O Benfica sagrou-se campeão nacional de futsal ao derrotar o Sporting por 5-4, após prolongamento no quinto e último jogo da final do playoff.
No ano em que passou a ser capitão de equipa do Benfica, com a
saída de Arnaldo Pereira a meio da temporada, Gonçalo Alves faz um
balanço do ano dos encarnados e aborda ainda as polémicas em que o seu
nome esteve envolvido nesta final do playoff com o Sporting.
A que é que sabe este título?
GA: Foi um título muito sofrido. Foi o nono
campeonato nacional e não é por ser o último, mas pela época que
tivemos, pela pressão que houve, por coisas extra que aconteceram nesta
final principalmente, que não é um hábito no futsal, acabou por ser o
título mais sofrido e mais saboroso que já conquistei. Estou muito
feliz. Merecemos. Tivemos uma fase regular sem qualquer derrota. Sabemos
que com este sistema de playoff não é premiado quem é mais regular, mas
quem se apresenta melhor nesta altura. Fomos felizes também, a sorte
esteve do nosso lado. Se o Sporting tivesse ganho não era totalmente
injusto. Mas pelo que fizemos na fase regular merecemos.
Como foi capitanear esta equipa?
GA: Foi um ano difícil como já tinha dito.
Começámos com o Arnaldo como capitão e apanhei a equipa a meio. Já tinha
muitas responsabilidades nesta equipa, mas foi um prazer. É uma equipa
recheada de grandes jogadores individualmente. Por vezes torna-se mais
complicado gerir tudo isto porque todos querem jogar, mas conseguimos
levar isto a bom porto felizmente.
O Gonçalo foi um dos jogadores visados nas polémicas que
ocorreram nesta final do playoff. Como é que ultrapassou tudo isso
atendendo à pressão que marcam estes jogos ?
GA: Eu felizmente sou uma pessoa que se entrega à
família e aos amigos. Tenho muita confiança em mim. Tudo o que seja
adverso, só me dá mais força. Deu-me muita força tudo o que foi dito. Em
algumas situações de jogo estava desgastado e fazia uso dessas
memórias, dos insultos de que fui alvo. Lidei bem com isso. Não quero
alimentar mais polémicas. Se o Sporting tivesse ganho, eles estavam a
rir-se porque achavam que tinha dado certo a estratégia que eles haviam
utilizado. Agora é o Benfica que se está a rir, pois a estratégia
extra-futsal do Sporting não deu certo. É o caminho errado. São jogos
muito competitivos em que não há santos. Nunca vi nenhum santo no
futsal.
Como é que viu todo o ambiente que se viveu no Pavilhão da Luz neste jogo decisivo do playoff?
GA: Não tenho palavras para este público. A
prioridade deles é incentivar a equipa, e não ir na base do insulto, o
que para nós é muito bom. Se tiverem a insultar um jogador do Sporting,
isso não é sinónimo de apoio. É nas alturas em que estamos mais cansados
que os adeptos aparecem. Lembro-me que quando sofremos o primeiro golo
neste jogo, a nossa claque estava a cantar e assim continuou. Isso
mostra o espírito da massa associativa do Benfica. Dedicamos o título a
todos eles, não só os que tiveram no Pavilhão mas aqueles que viram o
jogo de fora.
In Sapo Desporto
Após a derrota em Loures no terceiro jogo, a equipa do
Benfica reuniu-se no hotel para jantar e Paulo Fernandes trouxe um papel
com as palavras “SEM MEDO”, papel esse que foi assinado por todos os
jogadores. Que importância teve esse gesto num momento adverso da
equipa?
GA: Esta época estava a ser
muito positiva. Já tínhamos ganho a Supertaça e a Taça de Portugal, mas
queríamos muito ganhar este título. Admito que o facto de estarmos dois
anos sem ganhar o título estava a pesar psicologicamente na nossa
equipa. Havia jogadores que não estavam a conseguir mostrar o que
realmente valem. O que o treinador quis dizer com aquele gesto é que
tínhamos de jogar sem medo, não podíamos recear errar. Quem joga só para
o lado não ganha. Este domingo no Pavilhão da Luz fizemos um belíssimo
jogo e soubemos sofrer. A verdade é que os campeões fazem-se de
sofrimento. In Sapo Desporto
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