abril 30, 2011

Contra a Corrente _ Leonor Pinhão




Uma grande apreensão

O Benfica ontem não teve pernas para o rival. Só a ideia de poder vir a jogar a final da Liga Europa com este FC Porto deixa nervosos os Benfiquistas.

No dia em que o Sporting foi ao Dragão perder o jogo e a confiança na generosidade da aliança estratégica que vem mantendo com aquela casa, o presidente do FC Porto, rebaixando o Sporting à condição de grémio inapto, traçou um tão curioso quanto revelador paralelismo entre as carreiras de José Mourinho e de André Villas Boas.

Disse Pinto da Costa: «José Mourinho chegou a ter um pré-contrato com o Sporting e depois, devido à pressão da claque, o compromisso falhou. Curiosamente, o André Villas Boas também teve um pré-acordo assinado com o Sporting, no tempo do Costinha, mas
depois foi anulado.»
Objectivamente, não se tratam de grandes e impensáveis novidades. O fugaz entendimento de Mourinho com o Sporting já tinha sido exposto em público em devido tempo pelo próprio Luís Duque, que foi quem teve a ideia e está hoje de regresso ao comando
do futebol dos verdes e brancos.
Quanto ao não menos fugaz entendimento de Villas Boas com Alvalade, isso sim, é de algum modo a confirmação do que se suponha ter acontecido na Primavera de 2010 quando o jovem treinador dava os primeiros passos da sua carreira a solo em Coimbra e, num
gesto com pouco de original mas com muito de filial, oferecia o seu sobretudo à claque Mancha Negra nos festejos pela manutenção da Briosa no primeiro escalão do nosso futebol.

Sobre este acordo entre Villas Boas e Costinha residiram sempre algumas dúvidas, muito por força do estrepitoso desmentido que o próprio Villas Boas haveria de fazer, não se inibindo de chamar de «palhaços» aos jornalistas que, afinal bem informados, se propuseram a dar a notícia. 
Entretanto passou-se um ano inteiro e temos agora o jovem treinador do FC Porto já laureado com o título de campeão nacional, de vencedor da Supertaça interna e com o estatuto de ultra-favorito na corrente edição da Liga Europa. Naturalmente, Villas Boas 
desperta o interesse de clubes estrangeiros de nomeada e passou a ter um nome com créditos para a imprensa internacional.

Na semana passada foi noticiado o interesse do Liverpool nos seus serviços e esta semana os jornais italianos garantem que o consórcio norte-americano que comprou a Roma quer o português já para o ano no Estádio Olímpico. Villas Boas já disse que é adepto do FC
Porto e que está bem onde está.
E, por enquanto, ainda não chamou palhaço a ninguém.
O que também é de assinalar.

O FC Porto-Sporting de domingo saldou -se pela 15. ª vitória consecutiva dos novos campeões em jogos a contar para a Liga que acabam de vencer. O percurso do FC Porto tem o seu mérito mas também tem muita ajuda abençoada.
No domingo foi Soares Dias que não viu, nos últimos instantes do jogo, Rolando jogar a bola com a mão depois de ter perdido o equiIíbrio e por isso mesmo, em queda acidental, Rolando não quis perder a proximidade com a bola e deu-lhe um jeitinho com a mão.

Aliás não é a primeira vez nesta Liga que o mesmo Rolando tem o seu momento de andebol na área no Funchal, com o Nacional ainda menos dúvida ofereceu o seu gesto e os árbitros sempre mandaram seguir porque não estão para aborrecimentos, o que se compreende.
E até é caso para se dizer que se o Rolando ainda jogasse no Belenenses, já o Belenenses tinha descido mais uma vez de divisão porque, com um central deste quilate a enterrar a equipa, a vida ainda estaria mais difícil para o histórico do Restelo.

A verdade é que Soares Dias poupou ao FC Porto uma grande penalidade que talvez tivesse permitido ao Sporting empatar o jogo e pôr fim à série incrível de vitórias no campeonato. Aliás, esta série de quinze jogos a ganhar iniciou-se logo depois do empate entre o Sporting e o FC Porto no encontro da primeira volta.

