatro Nações” e há a “Europa Menor”, onde nós estamos. E o senhor também, pois é francês.

 In Record

abril 17, 2011

Crónica de João Malheiro




Desvelo

Quando eu era pequenino não me cansava de dizer que tinha dois sonhos, queria viajar no autocarro do Benfica e queria conhecer o Eusébio. A quimera parecia-me isso mesmo, muito distante, decerto inexequível . E nem a ida do Homem à lua, acontecimento a que assisti no regalo imberbe dos meus nove anos, precipitou a minha crença na concretização do devaneio.

Afinal, alguns anos volvidos, acabei por fizer milhares de quilómetros no Vermelhão, não sem que, amiúde, me recordasse da obsessão infantil. Antes ainda, conheci o Eusébio, de quem me tornei amigo e até biógrafo, superando de forma lancinante o móbil dominante da minha meninice.

Na última semana, nas comemorações do meu aniversário, juntei mais de uma centena de amigos no Estádio da Luz. Ladeado pelo Eusébio e pelo Luís Filipe Vieira, a jornada teve muito de benfiquismo, ainda que a presença, entre outros, do Hilário, do Inácio e do Oceano explicasse que é possível, em nome de uma arreigada afeição, ultrapassar preferências ou até questiúnculas de natureza clubista.

Privilégio foi também observar entre os convivas dois monstros televisivos, o Carlos Cruz e o Joaquim Letria, amigos de longa data. Também o Carlos Daniel e o Júlio Magalhães, representantes da nova vaga do audiovisual. Também o Mário Zambujal, artista das palavras. Também o Paulo de Carvalho, o Luís Represas, o Paulo Gonzo, o Paco Bandeira, o Fernando Girão. Também o Mário de Almeida, presidente da Câmara da minha Vila do Conde. Também a Marina Mota, o Fernando Mendes e tanta gente da representação. Também muitas das mais bonitas mulheres de Portugal num autêntico hino à beleza feminina. Também amores, até talvez antigos desamores.

Um dia, um só dia pode realizar alguém? Sou testemunha, fui protagonista. E aquela frase de Cícero? “A vida nada é sem a amizade”. Nada mesmo.

Contra a Corrente _ Leonor Pinhão



A ocasião faz o apagão
 

As imagens do apagão nas Antas, em 1994, estão no Youtube.
Como é natural quando se trata de apagões, as imagens nunca podem ser muito boas.


NUNCA se tinha visto uma coisa assim: um monumental apagão no final de um jogo entre O Benfica e o FC Porto. Naturalmente, no país não se fala noutra coisa.

Mas um apagão durante um jogo entre o Benfica e o FC Porto, na verdade, já se tinha visto. Aconteceu em 1994, no Estádio das Antas num jogo que não servia para atribuir o título a nenhum dos rivais mas que serviu para enriquecer a história da electricidade em Portugal.

Esse FC Porto - Benfica do apagão de 1994 teve transmissão televisiva em directo, através da RTP. Vimos todos a luz ir abaixo e o estádio ficar às escuras no segundo a seguir a Kulkov protagonizar uma entrada a pés juntos sobre Ísaias, que o árbitro, Donato Ramos, acabaria por não sancionar visto que, 10 minutos depois, quando a luz voltou, já se devia ter esquecido do lance, o que se compreende.

As imagens deste apagão nas Antas, se alguém as quiser consultar, estão disponíveis no Youtube.
É só procurar em "falhas de energia no Estádio das Antas". Como é natural quando se trata de apagões, as imagens nunca podem ser muito boas.

Ficam escuras, vislumbram-se apenas contornos indistintos, enfim, não dá para ver nada em condições. No caso da transmissão desse momento pela RTP, todo o lado visual do espectáculo padece desse mesmo mal sem luz não se podem esperar milagres cénicos.

Mas, quem quiser recordar o apagão de 1994 dando-se-ao trabalho de o procurar no Youtube; que se deleite com o espectáculo áudio.
 
Ou seja, com os comentários do repórter de serviço da RTP explicando cientificamente' o apagão a meio do jogo com o Benfíca e recordando até que, na semana, anterior já tinha ocorrido um outro apagão nas Antas num jogo ínternacional do FC Porto.

