novembro 17, 2009

Entrevista a Saviola

In Abola

Entrevista a Saviola: «Além de ganhar, divertimo-nos em campo» 

Não basta ganhar, é preciso dar espectáculo. Esta é uma das máximas do argentino que tanto gosta de marcar um golo como fazer um túnel, uma tabela com o inseparável Aimar... desde que o deixem, pois em Portugal «destrói-se muito o futebol». Assume-se «matreiro» na área e elogia Jorge Jesus: «Não perde um único detalhe.»

-No seu primeiro dia no Benfica disse que queria voltar a sentir-se goleador. Já tem dez golos em todas as competições. Satisfeito?
- Não. Sou ambicioso e perfeccionista, quero sempre marcar mais. Tenho muito mais para dar, jogar a um nível muito mais alto.

- O melhor golo até agora?
- Contra o Belenenses. Dificilmente corri tanto para fazer um golo, pois jogo sempre mais perto da área.

- Considera que Aimar voltou ao seu melhor momento de forma?
- Ambos ainda podemos chegar a um nível mais elevado. Às vezes rimo-nos porque sabemos que já não temos 17 e 19 anos, como nos nossos tempos no River Plate. Agora custa-nos mais aguentar todos aqueles jogos de seguida, mas ainda podemos dar mais, chegar um degrauzinho mais acima. Ele é imprevisível, encanta vê-lo pisar um relvado.

- Ele é imprevisível mas você adivinha muitas das suas jogadas. Começa a ser imagem de marca as vossas tabelinhas...
- Mas isso é quando nos deixam jogar! A Liga portuguesa é difícil, muito física, os jogadores tratam sempre de destruir o futebol, no bom sentido da palavra: muito defensivo, correr, não deixar jogar. Mas quando podemos, desfrutamos. Isso é o mais importante. Quando se juntam jogadores que sabem jogar futebol chega o momento em que além de ganhar te divertes em campo. Adoro fazer túneis, tabelas, marcar um golo numa jogada ao primeiro toque. Quando podemos, divertimo-nos.

- A qualidade de jogo deve-se mais aos jogadores ou a Jorge Jesus?
- As duas coisas. Um treinador é importante mas se não tiver o apoio dos jogadores a missão torna-se muito difícil. Mas Jesus é um apaixonado pelo futebol, o que nos beneficia muito. Ele está sempre em cima de tudo o que envolve o jogo, os jogadores, não deixa escapar o mínimo detalhe.

- Jesus está ao nível dos melhores treinadores que já teve na sua carreira?
- Já tive de tudo [risos]: é um treinador que me faz lembrar os melhores momentos de Marcelo Bielsa na Argentina: era um técnico que motivava muito os jogadores, estava atento a todos os pormenores tácticos e técnicos, queria os jogadores sempre a 100 por cento. Depois tive outros treinadores que queriam outras coisas...

- Disse há dois meses que ainda não tinha atingido o seu tecto no Benfica. E agora?
- Ainda posso melhorar. Já ganhei uma continuidade, sinto-me muito útil à equipa, mas ainda posso dar mais.

«Ser campeão será algo grandioso»

- Desde 2006 que você não ganha um título. É uma sensação difícil para quem se habituou a jogar em grandes clubes?
- É lindo ganhar. Mas há que ter paciência. Ninguém nos vai dar nada, sabemos das dificuldades que vamos ter pela frente, quer na Liga Europa, Liga e Taça de Portugal: é tão difícil vencer a Naval como o FC Porto ou o Sporting. Hoje em dia as equipas estão muito equilibradas, há que lutar sempre. Se queremos ser campeões teremos de sofrer muito.

- Estes meses já serviram para entender a importância de o Benfica ser campeão?
- À medida que o tempo passa noto essa vontade nos adeptos. Cada vez vou imaginando mais a conquista desse objectivo. Ainda falta muito campeonato, mas tenho a perfeita noção de que ser campeão pelo Benfica será algo grandioso.

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