Mudando de cor Roberto melhora
Domingo, 11 de Julho
SEGUNDO os repórteres de serviço, o público benfiquista que assistiu, na Suíça, ao jogo de preparação com o Sion manifestou-se veementemente contra a prestação do novo guarda-redes do Clube, o espanhol Roberto, e reclamou, em coro, a presença de Moreira na baliza benfiquista. Aqui está a reposição de um velho clássico das pré-temporadas da Luz.
Na época passada passou-se exactamente o mesmo com Quim que entrou com tremeliques nos primeiros jogos, não tendo estado particularmente brilhante nos torneios de Verão. 2009/2010 estava calhada para ser, bem vistas as coisas, a época de Moreira se o mesmo Quim não tivesse actuado a grande nível no jogo com o Milan, na Luz, para a Eusébio Cup, defendendo uma série de grandes penalidades que permitiram ao Benfica arrecadar o troféu.
Estarão, com certeza, recordados dos modos com que Quim festejou esse seu triunfo pessoal no final do jogo com os italianos, virando-se para as bancadas repletas de críticos impiedosos com gestos de quem os manda a todos calar. Nessa noite de Agosto passado, no Estádio da Luz, Quim esteve muito perto de fazer uns quantos merecidíssimos manguitos para a assistência. Mas, enfim, conteve-se e foi o titular da equipa que se haveria se sagrar campeã nacional no fim da temporada.
A reacção de Roberto aos dois golos que tão desajeitadamente sofreu no jogo com o Sion vai ser, para já, um caso que os benfiquistas vão seguir com grande paixão e sem ponta de piedade nas semanas que se seguem até à abertura oficial da próxima época. E, entretanto, é de esperar uma nova vaga de cânticos por Moreira que leva sobre toda a concorrência, passada, presente e futura, a grande vantagem de raramente jogar pelo que o registo histórico dos seus lapsos se dilui no tempo e, por isso mesmo, é mais esquecível.
Se Roberto não mostrar, em campo, força anímica para superar a péssima impressão da sua estreia, restará ao Benfica duas alternativas drásticas:
1. Aceitar a proposta do Newcastle e vendê-lo rapidamente encaixando proventos.
2. Mantê-lo no Benfica e mudar-lhe rapidamente a cor do equipamento, totalmente verde, com que se vem apresentando na baliza.
A segunda alternativa, na minha opinião, é a melhor e a que faz maior sentido. Não vale a pena mudar de equipa, basta-lhe mudar de equipamento…
Entretanto, a Espanha ganhou o Mundial com todo o mérito e justiça batendo a Holanda por 1-0, hoje, na final. Gostei de ver o nosso Carlos Marchena, já entradote, a receber a sua medalha. Marchena nunca foi compreendido e estimado na Luz. Enfim, coisas que por vezes acontecem aos melhores.
Segunda-Feira, 12 de Julho
RÚBEN MICAEL está encantado com André Villas Boas que é o seu actual treinador. «Fazemos exercícios que nunca fizemos», regozijou-se perante os jornalistas que acompanham o estágio do FC Porto.
Rúben Micael está tão encantado com o seu novo treinador que até nem se importa nada ser deselegante com o seu antigo treinador. «Treinamos com uma grande intensidade que é uma coisa a que não estávamos habituados», continuou a regozijar-se.
Desde que chegou à sua nova casa, em Janeiro último, Rúben Micael tem provado ser muito mais do que um bom jogador. Rúben Micael é, sobretudo, um funcionário diligente, excessivo mesmo no seu zelo. Vai longe este rapaz.
Entretanto, a selecção uruguaia teve uma recepção apoteótica em Montevideu. Nem a derrota com a Alemanha, no jogo de atribuição do 3.º e 4.º lugares, esmoreceu os festejos por uma equipa que encantou pelo seu espírito operário e pelas suas individualidades artísticas ao serviço do colectivo. O duelo final com os alemães, não menos excelentes, resultou num jogo de grande nível e de grandes emoções face às mudanças na marcha do resultado.
Normalmente, em situações destas, qualquer adepto desinteressado o que mais deseja é que o jogo chegue ao gim dos 90 minutos empatado para se poder deliciar com mais meia hora de bom futebol. Não foi o meu caso. Era fundamental que o Alemanha-Uruguai acabasse no fim do tempo regulamentar, que houvesse um vencedor, fosse ele quem fosse. E, apesar de toda a minha simpatia pelo Uruguai e pela figura amável do seu treinador, Óscar Tabarez, um cavalheiro melancólico raríssimo de encontrar em ambientes destes, confesso que foi uma alegria ver a Alemanha a dar a volta final ao jogo e a cavalgar para a vitória.
Maxi Pereira precisa de férias, de descanço, e obrigá-lo a jogar mais meia hora na África do Sul não era nada bom para os interesses do Benfica. Maxi fez um Mundial ao nível da época que fez na Luz, simplesmente impecável de qualidade e de entrega. E foi ele o único autor de um golo benfiquista de bola corrida na África do Sul. E de pé esquerdo. Viva Maxi Pereira!
Terça-Feira, 13 de Julho
Dito e feito. Hoje, no jogo com o Aris de Salónica, Roberto deixou no balneário ou, porventura, no hotel aquele equipamento verde dos pés à cabeça e apresentou-se equipado de negro da cabeça aos pés. Foi logo outra coisa. O Benfica goleou por 4-1 os gregos e Roberto respondeu com grande acerto sempre que foi chamado a intervir. Também é verdade que não teve muito trabalho mas desembaraçou-se muito bem do pouco que teve.
Quarta-Feira, 14 de Julho
Leio na imprensa que James Rodriguez, o jovem colombiano que o FC Porto assegurou neste defeso, está completamente adaptado ao Dragão. James, apesar da sua extrema juventude, tem apenas 19 anos, chega a Portugal dono e senhor de uma alcunha impressionantemente adulta: El Bandido é como o chamavam e chamam no seu país natal. «Escolhi o FC Porto porque me disseram que era o melhor», disse quando se juntou, pela primeira vez, com os seus colegas de equipa. Escolheu muito bem o jovem El Bandido. E já se sente em casa no seu novo clube.
Um muito obrigado pelo trabalho aqui exposto ao BENFICA 73
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