novembro 07, 2011
Por força da lei _ Ricardo Costa
A "carta" e a "entrevista"
O clima de alegria junto das hostes sportinguistas (mesmo com o desaire romeno) salienta um dos mais característicos traços do desporto, como um dos fenómenos mais cativantes do último século do humano: a emotividade. Os adeptos rejubilam com o que aparenta ser uma mudança de ciclo. O futebol é rico em reviravoltas e golpes de teatro: a bola na rede supera tudo! Agora é o momento de capitalizar o trabalho do tridente GDF (Godinho-Duque-Freitas) e a capacidade de Paciência (com menos espaço para falar do que não sabe, como fez, condicionado, em Braga). A nação Sporting espera para ver e crer.
Mas nem tudo são rosas. Um dos espinhos é a eventual falta de equilíbrio dos seus apaniguados quando acumulam posições institucionais e orgânicas no hemisfério clube-SAD com a qualidade de comentadores (ou análogos) nos “locais de estilo”: confundem-se estatutos e fragiliza-se a “instituição”, para além de se deixar um contributo pouco saudável para o “terrorismo da palavra” que se vulgarizou nesses locais. Talvez por isso Godinho Lopes tenha escrito esta semana “a carta”. Foi uma boa medida de gestão, habilmente utilizada no contexto moderno da comunicação. Solicitou a discrição na abordagem pública dos assuntos da SAD e o debate das divergências internas “nos fóruns próprios e não na praça pública”. E apelou: “Todos os membros dos órgãos sociais do Sporting deverão respeitar as decisões da SAD, criticando-as, sempre que o entenderem por conveniente, em sede própria e não nos órgãos de comunicação social, sedentos de criar divisões e mal-estar”. Só faltaram os desenhos…
Carlos Marta (com obra feita em Tondela) deu início à campanha para a Federação. Ciente de que há mais marés que marinheiros (ou delegados), apostou, primeiro, em deixar nervoso o adversário e obrigá-lo a mostrar “trunfos”. Dispensou “jovens turcos” que, apressados, pensam a “curto prazo” e marcou passo a passo as “cartas” do outro baralho. Revelou ter a sagacidade de um político – abandonou a “guerra da arbitragem”, conformou-se com o “status quo” na disciplina e na justiça (inovar para quê?) –, sem que ainda se saiba se é capaz de, se ganhar, romper com o “nim” que fez escola. Começou por baixo: com “a entrevista” a um jornal da sua região. Aí manifestou a sua primeira carta de intenções, com ideias e recados: sobre este desafio (“nem tenho medo de perder, nem de ganhar”), a “capacidade de liderança” do presidente da FPF, a estratégia para as seleções nacionais (“uma das fontes de financiamento mais importantes”), um “plano de desenvolvimento integrado” e sobre as palavras-chave da reformulação dos quadros competitivos (“proximidade”, “competitividade” e “rivalidade”).
Marta sabe que esta irá ser uma corrida de resistência e aproveita a soberba da propaganda montada na Rua da Constituição. O certo é que o adversário – que instalou na Liga uma espécie de “neo-valentinismo” – permanece tenso e apressou-se a dar conta que já ganhara as eleições, com o apoio “subscrito” de 43 (o número mágico!) dos 84 delegados votantes. Só faltou dizer-se que tinha ido com cada um deles ao notário…
In Record
Sem comentários:
Enviar um comentário