In ABola
Um árbitro na auto - estrada
O Benfica é um justo vencedor da Taça da Liga. Jogou razoavelmente bem ao longo dos 90 minutos, o que chegou e sobrou para vencer por margem expressiva o outro finalista. Objectivamente, e para além do sabor do triunfo, o Benfica jogou pior em Faro, no domingo, do que tinha jogado em Marselha, na quinta-feira passada. Em França, a exibição do Benfica teve momentos de grande brilhantismo. Em Faro, o Benfica só soube ser brilhante entre o minuto 43 e até ao fim do intervalo. E sem bola, como é óbvio. Mas, nesse período, deu enorme festival.
O programa do adversário para o intervalo era absolutamente previsível, estando a perder por 2-0 e pressentindo difícil a tarefa da recuperação. Trata-se de um reportório velho, bolorento, enfim, tristemente senil. Naquelas circunstâncias, o que melhor conviria aos interesses políticos e religiosos do adversário já não era sequer marcar dois ou três golos no segundo tempo. Era apenas incendiar os instantes finais da primeira parte com uma cena de desacatos físicos e verbais no campo que se arrastasse em cortejo demencial até às cabinas, a escondido do público, de modo a que os tristes serventuários do papado pudessem passar o resto da vida a falar sobre a Taça do Túnel.
Não tiveram sorte nenhuma. E isso é que foi brilhante, revelando uma incrível maturidade mental por parte dos jogadores do Benfica que, ainda num passado recente, tinham caído que nem patinhos em artimanhas semelhantes, quer no túnel de Braga, com o árbitro Jorge Sousa, do Porto, quer no relvado de Olhão, com o árbitro Artur Soares Dias, também do Porto, por inusitada coincidência.