Diz- nos o jornalista da RTP que «as vibrações dos adeptos portistas» têm o condão de «colocar em risco o sistema de Iluminação do estádio» . E com certeza que é verdade. O que explica também o apagão de domingo passado e a incredulidade dos responsáveis do Benfica que ainda não conseguiram descobrir quem foi o responsável  pelo desligar do interruptor. Nem nunca vão descobrir ...

Podem dar por encerrado o inquérito para o apuramento do nome do responsável pelo negro incidente porque não foi ninguém da casa.

Podem dormir com a consciência tranquila os dirigentes do Benfica e os adeptos e sócios do clube que, por uma honrada questão civilizacional, não gostaram nada do apagão do último domingo e que o interpretaram como uma habilidade de maus perdedores que não nos assenta bem.
 
Relaxem, benfiquistas. Não tivemos nada a ver com o assunto. 

Porque se as «vibrações» dos adeptos portistas tinham, em 1994, o condão. de deitar abaixo a luz das Antas não há nada que impeça, em 2011, que as mesmas «vibrações» dos mesmos adeptos tenham o mesmíssimo condão de apagar a luz do Estádio da Luz.

Foi apenas isto o que se passou e sempre a fazer fé na explicação científica da RTP para o episódio semelhante ocorrido em 1994 nas Antas.

Tanto vibraram, tanto vibraram que rebentaram com as lâmpadas todas!

Como diz o povo, a ocasião faz o apagão.

Crónica de João Malheiro




Contradições

Carlos Queiroz já fez a mala e leva muitas ideias para o Irão. Acompanhado pelo sapiente António Simões, quer estar no Mundial do Brasil, pátria favorita da bola, palco privilegiado, daqui a três anos, para que se exibam as grandes figuras do futebol internacional.

O antigo seleccionador chega ao mundo árabe como há uns anos Mikhail Gorbachev assomava a quaisquer paragens, excepção feita à sua União Soviética. De mão dada com intocável prestígio externo, de mão caída com inegável desprezo interno. Contradições, afinal tão comuns na política quanto no futebol.

Portugal deixou de gostar de Queiroz. Pior do que isso, passou a subestimá-lo, até a vilipendiá-lo. Enorme injustiça para quem tem serviços prestados de grande relevância. Dando de barato alguma culpa própria, designadamente em matéria de comunicação e nesta ou naquela opção técnica pontual, Queiroz sabe mais de bola que todos os seus inimigos de estimação juntos, para já não falar da multidão de anónimos que nunca cheiraram, nem a léguas, o balneário de um colectivo de alta competição.

Agora, foi a vez do luso-brasileiro Pepe descascar em Queiroz. A coisa só pode ter dois nomes, a saber: tolice e ingratidão. Tolice, porque Pepe é um profissional e deveria renunciar ao discurso popularucho dos incautos. Ingratidão, porque Pepe, apesar de lesionado, fez parte (com legítima controvérsia) do leque de soluções do ex-seleccionador no último Mundial.

Queiroz talvez não se reabilite tão cedo em Portugal. Razão teve, há anos, Artur Jorge, quando disse que o nosso país era pequeno demais para ele. Se até Cristiano Ronaldo é amiudadas vezes criticado pelo que faz (ou dizem que não faz) na Selecção Nacional… 

abril 16, 2011

(Voleibol) Benfica conquista a Taça de Portugal







ENCARNADOS BATERAM SP. ESPINHO POR 3-0


O Benfica conquistou este sábado, em Paredes, a 13.ª Taça de Portugal do seu historial, após bater na final o Sp. Espinho, por três sets a zero (25-22, 25-18 e 25-19). Recorde-se que a temporada passada os encarnados perderam o jogo decisivo desta mesma prova.
Às águias falta ainda a final do campeonato, onde irão medir forças frente ao Fonte Bastardo.

In Record
 
 

abril 15, 2011

De Águia ao peito _ Luís Seara Cardoso



Sport Europa e Benfica

Na última semana, viveu-se na Luz uma retumbante jornada europeia. O expressivo triunfo do Benfica, alicerçado numa exibição categórica frente ao reputado PSV, remeteu os adeptos encarnados para as melhores safras internacionais do passado e criou condições para aumentar o otimismo na conquista da presente edição da Liga Europa.

