O processo
Lembro-me de ler há umas semanas na revista “Sábado” uma resenha dos ataques de fúria de Carlos Queiroz. Segundo a reportagem, o seleccionador insultou em Durban adeptos portugueses logo pela fresquinha só porque estavam a falar um bocadinho alto no hall do hotel. E na Cidade do Cabo só havia uma sala para jantar e ainda assim expulsou o pessoal de apoio da Federação da sala onde comia a equipa. Terá chegado mesmo a fazer ultimatos aos cozinheiros da comitiva no sentido de a canja não ter ovos. Dito isto, não sendo propriamente um acérrimo defensor de Carlos Queiroz, se tivéssemos sido campeões do mundo, a mesmíssima reportagem, sem tirar nem pôr, poderia servir de panegírico ao seleccionador: nesse contexto, ilustraria o empenho heróico com que Queiroz tinha protegido o grupo de trabalho. O que ele estimulava o sono dos jogadores (para além do que, com as suas palestras antes dos jogos, tem feito nesse capitulo) … O que ele fortalecia o espírito de grupo às refeições… O que ele fez para pôr em causa o peso que o lóbi da avicultura tinha junto da Federação Portuguesa de Futebol…
Isto para dizer que o processo disciplinar instaurado a Carlos Queiroz passa a imagem – errada, no meu entender – de que ele é um seleccionador intrépido. Ora, este é um dos equívocos deste processo disciplinar. Está-se a castigar Carlos Queiroz por ele ser Luiz Felipe Scolari, e não por ele ser Carlos Queiroz. Neste último caso, para que não haja dúvidas, mereceria claramente ser punido. Se tivesse que escolher, preferia que tivesse castigado a passividade de Queiroz durante as partidas contra a Costa de Marfim, o Brasil e a Espanha do que a sua ferocidade para com os médicos do controlo antidoping.
In Record
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