abril 05, 2012

Futebol á Portuguesa _ José António Saraiva


O bom caminho

No ser humano há uma enorme atração pela asneira. Se alguém diz qualquer coisa com um arzinho de novidade, mesmo que seja um grande disparate, é certo e sabido que vem logo uma multidão repetir o que foi dito.

Vem isto a propósito da afirmação de que “Jesus geriu mal o plantel”. Ora não deve ter havido esta época uma equipa que rodasse tanto os jogadores como o Benfica. Por poupança, por lesão ou por castigo, os nomes têm-se sucedido em todos os sectores, ao ponto de Jesus já não ter jogadores para rodar. No centro da defesa jogaram Luisão, Garay, Jardel e Miguel Vítor (estando agora três fora de combate!). Nas laterais atuaram quase sempre Maxi e Emerson, mas também jogou Capdevila. No meio-campo alternam Javi, Witsel, Aimar e Matic. Nas alas revezam-se permanentemente Gaitán, Bruno César e Nolito. No centro do ataque já alinharam Cardozo, Nélson Oliveira e Rodrigo. Assim, nos 10 lugares de campo já houve 17 titulares. Mais era difícil.

O problema do Benfica é outro. O Benfica está a pagar o preço do êxito. Há muitos anos que não havia uma época assim, com a equipa a chegar a abril com hipóteses de vencer três competições. E, mesmo que não ganhe nada (só pode vencer um), este é o fruto de um trabalho de fundo que começa a render.

É assim que se atinge o topo. Até porque, mesmo com o enorme desgaste físico e mental a que não estava habituada, a equipa consegue performances notáveis – como a jogada que ditou o 2-1 contra o Braga, um hino ao futebol realizado mesmo no fim do jogo e apesar do enorme balde de água fria que fora o golo do empate.

O Benfica está no bom caminho. Agora é continuar.

In Record

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