Que Benfica foi aquele? Avassalador, dotado de uma dinâmica ofensiva fantástica. E aqueles laterais? Maxi e Coentrão protagonizaram desempenhos ao nível do fantástico. Que belo coletivo, que bela prestação… É ou não verdade que o Benfica poderia, sem favor, esmagar o antagonista com seis ou sete golos de diferença?

Como vai ser, amanhã, na Holanda? Sabe-se que o PSV é das turmas europeias com mais capacidade de concretização. Espera-se uma equipa determinada, ferida no seu brio, disposta a vender a eliminatória por alto preço. E o Benfica? Para mais com um adversário necessariamente exposto, não terá o coletivo encarnado hipóteses bastantes para chegar ao golo (ou aos golos) no terreno do antagonista? Não é mais do que legítimo esperar que a magia do futebol atacante benfiquista assine mais uma façanha?

Muito bem posicionado para vencer duas provas domésticas (a Taça de Portugal e a Taça da Liga), o Benfica pode chegar a um triplo objetivo. O Campeonato perdeu-se? Mas não é verdade que a equipa está na antecâmara de uma das melhores temporadas de sempre no seu trajeto centenário?

Eu quero e acredito que vou estar no novo estádio de Dublin, projetado pelo meu amigo Damon Lavelle, o arquiteto da Nossa Catedral, a vibrar com mais uma gloriosa exibição e a assistir ao erguer da taça pelo nosso grande capitão Nuno Gomes!!!!!

*Gestor e ex-vice-presidente 

In Record

O Voo da Águia_ Marta Rebelo



Vingança

Sem Jesus no banco, e com a equipa D em campo, o Benfica foi à Figueira da Foz fazer o jeito ao sempre glorioso Carlos Mozer e à sua Naval 1.º de Maio, em risco de despromoção. Não há história neste jogo, que essa está toda reservada para quinta-feira, em Eindhoven. Sem frangos a registar – Roberto não foi convocado –, o aviário benfiquista não deu ovos. E também não encontro grande história no castigo de Jorge Jesus.

Já para os lados do Porto, André Villas-Boas encheu o peito esta semana, em cada segundo de tempo de antena. Mas, curiosamente, celebrou pouco a conquista da Liga aos 33 anos. Preocupa-o mais o Benfica. Depois do apagão e da molha – não comento –, o aristocrático candidato a Mourinho acha que a façanha é de somenos ante as preocupações que o Benfica lhe dá. Bem sei que o Sport Lisboa e Benfica é o maior clube de Portugal, e um dos melhores da Europa e Mundo fora. Somos 6 milhões e muitos. Portanto, conquistar a Liga pelo clube da Invicta tem um sabor menos... grandioso. Mas se continua tão preocupado com o Benfica e com os castigos de Jorge Jesus, e com o que diz Jorge Jesus, qualquer dia até com as madeixas tão variadas de Jorge Jesus, até Pinto da Costa começa a desconfiar.

Ao meu glorioso clube cabe agora passar às meias da Liga Europa. Confesso que me senti vingada na quinta-feira passada. Para mim, o PSV será sempre o carrasco de Estugarda; o Diamantino de pé partido esticado a ver a partida do lado de cá da linha; as chuteiras voadoras; e o penálti perdedor de Veloso. Um destes dias o Toni confessou-me que nesse dia tinha paralelepípedos no estômago. Pois eu levei um murro inglório no meu estômago de 10 aninhos. Aimar foi genial, Gaitán já vale 23 milhões, mas Coentrão já me faz saudades. O caxineiro fez-se o melhor de muitos e dentro em breve o maior de todos. Já Roberto, esse portentoso aviário industrial que o Benfica edificou pela bela soma de 8,5 M€, é pior de que a gripe das aves. Se Jardel já mostrou que Sidnei não faz falta a defesa-central, como é que tratamos da baliza? Com cimento?

E agora, míster? 

