A Estónia, por favor, venha a Estónia!
Na sexta-feira da semana passada, depois de Nani marcar o seu segundo
golo aos simpáticos islandeses, o público do Dragão desatou a cantar em
coro o nome do dito Nani e qualquer pessoa com dois dedos de testa
percebia logo que este torneio de qualificação para o Europeu de 2012 só
podia acabar como acabou, ou seja, num desconcerto completo e numa meia
aflição.
Tudo isto porque, como toda a gente sabe, o nosso Cristiano Ronaldo,
excelente miúdo certamente, fica nervoso quando ouve o público a cantar
nos estádios outro nome que não seja o dele. E o caso está a tornar-se
bicudo.
Não espanta que em Espanha as plateias pró-Barcelona não parem de
cantar o nome de Messi sempre que o nosso Cristiano Ronaldo toca na
bola. São coisas lá deles, dos espanholitos, e ainda bem recentemente
uma sondagem publicada no diário madrileno As desfazia o mito local da superioridade do Real Madrid em termos de adeptos.
De acordo com as respostas dos inquiridos, o Barcelona é o clube
preferido dos espanhóis com 44% dos afectos recolhidos enquanto o Real
Madrid é o clube mais detestado de Espanha, com 51% das intenções de
desamor, seguido pelo Barcelona com 40% e do Sevilha com 30%.
Não admira assim que Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do Real
Madrid, tenha de sofrer grandes amarguras de ego sempre que se vê longe
do conforto do Santiago Bernabéu e perante público hostil que sabe
perfeitamente como atazaná-lo onde lhe dói.
Também no último jogo do Real Madrid para a Liga dos Campeões, na
Croácia, Ronaldo passou pelo mesmo tendo de suportar os cânticos
pró-Messi dos adeptos do Dínamo de Zagreb. “Não gostam de mim porque sou
rico, giro e grande jogador”, disse o português no fim do jogo. Nada
disto espanta.
Já espantou, isso sim, que a moda de enervar o nosso Cristiano
Ronaldo cantando por Messi tenha chegado a Chipre como se viu da última
vez que a selecção foi lá jogar. Foi, admita-se um despautério cipriota
na ânsia de perturbar o capitão de selecção portuguesa. E perturbaram
mesmo.
Viu-se no modo Cristiano Ronaldo comemorou os golos que consegui
marcar em Limassol, correndo para as bancadas com vontade de despachar
aquele pessoal à estalada. Mais tarde, na conferência de imprensa, diria
que estava habituado «a calar o público todo o ano» e nem uma vez
sequer proferiu o nome de Lionel Messi.
Eu não sei o público que esteve no Dragão a assistir ao Portugal –
Islândia tem noção deste transe em que vive o nosso Cristiano Ronaldo.
Aparentemente não tiveram noção alguma e nem pensaram duas vezes antes
de, em coro, chamarem por Nani em fundo musical.
É que o nosso Cristiano Ronaldo, por ser simples e bom miúdo, ainda
pode admitir que haja uns «anormais» - como ele próprio sublinhou – que
não o considerem o melhor jogador do mundo e que a ele prefiram aquele
argentino pequenino, pouco ou nada giro, que joga em Barcelona. E, assim
sendo, que cantem, gritem por Messi as vezes que muito bem quiserem e
entenderem.
Isto é uma coisa…
Agora outra coisa é uma pessoa, como o nosso Cristiano Ronaldo, estar
a jogar em solo pátrio contra o inimigo estrangeiro e desatar o povo
das bancadas não a entoar por Messi, graçola a que já está habituado,
mas, pior ainda, a cantar por Nani, um simples compatriota que nunca
sequer foi nomeado para a Bola de Ouro da FIFA.
Podem não acreditar, mas isto foi uma grande alfinetada no ego já
dorido do capitão da nossa selecção que provou em casa, que horror, o
fel da traição dos seus compatriotas.
