março 25, 2013

Entrevista - André Almeida



“Ninguém se sente intimidado por Jorge Jesus"

André Almeida tem jogado a médio e lateral-direito no Benfica. Diz estar pronto para alinhar em qualquer posição, mesmo a guarda-redes, se o técnico lhe pedir


Correio Sport - Sente que já pertence, por direito próprio, ao plantel principal do Benfica?

André Almeida - Aquilo que sinto é um enorme orgulho por poder vestir a camisola do Benfica, esse era um sonho que tinha e estou a concretizar. E é um prazer enorme poder fazer parte do plantel do Benfica, seja ele o principal ou a equipa B. Qualquer jogador que veste esta camisola tem de estar preparado para responder em campo quando é chamado.

- Seria capaz de voltar a jogar, com a mesma motivação, na equipa B?

- Claro que sim. Quem está no Benfica tem de ter motivação para responder onde seja necessário. Portanto, se for chamado à equipa B, estarei tão disponível e tão empenhado como estou agora na equipa A.

- O que mais lhe custou na transição da equipa B para a formação principal?

- É evidente que o grau de exigência é maior, que a margem de erro diminui muito. Na equipa B, temos mais margem para poder falhar. Na equipa A, isso desaparece, um erro pode custar muito caro. De resto, a transição foi fácil, com todos os colegas e a equipa técnica a ajudar. Não tive qualquer problema.

- Que importância teve Jorge Jesus na transição da equipa B para a A?

- É quem dirige, quem nos orienta, portanto é o máximo responsável. É evidente que evoluí muito. Jorge Jesus sabe exatamente aquilo que queria de mim, e se cheguei até aqui também o devo à confiança que ele depositou em mim.

- Ao fim de 23 jornadas, sente que rendeu mais como lateral-direito ou médio defensivo?

- Não é uma avaliação que me caiba a mim fazer. Por mim, jogo em qualquer lado, a opção é do treinador e estou aqui para ajudar a equipa. Se for necessário ir à baliza, lá estarei...

- Como encara a possibilidade de ser campeão logo na sua primeira época na equipa principal?

- Acho que não devemos falar das coisas por antecipação. O importante é estar aqui neste momento, fazer as coisas o melhor que soubermos e pudermos. Dentro de dois meses, veremos o que ganhamos e será então tempo de poder festejar, mas para já o tempo continua a ser um tempo de trabalho. Se nos distrairmos, podemos ser surpreendidos, e isso é algo que ninguém quer.

- O facto de Jesus o conhecer desde o Belenenses foi uma vantagem?

- Creio que sim, é sempre mais fácil quando o treinador já conhece as nossas características. Facilita seguramente o trabalho que vai desenvolver connosco, já sabe onde é que temos de evoluir mais e aquilo que mais pode potenciar.

- Jorge Jesus é um treinador emotivo e exige muito dos jovens no processo de aprendizagem. Isso intimida?

- O que pode intimidar é a grandeza do Benfica e nunca a exigência do treinador. Estou habituado, tal como toda a equipa, a dar o máximo, quer seja nos treinos, quer seja nos jogos. Creio que ninguém dentro do Benfica se sente intimidado pelo treinador Jorge Jesus, pelo contrário.

- Sente-se preparado para jogar já na seleção nacional e ir ao Mundial de 2014, que se vai realizar no Brasil?

- Vou passo a passo. Acho que a prudência nunca fez mal a ninguém. É evidente que qualquer jogador ambiciona poder representar a Seleção. Já o fiz nos escalões mais jovens e naturalmente que se a oportunidade surgir vou tentar agarrá-la, mas sem pressas e sem qualquer tipo de obsessões. Quem decide sabe o trabalho que muitos jovens portugueses estão a fazer. Se for chamado, lá estarei para tentar agarrar a oportunidade. Até isso acontecer, vou continuar a fazer o que tenho de fazer no Benfica.

- Chegar ao Dragão com quatro pontos de vantagem sobre o FC Porto será suficiente para o Benfica chegar ao título?

- No Benfica, ninguém está já a pensar no jogo do Dragão. Há muito tempo que nesta casa pensamos jogo a jogo e apenas em nós; o jogo mais importante que temos para já é o do Rio Ave. Temos de ter os pés bem assentes na terra.

- Acredita na conquista do campeonato, da Taça de Portugal e da Liga Europa?

- Já disse que acredito no trabalho. Se trabalharmos bem - e até agora creio que o fizemos -, as vitórias e os títulos vão aparecer. Nunca ninguém ganha nada só a falar, portanto vamos primeiro ganhar os jogos que temos de ganhar e só depois falar de títulos. De nada nos adianta estar a pensar num jogo que praticamente fecha o campeonato se até lá não fizermos o que temos de fazer, por isso vamos com calma.

- Acha que o Sporting está arrependido por o ter deixado escapar?

- Acredito que cheguei ao maior clube português, onde as pessoas acreditaram nas minhas capacidades. Isso é que é importante, o presente e o futuro.

- E por que razão saiu do Sporting?

- Não vale a a pena perder tempo com o passado.

- Gostava de tentar outra Liga, como a espanhola ou inglesa?

- Os jornalistas gostam sempre de fazer este tipo de perguntas. O que gostava mesmo era de poder continuar a viver o que estou a viver este ano. O futuro a Deus pertence, mas também a Jesus [risos]...

- Que importância atribui à possibilidade de o Benfica vencer o campeonato nacional sem derrotas?

- Se isso for possível, tanto melhor. Mas o mais importante é conseguir ganhar o campeonato, independentemente do que acontecer até final.

PERFIL

André Gomes Magalhães de Almeida nasceu a 10 de setembro de 1990 (22 anos), em Lisboa. Começou a dar os primeiros passos no futebol no Ponte de Frielas, em Loures, rapidamente chegando aos juniores do Sporting (2005/06). Em 2006, troca o emblema de Alvalade e passa a representar o Alverca, transferindo-se um ano depois para o Belenenses. Mantém-se no clube do Restelo entre 2007 e 2011: dois anos nos juniores e depois na equipa principal. Na temporada de 2011/12, assina contrato pelo Benfica e é cedido por empréstimo à União de Leiria, sendo chamado de volta à Luz a meio da época. Na presente temporada, começa por representar a equipa B do Benfica (II Liga), mas Jorge Jesus chamou-o à equipa principal, onde já contabiliza 31 partidas.

In CM

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