junho 21, 2011

Futebol á Portuguesa _ José António Saraiva


O erro de Fábio

Muitos adeptos do Benfica estão desolados: a época “desastrosa” termina com um “desastroso” processo contra Fábio Coentrão.

Ora, nem a época foi desastrosa nem o processo é desastroso. O Benfica foi 2.º no campeonato, chegou às meias-finais da Liga Europa e da Taça de Portugal, e ganhou a Taça da Liga. É pouco? Segundo as contas que fiz, foi a terceira melhor época do clube nos últimos dez anos.

O problema está na comparação da época passada com esta. E nas “humilhações” contra o FC Porto – que os benfiquistas não perdoam, porque não aceitam que o FC Porto da época passada era quase imbatível.

Falando agora de Fábio, é óbvio que tinha de ser processado. Ao dizer que queria ir para o Real e até já lá tinha a cabeça, Coentrão fragilizou a posição negocial do Benfica. Se um jogador diz que a sua vontade é mudar de ares, o clube onde está perde margem de manobra e o valor da transferência baixa.

E se é certo que o Benfica deve muito a Fábio, certo é também que Fábio deve ainda mais ao Benfica.

Quando regressou à Luz, vindo do Rio Ave, Fábio Coentrão era um jogador vulgar, daqueles que abundam nas equipas do meio da tabela. Ora Jesus percebeu-lhe as qualidades, mudou-lhe a posição e o modo de jogar, motivou-o – e fez dele um dos melhores laterais do Mundo.

Fábio podia estar hoje numa cidade de província a marcar passo – e está em vias de ir para Madrid como grande estrela.

E é também por isso que um treinador pode ser importante: para identificar talentos, potenciá-los, pô-los a jogar e a deliciar os adeptos durante dois ou três anos – permitindo ao clube fazer amanhã bons negócios. 

 In Record

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