maio 08, 2011

2ª taça CERS conquistada


O hóquei em patins do Sport Lisboa e Benfica voltou a fazer história na Europa. A formação de Luís Sénica esteve imparável durante toda a prova e conquistou o troféu em Espanha, com enorme justiça, ao derrotar a equipa da casa, por 4-6. Destaque, ainda, para o “poker” de Diogo Rafael.

As equipas entraram no encontro com uma postura de contenção, mas com o passar dos minutos os benfiquistas foram tomando conta das operações e marcaram dois golos em cinco minutos. O tento inaugural foi da autoria de João Rodrigues (14’), num remate potente, depois de uma jogada individual de Valter Neves e o segundo pertenceu a Diogo Rafael (19’) com uma bomba de meia distância.

O Vilanova reduziu aos 23 minutos, com Jordi Ferrer a contar com alguma sorte num ressalto, mas o Benfica voltou a mostrar que era superior, logo no minuto seguinte, outra vez com Diogo Rafael a brilhar. Ao intervalo a vantagem era justíssima.

Nos primeiros dez minutos do segundo tempo não houve golos, embora o Benfica fosse sempre mais perigoso no ataque, no entanto, o Vilanova até marcou primeiro, por Roger Rocasalbas (11’). Quem ainda não estava satisfeito era Diogo Rafael, que voltou a fazer mais dois golos (13’ e 14’) e quase selou a vitória europeia da formação de Luís Sénica.

Os espanhóis nunca desistiram e aos 19 minutos, Jordi Galan fez o 5-3, levando esperança às bancadas. Essa mesma esperança voltou a perder-se aos 20 minutos, porque Luís Viana se encarregou da marcação de um livre directo e deu espectáculo com uma série de simulações decisivas. Com a partida praticamente fechada, Jordi Ferrer bisou (23’), mas o triunfo europeu já não fugia à turma da Luz.

A Taça CERS volta a ser conquistada volvidos 20 anos (1990/91) da última vitória. A secção de hóquei em patins está de parabéns!

maio 07, 2011

Contra a Corrente _ Leonor Pinhão



Nesta Liga Europa não há jogos, são apenas três meras formalidades


Se repararem com alguma atenção, nem é necessária muita atenção, a Liga Europa, este ano, já se pode dar por arrematada apesar de ainda ter mais três jogos por disputar, as duas meias-finais de hoje e a final de Dublin e mais não são do que meras formalidades a cumprir pelos seus intervenientes.

Basta ler os jornais e ouvir as notícias para perceber que assim é. O FC Porto não só vai hoje passear a sua classe em Espanha porque não há volta a dar ao expressivo resultado da primeira mão como também irá passeara sua classe a Dublin, na final, visto que nem o Real Madrid com cinco trincos lhe seja aos calcanhares, quanto mais o Sporting de Braga…

Sim, porque o Sporting de Braga é o outro finalista, apesar de ainda ter de jogar hoje a segunda mão contra os incompetentes e anémicos da Luz, que nem força nas pernas têm para uma hora de jogo. António Salvador, o presidente do Sporting de Braga, exortou ontem os adeptos do clube a unirem-se nesta «caminhada até Dublin», enquanto José Mendes, presidente da Assembleia Geral do Sporting de Braga, anunciou à Rádio Renascença, que já tem comprado o bilhete de avião para Dublin.

Resta ao Villarreal consolar-se com notícias infames como aquelas da Marca a garantir que o árbitro holandês do jogo da primeira mão andou por marisqueiras de Matosinhos mal acompanhado. E resta ao Benfica dos serviços mínimos picar hoje o ponto à hora estipulada pela UEFA depois de uma dormida no hotel do presidente do Braga onde, garantidamente os seus jogadores não terão passado a noite em claro apanhar envelopes metidos por debaixo das portas dos seus quartos com fotografias dos frangos do Roberto.

Esta é, sem dúvida, uma Liga Europa única, os tipos da UEFA devem estar pasmados. Mas é sempre assim com os portugueses, sabem-se os resultados todos com uma antecipação impressionante.

A propósito de envelopes… O comunicado da SAD de Leiria exprime sem eufemismos uma revolta fortemente adjectivada contra os acontecimentos e os seus protagonistas nos túneis e assoalhadas da bonita pedreira bracarense - «cínicos», «cobarde», «violentos» são alguns dos mimos utilizados. Mas, lamentavelmente e sem qualquer tipo de justificação ética ou moral acaba até por ofender inocentes que nada tiveram a ver com a ocorrência.

E é preciso ter muito cuidado com estas coisas. Pecou o redactor do dito comunicado dos leirienses ao acrescentar ao seu legítimo repúdio comparações obsoletas como «isto nem em África!» ou «pareciam pessoas Terceiro Mundo».

Oh meu amigo, mas em que mundo é que julga que vive?

