outubro 07, 2011

Tempo Útil _ João Gobern


Águas turvas

Pode queixar-se Paulo Bento de uma maré de lesões e casos estranhos mesmo à porta dos compromissos “tudo ou nada” da Seleção Nacional. Não me recordo de uma maré de lesões e de indisponibilidades sortidas (era preciso tanto mistério e tanta linguagem cifrada para justificar a “pequena cirurgia” que impediu Danny de vir dar uma ajuda aos seus compatriotas?) que, de uma forma tão intensa e concentrada, tenha desfalcado a equipa de Portugal. Se contarmos que, apesar da bonança registada em campo, o Caso Ricardo Carvalho ainda não pode estar esquecido e muito menos ultrapassado, o ambiente não estará desanuviado e propício à concentração exclusiva nos jogos em falta, ao contrário do que todos desejaríamos.

É verdade que, desde os tempos como técnico principal do Sporting, Paulo Bento nos habituou a ser alguém capaz de lidar com a pressão e com a tensão. Mas lidar não é sinónimo de lidar bem – mais uma vez, Paulo Bento deixou-se escorregar para terrenos controversos, em vez de apresentar uma argumentação preventiva. Claro que, sobre todos, se está a pensar no exemplo de Bosingwa, que volta a ficar de fora das opções sem uma palavra, sem uma explicação, sem que se purifique o ar que, neste caso concreto, é tão turvo que gera dúvidas quanto aos motivos do selecionador. Mas, ao invés, há algumas convocatórias que também não parecem evidentes: Ricardo Costa, preterido no Valencia? Beto, por que joga, e simultaneamente Eduardo, por que não joga? E onde fica Quim? Eliseu? Sereno?! Outras fossem as circunstâncias e quase apeteceria dizer que do “clube privado” de Scolari e da ausência de critério e de nexo de Queiroz chegámos a um momento de aflição em que entra quem passar à porta…

Depois, renasceu a tendência para fazer da Seleção uma espécie de confessionário (ou falatório) para o que acontece nos clubes. Muito em concreto, as declarações de Ruben Amorim, agradecendo ao selecionador não usar do mesmo critério que o treinador do Benfica, foram descabidas e ingratas. O antigo jogador do Belenenses não desconhece que é visto como um dos homens próximos de Jorge Jesus – e usou esse trunfo, quando lhe deu jeito. Deveria ter pensado mais e/ou melhor antes de apontar a arma ao técnico que o empurrou para um grande clube, que o “inscreveu” na Seleção em 2010. Muito francamente, pergunta-se: no Benfica, quer jogar no lugar de quem? De Gaitán, Bruno César ou Nolito? De Javi García? De Witsel? De Aimar? Faz parte de um plantel rico e cheio de alternativas. E se Saviola pode ficar de fora de quando em vez, por que há-de Ruben de ter lugar cativo?

Dito isto, tudo de bom para sexta e para terça. Haverá tempo para discutir a Seleção, depois do carimbo nos passaportes.

In Record  

Sem comentários:

Photobucket