maio 20, 2011

Tempo Útil _ João Gobern


Juizinho e boa bola

Dirão os do costume que é fácil pregar de fora, quando se está longe da gigantesca pressão de hora e meia que equivale a uma final europeia. Dirão esses e outros que a defesa que aqui promovo terá sobretudo a ver com a equidistância a que me mantenho das duas equipas portuguesas que, com inteiro mérito, vão entrar em campo mais logo na capital irlandesa. Não costumo perder tempo com quem pensa pequeno e ainda menos com quem faz questão de raciocinar por métodos tortuosos – e, infelizmente, são seitas desse calibre que poluem muito o mundo do futebol.

Mantenho aquilo que já disse noutro quadro: espero um bom jogo de futebol, afinal de contas a única resposta desejável a este quadro histórico (e dificilmente repetível) que é dispormos de equipas portuguesas de ambos os lados da barricada de uma final europeia. Se é verdade que as nossas competições internas não podem ombrear com as de outros países – mais ricos, mais populosos, mais organizados, menos periféricos –, não é menos certo que esta proeza pode obrigar os amantes do futebol a olhar para nós de outra forma, e não apenas como mercado abastecedor de craques que, sendo nativos lusitanos ou sul-americanos em trânsito, acabam por amadurecer e crescer aqui, adaptando-se inclusivamente às leis exigentes do futebol europeu, para depois irem render para outras paragens. Não nos favorecem os orçamentos, nem na bola nem no resto. Mas é sabido que, em múltiplas ocasiões, se descobrem antídotos para o poder do deus-dinheiro e, com trabalho, disciplina, talento e alma, ainda se consegue contrariar a fria lógica empresarial que poderia já dominar por inteiro o futebol.

Em Dublin, FC Porto e Sporting de Braga defenderão orgulhosamente as respetivas cores. Têm trunfos e têm craques para fazer brilhar. Mas gostava que não se esquecessem que também representam Portugal e podem, com uma boa partida e uma boa estada, retirar enormes dividendos para o futebol local. Terá a UEFA deixado entender que uma final com um só país é uma festa meio estragada. Julgo que a melhor resposta, a nossa possibilidade de estragar a festa por completo, é um jogo que fique na memória de muitos, a juntar ao comportamento de duas massas adeptas que possa ser relembrado por todos. Que ganhe o melhor e que sejam ambos muito bons, antes, durante e depois.

NOTA – Ser ridiculamente pequeno, na grandeza – poderia ser esta a frase para definir Jorge Nuno Pinto da Costa, que se prepara para mais uma final europeia e não consegue libertar-se da obsessão Benfica, desta vez recuperando a mão de Vata. Qualquer livro de Psicologia Elementar explica – é complexo de inferioridade, recalcado. Só não consegue explicar porquê. Nem indicar cura. Já vai tarde.

  In Record

3 comentários:

máfia disse...

Um texto de um discernimento de alguém que sabe da poda ou melhor de futebol

ad.eternum SLB disse...

Red,

Obrigado pela visita. Já estavas na minha bancada há já algum tempo.

Saudações Benfiquistas

Anónimo disse...

Em Conimbriga, também há desta casta, é só colocar as pedrinhas no sítio certo.

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