dezembro 13, 2010

Bloco de notas _ Nuno Farinha


Os melhores do Mundo

A eleição dos melhores do Mundo deixa sempre espaço para mil discussões. E quem não concorda com as escolhas descarrega no alvo mais fácil: o critério. Este ano, a “Gazzetta dello Sport” antecipou-se em toda a linha à concorrência e já anunciou quem serão os galardoados a 10 de janeiro, em Zurique. Iniesta melhor jogador, Vicente del Bosque melhor treinador. Falta a confirmação, mas ninguém parece duvidar da informação apressada pelo diário italiano.
Formou-se rapidamente um coro de descontentes a partir do momento em que a FIFA oficializou os três finalistas para cada um dos prémios. Os insatisfeitos moram, basicamente, em três países – Portugal, Itália e Holanda – e percebe-se porquê. Portugal porque aqui é quase unânime o entendimento de que o melhor treinador do Mundo deveria, ou deverá, ser José Mourinho. Itália e Holanda porque o craque do Inter, Sneijder, afinal nem sequer teve direito a figurar entre os três finalistas.
O critério (lá está…) pertence a cada um dos entendidos que é chamado a votar e esse princípio é irrevogável, mesmo que os derrotados tenham dificuldade em aceitar outro argumento que não o do número e da importância dos títulos conquistados. Mourinho deve ser considerado o melhor treinador porque ganhou o campeonato e a Taça em Itália e ainda a Liga dos Campeões? Tenho dúvidas. Se fosse apenas pela quantidade dos troféus ganhos então nem valia a pena incomodar selecionadores, capitães e jornalistas pedindo-lhes que entregassem os seus votos. Contavam-se os títulos e, pronto, estava o assunto arrumado, valendo a mesma regra para o prémio de jogador do ano.
Costuma dizer-se que em futebol a razão pertence a quem ganha. Provavelmente é mesmo assim, mas ganhar é uma coisa e ser o melhor é outra. O Barcelona, entre janeiro e dezembro, foi um permanente regalo e no único momento em que falhou, na Liga dos Campeões, até o treinador do Inter admitiu que a única forma que encontrou para travar aquela máquina foi utilizar um Airbus 340, na célebre noite da multiplicação dos trincos e dos laterais. 

Mourinho tem argumentos suficientes, para além dos resultados conseguidos em 2010, para discutir o trono, porque é um mestre do treino, do planeamento e da eficácia. O problema é que o seu maior rival nos dias de hoje, Guardiola, colocou o Barcelona num patamar de excelência que arrasa por comparação. Se a FIFA, por exemplo, se lembrasse de premiar a melhor equipa do Mundo, alguém duvida que o Barça ganharia com uma margem entre os 95 e os 100 por cento? E a quem pertenceria esse mérito? Guardiola faz história deixando uma marca de qualidade que daqui a 20 ou 30 anos será lembrada. E ainda consegue influenciar as tendências do jogo de uma forma que não se via desde o tempo de Sacchi ou Cruyff. Mesmo assim, a “Gazzetta” diz que será Del Bosque a vencer. A confirmar-se, será apenas outra forma de consagrar o tiki-taka.
Quanto aos jogadores e às críticas pela ausência de Sneijder, importa lembrar que do Mundial para cá não voltou a dar sinal de vida, enquanto Xavi, Iniesta e Messi insistem em contínuos recitais que atingiram expressão máxima na recente goleada ao Real Madrid. E aqui, quem deve ficar com a Bola de Ouro? Xavi e Iniesta merecem mais do qualquer outro. Mesmo que o “outro” seja Messi, o melhor dos melhores.

  In Record

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