outubro 29, 2009
Entrevista LFVieira e DSOliveira ao Diário Económico
“Benfica aumentou receitas em 30% com as goleadas”
Em entrevista ao Diário Económico, o presidente do Benfica fala sobre o treinador, a venda de jogadores e as acções em bolsa.
O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e o administrador da SAD, Domingos Soares de Oliveira, estiveram duas horas à conversa com o Diário Económico. Contas, futebol, jogadores, novo fundo, bolsa e o futuro do clube foram os grandes temas abordados ao longo da entrevista.
O Benfica ultrapassou a meta dos 200 mil sócios. Qual é agora o objectivo e em quanto tempo pretendem alcançá-lo?
Luís Filipe Vieira: A estratégia utilizada, desde que chegámos a esta casa, está focada nos sócios do Sport Lisboa e Benfica. Pensamos que iremos conseguir cumprir o novo objectivo que é atingir os 300 mil sócios.
Tem algum objectivo definido em termos de ‘timing' para atingir os 300 mil sócios?
LFV: Não tenho uma meta temporal, apenas o objectivo final. Confesso que tinha uma determinada expectativa que não foi cumprida. Gostaria de estar já a celebrar os 300 mil, mas fui demasiado ambicioso. Agora, alcançámos os 200 mil sócios, o que não deixa de ser notável. Não em seis ou sete meses. Sinceramente não sei em quanto tempo, mas da forma como a equipa se está a aproximar dos sócios chegaremos lá em breve.
Destes 200 mil sócios, quantos são pagantes?
LFV: Mais de 60% têm débito directo. E fomos o último clube a fazer uma renumeração de todo o universo de sócios. Foi em 2005. Isso significa que todos aqueles que já não reuniam as condições foram "limpos" da base de dados.
Como estão as negociações para o ‘naming' do estádio?
Domingos Soares de Oliveira: Continuamos em negociações. Ainda não está fechado o processo. Este é talvez o projecto mais difícil em termos de venda.
Difícil porquê?
DSO: Difícil porque é um valor elevado, embora não seja mais caro do que as camisolas. Enquanto o patrocinador das camisolas tem uma visibilidade diária, o patrocinador do estádio não tem essa mesma visibilidade. Continuamos com propostas activas e acreditamos que, a curto/médio prazo, vai ser possível fechar esse patrocínio.
E estamos a falar de empresas nacionais que já apresentaram propostas?
DSO: Estamos mais a falar de empresas internacionais, do que nacionais. Sim, já apresentaram propostas. Para uma empresa internacional, a sua associação ao Benfica é muito forte. O melhor exemplo é o caso da Repsol. A frota de clientes/sócios do Benfica é hoje o primeiro, ou o segundo, melhor cliente da Repsol.
E quais são as grandes prioridades para este mandato?
LFV: A herança que recebemos foi muito pesada. Ainda hoje temos de responder por erros e irresponsabilidades de um determinado período da nossa história. Durante a campanha eleitoral, assumi que a prioridade seria a vertente desportiva. Queremos deixar o museu concluído e fazer a revisão de estatutos.
A casa está arrumada?
LFV: Sim, a casa hoje já está arrumada. O que nos tem faltado são os resultados desportivos, sobretudo porque tínhamos outras prioridades.
Está de tal forma apetecível, que receia uma nova Oferta Pública de Aquisição?
LFV: Não, não receio. O maior accionista da SAD Benfiquista vai ser sempre o clube. Esse perigo não existe.
Noutras SAD, o presidente é bem remunerado. No Benfica, o presidente não é pago. Qual é a lógica?
DSO: Nenhum dos Órgãos Sociais eleitos pelos sócios é remunerado. É a lógica de quem serve o Benfica, serve com espírito de missão e não de qualquer remuneração. E não creio que haja intenção de alterar essa situação.
As goleadas já estão a reflectir-se nas receitas de bilheteira?
LFV: As receitas de bilheteira são compostas por duas vertentes. Aquilo que são as receitas dos bilhetes de época, cativos e camarotes cresceu face aos últimos anos. E depois temos uma segunda vertente de jogo a jogo que, tipicamente, é mais comprado por adepto do que por sócio. Nesta vertente, estamos com o triplo da facturação, em relação ao ano passado. No campeonato nacional e nas competições europeias estamos com o volume de receitas 30% acima do valor do ano passado.
Os resultados de amanhã vão ser elucidativos da ausência de venda de jogadores?
LFV: Os resultados vão reflectir a estratégia. Para além disso, se uma liga dos Campeões vale cerca de 15 milhões de euros... é uma questão de fazer contas. Mas repito, sabemos exactamente o terreno que estamos a pisar. A conta de resultados será influenciada de forma significativa mas, do ponto de vista financeiro, temos a capacidade para aguentar esse impacto de não vender jogadores. Toda a gente reconhece que os activos, os jogadores, valem muitíssimo mais hoje do que valiam há um ano atrás.
