A BOLA online oferece-lhe a versão integral da entrevista a Jorge Jesus, publicada esta quinta-feira.
— Como têm sido os primeiros dias no Benfica?
— Têm sido dias de adaptação. Estou a conhecer a nova casa, a estrutura do clube, que é enorme, e as pessoas que mais directamente vão trabalhar comigo. Num clube com a dimensão do Benfica tenho de perceber primeiro para onde venho. É fundamental para perceber como devo montar as minhas ideias e chegar onde quero, em função da grandeza do Benfica.
— Este desafio, o maior da sua carreira, chega no momento certo?
— Para mim chega. Quanto ao Benfica, se pensarmos que não é campeão há quatro anos, penso que também será o momento certo. O Benfica tem tudo o que é preciso para um treinador ter o objectivo de ser campeão: tem jogadores, tem estrutura, tem massa associativa, tem história e tem cultura. Conheço um pouco destes princípios e, acreditando na capacidade do meu trabalho e da minha equipa técnica, estão reunidas as condições para acreditar que o Benfica vai ser campeão comigo já na primeira época.
— Muitos treinadores chegam ao Benfica e, como forma de defesa, não prometem conquistar logo o título. Você prometeu, logo na apresentação...
— Não prometi, é uma convicção que tenho e que se baseia na realidade do Benfica. Quando um treinador chega a este clube nem é preciso dizer que vem para ser campeão, porque o Benfica obriga a isso. Todos os profissionais desta casa, jogadores e treinadores, têm de ter essa mentalidade. Quem pensar de outra maneira está no clube errado.
— Uma grande figura do Benfica no passado, Mário Wilson, disse a determinada altura que um treinador quando chegava ao Benfica arriscava-se a ser campeão. Essa realidade mantém-se?
— Não, a realidade não é a mesma. Quando um treinador chega ao Benfica tem de ter o pensamento de ser campeão, isso para mim é claro, mas a história recente do Benfica é diferente da história de outros tempos, também em função dos rivais. A história do Benfica já foi melhor, o Benfica fazia a diferença pelos jogadores que tinha e que os rivais não tinham. Hoje em dia já não é assim.
— Pela sua forma de estar no futebol português, acha que o Benfica é um clube demasiado grande para si?
— Podia responder da mesma forma que um jogador meu respondeu a essa mesma pergunta: o Hugo Leal disse que o Benfica se calhar é pequeno para o Jorge Jesus. Mas não quero ir por aí. Em todos os clubes por onde passei alcancei os objectivos traçados, e que eram tão importantes para esses clubes como é importante para o Benfica ser campeão. No caso do Sp. Braga, por exemplo, tinha de acabar num lugar europeu. No Benfica tenho de ser campeão e vou trabalhar nesse sentido. Para ser campeão são precisos vários factores de qualidade e, no caso da equipa, cabe ao treinador criá-los.
— Então, estando você convicto de que é um bom treinador, até vai encontrar uma missão mais facilitada no Benfica, por ser um clube com estrutura, história, bons jogadores...
— Sem dúvida.
— Nestes primeiros dias apareceu no jogo de juniores e no jogo de futsal do Benfica. Funcionou um pouco como um político populista que anda à procura de votos ou foi à procura de sentir o pulsar da massa adepta do Benfica, de ver como seria recebido?
— Funcionei de acordo com a minha maneira de ser, sem procurar contrapartidas. Tem apenas a ver com a minha actividade enquanto treinador do Benfica. A presença no jogo da equipa de juniores tem a ver com um elo de ligação que gosto de ter nos clubes onde trabalho, ao longo do ano, e nesse sentido fui conhecer melhor os jovens jogadores da casa. Quanto ao futsal, quem me conhece sabe que tenho grande paixão por essa modalidade, desde a minha juventude. Aliando esse gosto ao facto de o Benfica estar a disputar a final com o Belenenses, fui ver o jogo com o presidente e com o Rui Costa.
— Ter um treinador que conhece bem o futebol português é uma vantagem para o Benfica?
— Os treinadores portugueses são dos mais evoluídos do mundo. Não digo isto só agora e nem o faço para ser agradável para alguém. É a minha certeza. Antes de começar a minha carreira de treinador corri o mundo todo, vi os melhores a trabalhar, e isso para mim foi fundamental para perceber que pode haver treinadores com nome e títulos mas nós portugueses, sem sermos conhecidos, temos uma forma diferente de treinar e de pensar o jogo. Na minha opinião, o treinador português revolucionou o futebol na Europa e no Mundo, em termos de treino. Fomos buscar alguma metodologia de treino aos holandeses, mas fomos capazes de a melhorar pela nossa criatividade táctica. O treinador português é muito forte tacticamente. Os holandeses, por exemplo, são evoluídos na metodologia de treino mas só vêem o jogo na componente ofensiva. Já o treinador português vê as duas componentes do jogo. E como ao longo do ano se habituou a não ter muitas condições de trabalho e jogadores tão bons, foi obrigado a criar, a inventar tacticamente para poder equilibrar ou ser melhor em relação aos adversários. Isso fez o treinador português crescer, foi também o que aconteceu comigo. Nestas circunstâncias, quando se vai trabalhar com os melhores consegue-se ser ainda superior. Tive essa experiência quando joguei contra Milan, Bayern Munique ou Real Madrid. Se conseguirmos ser tacticamente mais fortes do que estes adversários, assiste-se a um equilíbrio. Foi isso que fiz os jogadores verem e não me enganei.
