Missão impossível?
From: Domingos Amaral
To: Paulo Bento
Caro Paulo Bento
Como treinador, a tua sina parece ser a das missões impossíveis. No Sporting, trabalhaste quatro longos anos num clube sem cacau, e mesmo assim ainda conseguiste ganhar duas Taças de Portugal e duas Supertaças (o que, diga-se de passagem, são mais troféus do que Carlos Queiroz ganhou na sua carreira a treinar seniores). No último ano, e apesar da famosa promessa do recém-eleito presidente Bettencourt – “Paulo Bento forever” – duraste poucos meses, e logo que saíste, num milagre inexplicável, o dinheiro apareceu e o Sporting desatou a gastar o que nunca tivera enquanto lá estavas.
Agora, com a Seleção, aparece a “Missão impossível 2” da tua vida. Depois do desastre Queiroz, depois de um miserável empate contra o Chipre e de uma miserável derrota na Noruega, pedem-te que ganhes seis jogos de rajada, entre eles dois com a Dinamarca, contra quem Portugal perdeu e empatou a caminho do Mundial.
É evidente que isto é sina. Contudo, o que me parece notável em ti é que manténs viva a crença, a vontade de desafiar o fado, a motivação para alterar as circunstâncias, e isso já é muito bom para começar. Rommel dizia que, mais importante do que a vontade de ganhar batalhas era a gasolina para os tanques. Mas, o futebol não é bem uma guerra militar, e para unir os jogadores e o público as palavras contam muito. Se conseguires, como Scolari, criar um grupo de homens à tua volta disposto a tudo, talvez o impossível se torne possível.
In Record
Sem comentários:
Enviar um comentário