Para estudo
Parece combinada, esta tendência paralela de FC Porto e Benfica para escorregarem e deixarem os respetivos adeptos com o coração nas mãos. Os do Norte partiam favoritos, depois da época de sonho com Villas-Boas, mas cedo deixaram indicações de alguma tremideira, porventura mais sensível nos compromissos internacionais, com um grupo na Champions que parecia a pedido, e nas exibições – não nos resultados – internas. Os do Sul cavalgaram uma época em beleza até ao momento em que pareceram deslumbrar-se com um avanço invulgar sobre os maiores rivais das últimas épocas (cinco pontos) e começaram a acusar o cansaço das frentes múltiplas. O resultado e a exibição de logo, em Londres, vão ajudar a escrever o êxito ou o fracasso da temporada para Jorge Jesus e para os seus jogadores.
O Braga é o exemplo a preservar. Munido de uma série de jogadores com experiência nos “grandes” (cfr. Record de ontem), de resto bem distribuídos (Alan, Miguel Lopes, Ukra, Nuno André Coelho do FC Porto, Quim, Nuno Gomes e Ruben Amorim do Benfica, Hugo Viana, Custódio e outra vez Nuno André Coelho do Sporting), sabe recrutar entre as revelações do mercado nacional – Lima, Leandro Salino, Luís Alberto, Mossoró – e internacional, sempre dentro de uma lógica cuidadosa mas capaz de render a curto e a médio prazo. Se poucos acreditavam numa época à altura da anterior, com a presença na final da Liga Europa, Leonardo Jardim, a cinco rondas do fim, está a lutar pelo título.
Também há o Marítimo de Pedro Martins, claro. Mas, confesso, o caso do ano é – para mim – o Sporting. Não vale a pena discutir outra vez a saída de Domingos. Olhemos antes para os números: com Domingos, o Sporting somou 62,2% dos pontos possíveis no Campeonato (18 jornadas). Com Ricardo Sá Pinto, chegou aos 71,4%, mas deve ser ponderada a circunstância de ainda faltarem os jogos com os três candidatos.
O Sporting marcou o dobro dos golos que sofreu (38-19). Tem a melhor defesa a jogar em casa (seis golos sofridos, apenas). Não sofreu golos em 11 partidas, não marcou em 8 jogos – muito bom e muito mau, respetivamente. Com Domingos terá feito as melhores exibições, com Sá Pinto conseguiu a eliminação “impossível” do Manchester City e arrisca-se a ser a última equipa portuguesa a cair na Europa. Só por uma vez, desde a chegada do novo técnico, ganhou acima da diferença tangencial. Percebe-se bem que só lhe falta consistência, continuidade e alguns reforços (especialmente no centro da defesa, onde a qualidade não iguala a quantidade) para voos mais altos. Com Izmailov e Matías como grandes reforços, o problema do Sporting para a próxima época vai, creio eu, chamar-se “orçamento”. Para já, “fundir” o Metalist é quase um imperativo.
In Record
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