Está, portanto, explicado este inacreditavelmente medíocre final de
campanha rumo ao Europeu de 2012. É verdade que o início da campanha foi
ainda pior, muito pior, mas o que fica são as últimas impressões e
estas de Copenhaga são de molde a fazer esquecer rapidamente aquela
série lamentável de insucessos que marcou o fim da era Carlos Queiroz in absentia, já posto a milhas pelos responsáveis da FPF.
É assim a vida, Paulo Bento. Enquanto hoje, Carlos Queiroz festejava a
goleada que o seu Irão impôs ao Bahrein – logo por 6-0! – e assume todo
o favoritismo do Grupo E da qualificação asiática, a nossa selecção
vê-se obrigada a disputar o “Play-off” de qualificação para o Europeu de
2012 e com o credo na boca, porque nestas coisas, enfim, nunca se sabe…
Antes que o sorteio dite quem vamos ter por adversário – fica-se a
saber amanhã – e admitindo que a nossa selecção se vá apresentar nos
dois jogos decisivos da mesma forma como jogou com os islandeses e
dinamarqueses, nesse caso, por favor, vamos todos desejar que nos saia a
Estónia porque a Bósnia e o Montenegro serão adversários tramados e a
Turquia até mete medo.
Mas graças às contas dos rankings, já nos escapámos da República da
Irlanda comandada pelo senhor Giovanni Trapattoni que percebe mais de
futebol a dormir que muita gente acordada.
Pinto da Costa acreditava que Portugal se iria qualificar
directamente em Copenhaga para o Europeu de 2012. De outra forma, jamais
se arriscaria a acompanhar a selecção nacional.
Uma figura do porte político e desportivo como Pinto da Costa não
pode fazer uns bons milhares de quilómetros para ir assistir a uma
derrota ainda sem conclusão, para ir abençoar com a sua presença e com a
sua áurea de triunfador uma carrada de incompetentes.
E foi precisamente isso que se passou.
No entanto, dizem-me que não, que não foi por causa do jogo da
selecção que Pinto da Costa foi à Dinamarca. Que foi apenas e por causa
das próximas eleições para a Federação Portuguesa de Futebol.
Ora, no meu entender, nada disso faz sentido portanto adiante…
Rúben Amorim, se me permitem a confissão, é o jogador do Benfica de
que mais gosto. E não é por ser português. É por ser do Benfica. E por
ser também uma boa cara, um bom sorriso e um excelente jogador como nos
vem provando a todos há dois ou três anos.
Depois de passar uma semana fora da Luz, visto que foi chamado por
Paulo Bento para integrar o grupo de seleccionados para os jogos com a
Islândia e com a Dinamarca, Rúben Amorim voltou agora a casa para se
reencontrar com os colegas e com Jorge Jesus.
Jorge Jesus, a propósito das declarações de Rúben Amorim sobre o que
pensa Jesus ser diferente do que pensa Paulo Bento, disse no
fim-de-semana passado que iria conversar com o jogador assim que ele
regressasse dos trabalhos da selecção e que ambos, «com a inteligência
de cada um», saberiam certamente resolver essa pequena desinteligência.
Não faço, nem ninguém faz, a mínima ideia do que Jorge Jesus terá dito por estes dias a Rúben Amorim sobre o assunto.
Talvez qualquer coisa deste género:
- Olha, Rúben, afinal o Paulo Bento pensa como eu, também te deixa sentado no banco a ver os outros jogar…
Não há de ter sido assim, com certeza, que se passou o reencontro
entre o treinador e o jogador. Mas sem conhecer nem um nem outro, quase
que aposto que Jorge Jesus teve de se segurar todo para não lhe sair
este remoque da boca para fora.
O Presidente do Marítimo não se conforma com o desfecho do caso
Kléber, jogador brasileiro que transitou do Funchal para o Porto sem que
chegasse meio cêntimo sequer à ilha da Madeira.
Carlos Pereira voltou a falar recentemente no assunto e, apesar da mágoa que lhe assiste, mostra-se confiante no fim do filme.
- A Justiça encarregar-se-á de castigar os prevaricadores – disse.
Bom, é uma opinião.
Mas sente-se, Carlos Pereira, mais vale esperar sentado.
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