Erros e excessos
Dá que pensar o verdadeiro muro de lamentações que se ergueu após a vitória do Chelsea na Liga dos Campeões. Foi descrita como “a morte do futebol”, “o triunfo da hipocrisia”, “o elogio da cobardia” e sabe-se lá o que mais. Só me espanta que entre os arautos da desgraça na causa futebolística se contem vários dos veneradores atentos de José Mourinho, nomeadamente na épica, heroica, inteligente e estratégica eliminação do Barcelona, na mesma Liga, quando o técnico português estava ao serviço do Inter Milão. Até o facto de os pontas-de-lança (os africanos Samuel Eto’o e Didier Drogba) terem acabado a defender, ante os mesmos catalães, os respetivos flancos esquerdos aproxima os dois feitos. Como os congrega o facto de Inter, antes, e Chelsea, agora, serem olhados como marginais ao grande futebol. Imperasse esta lógica e estaríamos alheados de elementos essenciais a este desporto – a surpresa, a superação, o sublime que pode haver no coletivo.
Por maioria de razão, a viagem da Taça de Portugal até Coimbra também não deve ter agradado, uma vez que a Académica levou para o Jamor a modéstia do seu arsenal. O problema é que o Sporting pareceu esquecer-se das armas em casa e entrou a jogar como só a soberba permite: o tempo encarregar-se-ia de repor a verdade e de explicar como as vantagens alheias eram apenas nuvens passageiras. Afinal, os minutos não foram aliados e nem a quebra física dos rapazes de Pedro Emanuel teve como equivalência a eficácia da parte dos leões. Não chegou nem para empatar, embora dispusessem de 86 minutos mais descontos para recuperar. Nada. A festa fez-se onde não se fazia há mais de 70 anos. Para o Sporting, o pior não foi ver escapar-se-lhe o título que, na ideia de muitos, até já tinha lugar reservado no Museu do clube – o pior foi a atitude de censura (com enormes responsabilidades para Sá Pinto, menos “envernizado” do que noutras horas) para as manifestações de profissionalismo de Adrien Silva, o melhor jogador em campo. Ao ponto de haver já quem defenda que o luso-francês não deve voltar a Alvalade… Depois queixam-se. E o FC Porto ou o Benfica agradecem…
Já Pinto da Costa continua a sua apoteótica digressão regional (alguém sabe quantos quilómetros vão da Afurada a Espinho?), sempre a subir de tom. Proença está perto da medalha e Platini da beatificação. No Benfica, parece só haver duas hipóteses: ser burro ou ser estúpido. Mas sempre conspirador. Só é pena que continue, passo a passo, a demonstrar que, mesmo 30 anos mais tarde, ainda não aprendeu a ganhar. E, já agora, é pena que não fale, por exemplo do rombo orçamental do clube com a saída da Champions… Mas se calhar ainda é cedo para prestar contas – talvez um dia…
In Record
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