julho 14, 2011

Futebol á Portuguesa _ José António Saraiva



A altura certa

A venda de Fábio Coentrão ao Real Madrid foi feita na altura certa. Dificilmente o jogador se valorizaria mais. E, se ficasse na Luz, tornava-se num fator de instabilidade interna.

É um erro tentar manter os jogadores quando começam a ter a cabeça noutro clube. Por três razões: eles começam a render menos, tornam-se mais indisciplinados e constituem-se em maus exemplos para os colegas, provocando turbulência.

Mas há outro motivo para ter vendido Fábio Coentrão agora. Como um dia disse Jorge Jesus, o seu ponto forte é a enorme “rotação”. Ele tem uma velocidade estonteante, que consegue manter intacta de um extremo ao outro do campo. E corre com uma entrega total, sem se proteger.

Ora aqui é que bate o ponto. Coentrão é um jogador de risco. É um jogador que de um momento para o outro pode sofrer uma lesão grave – até porque não tem massa muscular condizente com a alta velocidade que atinge. E se Fábio se lesionasse e ficasse parte da época sem jogar, o seu valor cairia a pique. Ele foi, portanto, vendido na altura certa.

Claro que vai fazer muita falta. É um jogador de eleição, que quando está no máximo introduz nas equipas onde joga uma dinâmica única. E o Benfica vai sentir especialmente a sua ausência, porque a defesa revela neste momento uma preocupante vulnerabilidade. O que não deixa de ser estranho, tendo em conta que a defesa do Benfica foi a melhor no ano anterior. E que, quando estava no Belenenses, Jesus tinha precisamente na solidez defensiva o seu principal trunfo.


     In  Record

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