Sinais de fumo
Já tinha havido sintomas de que as exigências do lugar de treinador principal do FC Porto iam muito além da couraça psicológica de Vítor Pereira. Agora, mesmo diante de uma arbitragem infeliz, o antigo adjunto de Villas-Boas começou por assumir responsabilidades para depois derrapar sem remédio, ao referir as faixas de campeão para “a outra equipa”. Não há memória de, a cinco pontos de distância e a quatro meses da meta, alguém com responsabilidades neste clube, ter assinado assim, unilateralmente, os papéis para a rendição.
Em defesa do técnico, mantenho a ideia de que os dois maiores catalizadores da época cinzenta do FC Porto – que, em boa verdade, ainda pode ser campeão e importar de novo a taça da Liga Europa, mas não se livra do justificado amuo de muitos adeptos – se deve a teimosias da “estrutura”. O que, neste universo, equivale a dizer duas iniciativas presidenciais demasiado prolongadas, sobretudo porque já se provaram sobejamente calamitosas.
Uma nasce da incapacidade de Pinto da Costa perder a face em público – agora, fica à vista que Pereira foi um remendo para tapar a cratera aberta por Villas-Boas, que deixou descalço o patronato. Como o poder nunca pede desculpa pelos enganos, é o que se vê: um apoio “incondicional” que parece contar as horas que faltam para poder fazer a limpeza ao homem que escolheu.
A segunda provém da falta de força do treinador, que não conseguiu impor a contratação de um ponta-de-lança com as caraterísticas do muito recordado Falcão, deixando a tarefa nos pés de um Kleber sem estatuto, de um Walter sem velocidade e de um Hulk sem o dom da omnipresença. Sem referência de área e sem um matador, o FC Porto somou outros problemas: se foi capaz de integrar Defour e Mangalla, cuja remoção para o banco é incompreensível no ano negro de Rolando, não conseguiu potenciar Iturbe nem Alex Sandro. E Danilo, a menos que haja emenda rápida, vai pelo mesmo caminho. Guarín perdeu-se cedo na época e Belluschi foi queimado antes deste despacho pouco honroso para Génova. Moutinho está longe dos expoentes da última época. Fucile e Sapunaru ainda não devem perceber o que lhes aconteceu.
Tal como na “crise Villas-Boas”, quem manda no FC Porto foi rápido a responder à “crise Gil Vicente”. Resta saber se a cortina de fumo vai além disso mesmo. Lucho? É um grande jogador, cujo regresso ao futebol português se aplaude, é um Comandante. É capaz de desenovelar esta equipa? A ver vamos. Janko? Salvo melhor opinião, nunca vi nenhum ponta-de-lança deste tipo deixar boas lembranças no FC Porto. Pode dar certo. Mas não me espantava se os sinais de fumo resvalassem para um fogo em casa – acontece muito, com a pressa de provar que tudo vai bem.
In Record
1 comentário:
Que impludam!!
Bem assolapadinhos debaixo dos escombros!!
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