janeiro 17, 2011

Aqui á Gato _ Miguel Góis


O melhor

Foi com uma certa naturalidade que José Mourinho aceitou o prémio de melhor treinador do Mundo, visto que a FIFA não lhe estava propriamente a dar uma novidade. Até aqui se vê como o técnico português se destaca dos seus colegas de profissão – que se saiba, não houve mais nenhum treinador a teimar durante anos a fio que José Mourinho era o melhor treinador do Mundo. Só José Mourinho. Tem, portanto, não só olho para os melhores jogadores, como também para os melhores treinadores.

Pessoalmente, temo que as imagens que vimos a partir de Zurique não se repitam muitas vezes no futuro próximo. Por vezes, parece-me que José Mourinho fica refém do seu próprio pragmatismo e ambição. Há alturas até em que parece adotar tiques de treinador de clubes pequenos: quando, por exemplo, insiste em utilizar três trincos (no Inter, recorria a Thiago Motta, Zanetti e Cambiasso; este ano, no Real Madrid, já utilizou simultaneamente Alonso, Khedira e Diarra), enquanto equipas como Barcelona, Arsenal, Benfica e FC Porto utilizam apenas um médio defensivo; ou quando aplica um sistema de jogo demasiado em função do adversário, em vez de instituir um modelo original e de se manter fiel a ele, como faz Pep Guardiola ou Arsène Wenger; ou, por fim, no seguimento de um golo da sua equipa, quando ultrapassa Benzema em sprint para chamar um defesa que está a aquecer, de forma a que este entre o mais depressa possível para segurar o resultado. Parecendo que não, há uma tendência para admirar e premiar os técnicos com uma filosofia de jogo mais ofensiva. Não é por acaso que aquele que a FIFA considerou o melhor treinador do século 20 foi Rinus Michels, e não Helenio Herrera.

In Record

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