In Record

Email Aberto _ Domingos Amaral



O apagão

From: Domingos Amaral
To: Pinto da Costa

Caro Pinto da Costa
Ainda bem que o senhor se divertiu com o “apagão” na Luz. Eu também. Ao contrário dos indignadinhos, benfiquistas ou não, considero o “apagão” a melhor ideia de que o Benfica se podia ter lembrado. E explico porquê:

1 – No bélico presente, a postura de superioridade moral pacifista é tonta. O Benfica não é o Ghandi. Tão-pouco deve defender um apaziguamento “à la Chamberlain”. Prefiro a fibra de Churchill e sofisticados contra-ataques de “marketing de guerrilha”. Quando o “speaker” do seu estádio no Freixo grita aos microfones “SLB, filhos da p..., SLB”; quando o nosso autocarro é fustigado à pedrada; e quando o senhor chama “palhaço” ao nosso vice-presidente; a melhor resposta é um inovador “apagão”. Sem violência ou insultos, limitámo-nos a surripiar a luz à sua festarola, um ato perversamente pacífico. Palhaços e filhos da p...? Sim, mas geniais.

2 – Desligando a luz na Luz, entrámos para a história. Tal como para si o último dos campeonatos é o “dos túneis”, este será o do “apagão”. Daqui a 30 anos, ninguém se vai lembrar dos “mind games” do Villas-Boas ou dos golitos do Hulk. Mas todos, até os portistas, recordarão o nosso “apagão”! Será o que, à lareira, os avós contarão aos netos. “Naquele ano, o Benfica apagou a luz à festa do Porto...” Parabéns, pois, ao autor da ideia.

3 – Por fim, o “apagão” é a suprema metáfora desta época. O senhor é campeão pois, coisa rara, Benfica, Sporting e Braga sofreram um “apagão” simultâneo no início do campeonato e nunca recuperaram.

PS: Para a Taça, proponho que os benfiquistas mostrem 60 mil rabos ao léu ao FC Porto. Contra o dragão, depois do “apagão”, o “rabão”! Diga lá se não era uma galhofa? 

In Record

abril 14, 2011

Liga Europa_4 final 2ª mão SLBenfica_PSV


Benfica nas «meias» com empate (2-2) em Eindhoven

O Benfica apurou-se esta quinta-feira para as meias-finais da Liga Europa, ao empatar (2-2) com o PSV, em Eindhoven. Encarnados perdiam por 0-2 aos trinta minutos. Luisão e Cardozo ditaram o resultado final. Segue-se duelo português com o SC Braga por um lugar na final de Dublin.

Clique aqui para consultar a ficha de jogo, as incidências da partida e os comentários dos leitores

Dezassete anos depois, o Benfica volta a disputar a meia-final de uma prova europeia. No jogo 100 na Liga Europa (anteriormente designada por Taça UEFA), a tradição manteve-se e a deslocação das águias a Eindhoven voltou a resultar num empate – o terceiro no historial dos confrontos entre as duas equipas.

Os encarnados apresentaram-se no Philips Stadion com vantagem confortável (4-1) construída no Estádio da Luz, e poderiam mesmo ter sentenciado o apuramento nos minutos iniciais da primeira parte, por Gaitán e Saviola.

As iniciativas dos argentinos, porém, não resultaram em golo e o PSV ganhou a confiança de que precisava para se lançar na discussão do jogo e da eliminatória.

A equipa holandesa contou com o inesperado contributo da defensiva encarnada – foram vários os erros cometidos pelos homens mais recuados – e acabou por marcar aos 17 minutos, por intermédio de Dzsudzak.

Três minutos volvidos, Salvio, lesionado, foi substituído por Carlos Martins.

O golo empolgou o PSV. Apostando na velocidade de Labyad e Lens, os holandeses colocavam os encarnados em constante sobressalto. E seria este último a apontar o segundo golo, aos 26 minutos.

A eliminatória complicava-se para o Benfica, que via o adversário colocar-se a um tento de anular o desaire na Luz.

As águias tremeram mas não caíram. Luisão foi lá à frente e, já no período de descontos, assinou um grande golo, conseguindo tónico importante antes do intervalo.

Depois de uma primeira parte sobressaltada e pautada por algum nervosismo, foi um Benfica personalizado e ciente do que tinha para fazer aquele que subiu ao relvado do Philips Stadion para a etapa complementar.

A equipa de Jorge Jesus baixou o ritmo ao jogo e patenteou maior organização entre os sectores, não consentindo ao PSV os ataques rápidos que tanto perigo criaram na primeira metade.

