dezembro 14, 2011

Crónica de João Malheiro



Respeito e desrespeito

O futebol é uma ciência oculta? Não, não é. Só que é mais, muito mais, da sabença de quem é do ofício. É ou não é? Quando falo com o Eusébio, o Hilário, o Toni, o Fernando Gomes, o Rui Costa, o Paulo Futre ou o Luís Figo ouço, sobretudo ouço. Ouço quem sabe. Até coloco questões, até emito opiniões, mas jamais lhes contesto a primazia nos diálogos.

A literatura é uma ciência oculta? Não, não é. Só que é mais, muito mais, da sabença de quem é do ofício. É ou não é? Quando falo com o Manuel Alegre, o Baptista-Bastos, a Alice Vieira, a Inês Pedrosa ou o Mário Zambujal ouço, sobretudo ouço. Ouço quem sabe. Até coloco questões, até emito opiniões, mas jamais lhes contesto a primazia nos diálogos.

A música é uma ciência oculta? Não, não é. Só que é mais, muito mais, da sabença de quem é do ofício. É ou não é? Quando falo com o António Victorino d’Almeida, o Paulo de Carvalho, o Sérgio Godinho, o Vitorino, o Fernando Tordo, o Luís Represas ou o Paulo Gonzo ouço, sobretudo ouço. Ouço quem sabe. Até coloco questões, até emito opiniões, mas jamais lhes contesto a primazia nos diálogos.

Há dias, num daqueles programas televisivos sobre futebol, um dos intervenientes citou o Pedro Venâncio, antigo defesa do Sporting e da Selecção Nacional. Foi a propósito da análise do ex-futebolista a um lance controverso no recente embate entre o Benfica e o Sporting. “Quem é o Venâncio?”, perguntou outro dos participantes, eivado de lamentável ironia. “O Venâncio vê melhor futebol do que eu?”, ainda questionou, inflamado de lamentável despautério.

O futebol não é uma ciência oculta. Mas há comentadores coxos de razão e broncos de presunção.

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