Durante dois anos?
LFV: Durante dois, se for necessário. Se isso é algo que queremos manter ‘ad eternum', depende também do que queremos fazer em termos de investimento. Hoje temos o melhor plantel dos últimos anos.
Quando vão dar lucros?
DSO: Evidentemente que não vamos dar prejuízos ‘ad eternum'. Acreditamos que conseguiremos voltar aos lucros e ter os capitais recompostos no espaço de três ou quatro anos.
Quando conseguirão ter os capitais próprios repostos?
LFV: A meta definida é o ano de 2013. E este projecto desportivo tem de ser sustentado ao longo dos próximos três a quatro anos. Se conseguirmos renegociar os contratos, colocamos o Benfica num patamar completamente diferente.
A crise financeira também teve impacto no Benfica?
LFV: Teve impacto no Benfica, como em todo o lado. Mas apesar de tudo não nos podemos queixar muito. Como em qualquer outra empresa, tivemos maior dificuldade de acesso ao crédito. Posteriormente, reflectiu-se também no aumento dos ‘spreads'. Já do ponto de vista de receitas, não sentimos impacto. Assinámos contratos, que melhoraram os valores que vinham do passado. O potencial de valorização da marca Benfica foi positivo.
Segundo as contas da SAD, basta vender seis jogadores para cobrir todo o passivo bancário.
Luís Filipe Vieira garante que o Benfica "não está vendedor, mas comprador", mas ainda assim admite a venda de um jogador. Quanto ao negócio, revela ainda que a incorporação do Estádio na SAD será apresentada na próxima assembleia-geral, marcada para 19 de Novembro.
O investimento é uma estratégia assumida esta época?
LFV: Esta época e a anterior. Desde que o entrei na SAD em 2001 foi tomada uma primeira opção estratégica que condicionou todas as outras, a construção do Estádio. Digo que condiciona todas as outras, porque custou - com todas as infra-estruturas adjacentes - 160 milhões de euros e obviamente que a vida do Benfica do ponto de vista financeiro passou ser regulada pelo cumprimento do Project Finance associado.
Ainda é possível melhorar os patrocínios?
DSO: É. Falta vender o ‘naming' do Estádio, que pode ser complementado com a melhoria do patrocínio das camisolas, das bancadas e dos pavilhões. As receitas de quotização estão a subir. Passar de 200 mil para 300 mil sócios, na prática significa cerca de sete milhões de euros.
Estão disponíveis para investir mais?
LFV: Ainda estamos disponíveis para investir mais nesta equipa em termos de jogadores, essa é uma garantia que posso deixar. Os investimentos começaram mais estruturadamente em 2008 e continuaremos até 2010.
Consideram que de alguma forma estão a hipotecar ou a diminuir a margem de manobra da próxima direcção?
LFV: Pelo contrário. Quando chegámos a esta casa já estava tudo hipotecado. Agora, há um futuro e risonho. Para terem uma ordem de grandeza, imaginem que queríamos cobrir o passivo bancário. Garanto que bastava vender seis jogadores e cobríamos o passivo bancário.
É difícil não cair em tentação?
LFV: De facto as propostas são tantas que vamos ter de saber resistir, porque o nosso objectivo passa por ganhar o campeonato e isso só se consegue mantendo os nossos activos, mas admito que iremos vender um jogador. Vou-lhe dar apenas um exemplo de valorização - e não estou a dizer que o vamos vender - o caso de Di Maria, que está avaliado em 22 milhões de euros no Fundo. E ainda ontem soubemos quanto vale Di Maria no mercado e posso garantir que vale muito mais.
É uma gestão financeira que se consegue mesmo sem ir à liga dos campeões?
DSO: O nosso plano prevê que o Benfica eventualmente não vá à Liga dos Campeões todos os anos, mas tem todas as condições para estar regularmente na Liga dos Campeões. O plano aguenta isso. Agora pode colocar-se a questão ao contrário: será que todos os planos de todas as sociedades aguentam não ir, eventualmente, um ou outro ano à Liga dos Campeões?
Para quando a incorporação do estádio na SAD?
DSO: A intenção é apresentar essa operação aos sócios e accionistas das duas instituições entre Novembro e Dezembro.
Em 2013 terão outro tipo de receitas?
