No dia 9 de maio, o presidente da Liga de Futebol Profissional assumiu um compromisso: apresentar um plano para o futebol profissional até 30 de junho. “Um plano que engloba um modelo de desenvolvimento, quadros competitivos adequados, recursos financeiros disponíveis e mudanças regulamentarmente necessárias”, disse então Fernando Gomes. Percebemos mais tarde que, afinal, o plano não era para transformar o futebol organizado pela Liga e a sustentação dos clubes associados. Antes era, sem que os incautos o compreendessem, um plano para se transmutar: chegar a presidente da Federação.
Sendo assim, não admira que a Liga esteja parada no carril – para além da propaganda à volta de um “Congresso sobre o Futebol” – e convertida (nas mais diversas variantes, com exceção dos endereços de e-mail) na sede de campanha de “Gomes a Presidente” (numa espécie de “concorrência desleal” em relação à Câmara de Tondela). O que, ao que se aparenta, é aceite e estimulado pelos clubes, que deram a Gomes “mandato” para tal campanha. O que é manifestamente um sintoma de transparência. Nada como a limpidez de se assumir que há muitos meses nada de significativo se faz, a não ser o “mandato” para nomes, reuniões, telefonemas, visitas ao domicílio, sensibilidades, influências, estética, gerontologia e muito… muito “power point”!
Entretanto, em junho, a Universidade Católica entregou à Liga um pertinente estudo sobre as condições de viabilização do futebol profissional. Uma boa medida, mas, por ora, abafada pelas ambições de um “novo ciclo” de “regeneração” – outro, portanto – do futebol e, nesse ciclo, de uma Liga (norteadamente?) decadente…
A investigação concluiu que os instrumentos e as políticas para uma nova estratégia para a indústria do futebol passam por “3 grandes desafios”, que, acrescenta, “são também as grandes oportunidades identificadas para a indústria” aumentar as receitas. A saber: (1) “competitividade desportiva e futebol espetáculo” (bilheteira, direitos televisivos e “merchandising”); (2) “valorização do plantel e do futebolista português”; (3) “alargamento do mercado além-fronteiras e internacionalização”. Para atacar estes desafios seria preciso diminuir a distância entre os clubes de dimensão internacional e os restantes; reestruturar a segunda liga como competição semiprofissional; centralizar a negociação dos direitos televisivos na Liga; gerar na Liga a produção de serviços necessários aos clubes para que estes reduzam custos; criar modelos de apoio aos clubes que descem e sobem nas competições profissionais; estabelecer uma plataforma global de ingresso, valorização e transferência de jogadores estrangeiros jovens; enquadrar as competições “B” para capitalizar a formação do jogador português; alargar as competições aos “mercados” de língua portuguesa; redesenhar em coletivo as linhas de crédito para os clubes mais deficitários e desprotegidos.
No documento, propõe-se isto e mais para fazer. Repito: fazer. Tudo aquilo que Gomes, como “funcionário” mimético a tempo inteiro, não mostra ser capaz. Mudará a sua natureza nos corredores da Federação?
In Record
1 comentário:
Ó Doutor:
Então queria pôr aquela gente a trabalhar em prol do bem comum??
Ahahahah!
Brincamos?
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