Nesta Liga Europa não há jogos, são apenas três meras formalidades
Basta ler os jornais e ouvir as notícias para perceber que assim é. O FC Porto não só vai hoje passear a sua classe em Espanha porque não há volta a dar ao expressivo resultado da primeira mão como também irá passeara sua classe a Dublin, na final, visto que nem o Real Madrid com cinco trincos lhe seja aos calcanhares, quanto mais o Sporting de Braga…
Sim, porque o Sporting de Braga é o outro finalista, apesar de ainda ter de jogar hoje a segunda mão contra os incompetentes e anémicos da Luz, que nem força nas pernas têm para uma hora de jogo. António Salvador, o presidente do Sporting de Braga, exortou ontem os adeptos do clube a unirem-se nesta «caminhada até Dublin», enquanto José Mendes, presidente da Assembleia Geral do Sporting de Braga, anunciou à Rádio Renascença, que já tem comprado o bilhete de avião para Dublin.
Resta ao Villarreal consolar-se com notícias infames como aquelas da Marca a garantir que o árbitro holandês do jogo da primeira mão andou por marisqueiras de Matosinhos mal acompanhado. E resta ao Benfica dos serviços mínimos picar hoje o ponto à hora estipulada pela UEFA depois de uma dormida no hotel do presidente do Braga onde, garantidamente os seus jogadores não terão passado a noite em claro apanhar envelopes metidos por debaixo das portas dos seus quartos com fotografias dos frangos do Roberto.
Esta é, sem dúvida, uma Liga Europa única, os tipos da UEFA devem estar pasmados. Mas é sempre assim com os portugueses, sabem-se os resultados todos com uma antecipação impressionante.
A propósito de envelopes… O comunicado da SAD de Leiria exprime sem eufemismos uma revolta fortemente adjectivada contra os acontecimentos e os seus protagonistas nos túneis e assoalhadas da bonita pedreira bracarense - «cínicos», «cobarde», «violentos» são alguns dos mimos utilizados. Mas, lamentavelmente e sem qualquer tipo de justificação ética ou moral acaba até por ofender inocentes que nada tiveram a ver com a ocorrência.
E é preciso ter muito cuidado com estas coisas. Pecou o redactor do dito comunicado dos leirienses ao acrescentar ao seu legítimo repúdio comparações obsoletas como «isto nem em África!» ou «pareciam pessoas Terceiro Mundo».
Oh meu amigo, mas em que mundo é que julga que vive?
É que não havia nenhuma necessidade de ofender tanta gente, tantos continentes, tantos milhões de seres humanos e tantos países que lá por não terem auto-estradas modernas como as nossas também têm a sua dignidade e principalmente têm a vantagem de não conhecer de lado nenhum o senhor António Salvador e o senhor Bruno Paixão e o senhor Fernando Couto e o senhor João Bartolomeu e, muito menos, o valente senhor do envelope anónimo…
Este episódio, como é apanágio dos países do Primeiro Mundo e não – africanos, como o nosso, não vai resultar em nenhuma acção disciplinar. De uma maneira ou de outra e cada um à sua maneira, muitos foram já os especialistas que vieram a terreno defender o arquivamento rápido do caso.
Já se ouviram juristas explicar que sem «flagrante delito» no momento do acto é impossível por o nome ao meliante. Já se leram grandes títulos na imprensa explicando que afinal, o meliante nem sequer é um meliante a sério porque «SÓ FOTOS NÃO SÃO MEIO DE COAÇÃO», como surgiu em o Jogo encimando declarações de José Manuel Meirim, professor de Direito Desportivo, e de Jorge Coroado, antigo árbitro de futebol.
Para Meirim que segue e interpreta a Lei não – africana, o envelope por não conter no seu interior «qualquer tipo de recado ou ameaça» não confira coacção. Quanto a Jorge Coroado que foi perito arrolado pelo Ministério Público no processo Apito Dourado e jamais viu indícios pecaminosos que pudessem comprometer a reputação da classe, também agora não se vê nada de desagradável na questão:
«Não vejo razão para se invocar isto, quando há árbitros que a primeira coisa que fazem quando chegam ao balneário é ligar a televisão para ver se conseguem descortinar algum erro», descortinou Coroado a O Jogo.