DSO: Sim, relacionadas com os direitos televisivos. Daqui até lá, teremos de pontualmente procurar as melhores soluções. A solução da venda de jogadores é uma possibilidade. Os contratos que vão terminar nessa altura, como o das camisolas, a Adidas, a própria situação do contrato do nosso canal, serão alvo de negociação, não será global, mas faseada. Tudo isso será alvo de uma negociação que será desenvolvida neste mandato.
outubro 28, 2009
outubro 26, 2009
Liga Sagres SLBenfica_Nacional
In Abola
Benfica goleia Nacional (6-1) e é primeiro na liga
O Benfica impôs esta noite uma pesada goleada ao Nacional e subiu ao primeiro lugar da Liga, graças à melhor diferença de golos sobre o Sp. Braga.
A equipa de Jorge Jesus sabia à partida para este jogo que em caso de vitória atingiria o topo da classificação e a verdade é precisou de apenas 16 minutos para se colocar em vantagem.
Num jogo marcado pela lesão de César Peixoto durante o aquecimento, foi o seu substituto, Fábio Coentrão, quem abriu caminho para a vitória.
Na condução de um rápido ataque, Coentrão colocou, aos 16 minutos, a bola no pé de Cardozo, para o paraguaio marcar o primeiro golo da partida.
As águias soltaram-se e mostraram apetite pela baliza, mas seria o Nacional, através de Edgar Costa a marcar (28). 11 minutos depois, novamente Coentrão a brilhar, com cruzamento perfeito para a cabeça de Saviola, que aproveitou para fazer o 2-1.
A segunda parte começou praticamente com o terceiro golo do Benfica. Aos 48 minutos, Cardozo aproveitou uma grande penalidade «cavada» por Aimar para fazer o 3-1.
Em noite de festa, Saviola voltou a marcar aos 63, fazendo o quarto golo dos encarnados, após nova jogada em que Coentrão teve papel decisivo.
Nos últimos 10 minutos o Benfica marcou mais dois golos. Primeiro por Nuno Gomes, depois por Cardozo, de novo na conversão de uma grande penalidade.
O Benfica igualou o Sp. Braga na liderança, mas ocupa a primeira posição por ter 30 golos marcados contra cinco sofridos enquanto a equipa minhota tem 13 marcados e quatro sofridos.
Estádio da Luz
Árbitro: Vasco Santos
BENFICA - Quim; Maxi Pereira, Luisão, D. Luiz e Fábio Coentrão; Ramires, Javi Garcia, Pablo Aimar e Dí Maria; Saviola e Cardozo.
Golos: Cardozo (16, 48, g.p., 90+1, g.p.), Saviola (39, 63),Nuno Gomes(86)
Assistência ao Jogo: 47 011 Espectadores
outubro 25, 2009
Crónica Semanal de Ricardo Araújo Pereira
Jorge Jesus não tem mão na Equipa
Lamento muito, mas um adepto não deve apenas dizer bem. Sobretudo quando é fácil. Apesar do bom futebol, das vitórias, do imenso receio que o Benfica inspira aos adversários, da profunda satisfação que todos os benfiquistas sentem quando vêem a equipa jogar, nem tudo corre bem. Um treinador deve exercer um controlo perfeito sobre a equipa e Jorge Jesus, por muito que me custe admiti-lo, não consegue. São já várias as conferências de imprensa em que o treinador do Benfica lembra que a equipa não pode golear sempre. Os jogadores, num acto de indisciplina recorrente, e que mereceria castigo sério, continuam a desmenti-lo. Quando chegou ao Benfica, Jorge Jesus disse que os jogadores iriam jogar o dobro do que haviam jogado no ano passado. Neste momento, os jogadores jogam o quádruplo do que Jorge Jesus pensava que eles iam jogar. É muito feio faltar ao prometido.
As falsas expectativas que o treinador do Benfica lançou no início da época tiveram efeitos muito negativos até na minha vida pessoal. Quando soube que o Benfica jogaria o dobro do que havia jogado no ano passado fiquei contente, mas não demasiado. O Benfica não jogava assim tanto para que a perspectiva de passar a jogar apenas o dobro fosse especialmente apelativa. Por isso, cometi a imprudência de marcar compromissos profissionais para dias de jogo do Benfica. Não pude ver no estádio a goleada ao Everton e fui forçado a acompanhar a goleada ao Belenenses apenas na televisão. Tivesse Jorge Jesus sido rigoroso e eu teria metido licença sem vencimento até ao fim da época.
