In futebol finance
No passado dia 30 de Setembro, a Benfica SAD divulgou através da CMVM a criação do “BENFICA STARS FUND – Fundo Especial de Investimento Mobiliário Fechado”, no valor de 40 milhões de Euros, tendo, como principais activos percentagens dos passes de vários futebolistas que o clube vendeu ao referido Fundo. O Fundo será gerido pela “ESAF – Espírito Santo Fundos de Investimento Mobiliário, SA”, empresa do Grupo BES e tem como objectivo gerar mais valias através das percentagens dos jogadores que fazem parte do Fundo, quando estes se transferirem para outro clube.
Desta forma a Benfica SAD encontra mais uma solução de financiamento para a sua actividade desportiva, nomeadamente para o pagamento das avultadas aquisições de jogadores que nos últimos 3 anos ultrapassaram os 87 milhões de Euros, contra os 51 milhões de Euros gerados em vendas de jogadores. No entanto e no mesmo dia em que foi constituído este Fundo, terminou o prazo para a liquidação da dívida do Benfica à Euroarea, curiosamente no valor de 22 milhões de Euros, exactamente o montante recebido pela alienação dos jogadores ao “Benfica Stars Fund”.
“BENFICA STARS FUND”:
Nome do Jogador | Percentagem Adquirida | Preço Pago pelo Fundo |
David Luiz | 25% | 4.500.000 € |
David Simão | 25% | 375.000 € |
Di Maria | 20% | 4.400.000 € |
Javi Garcia | 20% | 3.400.000 € |
Lenadro Pimenta | 25% | 375.000 € |
Miguel Vítor | 25% | 500.000 € |
Nélson Oliveira | 25% | 2.000.000 € |
Roderick Miranda | 25% | 2.000.000 € |
Ruben Amorim | 50% | 1.500.000 € |
Shaffer | 40% | 1.400.000 € |
Urretaviscaya | 20% | 1.200.000 € |
Yartey | 25% | 375.000 € |
Principais notas sobre o “Benfica Stars Fund”:
- 40 milhões de Euros é o capital inicial do “Benfica Stars Fund”, estando disponíveis 8 milhões de acções (unidades) destinadas a subscritores, tendo cada participação o valor de 5€, ajustados mensalmente consoante o valor líquido global do Fundo.
- O Fundo não pode deter mais de 60% dos direitos económicos de cada atleta e a Benfica SAD terá sempre que deter 10% dos direitos de cada jogador.
- Os jogadores elegíveis para fazerem parte do Fundo terão que ter entre 16 e 25 anos e o tempo de contrato a cumprir no clube nunca poderá ser inferior a 3 anos.
- As percentagens dos passes adquiridos pelo Fundo ao Benfica, servem de referência para negócios futuros. Assim o Benfica fica obrigado a vender um jogador, sempre que a proposta seja igual ou superior ao valor de referência do Fundo.
- Quando o Benfica receber uma proposta por um jogador, pode readquirir a percentagem do jogador alienada ao Fundo, pelo valor que lhe seria devido caso a proposta fosse aceite.
A constituição de Fundos de jogadores em Portugal não é nova, em 2001 e através da Orey Financial, Sporting, Porto e Boavista constituíram Fundos semelhantes apelidados de “First Portuguese Football Players Fund”.
Em 2003 o Fundo do Sporting atingiu o pico máximo de rentabilidade de 80% com a venda de Cristiano Ronaldo ao Manchester United. Embora muitos investidores tenham saído do Fundo com significativas mais-valias, desde então o valor da carteira foi caindo devido à falta de transferências da mesma ordem. O Fundo terminou em 2007, quando o Sporting comprou as percentagens dos passes jogadores ainda presentes por 3,2 milhões de Euros. Ainda assim a rentabilidade final do Fundo foi de 3%, num investimento inicial por parte do Fundo no valor de 12,4 milhões de Euros.
Em 2004 o FC Porto deu inicio ao seu Fundo com um encaixe financeiro de 6,1 milhões de Euros. Fruto da vitória na Champions League com Mourinho, o Fundo o FC Porto de onde faziam parte os passes dos jogadores Deco, R. Carvalho, P. Ferreira e P.Mendes, chegou a alcançar uma valorização de mais de 37%, no entanto tal como no caso do Sporting, o Fundo terminou em 2008 com a reaquisição dos passes dos jogadores presentes pelo Fc Porto, a troco de 1,7 milhões de Euros.
Desta forma acreditamos que o “Benfica Stars Fund” será um bom investimento para todos os intervenientes.
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