julho 07, 2011

Futebol á Portuguesa _ José António Saraiva



Uma aberração

O futebol vive uma situação aberrante: na altura em que o país parte para férias, os jogadores regressam ao trabalho. Fará algum sentido? Fará sentido a época acabar em maio – e a nova época começar em julho, ao contrário de tudo o resto?

Eu sei que isto tem a ver com os calendários das provas europeias. Mas por que razão prevalecem os interesses dos países do Norte, que têm outro clima? Por que motivo os jogadores portugueses têm de jogar em julho e agosto à torreira do Sol? Por que carga de água o Sul tem de se sujeitar aos calendários nórdicos, quando a verdade é que muitas das grandes estrelas mundiais atuam aqui, nos campeonatos italiano e espanhol? Além de que, no Sul, temos potências futebolísticas como a França, Portugal e a Grécia.

Mas esta aberração não mexe só com os interesses dos jogadores, do público e de toda a gente que gravita na órbita do futebol. Tem a ver com a preparação das equipas.

Um dia destes assisti na TV a parte de um treino do Benfica. E aquilo mais parecia um treino da época passada: por lá andavam Coentrão, Weldon, Júlio César e outros jogadores que não farão parte do próximo plantel. Ora, como pode um treinador definir uma equipa-base e estabelecer rotinas de jogo treinando com jogadores que vão sair e não contando com todos os que vão entrar?

É de loucos! Eu calculo que seja muito difícil aos dirigentes articular todos os calendários e todos os interesses europeus. Mas uma coisa sei: o futebol não pode andar totalmente desfasado da sociedade. E é absurdo uma época começar quando os grupos de trabalho ainda não estão formados e no momento em que as pessoas estão a ir para férias.


  In  Record

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