Golo de Cardozo aos 63 minutos, na transformação de uma grande penalidade a castigar derrube sobre César Peixoto, deu expressão à boa prestação dos encarnados e sentenciou a eliminatória. Na frente por 6-3, só um descalabro afastaria as águias da rota da meia-final, onde vão defrontar o SC Braga, a 28 de Abril e 5 de Maio.

In Abola

Por força da lei _ Ricardo Costa


Crise na Disciplina

Sempre que os focos se dirigem para uma pronúncia disciplinar da Liga sobre incidências do campeonato, sempre há quem se refira com incredulidade a algumas das regras do Regulamento Disciplinar (RD). As reações são conhecidas: “a multa é desajustada à gravidade”, “o castigo não previne”, “os clubes não aprovam regras que os prejudiquem”, “ai se fosse com a UEFA!”. A diferença, na boca ou na pena de alguns, é que, por agora, se descobriu que a culpa da suavidade ou da impunidade será do RD. Isto é, descontadas a incoerência e a desfaçatez desses alguns, não viram o essencial… Ou, uma outra hipótese, entraram de vez em falência intelectual!
As insuficiências regulamentares demonstradas pelos casos concretos serviram, nos últimos anos, para corrigir, em jeito de cirurgia pontual, algumas parcelas do RD. Esta época dá apenas mais um contributo. O que se decide todas as semanas e o pouco (pouquíssimo!) que se decidiu e decidirá em procedimentos disciplinares – pela mais omissiva Comissão Disciplinar de que há memória na Liga – confirmam o óbvio: o RD necessita de uma revisão global. Claro que o que existe tem bondades e não deixa, na maioria das situações, que se caia no vazio. Porém, é urgente aproximá-lo da competição, em vez de se aceitar que continue a ser um instrumento de arremesso político dos clubes e demais agentes. Que faça da prevenção, da adequação e da proporcionalidade as suas inatacáveis linhas de força.
Em primeiro lugar, precisa de missão. Um estudo dos direitos estrangeiros é absolutamente imperativo, para que o julgador não se sinta anacrónico e desconfortável no momento de decidir.
Depois, precisa de clareza. Para impedir que subsistam “fórmulas” suscetíveis de várias interpretações e que uma decisão sobre qualquer matéria não padronizada se transforme invariavelmente num imbróglio jurídico que traz ruído e instabilidade para a competição.
Finalmente, precisa de uma boa “técnica legislativa”. A atual, assente na tipificação dos “crimes” desportivos referida aos infratores, está esgotada. O futuro aguarda que o RD se baseie na identificação de cada um dos bens ou valores jurídico-desportivos essenciais – desde a integridade e transparência das competições até à salubridade financeira dos competidores – e no subsequente catálogo dos ilícitos que mais gravemente os violam, de modo que todos os agentes se possam graduar e situar em referência ao mesmo comportamento violador.
Esta empresa não se faz naqueles dias de junho em que se discutem as “alterações regulamentares” da Liga. Em que os votos acabam por ser manipulados pelas “influências” de uns clubes sobre outros. Implica competência e tempo. Se não der – não só no futebol –, julgo há muito que mais vale tirar esta competência das federações e das ligas e entregá-la ao “Estado-legislador”, que faria um “código da justiça desportiva” para todas as modalidades. Algo a ponderar e a decidir na próxima legislatura? Sim. Com a garantia de que se trataria menos, então, de contratação de jogadores, indicação de treinadores e… do resto.

