As “ligas” dos jovens
Uma das reformas adiadas no futebol português é a integração das equipas B nos quadros competitivos. Os clubes da Liga querem, e bem, recuperar o assunto, como se soube esta semana. Depois da última experiência – traumática e dispendiosa –, os projetos foram abandonados. Os clubes voltaram às primeiras formas de aproveitamento dos jogadores saídos dos escalões jovens; alguns concentraram as “cedências” dos atletas em um ou dois clubes. Chegou a altura de configurar um outro modelo, a cargo da Liga e, também, da Federação.
As equipas B poderão ser uma solução e não um problema, na sustentação do que é específico neste negócio, em que são preponderantes a valorização de “ativos” e a capitalização do investimento em formação. O instrumento dessa solução seria radicalmente diferente: a criação de um “Campeonato B” autónomo, ou seja, exclusivamente constituído pelas equipas B e sem ligação com as provas onde estão as equipas-mãe.
Este campeonato teria, no seu arranque, uma divisão 1 para as equipas B dos clubes profissionais e uma divisão 2 para as equipas B dos não profissionais (se houvesse suficientes clubes interessados). Depois tudo se passaria como se as equipas B não tivessem conexão com os clubes de origem, a não ser quando se admitissem novas inscrições no início das épocas. Na divisão 2 não haveria descidas; subiriam à divisão 1 os três primeiros da divisão 2, com as correspondentes descidas da divisão 1. No caso de competirem mais do que 16 clubes, cada uma das divisões teria mais do que uma série e seria realizado um playoff final para disputar o título da divisão e as subidas (na divisão 2). No caso de a divisão registar poucos clubes inscritos, ou se houvesse um número diminuto de competidores nas eventuais séries, seria essa a oportunidade para testar uma prova a 3 ou 4 voltas.
A independência deste “Campeonato B” – ou sub-23 – levaria a que as equipas B deixassem de competir em desigualdade potencial nos campeonatos. Não estariam sujeitas à inibição de ascenderem às provas profissionais (ou à mais importante delas), o que desvirtua o mérito dos melhores. Haveria competitividade. E daí resultaria um “produto” que se poderia sustentar na atratividade dos “valores” em ascensão e no aproveitamento dos jogadores “excedentários” das equipas principais. Um “produto” que trouxesse, pelos direitos televisivos e pelos “parceiros comerciais”, a receita que a Federação e a Liga distribuiriam pelos clubes-mãe. Um projeto que se autossustentaria, portanto, sem megalomanias. Como sempre, o dinheiro será o cerne, uma vez que poucos clubes voltarão a arriscar gastar o que não têm…
É por estas e outras matérias que é mais decisivo que nunca uma estratégia conjunta para a Federação e para a Liga. Onde estejam pessoas que, sem excesso de reuniões mediáticas e “comissões de estudo”, tragam arrojo e fôlego para implementar as ideias que acabem com a letargia.
Também por isso se deveriam considerar com seriedade as próximas eleições na FPF, cujo futuro, aliás, bem poderia começar hoje.
In Record
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