Na jornada seguinte, o FC Porto recebeu o Vitória de Setúbal e, já em período de descontos, com o resultado em 2-1 para os donos da casa, o árbitro Elmano Santos
mandou repetir uma grande penalidade contra o FC Porto porque não gostou da maneira como tinha sido marcada da primeira vez.
E se da primeira vez a bola tinha entrado na baliza de Helton, da segunda vez não entrou e Elmano Santos deu por encerrada a questão. E começou dessa maneira esta série impressionante do FC Porto.
Ora bem, assim também é muito fácil bater recordes ...

Voltemos a Elmano Santos, um valor seguro da arbitragem nacional. Seguríssimo.

Tal como, em Dezembro, não gostou da maneira como o Vitória de Setúbal marcou de primeira a sua grande penalidade no Dragão e a mandou repetir, no último domingo não gostou da maneira como Pablo Aimar marcou um livre indirecto que terminou com a bola no fundo da baliza depois de ter sido desviada por um jogador do Beira Mar.

Elmano Santos não mandou repetir porque mandou toda a gente para as cabinas gozar o intervalo. Mas ainda teve tempo de dar um cartão amarelo a Aimar por ter protestado contra a sua decisão.
Aliás os dois últimos cartões amarelos recebidos por Aimar nesta Liga são uma galhofa. No jogo com o FC Porto, para o campeonato, viu Duarte Gomes interromper-lhe uma perigosa jogada de contra-ataque para marcar uma falta, 30 metros atrás, contra o FC Porto em beneficio do infractor. O argentino protestou sem grande estardalhaço mas levou logo um
amarelo e ainda não havia 2 minutos de jogo.

E foi a partir dai que Duarte Gomes arrancou para aquela fabulosa exibição anti - Porto que até mereceu conferência de imprensa e tudo.

Mesquita Machado, essa pérola do poder autárquico nacional, mostrou -se muito satisfeito por caber ao Sporting de Braga defrontar o Benfica nas meias-finais da Liga Europa.
O presidente da Câmara Municipal de Braga está optimista com o desfecho da eliminatória.
E sente-se «muito mais tranquilo» por serem árbitros estrangeiros a actuar em Braga e na Luz.
«Havendo dois clubes portugueses um árbitro internacional dá mais garantias de isenção», disse.
Se calhar até é capaz de ter razão.

Ontem, o Benfica não teve pernas para o FC Porto e, por isso mesmo, viu-se eliminado
em casa quando iniciou o jogo com uma vantagem sólida. Por toda semana que aí
vem, o árbitro Carlos Xistra vai ser o tema das conversas de café e de escritório.
Trata-se apenas de um mau árbitro como ontem se voltou a ver. Mas o Benfica não tem 
desculpa pelo que deixou que lhe fizessem em casa. Ao contrário de Júlio César que teve muito que fazer, Beto passou uma noite tranquila, muito tranquila. Isto é dizer muito.

E, agora, só a ideia de poder vir a jogar a final da Liga Europa com este FC Porto, deixa os benfiquistas francamente apreensivos. Compreende-se perfeitamente.

5 comentários:

Anónimo disse...

Oh Red!.
O companheiro Pinhão anda muito estudioso do tal de "corrupto FCP", porque será?.

Quererá aprender técnicas de corrupção?.

Oh pá!.. é estranho, não é?

A classe corruptora falida do regime, a querer aprender com aqueles que alegadamente corrompem corrompem.

E, esta hem!.

Catedral Encarnada disse...

Não penso que ela queira entrar nesse ponto.

apenas relembrar factos.....

Brust disse...

Blog benfiquista em que a cronista fala mais do Futebol Clube do Porto do que do próprio clube.
Será que está a pensar em mudar?
Dói assim tanto!?

Unknown disse...

Se esta fosse a época dos descobrimentos estaria o Porto a chegar ao Brasil...e os velhos do restelo com a conversa do costume....mais futebol e menos conversa por favor!!

Catedral Encarnada disse...

Brust aqui não se muda nada, também não deixo de publicar crónicas por falarem do seu clube.

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