Portanto muita atenção, estudantes de Direito Desportivo e futuros dirigentes desportivos em idade escolar! Envelopes anónimos por debaixo da porta na cabine do árbitro podem ser postos à fartança, à fartadela, e fartazana. Desde que não contenham ameaças nem recados. Assim sendo, «é difícil enquadrar isto na acção disciplinar de coacção». Entendido?
E, muita atenção, senhores árbitros! Não corram para ligar a televisão na cabine porque há a partir de agora um meio mais personalizado de vos informar sobre juízos críticos formulados sobre o vosso trabalho. E não vale espreitar pelo buraco da fechadura. Um envelope anónimo também tem a sua dignidade e, ainda para mais, não gasta electricidade.
Esta semana, no Minho, deram-se a conhecer dois protagonistas corajosos. Abel Castro Cutelo foi o delegado da Liga em Braga e continua de boa saúde. Cutelo confirmou a existência do envelope anónimo e referiu o episódio em declarações à imprensa. É desejo de todos os desportistas que Abel Castro Cutelo tenha um grande, tranquilo e profícuo futuro como delegado da Liga.
Júlio Mendes é vice-presidente do Vitória de Guimarães, emblema que vai disputar com FC Porto a próxima final da Taça de Portugal e a próxima final da Supertaça. Júlio Mendes declarou à imprensa que os vitorianos «querem jogar a final da Taça no Jamor», pirateando assim, à descarada, aquele pressuposto regionalista contra o «centralismo» e contra Lisboa como palco da festa. «Desejamos que assim seja pela carga simbólica do recinto», acrescentou Mendes. E ainda piorou as coisas…
De acordo com o Record, tudo o que se passou em Braga se explica porque «os leirienses foram acusados de estar ao serviço do Benfica, por não terem antecipado o jogo, e do Sporting, na luta pelo terceiro lugar».
O Benfica, felizmente e já não era sem tempo, optou por ficar em bendito silencio e não caiu na esparrela de vir comentar os incidentes do Sporting de Braga - União de Leiria.
Mas renascido para as guerras, como tão bem exemplificou Oceano ao confrontar o árbitro Duarte Gomes no túnel de Alvalade, temos agora um novo Sporting com opinião forte. Carlos Barbosa, vice-presidente de Alvalade, afirmou que o caso do envelope «é mais caricato do que estranho», o que não deixa de ser profundo como análise.
No entanto, Barbosa tem mais com que se preocupar do que com «os procedimentos dos outros clubes» e nisto faz bem. O dirigente está preocupado com o ambiente colorido em casa. «Apelo aos adeptos que venham a Alvalade envergando, pelo menos, uma peça de roupa verde para assim colorirmos as bancadas», exortou para o próximo jogo com o Vitória de Setúbal.
O que é mais estranho do que caricato visto que, por toda a última campanha eleitoral, não faltaram candidatos nem adeptos a lamentar a excessiva mancha cromática nas bancadas.
Mas é uma preocupação legítima e preponderante nesta altura do campeonato.
O Vitória de Setúbal vai a Alvalade lutar pela manutenção e está bem mais perto de alcançá-la do que a Naval1º de Maio, com quem concorre directamente. António Aparício, vice-presidente do Vitória de Setúbal, está confiante no sucesso da equipa mas diz que «o campeonato é uma mentira» por causa do Benfica que anda a «ajudar equipas» ao apresentar-se nos últimos jogos com a maioria de reservistas em campo.
Compreende-se. O tempo é de unir esforços no Bonfim porque o objectivo é importante. E mais vale a António Aparício deitar culpas ao Benfica do que, põe exemplo, perder a cabeça e desatar em impropérios sublinhando a incompetência dos seus próprios jogadores. Como, por exemplo, os que falham grandes penalidades, tipo Pitbull ou Jailson. Ou como o infeliz Valdomiro que, só no último jogo do Vitória, marcou um golo na própria baliza e ainda ofereceu mais um golo ao adversário. Uma «noite bem negra», como referiu o cronista de A Bola.
1 comentário:
Sobre a passagem do FCPorto e SCBraga para Dublin....Tal e qual...Eles andam bem ensinados.
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