J. Jesus: “Chegando-se ao Benfica não se pode andar para trás”
O
treinador da equipa de Futebol profissional do Sport Lisboa e Benfica,
Jorge Jesus, concedeu uma entrevista ao Jornal “A Bola” onde fez uma
análise à época que agora finda e assume que já está a preparar a nova
temporada ao comando do leme da “águia”. Leia aqui o excerto da
entrevista presente na edição impressa desta quinta-feira do Jornal "A
Bola".
Para que não haja equívocos, e de forma muito frontal, por si continua no Benfica?
Quando
cá cheguei em Junho de 2009 vinha com uma ideia do que era o Benfica e
com a ambição de ganhar. Efectivamente, estava longe de imaginar
exactamente qual era a dimensão do Benfica e é evidente que gostaria de
ter ganho mais títulos daqueles que ganhei, mas sinceramente sei que dei
tudo e deixei o melhor de mim em cada dia de trabalho. Tenho a
consciência tranquila em relação ao que fiz. A resposta é sim. Sim, vou
continuar com a mesma vontade, com a mesma determinação. Continuo
empenhado em fazer do Benfica aquilo que os sócios e adeptos esperam. É
evidente que a emoção conta sempre em momentos como este, mas se forem
fazer uma análise seria do trabalho que foi desenvolvido três anos acho
que mereço pelo menos o benefício de provar que continuo a ser útil ao
Benfica.
Teve, ou alguém teve por si, algum contacto com o FC Porto ou com outo clube, visando a próxima época?
Portanto, a questão FC Porto é um assunto encerrado?
Esse é que é o problema, é que nunca foi assunto. A única coisa que quero do FC Porto é ganhar-lhes. Repito: quem alcança o topo não pode ambicionar a descer. Alguém dizia aqui há alguns meses que treinar determinado clube era a sua ‘cadeira de sonho’. Eu não estou na minha cadeira de sonho, estou na cadeira que qualquer treinador do Mundo ambicionava ter. Acha possível eu querer trocar de cadeira? O que eu quero é continuar nesta cadeira por muitos anos…
Esse é que é o problema, é que nunca foi assunto. A única coisa que quero do FC Porto é ganhar-lhes. Repito: quem alcança o topo não pode ambicionar a descer. Alguém dizia aqui há alguns meses que treinar determinado clube era a sua ‘cadeira de sonho’. Eu não estou na minha cadeira de sonho, estou na cadeira que qualquer treinador do Mundo ambicionava ter. Acha possível eu querer trocar de cadeira? O que eu quero é continuar nesta cadeira por muitos anos…
Apostou de mais na Champions?
Quando
se joga a esse nível é evidente que temos de aspirar a chegar o mais
longe que pudermos, até porque a questão financeira é fundamental para o
clube e tudo isso pesa. A partir do momento em que ultrapassamos a fase
de grupos, quando se colocou em causa a calendarização dos jogos, hoje
possivelmente assumiria opções diferentes, mas lá está, há sempre o
reverso da medalha: há jogadores que se valorizaram como não teriam
valorizado se não chegássemos onde chegámos, houve muito dinheiro a
entrar no clube e tudo isso pesa nas opções que assumimos no momento. E
já agora, não é para nos desculparmos, até porque seguramente errei em
alguns momentos, mas houve a partir de determinado momento um vento
contra que soprou muito forte.
Considera que o plantel do Benfica é equilibrado? A estrutura que apoia a equipa sénior é sólida?
A
equipa é equilibrada, mas é evidente que há margem para crescer e
melhorar. Quando termina uma época há sempre espaço para algumas
mudanças. Há que reflectir onde é que se falhou, onde é que se pode
melhorar quer no plantel, quer na estrutura, e isso também vai acontecer
no Benfica. Seguramente que haverá áreas em que chegaremos à conclusão
de que poderíamos ter feito de forma diferente ou que faltou alguma
coisa, mas esse é o trabalho que iremos fazer mal o campeonato termine.
Mas há uma coisa de que não me posso queixar que é o grau de
profissionalismo de toda a estrutura que me rodeia, o António Carraça
veio acrescentar valor ao grupo e isso é importante de destacar.
