Uma grande apreensão
O Benfica ontem não teve pernas para o rival. Só a ideia de poder vir a jogar a final da Liga Europa com este FC Porto deixa nervosos os Benfiquistas.
No dia em que o Sporting foi ao Dragão perder o jogo e a confiança na generosidade da aliança estratégica que vem mantendo com aquela casa, o presidente do FC Porto, rebaixando o Sporting à condição de grémio inapto, traçou um tão curioso quanto revelador paralelismo entre as carreiras de José Mourinho e de André Villas Boas.
Disse Pinto da Costa: «José Mourinho chegou a ter um pré-contrato com o Sporting e depois, devido à pressão da claque, o compromisso falhou. Curiosamente, o André Villas Boas também teve um pré-acordo assinado com o Sporting, no tempo do Costinha, mas
depois foi anulado.»
Objectivamente, não se tratam de grandes e impensáveis novidades. O fugaz entendimento de Mourinho com o Sporting já tinha sido exposto em público em devido tempo pelo próprio Luís Duque, que foi quem teve a ideia e está hoje de regresso ao comando
do futebol dos verdes e brancos.
Quanto ao não menos fugaz entendimento de Villas Boas com Alvalade, isso sim, é de algum modo a confirmação do que se suponha ter acontecido na Primavera de 2010 quando o jovem treinador dava os primeiros passos da sua carreira a solo em Coimbra e, num
gesto com pouco de original mas com muito de filial, oferecia o seu sobretudo à claque Mancha Negra nos festejos pela manutenção da Briosa no primeiro escalão do nosso futebol.
Sobre este acordo entre Villas Boas e Costinha residiram sempre algumas dúvidas, muito por força do estrepitoso desmentido que o próprio Villas Boas haveria de fazer, não se inibindo de chamar de «palhaços» aos jornalistas que, afinal bem informados, se propuseram a dar a notícia.
Entretanto passou-se um ano inteiro e temos agora o jovem treinador do FC Porto já laureado com o título de campeão nacional, de vencedor da Supertaça interna e com o estatuto de ultra-favorito na corrente edição da Liga Europa. Naturalmente, Villas Boas
desperta o interesse de clubes estrangeiros de nomeada e passou a ter um nome com créditos para a imprensa internacional.
Na semana passada foi noticiado o interesse do Liverpool nos seus serviços e esta semana os jornais italianos garantem que o consórcio norte-americano que comprou a Roma quer o português já para o ano no Estádio Olímpico. Villas Boas já disse que é adepto do FC
Porto e que está bem onde está.
E, por enquanto, ainda não chamou palhaço a ninguém.
O que também é de assinalar.
O FC Porto-Sporting de domingo saldou -se pela 15. ª vitória consecutiva dos novos campeões em jogos a contar para a Liga que acabam de vencer. O percurso do FC Porto tem o seu mérito mas também tem muita ajuda abençoada.
No domingo foi Soares Dias que não viu, nos últimos instantes do jogo, Rolando jogar a bola com a mão depois de ter perdido o equiIíbrio e por isso mesmo, em queda acidental, Rolando não quis perder a proximidade com a bola e deu-lhe um jeitinho com a mão.
Aliás não é a primeira vez nesta Liga que o mesmo Rolando tem o seu momento de andebol na área no Funchal, com o Nacional ainda menos dúvida ofereceu o seu gesto e os árbitros sempre mandaram seguir porque não estão para aborrecimentos, o que se compreende.
E até é caso para se dizer que se o Rolando ainda jogasse no Belenenses, já o Belenenses tinha descido mais uma vez de divisão porque, com um central deste quilate a enterrar a equipa, a vida ainda estaria mais difícil para o histórico do Restelo.