Muito embora o Benfica seja, neste momento, uma máquina de triturar equipas e fazer golos, muita gente adverte ainda para os perigos que podem resultar do entusiasmo dos benfiquistas. Pelos vistos, o entusiasmo benfiquista é perigoso. Quando as outras equipas perdem, o adversário joga melhor. Quando o Benfica perde, a culpa é do entusiasmo dos sócios. Não se percebe a razão pela qual os outros treinam: segundo esta curiosa teoria, basta entusiasmarem-nos o terceiro anel para estarmos em apuros. O mais interessante é que o mesmo entusiasmo, tão contraproducente, também é apontado como um factor que nos beneficia. Sportinguistas e portistas queixam-se de que a onda de entusiasmo contagia os jornais e empurra o Benfica, o treinador do Braga lamenta que o Benfica seja levado ao colo pela euforia dos seus próprios adeptos. Em Portugal, ser levado ao colo pelo entusiasmo dos adeptos é crime, ser levado ao colo pela arbitragem é dirigismo brilhante. O treinador do Braga, por exemplo, nunca se queixou disso. Calha sempre estar a olhar para o chão.
outubro 22, 2009
Liga Europa _ SLBenfica - Everton
In Abola
Goleada das antigas (5-0) com magia de Dí Maria
O Benfica goleou o Everton (5-0) e subiu à liderança do grupo I da Liga Europa. Num jogo disputado a ritmo intenso, a águia foi mais eléctrica e contagiou os adeptos nas bancadas.
Depois da derrota na Grécia e frente ao líder do grupo o Benfica estava proibido de deslizar. E se não deslizou, fez ainda melhor: reduziu o Everton a cinzas, graças a uma exibição endiabrada de Dí Maria e ao grande acerto ofensivo de Saviola (dois golos) e de Óscar Cardozo (outros dois).
Jorge Jesus manteve a lógica de dar a titularidade nos jogos europeus ao guarda-redes brasileiro Júlio César e a verdade é que o ex-belenense não teve muito trabalho.
Permitindo que o jogo assumisse um ritmo à inglesa, o Benfica chegou à vantagem logo aos 13 minutos, através de Saviola, após um incrível cruzamento de Dí Maria.
Até ao intervalo o Everton ainda deu sinais de tentar mudar a sorte da partida, investindo num tipo de jogo que o favorecia: parada e resposta. Ainda assim, o resultado permaneceu inalterado.
À entrada para a segunda parte a águia voltou a abrir as asas. De novo Dí Maria em destaque. Aos 46 minutos, assistência do argentino para Cardozo que, na pequena área, só teve de empurrar a bola com o pé para o fundo da baliza.
No minuto seguinte foi a vez de Saviola, de novo pela esquerda, cruzar com conta, peso e medida, para a cabeça de Cardozo, de onde saiu o terceiro golo do Benfica.
Mantendo um ritmo rápido, o Benfica chegou ao quarto golo aos 51 minutos, desta vez através de cabeçada certeira de Luisão, na sequência de um pontapé de canto.
Em vantagem, com a liderança do grupo assegurada e ciente de que segunda-feira há jogo de campeonato, o Benfica manteve-se dominador, mas permitiu finalmente que a velocidade da partida fosse reduzida, mas nunca tirou os olhos da baliza. Só esta atitude, aliás, permitiu que Saviola fizesse ainda o quinto golo, após nova assistência de Dí Maria.
Vitória mais do que justa, grande exibição e resultado histórico para a equipa de Jorge Jesus. Eis o balanço de mais uma jornada europeia.
Árbitro: Nikolay Ivanov (Rússia)
BENFICA: Júlio César; Ruben Amorim, Luisão, David Luiz e César Peixoto; Ramires, Javi Garcia, Aimar (Carlos Martins, 69) e Dí Maria; Cardozo (Fábio Coentrão, 77) e Saviola (Weldon, 84).
Suplentes: Quim, Maxi Pereira, Sidnei, Carlos Martins, Fábio Coentrão, Weldon e Nuno Gomes
Treinador: Jorge Jesus
Golos: Saviola (13, 84), Cardozo (46, 47), Luisão (52).
Assistência ao Jogo : 44.534 espectadores na Luz.
outubro 19, 2009
Crónica Semanal do Ricardo Araújo Pereira
A minha Pátria já está no Mundial
Tenho estado a fazer uns tratamentos e aguardo resultados positivos em breve. Todos os dias, escrevo 10 vezes num caderno a frase «O Benfica não é obrigado a golear todos os jogos». E depois leio e finjo que acredito. Tudo isto serve para tentar moderar o entusiasmo, que é injustificado. O calendário tem sido favorável ao Benfica. Ainda não defrontou Porto, ou Sporting, o que já aconteceu com os outros. O Benfica limitou-se a dar três ao facílimo Paços de Ferreira (que empatou com o Porto) e dar quatro ao muito macio Belenenses (que empatou com o Sporting). Tudo jogos fáceis, claro. O avanço do Benfica não significa nada. Basta-me repetir esta frase um bom número de vezes e pode ser que passe a acreditar nisso. Os sportinguistas e portistas já conseguiram. Deve ser uma tarefa simples.
outubro 18, 2009
Taça Portugal _ Monsanto - SLBenfica
In Abola
Águia goleia (6-0) Monsanto
O Benfica estreou-se na Taça de Portugal com uma goleada (6-0) sobre o Monsanto, em jogo da 3.ª eliminatória disputado este sábado em Torres Novas. Felipe Menezes, Carlos Martins (2), Saviola, César Peixoto e Fábio Coentrão apontaram os golos dos encarnados.
