outubro 22, 2011
Tempo Útil _ João Gobern
Zangas e arrelias
Jorge Jesus tem razões para estar arreliado com Emerson. Não só foi o menos concentrado dos jogadores da linha defensiva como chegou a dar mostras de alguma displicência. Falhou um golo obrigatório. E, embora lhe tenha calhado em sorte o melhor jogador do Basileia (Shaqiri), o lance que vale o segundo amarelo ao brasileiro é digno de um tenrinho. Ou seja, com a retribuição à porta e a hipótese (invulgar) de conseguir de imediato o apuramento, passeando e gerindo as duas últimas partidas, Jesus tem motivos para estar zangado consigo mesmo, por se comprovar agora que daria algum jeito que um homem como Capdevila pudesse ser opção. Ainda assim, talvez haja uma saída chamada Luís Martins. É uma aventura, um risco? Que seja. Pode acontecer que o jovem português vista uma daquelas personalidades que se agigantam perante os grandes desafios. Com exceção desse pormenor, Jorge Jesus não pode zangar-se com mais ninguém: do inultrapassável Artur ao eficaz Cardoso, tudo resultou com precisão. Com sofrimento, mas também com espetáculo.
Amuados, ao que consta, ficaram os dirigentes do Sporting, com a súbita transferência do Portugal-Bósnia para o Estádio da Luz, depois de “vistorias” e documentos trocados. Alguma razão lhes assiste, sobretudo se for possível confirmar que foram os últimos a saber. Mas, ao mesmo tempo, não podem deixar de reconhecer que a diferença da lotação e que as próprias características do recinto são argumentos insofismáveis a favor da mudança. Pode dar-se o caso de ser a receita de despedida (cruzes, canhoto!) deste Europeu, o que significa que a Federação Portuguesa de Futebol já encara o minorar dos “estragos” resultantes de uma ausência da fase final. E, em matéria de apoio, todos não serão demais – se puderem ser 65 mil, deve perder-se a oportunidade?
Furiosos, vociferantes, andam alguns dos peões de brega do FC Porto para o combate mediático. Tudo por causa do Ministério Público (MP) e da conclusão a que este chegou relativamente ao comportamento de cinco jogadores portistas no túnel no Estádio da Luz. Nem Pinto da Costa se aventurou a tão iradas tiradas – limitou-se a regressar à sua pueril ironia e a comparar o incomparável (Scolari, claro). Os outros não: da palhaçada à conspiração (além dos limites da demagogia ao acusar o MP de perseguir atletas do clube por ter falhado o presidente), sucederam-se as acusações. Todas alinhadas por um nível que envergonha quem o assume e que só se entende por um bizarro nervosismo. Há remédios eficazes. E não me parece que as espumantes figuras dependam de taxas moderadoras. De resto, à falta de melhor, moderar deveria ser um dos verbos a tomar, já. Mesmo em automedicação – é por uma boa causa.
In Record
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