É que não havia nenhuma necessidade de ofender tanta gente, tantos continentes, tantos milhões de seres humanos e tantos países que lá por não terem auto-estradas modernas como as nossas também têm a sua dignidade e principalmente têm a vantagem de não conhecer de lado nenhum o senhor António Salvador e o senhor Bruno Paixão e o senhor Fernando Couto e o senhor João Bartolomeu e, muito menos, o valente senhor do envelope anónimo…

maio 05, 2011

Para mim basta

O crédito chegou ao fim.



Quero Jorge Jesus fora da Luz.

maio 03, 2011

Por força da lei _ Ricardo Costa


O "dirigente ideal"

 
Um destes dias lia José Poças Esteves, diretor da Sociedade de Avaliação e Risco (a empresa de “estratégia” fundada pelo saudoso Ernâni Lopes), e concordava. Dizia que o país necessita de novos líderes; é preciso uma nova elite de dirigentes, de tal modo que os melhores assumam esse papel. Para isso, acrescentava, “é preciso criar condições para que eles queiram ir para essa liderança”. Ademais, outra medida imprescindível para sair da crise: “A sociedade portuguesa tem de mudar os valores.” Será tempo de aspirar a esta metamorfose no desporto, em particular no futebol?

Sem dúvida. Há muitos anos que, especialmente nas salas de aulas e nas conferências do direito desportivo, a propósito das SADs ou das federações, venho expressando o fundamental: formar novos quadros e promover a entrada de recursos humanos qualificados é o grande desafio. A “opereta” dos estatutos da FPF é uma hipóstase desse atraso. Os “velhos” não se renovam. E os “novos” personagens que aparecem querem ser “velhos”. É toda uma casta que – com exceções, é certo – banalizou um certo “dirigente-tipo”, que, anos a fio, foi colocado no pedestal do “dirigente ideal”.

Este dirigente tem diversos graus e patamares, em razão do poder e da influência que tem e consegue perpetuar. Aspira a uma rede de domínio fático e ao pacto formal para a negar. Mimetiza-se em “testas-de-ferro” ou em seguidores leais. Não consegue vislumbrar no seu meio exceções: todos devem ser como ele ou eles, não é plausível que se encontrem outros modos de ser e outras conceções éticas. Na dificuldade, fecha-se e reconquista. Na vitória, é protuberante e incrementa a acrimónia contra o vencido. Na melhor oportunidade, aproveita para a traição e, com isso, reforça a sua coesão interna. Persegue os opositores – ou, em alternativa, atrai-os –, já que não suporta a pluralidade. Sente-se bem na guerra como na paz e, nesta, quase sempre, “berra”. É esperto e felino, logo, foi e é vencedor, cada um à sua escala e medida.

Foi esta a escola de “gestão desportiva” que se seguiu como modelo, remetendo para o “truque” e o “jeitinho”. O que favoreceu essa linhagem de dirigentes, que neutralizaram a “diferença”. A possível superação será feita na geração dos 35-45 anos, que hoje começa a chegar ao topo da administração dos clubes, das federações e das ligas. Será a estes a quem incumbe fazer um juízo sobre essa forma de “gestão desportiva” e lidar com os efeitos do respetivo programa de ação, que trouxe maniqueísmo, intolerância, sectarismo e violência. E provar que não há só um manual em que todos são iguais.

Será essa geração capaz de fazer ascender um outro “código” e dar o salto qualitativo que o desporto português merece? Haverá condições para atrair um (verdadeiramente) novo escol de quadros? Ou serão eles – os que existem por agora, ainda que com iPad na mala – apenas mais uma cópia resistente do “dirigente ideal”, que mitificaram quando, miúdos, colecionavam os cromos? Para já, os sinais são contraditórios. Mas veremos o que nos dará a próxima década, nas lideranças e nas práticas. No desporto como no país.

 In Record

De Águia ao peito _ Luís Seara Cardoso


Abril, emoções mil


Depois de três meses quase imaculados e de grande qualidade, o Benfica passou por um Abril atribulado. O mês rendeu a Taça da Liga? Não se subestime a prova nem o adversário, trata-se de um troféu importante, desde logo com muito mais valor que a Supertaça. Só que Abril implicou também a imprevista eliminação da Taça de Portugal, em casa, frente ao FC Porto, depois de um triunfo inquestionável no Dragão.

Em boa verdade, duas derrotas quase consecutivas com a formação nortenha contribuíram para amarrotar o alicerce emocional benfiquista. No Campeonato, o destino estava traçado, também depois de tantas peripécias com claro prejuízo para o Benfica. Só que não era assim na Taça de Portugal, a ida ao Jamor estava, legitimamente, no pensamento de todos os adeptos da causa encarnada.

Temia-se que a equipa pudesse não responder da melhor forma ao desafio de uma meia-final europeia. O que se viu? Não foi o melhor Benfica, mas foi o Benfica bastante para assegurar um triunfo incontroverso na primeira mão. A vantagem tangencial implica preocupação? Implica, sobretudo, responsabilidade. O Benfica, em Braga, tem todas as condições para garantir, de forma competitivamente adulta, o apuramento para a final da Liga Europa.