Primeira parte disputada a um ritmo baixo, permitindo ao Monsanto gerir as iniciativas ofensivas do Benfica que, por seu lado, não fez muita pressão para chegar à área do adversário. Ainda assim, Weldon desperdiçou, logo aos dois minutos, uma oportunidade – cabeceou ao lado após assistência de Fábio Coentrão – que podia ter dado outro rumo à partida.
Depois, foi o guarda-redes do Monsanto, René, a negar o golo a Weldon (18m) e Fábio Coentrão (19m) com duas boas intervenções. Dada a dificuldade em organizar o colectivo, foi através de uma jogada individual de Felipe Menezes que o Benfica conseguiu chegar ao golo. O médio brasileiro passou por vários jogadores no meio-campo adversário e chegou à entrada da área, onde desferiu um remate a meia-altura, com o pé esquerdo, para marcar o primeiro golo com a camisola do Benfica.
A melhor oportunidade do Monsanto aconteceu nos instantes finais da primeira parte através de um livre directo cobrado por Gutty, porém Moreira respondeu com uma grande defesa ao remate que levava selo de golo.
O Benfica entrou com outra atitude para o segundo tempo e não demorou a chegar ao 2-0. Foi logo aos 46 minutos por intermédio de Carlos Martins, a passe de Nuno Gomes. O médio português voltou a marcar aos 59 minutos, desta feita após assistência de Felipe Menenzes. Rúben Amorim (57m) também tentou a sorte de longe mas a bola saiu ligeiramente por cima da baliza de René.
O Monsanto ainda esboçou uma reacção por intermédio de Alex que, três minutos depois de entrar em campo, obrigou Moreira a defesa difícil para desviar o remate forte e rasteiro desferido de fora da área pelo jogador da equipa que milita na II Divisão B.
Com o jogo perfeitamente controlado, o Benfica acabou por marcar mais três golos nos últimos dez minutos da partida. Primeiro Saviola, de cabeça após um canto, depois César Peixoto, de livre directo, e, por fim, Fábio Coentrão, de cabeça, após assistência de Saviola.
Ficha de jogo:
Estádio Municipal Dr. Alves Vieira, em Torres Novas
Árbitro Paulo Costa (AF Porto)
BENFICA: Moreira; César Peixoto, David Luiz, Sidnei e Ruben Amorim; Javi Garcia, Fábio Coentrão, Felipe Menezes (Saviola, 62m) e Carlos Martins; Nuno Gomes (Mantorras, 68m) e Weldon (Miguel Vítor, 75m).
Suplentes: Quim, Maxi Pereira, Di María e Urreta.
Golos: 0-1, Felipe Menezes (29m); 0-2, Carlos Martins (46m); 0-3, Carlos Martins (59m); 0-4, Saviola (84m); 0-5, César Peixoto (88m); 0-6, Fábio Coentrão (90+1m).
outubro 13, 2009
outubro 11, 2009
Crónica Semanal do Ricardo Araújo Pereira
Desta vez Pinto da Costa tem razão
É muito raro, e portanto trata-se de um facto que merece ser celebrado: Pinto da Costa tem razão. Nos intervalos de receber árbitros em casa para fornecer aconselhamento matrimonial aos seus paizinhos e de atropelar fotógrafos do JN, Pinto da Costa consegue além disso tirar algum tempo a esta vida preenchida para enriquecer o País com declarações. As declarações costumam ser de dois tipos: ou são declarações de José Régio que chegam ao domínio público em segunda mão, habitualmente em cerimónias especiais, através daquilo que Pinto da Costa julga ser declamar (um castigo que nem os versos de Nel Monteiro mereciam, quanto mais os do pobre Régio), ou são declarações da lavra do próprio Pinto da Costa — que são frequentemente mais poéticas. As últimas, pelo menos, soaram-me a poesia.
