Eles vivem
Ao longo do jogo que opôs o Sporting de Braga e Carlos Xistra & C.ª ao Benfica, no passado domingo, foram várias as vezes que me recordei de um filme de John Carpenter, o já clássico “Eles vivem”. Na fita, há uma enorme campanha que visa entorpecer a Humanidade e que só é detetável através da utilização de uns óculos especiais, que um zé-ninguém descobre por acaso, começando aí a sua cruzada de denúncia contra os que querem evitar a exposição da verdade. Mais: muitos dos agentes dessa forma subliminar de manter o “statu quo” são, na verdade, monstros alienígenas, os únicos que lucram com a dolência inconsciente dos humanos.
Primeiro, foi a repetição milimétrica dos métodos usados noutra sede – um “speaker” que recusa dizer o nome do Benfica e que incita as suas massas com o jogo a decorrer; uns “snipers” golfistas estrategicamente colocados, e desta vez para acertar, que nos permitiram ganhar consciência de que Pinto da Costa e António Salvador podem concorrer ao “Guinness”, como dono e encarregado, respetivamente, do maior “green” do Mundo, que vai do Dragão ao Estádio Axa; e depois, Xistra...
Se Jara vai a caminho da baliza de Artur, tendo ganho o lance pela sua rapidez e não por qualquer vantagem posicional irregular, não importa – assinala-se o off-side. Se Javi vem sendo um dos esteios do Benfica de combate, cansado mas empenhado, não há qualquer problema – aproveita-se uma jogada de contacto com Alan e deixa-se vir à superfície o talento dramático deste (pena que os óscares tenham sido uma semana antes), perfeito se descontarmos o pequeno deslize de ter começado a queixar-se do peito e ter acabado em aflições da garganta. Mas isto anda tudo ligado, não é? Não há problema, dizia: expulsa-se o espanhol, correspondendo à lesta solicitação do banco do Braga. De resto, desde o banco aos jogadores, toda a gente estava mais nervosa e mais rápida do que na recente receção ao FC Porto. Mais Xistra? A simples circunstância de – num quadro disciplinar que conseguiu até dar uma cartão amarelo a esse perigoso caçador que é Javier Saviola – Hugo Viana, Kaká e Miguel Garcia terem terminado a partida é revelador de um critério que mais pareciam... dois.
Xistra nunca devia ter pisado o relvado bracarense numa partida destas, uma vez que nem sequer do ponto de vista “dos galões” é competente para um jogo em que já se adivinhava a pressão. E o Benfica, mesmo que viesse a deixar escapar o triunfo na Liga, não merecia – pela qualidade do futebol praticado, por ser o clube que mais ajuda a manter os estádios cheios – ser afastado desta forma vergonhosa e que alguns sentenciarão como premeditada. O problema? É que eles vivem, mesmo que haja quem os não queira ver.
In Record
1 comentário:
Xistra que me queimei...
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