Em
três anos venceu um campeonato, três Taças da Liga, qualificou o
Benfica três vezes para a Champions, foi a uma meia-final da Liga Europa
e aos quartos-de-final da Liga Europa e da Champions. Estes resultados
satisfazem-no ou sabem-lhe a pouco?
Sinceramente, quando olho
para trás sabem-me a pouco. Esta lista poderia ter no mínimo mais dois
ou três trofeus. Mas não vou ficar agarrado a olhar para trás, o que vou
fazer é trabalhar para que no próximo ano alguns desses trofeus que nos
têm escapado possam estar nesta lista. Quando cheguei a minha ambição
era ganhar dois campeonatos nos primeiros três anos. Não consegui, mas
posso garantir-lhe que vou sair do Benfica com o Benfica por cima e que
esse titulo terá de ser ganho no próximo ano. Há uma coisa que devo
dizer, devo muito ao Benfica, o Benfica valorizou-me enquanto treinador.
Sei que hoje, enquanto treinador, tenho o reconhecimento que não teria
se aqui não estivesse, e é por isso que me dedico de corpo e alma, para
poder retribuir tudo o que me deu.
Na próxima época
haverá o FC Porto do costume (este ano, sem deslumbrar, sagrou-se
campeão), um Sporting mais forte e um SC Braga que se habituou aos
lugares cimeiros. E que Benfica se deve esperar?
Um Benfica que quer ser campeão, ganhar a Taça de Portugal e a Taça da Liga e chegar o mais longe que for possível na Champions.
Que mensagem quer deixar aos adeptos? O que podem eles esperar de si na próxima época?
Pedir-lhes
que continuem a apoiar-nos. Sei a desilusão que estão a viver, mas
também quero que saibam que essa desilusão não é maior que a minha, a
dos jogadores, a do presidente. Fizemos um caminho difícil, por isso é
fundamental estarmos unidos, porque só assim vamos conseguir alcançar os
nossos objectivos.
«Quando se perde, o grau de desânimo é sempre grande» - Jorge Jesus
O
treinador do Benfica aceita que lhe apontem erros. Ele, de resto,
aponta alguns. Garante, porém, ter a consciência tranquila relativamente
às opções tomadas e caminhos percorridos. E diz-se, hoje, tão motivado
para trabalhar no clube como em junho de 2009, quando chegou. Diz que,
quando sair, sairá por cima.
- Três anos à frente do Benfica
representam um longo caminho. Sente-se com condições para enfrentar a
próxima época, quer do ponto de vista pessoal, quer do apoio dos
adeptos, atendendo a alguns sinais exteriores de contestação que têm
sido percetíveis desde a derrota em Alvalade?
- Quando se perde, o
grau de desânimo é sempre grande, principalmente num clube como o
Benfica e, portanto, esses sinais são naturais em momentos como este.
Tenho de os considerar e compreender, porque eu próprio sinto essa
frustração, mas posso garantir-lhe que tenho, hoje, a mesma ambição e a
mesma vontade que tinha quando cá cheguei no primeiro dia. Podem
acusar-me de muita coisa, mas há uma garantidamente de que não podem, de
falta de dedicação e de não ter dado sempre tudo pelo Benfica.
-
Sente um clima diferente, para pior, à sua volta, no universo dos
sócios e adeptos, ou entende que os assobios vêm apenas de uma pequena
franja mais radical, responsável pelas paredes pintadas na Luz e em Vila
do Conde?
- Repito o que disse atrás, manifestações de
frustração são naturais, principalmente quando tínhamos uma perspetiva
bem diferente daquela que temos hoje. Como acham que vivi alguns dos
dias que se seguiram a alguns jogos em que perdemos pontos? Mas alguém
pode acreditar que não demos tudo para chegarmos ao fim em primeiro?
Portanto, eu partilho dessa frustração e repito que temos de compreender
a desilusão dos adeptos. Mas já não posso compreender, como também já
disse no passado, as pinturas feitas, não se sabe por quem, e que
colocam em causa a pessoa responsável por hoje existir o Benfica tal
como o conhecemos.
"gamado do fórum Glorioso SLB" não resisti a colocar aqui...!
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