No aniversário do Futebol Clube de Infesta, o presidente do Porto tomou a palavra para falar, evidentemente, do Benfica. É o tema que vem mais a propósito, até porque, para dizer a verdade, o Benfica vem sempre a propósito. E foi nessa altura que Pinto da Costa proferiu as palavras a que qualquer pessoa de bom senso, não sendo sectária, deve dar razão: «Ao contrário do que alguns dão a entender, o grande adversário do Porto no campeonato é o Braga, e não o Benfica». Há muito tempo que venho dizendo o mesmo: é com o Braga que o Porto vai ter de discutir o segundo lugar do campeonato. Com cuidado, porque o Nacional (e até, quem sabe, o Sporting) pode intrometer-se nesse interessante combate, mas sobretudo será uma luta a dois entre o Braga e o Porto. Que isto seja óbvio apenas para mim e para Pinto da Costa é que eu acho estranho. Em abono da verdade, devo dizer que Pinto da Costa percebeu tudo isto primeiro do que eu. Quando, por exemplo, agradeceu Falcão ao Benfica, estava já a planear esta estratégia de confronto com o Braga: recrutar um reforço que estaria bem no banco do Benfica (marca quase tantos golos como o Cardozo!) é o modo ideal de atacar o Braga. Para se superiorizar ao Benfica, teria de contratar um ponta-de-lança que marcasse mais do que o titular do Glorioso, claro. A aposta de Pinto da Costa no segundo lugar é, portanto, correctíssima, e comprova-se a toda a hora: a notícia segundo a qual o presidente do Porto vendeu mais de 15.000 acções da SAD do Porto indica justamente que o futuro não é tão risonho como nos anos anteriores. É melhor vender tudo enquanto ainda vale alguma coisa e, quem sabe, investir em títulos que valham mais que os do Sporting e Porto juntos. Eu sei de uns que correspondem à descrição, e até tenho alguns. Mas não estou vendedor.
outubro 09, 2009
outubro 07, 2009
Crónica Semanal do Ricardo Araújo Pereira
Força, Sporting
Tenho constatado, com a repugnância que o leitor imagina, que vou desenvolvendo uma simpatia crescente pelos adeptos do Sporting. Ou sou eu que cada vez mais me pareço com eles, ou são eles que cada vez mais se parecem comigo. Seja como for, é horroroso — mas os sportinguistas e eu estamos perto de sermos almas gémeas. Repare o leitor: quando o Sporting perde, os adeptos assobiam; quando o Sporting ganha, como na quinta-feira, os adeptos voltam a assobiar. Esta vontade de, em todas as ocasiões, assobiar o Sporting, é-me tão familiar e natural que me sinto, julgo que com razão, vilipendiado pelos sportinguistas. Eu gosto muito de insultar o treinador dos adversários (é das coisas lindas que o futebol tem), mas não tenho imaginação nem vontade de chamar ao Paulo Bento o que oiço da boca de sportinguistas. Aprecio, tanto como qualquer pessoa, um bom comentário depreciativo acerca dos jogadores rivais, mas não sou faccioso a ponto de ver, nos futebolistas do Sporting, a falta de categoria que os sportinguistas identificam e publicitam em coro. De duas, uma: ou os adeptos do Sporting adoptam comportamento diferente do meu e começam a apoiar o seu clube, ou vejo-me forçado a, por razões de higiene, apoiá-lo eu.
Confesso que nem será difícil: as exibições do Sporting até me têm agradado bastante.
O Leixões, que no ano passado desempenhou aquele papel de equipa revelação que faz um brilharete nas primeiras jornadas e depois cai a pique até ao fim (um papel este ano reservado ao Braga), foi à Luz perder por 5-0. Até aqui tudo muito bem. Acabou o jogo com nove e, como foi referido na generalidade dos jornais, podia ter acabado com menos um ou dois jogadores em campo e com mais um ou dois penalties no bucho. Tudo bem, também. Interessante foi a conferência de imprensa de José Mota. Desde que abandonou o Paços de Ferreira, José Mota apresenta-se aos jornalistas sem o elegante boné amarelo de outros tempos — mas ainda assim consegue dar espectáculo. Desta vez, lamentou que o árbitro não tivesse tido em conta, na hora de expulsar os seus jogadores, que estava perante futebolistas jovens e inexperientes. O rapaz que tentou remover a tíbia ao Di María com os dois pitons da frente deveria ter sido aconselhado.
O jovem que decidiu cortar o Aimar pela raiz a três metros da baliza merecia uma conversa amiga e apoio psicológico. E, segundo José Mota, ninguém deveria ser expulso à meia hora de jogo. Quando é que a FIFA acrescenta à regra das faltas a adenda sobre o minuto do jogo em que são cometidas e a idade do infractor? Julgo que o espectáculo sairia beneficiado se as equipas pudessem entrar em campo com dois ou três delinquentes menores de idade que, depois de terem feito os seus estragos, pudessem ser substituídos a meio da primeira parte. Tudo o que sirva para aperfeiçoar o jogo.
outubro 06, 2009
SLBenfica _ P.Ferreira 7ª Jorn.
In Abola
Benfica triunfa na Mata Real ante P. Ferreira (3-1)
O Benfica foi ao reduto do P. Ferreira vencer por 3-1, somar a sexta vitória consecutiva na Liga, em jogo da sétima jornada da prova, e manter a perseguição ao líder, o Sp. Braga.
