(In)gratidão
Há dias, num café, uma criança, para aí com 11 anos, dirigiu-se-me, queria saber uma coisa sobre o Benfica. Esclareci de pronto e fiquei à espera de lhe matar outras curiosidades da bola. Espanto meu, a menina perguntou-me qual era o sentimento que mais abominava. Creio que utilizou a expressão «que menos gostas». Não hesitei, fui lesto na resposta. É a ingratidão, disse-lhe de forma categórica.
A minha interlocutora não objectou, pareceu-me ter ficado satisfeita. Ainda assim, insisti no propósito de lhe explicar o fundamento da minha opção. É que sentimentos há tantos, mesmo para o universo infantil. De que exemplo me socorri? A criança era benfiquista, falei-lhe de Jorge Jesus.
«Sabes quem é o treinador do Benfica?» Claro que sabia. «Sabes que foi campeão no ano passado?» Claro que sabia. «Sabes que, esta época, como as coisas não estão a correr bem, há quem queira mandar embora o Jesus?» Claro que sabia. «Sabes o que se chama a isso?» Claro que tive de explicar. «Chama-se ingratidão.» Ela entendeu.
Falei-lhe num treinador português com um trajecto feito a pulso, com recentes passagens de grande qualidade no Belenenses e no Braga. Falei-lhe num treinador português que, chegado ao Benfica, prometeu conquistar o título nacional e foi bem-sucedido logo na primeira experiência. Falei-lhe de um treinador português que tem muito para ganhar no clube que representa.
«Eu gosto do Benfica e gosto muito do Jesus», foi o que ela me disse. Disse-me gratidão. Num jeito garoto, numa forma crescida e até comovente.
A minha interlocutora não objectou, pareceu-me ter ficado satisfeita. Ainda assim, insisti no propósito de lhe explicar o fundamento da minha opção. É que sentimentos há tantos, mesmo para o universo infantil. De que exemplo me socorri? A criança era benfiquista, falei-lhe de Jorge Jesus.
«Sabes quem é o treinador do Benfica?» Claro que sabia. «Sabes que foi campeão no ano passado?» Claro que sabia. «Sabes que, esta época, como as coisas não estão a correr bem, há quem queira mandar embora o Jesus?» Claro que sabia. «Sabes o que se chama a isso?» Claro que tive de explicar. «Chama-se ingratidão.» Ela entendeu.
Falei-lhe num treinador português com um trajecto feito a pulso, com recentes passagens de grande qualidade no Belenenses e no Braga. Falei-lhe num treinador português que, chegado ao Benfica, prometeu conquistar o título nacional e foi bem-sucedido logo na primeira experiência. Falei-lhe de um treinador português que tem muito para ganhar no clube que representa.
«Eu gosto do Benfica e gosto muito do Jesus», foi o que ela me disse. Disse-me gratidão. Num jeito garoto, numa forma crescida e até comovente.
In Destak
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