O anti-Robson
From: Domingos Amaral
To: André Villas-Boas
Caro André Villas-Boas
Lá diz o provérbio popular que mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo. Quando chegaste ao Estádio do Dragão, no discurso de apresentação, e na tentativa de romper com a sombra tutelar de José Mourinho, disseste que, a ser clone de alguém, o eras de Bobby Robson, e não do teu mentor português.
Ora, não foi preciso correr muito tempo para todos verificarmos que, infelizmente para ti, não é verdade. Podes falar inglês e ter o nariz grande, como dizias, mas nas atitudes não segues a escola do gentleman que Robson sempre foi. Em vários anos em Portugal, fosse ao serviço do Sporting ou do FC Porto, nunca o ouvi atacar os clubes adversários, ser provocatório ou acintoso. Era sempre correto e educado, e não perdia o seu tempo a lançar farpas aos outros clubes. Tu, pelo que vejo, vais por outros caminhos, e fazes uma marcação homem a homem, palavra a palavra, a tudo o que o Benfica diz ou faz. Pelos vistos, andas nervoso, e não perdes uma oportunidade para a provocação.
Em vez de te manteres alheio à polémica específica do Benfica com as arbitragens, não resististe e lá vieste perguntar se o Benfica tinha “vergonha de pedir a repetição do jogo Benfica-Guimarães”. É assim que caem as máscaras postiças que as pessoas colocam a si próprias para impressionar o povão.
Clone de Robson? Errado. Um cavalheiro como Robson nunca escolheria esse tipo de palavras, esse tipo de caminhos. Podes ser muita coisa, e até bom treinador, mas clone de Robson está visto que não és.
In Record
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