junho 04, 2010

Crónica Semanal de Leonor Pinhão

In ABola

Notas Soltas e contas 

No verão passado, três dos jogadores que não serviam para o Real Madrid foram convidados a ir-se embora e mandados para outras paragens. Os holandeses Robben e Sneijder foram parar, respectivamente, ao Bayern de Munique e ao Inter de Milão e bem os vimos, aos dois, no sábado, a pisar o relvado do Estádio Santiago Bernabéu, jogando a final da Liga dos Campeões, essa mesma final que o Real Madrid tanto queria jogar na sua própria casa e a que não conseguiu aceder.
Na casa do FC Porto de Argoncilhe, Santa Maria da Feira, Pinto da Costa não prometeu dedicar o próximo título a ninguém deste mundo ou do outro porque, segundo garantiu com veemência, nunca foi pessoa para fazer coisas dessas.

Era importante que alguém do staff portista dissesse ao presidente do FC Porto que, em Janeiro deste ano, apareceu em público um sósia que se fez passar por ele e teve a suprema lata de dedicar o título do campeonato de 2009/2010 a José Maria Pedroto.
Ainda na casa do FC Porto de Argoncilhe, Pinto da Costa revelou, tremente, que recebeu uma mensagem que o deixou «muito sensibilizado». A aludida mensagem, segundo garantiu o presidente do FC Porto, «foi do senhor presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa que me endereçou os parabéns pela minha recondução como presidente e pela nossa vitória na Taça de Portugal».
Era urgente que alguém do staff camarário avisasse o presidente da Câmara de Lisboa de que, em Maio deste ano, terá surgido um impostor que, fazendo-se passar por ele, utilizou papel timbrado da edilidade para felicitar Pinto da Costa pela sua eleição como presidente do FC Porto e pela vitória na Taça de Portugal sobre o simpático e remediado emblema do Desportivo de Chaves, que não foi tido nem achado nestes enredos.
De facto, há cada abuso de confiança.

O Sporting vibrou de tal modo, ao longo da época, com o sensacional campeonato do Sporting de Braga e tantas esperanças depositou no sucesso final da equipa de Domingos Paciência -  o que se compreende perfeitamente - , que agora, por uma questão de coerência, mais não lhe resta do que ir ao mercado e tentar comprar a equipa toda dos bracarenses, a ver se, para o ano, consegue vibrar consigo próprio no lugar de se ter de pendurar emocionalmente nos defeitos de terceiros.

 
Depois de João Pereira, que foi contratado logo a seguir ao Natal e foi um caso típico de «chegar, ver e vencer», seguem-se agora Edvaldo, que já está seguro na Alvaláxia, e Alan e Hugo Viana, dois objectivos não dissimulados da SAD leonina.
Razão terá o presidente José Eduardo Bettencourt que, no final da última reunião do Conselho Leonino, incentivou a massa adepta do clube a ter esperança no futuro melhor porque, nas suas próprias palavras, «para o ano vamos dar cartas».
Desde que o presidente Bettencourt não se estivesse a referir ao bridge, há motivos para sorrir na Alvaláxia o que, alias, tem sido uma constante deste seu consulado.

O Benfica deve ser um dos emblemas com mais jogadores seus a actuar no próximo Mundial. Ontem, foram apontados mais dois para a porta de embarque: os argelinos Halliche e Yebda que por estarem cedidos, respectivamente, ao Nacional da Madeira e ao Portsmouth de Inglaterra, os benfiquistas raramente viram jogar na época passada. Vamos vê-los agora em acção em grandes palcos contra grandes adversários. É a maneira grátis que o adepto comum tem de fazer prospecção aos jogadores da própria casa. É por isso que o Mundial é tão divertido.

Depois de ter perdido Rúben Micael para o FC Porto, o que ainda mais reforçou os laços de amizade entre os dois clubes, o Sporting, pelo andar da carruagem, prepara-se agora para perder André Villas- Boas também para o FC Porto. Recorde-se que o jovem treinador que conduziu, em 2009/2010, a Académica ao 11.º lugar da tabela classificativa, foi intensamente desejado pelo Sporting quando motivos de força maior forçaram Paulo Bento a bater com a porta e a ir para casa descansar a cabeça de tanto burburinho e incompreensão.
É, de facto, incrível como o Sporting perdeu a corrida de André Villas-Boas que, mais do que qualquer outro treinador do mundo, estava destinado desde o berço a ser treinador do clube que foi fundado pelo Visconde de Alvalade e que se orgulha, com razão, da sua origem nobiliárquica.
É que André Villas-Boas não é mais nem menos do que bisneto do primeiro Visconde de Guilhomil, título atribuído em 1890 pelo nosso rei Senhor Dom Carlos I a José Gerardo Vieira Pinto Peixoto de Villas-Boas, tal como consta no Tomo I, página 684 da obra Nobreza de Portugal.
Como é que um clube de Viscondes perde a oportunidade de ter um jovem brasonado como treinador? Mas que grande incompetência.

Para não ficar atrás de André Vllas-Boas, cujo momento mais brilhante e prometedor do currículo foi ter feito parte da vasta equipa técnica de José Mourinho no FC Porto e no Chelsea, Costinha, o manager do Sporting, quis também abrilhantar o seu currículo revelando ontem, em declarações à Agencia Lusa, que José Mourinho, que muito o admira, o incentivou a tirar um curso de treinador porque via nele grandes capacidades para a profissão.
Costinha, no entanto, sempre se viu mais na pele de dirigente, sobretudo, segundo consta, depois de ter passado dois anos sem jogar no Atlanta de Bérgamo, o que lhe terá permitido aprender muito sobre a arte dos corredores e das tribunas VIP. E, ainda por cima, em Itália, onde os dirigentes do futebol mais elegante do mundo primam por usarem fatos às riscas com camisas aos quadrados.
A verdade é que José Mourinho dá para tudo, sobretudo agora que chegou, como, quando e com quem quis, à grande Casa Branca de Chamartín.

A comunicação social tem vindo a revelar os passivos dos três grandes. O Benfica é, naturalmente, o campeão, com 452 milhões. O Sporting, tal como nos saudosos tempos de Paulo Bento, ficou em segundo lugar neste campeonato com um passivo de 310 milhões.
Tendo em conta que na tabela real do último campeonato, o Sporting ficou a 28 pontos do Benfica, nada melhor do que fazer contas… A diferença do passivo do Sporting para o passivo do Benfica é de 142 milhões de euros, valor que os benfiquistas gastaram a mais do que os rivais para conseguir uma equipa que lutasse efectivamente pelo título. E se dividirmos esses 142 milhões de euros pelos tais 28 pontos de diferença ficamos a saber que cada ponto a mais que o Benfica somou custou-lhe 5 milhões de euros na luta directa com o clube rival da cidade.
Em relação ao FC Porto, que tem um passivo de 239 milhões, façamos as mesmas contas… A diferença do passivo do Benfica para o passivo do FC Porto é de 213 milhões de euros, sabendo-se que o FC Porto só ficou a escassos 8 pontos dos campeões, conclui-se que cada ponto ganho pelo Benfica ao rival do Norte custou-lhe 26 milhões de euros.
Olhem só que dinheiro tão bem gasto.
E que grande injustiça a dispensa dos serviços do professor Jesualdo Ferreira.

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