junho 27, 2011
Crónica de João Malheiro
Gomes & Gomes
“Finito”. A sentença foi de Tomislav Ivic. Fernando Gomes, bi-Bota de Ouro do FC Porto , recebia guia de marcha. Foi inocente o veredicto do técnico croata? Não é crível, supõe-se que tenha havido prévia sintonia com o presidente do clube. Para mais, Fernando Gomes até seria alvo de um processo disciplinar, cujo desfecho Guilherme Aguiar, então dirigente portista, não teve mesmo recato em previr, antes mesmo de serem ouvidas as testemunhas.
Fernando Gomes rejeitou uma proposta do Benfica, também de outros emblemas, estabeleceu-se em Alvalade. Fez mais coisas, outras coisas, muitas coisas, só não ganhou coisas. Ganhou, de seguida, anos a fio, a antipatia dos responsáveis azuis e brancos, que não dos sócios e simpatizantes. Regressou recentemente ao FC Porto, sem que se saiba quem protagonizou a contrição.
Outro Gomes, o Nuno do Benfica, está de saída da Luz. Jorge Jesus não disse “finito”, mas percebeu-se que o achava. Processo disciplinar não houve, a Nuno Gomes até foi proposto um cargo na estrutura vermelha. O mais emblemático futebolista do clube na última década recusou a oferta. Prepara-se para jogar, numa decisão pessoal, uma ou duas temporadas ainda. O povo benfiquista parece abalado, chutando mais brados com a emoção do que com a razão.
Nuno Gomes, ao invés do outro Gomes, não vai demorar a volver à Luz. É uma inevitabilidade que a história centenária do Benfica adestra. Só que o imbróglio foi mal governado, provocou um ruído desmedido, cujas consequências ainda estão por avaliar. Os golos na própria baliza do Benfica fragilizam o clube e engordam emocionalmente o seu principal opositor. Haja mais ou menos Gomes, de um lado ou de outro, a verdade é que Gomes jamais poderia ser sinónimo de controvérsia na Luz, sobretudo na actualidade. Faltou atenção, ganhou a tensão.
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