E depois? Com o FC Porto como vai ser? Não há duas sem três ou à terceira é de vez. A turma portista vive um excelente momento, ainda assim o Benfica, de orgulho beliscado, pode superar-se. Um triunfo na Liga Europa, ademais garantido sobre o FC Porto, faria desta temporada uma das mais importantes no historial do clube. E o cenário até é de todo exequível, e eu acredito que a alma benfiquista se irá sobrepor a todas as dificuldades.


In Record

Aqui á Gato _ Miguel Góis



Lição de Mourinho

Quem ler a imprensa de ontem ficará convencido de que, em abril, o FC Porto foi a primeira equipa com dois portugueses no onze a conseguir a proeza de marcar cinco golos ao Villarreal. Em rigor, o Valencia de Ricardo Costa e Miguel fê-lo aqui há umas semanas, com a vantagem de não ter sofrido nenhum golo, e não terá sido por isso que foi considerada pela comunicação social espanhola uma das melhores equipas da Europa. Mas, enfim, compreendo que se esteja numa altura em que interessa esquecer como o FC Porto chegou à excelente forma que apresenta neste último terço da época, nomeadamente os casos de arbitragem nas primeiras jornadas do campeonato.

Não deixa de ser, por isso, irónico que alguns adeptos portistas se coloquem ao lado de José Mourinho na sua luta contra o poderio extrafutebolístico do Barcelona. É que o discurso do treinador do Real Madrid sobre a equipa catalã – é uma fantástica equipa de futebol e com um treinador muito competente, mas que também tem muito poder nos jogos de bastidores – serve que nem uma luva a clubes que o special one treinou no passado. Por razões que desconheço, só agora é que isso o parece incomodar.

Mas são declarações refrescantes, porque se baseiam num pensamento complexo que tantas vezes é descartado: uma equipa pode ser excelente, pode jogar melhor que o seu adversário e, ainda assim, ser decisivamente beneficiada pela arbitragem. (Que é como quem diz: mesmo tendo dominado o meio-campo do Benfica na segunda parte, sem o golo de Hulk em fora-de-jogo, o FC Porto não estaria na final da Taça de Portugal). Até porque é uma falácia partir do pressuposto de que as melhores equipas vencerão, mesmo que não haja interferências por parte da arbitragem. Não é, Otto Rehhagel?

  In Record

maio 02, 2011

Tempo Útil _ João Gobern


Céu ou inferno

Deus, nas suas infinitas sabedoria e misericórdia, evitou os extremismos: admitiu a existência de um Purgatório, entre o Céu e o Inferno. Já os homens, e em particular os do futebol, viram a cara a esse lugar intermédio entre o cenário da felicidade absoluta e a condenação à mais crua das expiações. A menos de um mês do fim da época, conquistado apenas o mais modesto dos troféus que lhe norteava a cruzada, o Benfica sabe que, daqui até final, não dispõe de uma terceira via: ou quebra um jejum de 49 anos sem conquistas europeias ou aceita a sentença de uma época falhada, com tudo o que isso acarreta de sangue, suor e lágrimas para os próximos capítulos.

Treinadores houve, bem recentemente, que nem a Taça da Liga conseguiram (Camacho, parte II) ou que, tendo conseguido levá-la para a Luz, tiveram direito a vaga de fundo para continuarem no clube (Quique Flores). Jorge Jesus ganhou a sua segunda Taça da Liga, interrompeu quase duas décadas de falhanços do clube em chegar a umas meias-finais europeias, perdeu em condições dramáticas o acesso à final da Taça de Portugal, dotou a equipa de uma capacidade invulgar para dar espetáculo e mobilizar adeptos. Mas são muitos os que, apesar do bom senso e da justiça presidencial, se preparam para exigir a sua cabeça se o Benfica não estiver na final de Dublin ou se, terminado esse jogo, não for Luisão a erguer a taça respetiva.

Parece injusto. Não porque Jorge Jesus não tenha errado, com invenções e teimosias que às vezes deixam incrédulos e desiludidos os torcedores benfiquistas. Não porque o técnico não tenha, nalgumas situações, “cantado de galo” cedo demais, acabando a realidade por lhe reduzir os ditos a um piar inconsequente. Mas, por tudo o que fez, pelo câmbio de mentalidade, pela atitude competitiva, não merece a continuidade? À distância de seis ou sete jogos do final da época – e a presença no sétimo pode valer o polegar ao alto ou a condenação em praça pública – tenho poucas dúvidas em defender que Jesus merece a terceira época.

Merece, acima de tudo, um tira-teimas com André Villas-Boas, o grande “culpado” pelas angústias existenciais do Benfica. Que sofre mais por causa das quatro derrotas em cinco jogos, por ter permitido duas festas portistas na Luz, por estar perto de deixar de ser o único campeão invencível. A única vantagem, agora, dos encarnados é que o FC Porto e o Braga já cumpriram e douraram a época. O Benfica tem três partidas para fazer por isso. Se matar o fantasma, pode lá chegar. Até porque há adeptos portistas que, embalados pela maré, já se apresentam como melhor equipa europeia da atualidade. Se não fosse tão idiota, faria sorrir Guardiola, Mourinho, Ferguson, Ancelotti...


 In Record
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