outubro 08, 2011

Contra a Corrente _ Leonor Pinhão


Para além do limite do razoável

Causa perplexidade a inquietação entre muitos, mas mesmo muitos, benfiquistas este facto, aparentemente bizarro, de o Benfica apoiar com insuspeita frontalidade a veemência a candidatura de Fernando Gomes, ex-administrador da SAD do FC Porto, à presidência da Federação Portuguesa de Futebol agora que, pela norma vigente, a dita Federação vai reocupar-se dos negócios da disciplina e dos árbitros.

No momento em que, repito, o FC Porto tem um Fernando Gomes bi-bota na sua estrutura e um Fernando Gomes bi-presidente nas estruturas da Liga e da Federação, este entusiasmo do Benfica pela próxima nomenclatura superintendente do futebol português não deixa de causar pasmo.

Sobretudo entre aqueles que recordam, por exemplo, o facto de Fernando Gomes, o bi-presidente da Liga e da FPF, o homem em que o Benfica aposta para regenerar o sistema, deter funções de grande responsabilidade no FC Porto à época em que outros responsáveis do clube, portanto todos colegas, tratavam pelo telefone dos negócios da disciplina e dos árbitros usando uma rebuscada terminologia que levou a Polícia Judiciária e o Ministério Público a suspeitarem de graves maroscas contra a verdade desportiva.

Felizmente que para o bom nome de todos e para a tranquilidade geral, os juízes que julgarem esses casos não encontraram o mais leve indício de práticas mal sãs, pelo que todos os acusados saíram ilibados e em ombros, com excepção das gentes mais modestas do Boavista e do Gondomar que ainda hoje arcam com as consequências práticas dessa maré de investigações judiciais.

De tudo isso, para o FC Porto apenas sobrou um leve empalidecimento das suas muitas glórias, uma sombrazinha de mau aspecto e nada mais.

Se é verdade que Fernando Gomes nunca foi escutado a encomendar almocinhos para árbitros rebeldes nem fruta de dormir para árbitros da corda, também é verdade que nunca Fernando Gomes, o bi-presidente, não o bi-bota, se demarcou desses modos vigentes durante a sua vigência como administrador da SAD do FC Porto. Mas também nunca ninguém, nenhum jornalista, por exemplo, e confrontou directamente com a questão.

E, presentemente, temos o Benfica, que tanto de deliciou com o processo Apito Dourado, a apoiar com firmeza a entrega da disciplina e dos árbitros ao ex-colega de Pinto da Costa nesse período áureo da fruta, do café com leite e das chantagens fantásticas, lembram-se?

Não admira que haja benfiquistas confusos com estas coisas. Uns por terem a mania da perseguição, o que é uma doença, outros por terem a certeza da perseguição, que é um facto.

Outros, de cariz mais místico, entendem que o apoio a Fernando Gomes é mais um passo deste martírio que devemos suportar com um sorriso beato nos lábios para que se prove de dez em dez anos ou de cinco em cinco anos que o Bem até pode vencer como aconteceu em 1993/94, em 2004/05 e em 2009/10. E, assim, campeões mais ou menos bissextos, continuaremos a municiar o nosso registo martirológico com novos dados sempre surpreendentes.

Pessoalmente não me revejo em nenhuma destas filosofias que atormentam os meus consócios no que concerne à eleição de Fernando Gomes como presidente da Federação Portuguesa de Futebol.

E, certamente que por portas travessas, dou razão a Luís Filipe Vieira no seu apoio declarado ao ex-administrador da SAD do FC Porto.

Porque, francamente, isso é coisa que não tem importância nenhuma e não decide campeonatos.

Sabem o que decide campeonatos?

É jogar bem futebol. Tome-se o exemplo do jogo de sábado passado com o Paços de Ferreira, no Estádio da Luz. O árbitro, que se chama Bruno Esteves, portou-se como um verdadeiro herói, utilizando a nomenclatura em voga. E os seus fiscais-de-linha portaram-se também de modo heróico.

Um golo mal anulado a Cardozo, uma série absurda de foras-de-jogo mal assinalados em desfavor do Benfica, duas grandes penalidades por assinalar contra os visitantes, um cartão amarelo de gargalhada a Gaitán... e nada disto impediu que o Benfica partisse sempre de alma renovada e cheio de força nas pernas para cima do Paços de Ferreira que saiu vergado a uma derrota expressiva.