In Record
Crise na Disciplina

Aqui á Gato _ Miguel Góis


Vergonha


Antes do último fim-de-semana havia duas coisas que o Benfica tinha e a que muito dificilmente o FC Porto podia ainda almejar: uma delas é a Taça Latina; a outra é uma certa superioridade moral. Concentremo-nos nas boas notícias: ainda temos a Taça Latina. A outra, pela qual tinha mais estima, terá ficado seriamente comprometida pelos apedrejamentos em redor do estádio e bolas de golfe lançadas para o relvado, mas sobretudo pela decisão oficial de, num ato que desrespeita a história e os valores do clube, se tentar impedir os naturais festejos dos jogadores campeões.
Agora, uma autocrítica. Um dos problemas desta coluna é que cito mais frequentemente o Sousa Tavares e o Rui Moreira do que indivíduos famosos pela sua perspicácia, mas sem por isso deixarem de possuir um notável sentido de humor. Trata-se de uma falha que urge reparar, desde já: depois dos 5-0 escrevi neste espaço que “o campeonato da revolta é um que o clube da Luz nunca ganhará. A revolta é a marca dos pequeninos”. Lamentavelmente, o último domingo fica na história como o dia em que o Benfica foi pequenino. Não é fácil, convenhamos, para um clube desta envergadura.
Dito isto, resta-nos o consolo de assistir à expressão pública e privada da indignação que inúmeros benfiquistas sentiram perante a decisão dos responsáveis encarnados, e estabelecer um paralelo com a atitude complacente que a totalidade dos adeptos portistas toma perante, entre outros escândalos, o apito dourado. Se fôssemos como eles, quando nos falassem no apagão da Luz, diríamos: não vi nada, isso não está provado. E se nos dissessem para irmos ao YouTube ver, que estava lá tudo, responderíamos: o Benfica nem sequer foi condenado nos tribunais civis, limitou-se a sofrer uma punição inconsequente no âmbito da justiça desportiva. Seria fácil. Mas não o fazemos. Ainda há esperança.
In Record

Gatos «Ferrenhos» na Holanda

abril 08, 2011

Tempo Útil _ João Gobern


Noite negra


Todos nós temos na memória, dos nossos anos de futebol praticado em quintais, em baldios, em ringues, até na rua, aquela figurinha embirrenta e prepotente do menino que, por acaso da fortuna, era o dono da bola. Todos nos recordamos de como o mui sublinhado sentido de propriedade da criatura multiplicava os seus direitos – escolhia os melhores para a sua equipa, escolhia o campo, não raras vezes inclinado, chegava a escolher o árbitro. Ainda assim, caso a marcha do resultado seguisse a um compasso que não lhe interessava, não tinha pejo algum em acabar a partida: simplesmente agarrava na bola e ia-se embora. Confesso que, terminado o Benfica-FC Porto do último domingo, foi de um cromo assim que me recordei quando vi – ou melhor: quando deixei de ver… – a lamentável atitude assumida por algum ou alguns responsáveis do clube de Lisboa, desligando as luzes do estádio quando os novos campeões festejavam o título e dando início ao sistema de rega.

Fiquei estupefacto, embora não tanto como os agentes policiais em serviço que podiam ter-se visto a braços com um berbicacho bem maior do que aqueles que tiveram de suportar antes do jogo começar. A última vez que vi fazer algo de semelhante foi em Camp Nou, quando a “armada invencível” de Guardiola tombou diante dos homens de betão comandados por José Mourinho. Não gostei do mau perder. Ainda menos posso apreciá-lo e, pior do que isso, tentar justificá-lo com atos do passado ou com delitos do presente: aquilo que salta aos olhos do país desportivo (pelo menos daquele que ainda não abdicou dos dois olhos e não adotou uma visão única dos acontecimentos) é um inqualificável ato de mau perder, só comparável a algumas arrogâncias dos que não sabem ganhar.

Pode pensar quem mandou pintar de negro o fim da noite na Luz que estava a prestar um serviço – de desforra – ao Benfica. Nada de mais errado: conseguiu que, além de o FC Porto ser um justo vencedor, do jogo e provavelmente do campeonato, os seus dirigentes ainda pudessem sair do estádio como vítimas. Permitir que Pinto da Costa exercite a sua ironia requentada (mas desta vez justificada) é perder a face não só no encontro e no campeonato, mas também naquilo que se considera ser uma cruzada, um dever em defesa da verdade no futebol. Quando se atira sobre o próprio pé, não se pode esperar que a dor apareça no pé do adversário. E a noite da Luz será lembrada não só como a do título em casa do rival mas também como aquela em que se apagou um bocado da “chama imensa”.

NOTA – Parabéns a André Villas-Boas. Só falta agora racionalizar o discurso. Parabéns a Nuno Gomes. Até na hora mais adversa, não deixou de pensar na equipa. Não é por gente como ele que a Luz (ou a luz?) se apaga.


In Record
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