Os «encarnados» resolveram o encontro ainda na primeira parte. David Luiz abriu logo o marcador aos três minutos, na sequência de um canto convertido por Carlos Martins.
O médio assinou o segundo golo benfiquista, através de um remate de longe, aos 22 minutos. Cardozo fechou a contagem para o lado do Benfica, aos 40 minutos. O paraguaio, através de livre directo, rematou muito forte ao canto superior esquerdo da baliza de Cássio. O guardião pacense não teve nenhuma hipótese.
O Paços ainda reduziu, aos 68 minutos, por Maykon, numa jogada onde David Luiz facilitou e Cristiano aproveitou para assistir o companheiro.
Na primeira parte o Benfica mostrou-se mais sólido e coeso e só não aumentou ainda mais a vantagem devido a duas boas intervenções de Cássio. Durante os primeiros 45 minutos houve pouco Paços de Ferreira.
No segundo tempo a história foi outra. Os ‘castores’ voltaram a mostrar o seu real valor e se não fosse Quim, poderiam mesmo ter igualado o marcador.
Com este resultado a turma da Luz mantém-se como segundo classificado, a dois pontos do Sp. Braga, que lidera a Liga com 21 pontos. Já os pacenses quedam-se pelo décimo posto, com sete pontos.
Ficha técnica:
Árbitro: João Ferreira (Setúbal), assistido por Pais António e Luís Ramos.
Estádio: Mata Real, em Paços de Ferreira.
Resultado: 1-3.
Marcadores: David Luiz (3), Carlos Martins (22), Cardozo (40).
Benfica: Quim; Rúben Amorim (César Peixoto, 68), Luisão, David Luiz e Shaffer; Javi Garcia, Ramires, Fábio Coentrão e Carlos Martins (Felipe Menezes, 45); Saviola (Weldon, 77) e Cardozo.
Suplentes: Júlio César, Sidnei, Felipe Menezes, Nuno Gomes, Weldon e Keirrison.
outubro 05, 2009
SLBenfica _ Stars Fund
In futebol finance
No passado dia 30 de Setembro, a Benfica SAD divulgou através da CMVM a criação do “BENFICA STARS FUND – Fundo Especial de Investimento Mobiliário Fechado”, no valor de 40 milhões de Euros, tendo, como principais activos percentagens dos passes de vários futebolistas que o clube vendeu ao referido Fundo. O Fundo será gerido pela “ESAF – Espírito Santo Fundos de Investimento Mobiliário, SA”, empresa do Grupo BES e tem como objectivo gerar mais valias através das percentagens dos jogadores que fazem parte do Fundo, quando estes se transferirem para outro clube.
Desta forma a Benfica SAD encontra mais uma solução de financiamento para a sua actividade desportiva, nomeadamente para o pagamento das avultadas aquisições de jogadores que nos últimos 3 anos ultrapassaram os 87 milhões de Euros, contra os 51 milhões de Euros gerados em vendas de jogadores. No entanto e no mesmo dia em que foi constituído este Fundo, terminou o prazo para a liquidação da dívida do Benfica à Euroarea, curiosamente no valor de 22 milhões de Euros, exactamente o montante recebido pela alienação dos jogadores ao “Benfica Stars Fund”.
“BENFICA STARS FUND”:
Nome do Jogador | Percentagem Adquirida | Preço Pago pelo Fundo |
David Luiz | 25% | 4.500.000 € |
David Simão | 25% | 375.000 € |
Di Maria | 20% | 4.400.000 € |
Javi Garcia | 20% | 3.400.000 € |
Lenadro Pimenta | 25% | 375.000 € |
Miguel Vítor | 25% | 500.000 € |
Nélson Oliveira | 25% | 2.000.000 € |
Roderick Miranda | 25% | 2.000.000 € |
Ruben Amorim | 50% | 1.500.000 € |
Shaffer | 40% | 1.400.000 € |
Urretaviscaya | 20% | 1.200.000 € |
Yartey | 25% | 375.000 € |
Principais notas sobre o “Benfica Stars Fund”:
- 40 milhões de Euros é o capital inicial do “Benfica Stars Fund”, estando disponíveis 8 milhões de acções (unidades) destinadas a subscritores, tendo cada participação o valor de 5€, ajustados mensalmente consoante o valor líquido global do Fundo.
- O Fundo não pode deter mais de 60% dos direitos económicos de cada atleta e a Benfica SAD terá sempre que deter 10% dos direitos de cada jogador.
- Os jogadores elegíveis para fazerem parte do Fundo terão que ter entre 16 e 25 anos e o tempo de contrato a cumprir no clube nunca poderá ser inferior a 3 anos.