— Face à perda de prestígio do Benfica na Europa, a nova Liga Europa terá a mesma importância do que o campeonato?
— O grande objectivo do Benfica é ser campeão, mas o Benfica está em todas as frentes para ganhar e precisa de recuperar o prestígio perdido na Europa e no Mundo. Ainda no ano passado não passou da fase de grupos. Esse é também um grande objectivo. Se com o Sp. Braga consegui ir aos oitavos de final, acredito que com o Benfica posso chegar mais longe.
— Acredita mesmo que pode ter sucesso onde muitos têm falhado e acredita mesmo que fará esta equipa render o dobro?
— Claro. Se estou convicto do que digo é porque acredito no que faço. E há coisas que são claras: se o Benfica não jogar o dobro fica outra vez em terceiro lugar. Se os seus jogadores e sua equipa jogarem o que jogaram o ano passado não podem ser campeões...
— Isso não é um pouco indelicado em relação ao anterior treinador do Benfica?
— Ao dizer isto não quero retirar mérito ao Quique Flores ou à equipa técnica do Benfica. Quando digo que o Benfica tem de jogar o dobro é porque sei que tem de ser assim para ganhar o campeonato. Isto não é desvalorizar o trabalho do meu antecessor, trata-se apenas de expressar a minha convicção.
— Via então um Benfica sub-aproveitado na época passada?
— Não diria isso. O que acho é que tenho capacidades para meter esta equipa a render mais. Se não for assim não serei campeão.
— Quando é que o tal Benfica à Benfica que prometeu vai começar a funcionar em pleno?
— No Sp. Braga contratei quinze jogadores e nunca pedi tempo. Se a mensagem do treinador passar facilmente, os jogadores vão assimilá-la com mais facilidade.
— Têm sido dias de adaptação. Estou a conhecer a nova casa, a estrutura do clube, que é enorme, e as pessoas que mais directamente vão trabalhar comigo. Num clube com a dimensão do Benfica tenho de perceber primeiro para onde venho. É fundamental para perceber como devo montar as minhas ideias e chegar onde quero, em função da grandeza do Benfica.
— Este desafio, o maior da sua carreira, chega no momento certo?
— Para mim chega. Quanto ao Benfica, se pensarmos que não é campeão há quatro anos, penso que também será o momento certo. O Benfica tem tudo o que é preciso para um treinador ter o objectivo de ser campeão: tem jogadores, tem estrutura, tem massa associativa, tem história e tem cultura. Conheço um pouco destes princípios e, acreditando na capacidade do meu trabalho e da minha equipa técnica, estão reunidas as condições para acreditar que o Benfica vai ser campeão comigo já na primeira época.
— Muitos treinadores chegam ao Benfica e, como forma de defesa, não prometem conquistar logo o título. Você prometeu, logo na apresentação...
— Não prometi, é uma convicção que tenho e que se baseia na realidade do Benfica. Quando um treinador chega a este clube nem é preciso dizer que vem para ser campeão, porque o Benfica obriga a isso. Todos os profissionais desta casa, jogadores e treinadores, têm de ter essa mentalidade. Quem pensar de outra maneira está no clube errado.
— Uma grande figura do Benfica no passado, Mário Wilson, disse a determinada altura que um treinador quando chegava ao Benfica arriscava-se a ser campeão. Essa realidade mantém-se?
— Não, a realidade não é a mesma. Quando um treinador chega ao Benfica tem de ter o pensamento de ser campeão, isso para mim é claro, mas a história recente do Benfica é diferente da história de outros tempos, também em função dos rivais. A história do Benfica já foi melhor, o Benfica fazia a diferença pelos jogadores que tinha e que os rivais não tinham. Hoje em dia já não é assim.
— Pela sua forma de estar no futebol português, acha que o Benfica é um clube demasiado grande para si?
