As virgens
From: Domingos Amaral
To: Vítor Pereira
Caro Vítor Pereira
A época passada, dias depois do célebre Benfica-FC Porto do “apagão”, a SAD azul e branca deu uma conferência de imprensa onde listava, com imagens, os mais de dez graves erros do árbitro do jogo, Duarte Gomes. Registe-se que esta original inovação comunicacional foi proferida depois de um jogo que não só o FC Porto tinha vencido por 2-1, como lhe tinha dado a possibilidade de ser campeão em casa do seu principal rival. Nada disto impediu contudo um ataque feroz e incisivo ao árbitro. Da mesma forma, o presidente do FC Porto, já este ano, atacou pessoalmente o árbitro Jorge de Sousa, com adjetivos que roçavam o inaceitável.
Em nenhuma das situações descrita os atingidos protestaram ou ameaçaram os acusadores. Porém, mal Jorge Jesus criticou o árbitro assistente que cometeu um aberrante erro no último Benfica-FC Porto, caiu de imediato o Carmo e a Trindade e logo se ouviram inúmeras virgens ofendidas. Os árbitros amigos, os dirigentes da arbitragem e até o próprio árbitro assistente, urraram os seus protestos e ameaçaram com tenebrosos processos disciplinares.
O senhor é capaz de explicar a que se deve esta duplicidade, esta diferença de tratamento? Por que será que os seus árbitros comem e calam quando as críticas são do FC Porto e praticam boicotes e processos quando as críticas são provenientes do Benfica ou do Sporting? Às vezes, depois de um jogo ouve-se muito a expressão “dualidade de critérios”, e para mim é disso que se trata. Há os protegidos, por quem se nutre um “respeitinho” subserviente e cobardolas, e há os outros…As virgens pudicas são assim.
In Record
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