É assim que se ganham campeonatos, a jogar bom futebol e sem choradinhos, sem culpar o presidente da Liga ou presidente da Federação, ou os dois em um, sem blasfemar contra árbitros vendo em cada fora-de-jogo mal assinalado uma salva de prata carregada de fruta subindo pelas escadas de serviço de uma qualquer unidade hoteleira de 5 estrelas rumo ao quarto 1893, curiosamente, o ano da fundação de grande rival.

Deixemos, portanto, o Bruno Esteves em paz. Esteve mal na Luz no jogo com o Paços de Ferreira como também já tinha estado muito mal em Paços de Ferreira no jogo com o Vitória de Guimarães, deixando os homens do berço da nacionalidade à beira de um ataque de nervos.

Será caso para se concluir apressadamente que Bruno Esteves nasceu na Mata Real? É sócio do Paços de Ferreira deste pequenino? Quando era jovem militava entusiasticamente na claque Yellow Boys?

Não, de modo algum.

É apenas caso para dizer que se trata de mais um mau árbitro que conseguiu ascender à primeira categoria e que por ser ainda jovem vamos ter de o ver evoluir ao longo de muitos, muitos anos.

E perante isto o que interessa se Fernando Gomes é ou não é o presidente da Liga?

Preocupe-se o Benfica em ter bons jogadores, bons treinadores, em mantê-los, em manter viva uma alma competitiva que lhe está no código genético e não haverá árbitros fanáticos do honrado Paços de Ferreira nem bi-presidentes que o passam atormentar para além dos limites do razoável.

Para além do limite do razoável, este tipo de situações não ocorrem apenas em Portugal. Tome-se o exemplo do jogo do Zénit de São Petersburgo com o FC Porto na semana passada. Os russos ganharam de forma inapelável, viram um golo seu mal anulado por um fora-de-jogo que não existiu e viram validado o golo do FC Porto, obtido em posição de fora-de-jogo.

E qual foi o resultado? 3-1 a seu favor. E porquê? Porque o Zénites não se deitaram a chorar sobre os erros de um árbitro estrangeiro e neutral, antes preferiram cavalgar para cima do adversário e arrecadar os 3 pontos com eficácia e pragmatismo.

Danny não vai estar amanhã no Estádio do Dragão e representar a selecção nacional no jogo com a Islândia. Foi acometido de um mal que o impede de dar o seu contributo à equipa de todos nós. A FPF ainda não esclareceu qual o problema que aflige Danny e a imprensa, sempre atenta, tem avançado com várias hipóteses.

Quanto a Danny, silêncio. Nem uma palavra sobre o assunto proferiu o número 10 do Zénit, o que se respeita mas não deixa de causar surpresa a suscitar especulações.

Que não seja nada de grave, é o que se deseja.

Mas é uma pena Danny não aparecer amanhã pelo Estádio do Dragão. Em primeiro lugar porque é um excelente jogador. Em segundo lugar porque seria curioso vermos como é que a afición portista iria receber em sua casa o artista que festejou de modo tão pouco ortodoxo o bonito golo que apontou contra o FC Porto, lá longe, em São Petersburgo.

E estes pormenores animam sempre os espectáculos."

1 comentário:

Anónimo disse...

"Vamos levar o caso para a FIFA, não vemos outra solução perante o silêncio do FC Porto, que simplesmente não nos responde. Estou muito desiludido", explicou o dirigente, que recusou confirmar que em falta estão quatro milhões de euros, relativos à primeira tranche das transferências do médio Defour (6 milhões de euros) e do central Mangala (6,5 milhões).

Para o director do St. Liège, "é irrelevante" que o FC Porto queira pagar depois de receber os 40 milhões do Atl. Madrid por Falcão". "Não nos comunicaram esse desejo e não é problema nosso. O nosso acordo é claro e não está a ser cumprido. Se não havia dinheiro para cumprir o acordo, houve má-fé", frisou. O dirigente disse, ainda, que "o Benfica é muito diferente, pois é um clube cumpridor".

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