- As percentagens dos passes adquiridos pelo Fundo ao Benfica, servem de referência para negócios futuros. Assim o Benfica fica obrigado a vender um jogador, sempre que a proposta seja igual ou superior ao valor de referência do Fundo.
- Quando o Benfica receber uma proposta por um jogador, pode readquirir a percentagem do jogador alienada ao Fundo, pelo valor que lhe seria devido caso a proposta fosse aceite.
A constituição de Fundos de jogadores em Portugal não é nova, em 2001 e através da Orey Financial, Sporting, Porto e Boavista constituíram Fundos semelhantes apelidados de “First Portuguese Football Players Fund”.
Em 2003 o Fundo do Sporting atingiu o pico máximo de rentabilidade de 80% com a venda de Cristiano Ronaldo ao Manchester United. Embora muitos investidores tenham saído do Fundo com significativas mais-valias, desde então o valor da carteira foi caindo devido à falta de transferências da mesma ordem. O Fundo terminou em 2007, quando o Sporting comprou as percentagens dos passes jogadores ainda presentes por 3,2 milhões de Euros. Ainda assim a rentabilidade final do Fundo foi de 3%, num investimento inicial por parte do Fundo no valor de 12,4 milhões de Euros.
Em 2004 o FC Porto deu inicio ao seu Fundo com um encaixe financeiro de 6,1 milhões de Euros. Fruto da vitória na Champions League com Mourinho, o Fundo o FC Porto de onde faziam parte os passes dos jogadores Deco, R. Carvalho, P. Ferreira e P.Mendes, chegou a alcançar uma valorização de mais de 37%, no entanto tal como no caso do Sporting, o Fundo terminou em 2008 com a reaquisição dos passes dos jogadores presentes pelo Fc Porto, a troco de 1,7 milhões de Euros.
Desta forma acreditamos que o “Benfica Stars Fund” será um bom investimento para todos os intervenientes.
outubro 03, 2009
Crónica Semanal do Ricardo Araújo Pereira
Assim que possível coloco a desta semana.
In Abola
Pedro Proença, um homem do avesso
Se alguma vez eu for, em tribunal, acusado de algum crime por uma testemunha ocular, espero sinceramente que essa testemunha seja o árbitro Pedro Proença.
Aquilo que Pedro Proença presencia é sempre o rigoroso oposto daquilo que ele pensa que presenciou – o que é extremamente curioso. As coisas acontecem de pernas para o ar à frente de Pedro Proença. O mundo, que está direito para nós, apresenta-se-lhe do avesso.
Repare o leitor: no ano passado, no estádio do Dragão, Yebda não cometeu qualquer falta sobre Lisandro López. Pedro Proença assinalou a respectiva grande penalidade. Na semana passada, Álvaro Pereira cometeu penalti sobre Alan. Pedro Proença, como é evidente, mandou seguir. Ambas as situações foram avaliadas ao contrário, e foi isso que me permitiu detectar aqui um padrão interessante.
Só há uma coisa que nunca se inverte: quem está de azul e branco, sai beneficiado; quem está de vermelho, sai prejudicado.
O lagarto e o dragão são dois bichos escamosos que largam gosma. Este é um primeiro ponto. O segundo ponto é este: Pinto da Costa e José Eduardo Bettencourt vão assistir ao FC Porto-Sporting juntos, na tribuna presidencial do estádio do Dragão.
Depois de ter assistido ao Nacional-Sporting junto do homem que prometeu ao seu clube o Paulo Assunção e, à última hora, o levou para o FC Porto, Bettencourt prepara-se agora para assistir ao FC Porto-Sporting junto do homem que recebeu o jogador que o seu clube estava quase a contratar. Os sportinguistas, que se saiba, não dizem nada.
A única vez que censuraram uma atitude do presidente do Sporting foi quando ele cometeu o gravíssimo delito de dizer que o plantel do Benfica era bom. Mas hoje, Bettencourt terá, enquanto estiver sentado ao lado do dirigente que está a cumprir pena de suspensão de dois anos por tentativa de corrupção, a admiração dos sócios do Sporting. A menos que elogie o Benfica, claro.
O FC Porto-Sporting de hoje é, não me custa reconhecê-lo, um duelo de titãs. A equipa à qual foi perdoado o penalti de Álvaro Pereira sobre Alan, em Braga, defronta a equipa à qual foi perdoado um penalti de Miguel Veloso sobre Toy, em Alvalade, e a favor da qual se marcou um penalti inexistente. Prevejo, portanto, um jogo com muito futebol por alto.
Quando duas equipas estão a ser levadas ao colo, não faz sentido jogar a bola pela relva. Ao colo do árbitro, os jogadores têm alguma dificuldade de chegar com os pés ao chão.