— Podia responder da mesma forma que um jogador meu respondeu a essa mesma pergunta: o Hugo Leal disse que o Benfica se calhar é pequeno para o Jorge Jesus. Mas não quero ir por aí. Em todos os clubes por onde passei alcancei os objectivos traçados, e que eram tão importantes para esses clubes como é importante para o Benfica ser campeão. No caso do Sp. Braga, por exemplo, tinha de acabar num lugar europeu. No Benfica tenho de ser campeão e vou trabalhar nesse sentido. Para ser campeão são precisos vários factores de qualidade e, no caso da equipa, cabe ao treinador criá-los.
— Então, estando você convicto de que é um bom treinador, até vai encontrar uma missão mais facilitada no Benfica, por ser um clube com estrutura, história, bons jogadores...
— Sem dúvida.
— Nestes primeiros dias apareceu no jogo de juniores e no jogo de futsal do Benfica. Funcionou um pouco como um político populista que anda à procura de votos ou foi à procura de sentir o pulsar da massa adepta do Benfica, de ver como seria recebido?
— Funcionei de acordo com a minha maneira de ser, sem procurar contrapartidas. Tem apenas a ver com a minha actividade enquanto treinador do Benfica. A presença no jogo da equipa de juniores tem a ver com um elo de ligação que gosto de ter nos clubes onde trabalho, ao longo do ano, e nesse sentido fui conhecer melhor os jovens jogadores da casa. Quanto ao futsal, quem me conhece sabe que tenho grande paixão por essa modalidade, desde a minha juventude. Aliando esse gosto ao facto de o Benfica estar a disputar a final com o Belenenses, fui ver o jogo com o presidente e com o Rui Costa.
— Ter um treinador que conhece bem o futebol português é uma vantagem para o Benfica?
— Os treinadores portugueses são dos mais evoluídos do mundo. Não digo isto só agora e nem o faço para ser agradável para alguém. É a minha certeza. Antes de começar a minha carreira de treinador corri o mundo todo, vi os melhores a trabalhar, e isso para mim foi fundamental para perceber que pode haver treinadores com nome e títulos mas nós portugueses, sem sermos conhecidos, temos uma forma diferente de treinar e de pensar o jogo. Na minha opinião, o treinador português revolucionou o futebol na Europa e no Mundo, em termos de treino. Fomos buscar alguma metodologia de treino aos holandeses, mas fomos capazes de a melhorar pela nossa criatividade táctica. O treinador português é muito forte tacticamente. Os holandeses, por exemplo, são evoluídos na metodologia de treino mas só vêem o jogo na componente ofensiva. Já o treinador português vê as duas componentes do jogo. E como ao longo do ano se habituou a não ter muitas condições de trabalho e jogadores tão bons, foi obrigado a criar, a inventar tacticamente para poder equilibrar ou ser melhor em relação aos adversários. Isso fez o treinador português crescer, foi também o que aconteceu comigo. Nestas circunstâncias, quando se vai trabalhar com os melhores consegue-se ser ainda superior. Tive essa experiência quando joguei contra Milan, Bayern Munique ou Real Madrid. Se conseguirmos ser tacticamente mais fortes do que estes adversários, assiste-se a um equilíbrio. Foi isso que fiz os jogadores verem e não me enganei.
— Face à perda de prestígio do Benfica na Europa, a nova Liga Europa terá a mesma importância do que o campeonato?
— O grande objectivo do Benfica é ser campeão, mas o Benfica está em todas as frentes para ganhar e precisa de recuperar o prestígio perdido na Europa e no Mundo. Ainda no ano passado não passou da fase de grupos. Esse é também um grande objectivo. Se com o Sp. Braga consegui ir aos oitavos de final, acredito que com o Benfica posso chegar mais longe.
— Acredita mesmo que pode ter sucesso onde muitos têm falhado e acredita mesmo que fará esta equipa render o dobro?
— Claro. Se estou convicto do que digo é porque acredito no que faço. E há coisas que são claras: se o Benfica não jogar o dobro fica outra vez em terceiro lugar. Se os seus jogadores e sua equipa jogarem o que jogaram o ano passado não podem ser campeões...
— Isso não é um pouco indelicado em relação ao anterior treinador do Benfica?
— Ao dizer isto não quero retirar mérito ao Quique Flores ou à equipa técnica do Benfica. Quando digo que o Benfica tem de jogar o dobro é porque sei que tem de ser assim para ganhar o campeonato. Isto não é desvalorizar o trabalho do meu antecessor, trata-se apenas de expressar a minha convicção.
— Via então um Benfica sub-aproveitado na época passada?
— Não diria isso. O que acho é que tenho capacidades para meter esta equipa a render mais. Se não for assim não serei campeão.
— Quando é que o tal Benfica à Benfica que prometeu vai começar a funcionar em pleno?
— No Sp. Braga contratei quinze jogadores e nunca pedi tempo. Se a mensagem do treinador passar facilmente, os jogadores vão assimilá-la com mais facilidade.
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