janeiro 16, 2012

Futebol á Portuguesa _ José António Saraiva



Portugueses


Há 15 dias escrevi sobre uma lei em preparação que limitará a entrada de futebolistas estrangeiros em Portugal. O treinador do Benfica, Jorge Jesus, pegou no mote, e o tema foi objeto de grande polémica. A questão é decisiva, porque um dos meios de viabilização dos clubes portugueses é comprar jovens jogadores em mercados “baratos” (como os sul-americanos), adaptá-los ao futebol europeu, pô-los na “montra” e vendê-los caro.

Para já, a polémica que se gerou pode servir de alerta aos governantes para não cometerem erros que podem sair caro.

Hoje vou falar sobre um tema quase oposto: a vantagem dos treinadores portugueses.

Durante muito tempo, os três grandes acharam que os portugueses não tinham categoria para treinar as suas equipas, e os estrangeiros sucediam-se – de Bela Guttman a Eriksson, de Jimmy Hagan a Trapattoni, de Bobby Robson a Fernandez, de Mortimore a Camacho, de Co Adriaanse a Quique Flores.

Quase só Artur Jorge e Mourinho eram considerados com “estatuto” para treinar Benfica, Porto e Sporting. Ora esta ideia morreu. Os três grandes são hoje treinados por portugueses – e bem treinados. O Benfica de Jesus está a fazer uma das suas melhores épocas de sempre, o Sporting de Domingos está a praticar um futebol como há muito não se via em Alvalade, e só o FC Porto mostra alguma quebra em relação ao ano passado – mas esse Porto também era, recorde-se, treinado por um português. E, na última época, 3 dos 4 semifinalistas da Liga Europa tinham portugueses à frente!

A conclusão a tirar é que precisamos de estrangeiros para jogar e de portugueses para treinar. Difícil de perceber?

In Record

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