janeiro 24, 2012

Futebol á Portuguesa _ José António Saraiva


Mou e os limões


Esta é uma semana decisiva para os dois grandes de Espanha. Por duas vezes em 8 dias vão medir forças. E a equipa que sair vencedora do duplo duelo será vista como a melhor, não só de Espanha mas até do Mundo.

Mourinho tem falhado quase sempre nestes dérbis. Já sofreu goleadas e humilhações como em nenhum outro momento da sua carreira. Não simpatizo muito com ele: a sua encenada agressividade e a sua presunção irritam-me. Também não gosto de ver a reverência com que os jornalistas o tratam, chamando-lhe constantemente Special One. O culto da personalidade incomoda-me – e um pouco de humildade não lhe ficaria mal.

Mas, independentemente disto, considero Mourinho talvez o melhor treinador de todos os tempos. Ter sido campeão da Europa com o FC Porto e com o Inter, e duas vezes campeão de Inglaterra com o Chelsea, foram autênticos milagres. Qualquer deles já seria difícil, todos juntos constituem uma performance irrepetível.

No Real Madrid, ele pegou num naipe de estrelas que se serviam do nome do clube para brilharem – e virou-as do avesso, pondo-as verdadeiramente ao serviço da equipa. Deu agressividade, consistência e espírito coletivo ao conjunto, sendo o primeiro treinador a consegui-lo em muitos anos.

Claro que estes sucessos têm um reverso. Mourinho seca as equipas por onde passa. Ele espreme os limões até ao fim, não ficando nenhum sumo para os seus sucessores. O FC Porto sofreu muito depois da sua saída, o Chelsea caiu a pique, o Inter voltou à mediocridade europeia. E até os jogadores se eclipsam. Derlei perdeu-se, Drogba afundou-se, Milito desapareceu.

Mas, para já, vejamos o que o jogo de hoje nos reserva.

In Record

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