setembro 09, 2011
Tempo Útil _ João Gobern
Proscritos
Há poucas sentenças no Mundo que me causem tanta confusão – e uma generosa dose de revolta – como aquelas que resultam de julgamentos viciados, em que o acusado (invariavelmente a parte mais fraca de um litígio que, em múltiplas ocasiões, nem se compreende como aconteceu) não tem direito a uma defesa digna, se é que chega sequer a ser ouvido. O universo do futebol não é, infelizmente, exceção a estes atropelos à ética e à dignidade. E os casos repartem-se.
Tenho como estranha a decisão do FC Porto não inscrever, na sua lista de disponibilidades para a Liga dos Campeões, os nomes dos brasileiros Alex Sandro e Walter. O segundo foi, desde cedo, um mal-amado de André Villas-Boas que, perante os impedimentos de Falcão, preferiu improvisar Hulk como ponta-de-lança a abrir as portas ao avançado brasileiro. Saído o colombiano, arribado Kléber, a situação não se altera. E o campeão nacional opta por enfrentar a campanha de grupos com um só artilheiro de raiz, em vez de dar uma oportunidade a Walter. Não se compreende, neste quadro, porque não saiu. O caso do defesa é diferente: apesar da lesão que o incomoda, o preço pago (9 milhões de euros, ao que se sabe) justificaria a sua inclusão na grande montra, uma vez que a maleita não há-de durar mais três meses e meio. Não se compreende, neste quadro, porque entrou.
Pior, muito pior, é a situação de Capdevila no Benfica. Campeão mundial e europeu, desejoso de mudar de ares e a caminhar para o final de carreira, acreditou no projeto dos encarnados. Foi-lhe acenada a bandeira da Champions como chamariz para uma assinatura rápida, sabendo-se que era um jogador disputado, pela sua experiência e pelo seu valor intrínseco. A exclusão do elenco do Benfica para a Liga milionária é, apetece dizê-lo, um golpe baixo, sobretudo quando as suas chamadas à competição se limitaram à partida particular com o Arsenal e a um jogo de campeonato. Isto enquanto se desenrola mais um folhetim que tem como protagonista César Peixoto, que acaba por ser inscrito pelo clube depois de ter “aceite” atuar a defesa-esquerdo. O precedente – a não haver alguma explicação mirabolante – é grave. A atitude com Capdevila é, no mínimo, indigna de um clube com a grandeza do Benfica.
Finalmente, Hélder Postiga. Vender o ponta-de-lança titular da Seleção Nacional por um milhão é a mesma coisa que escorraçá-lo – não é saldo, é liquidação total, é empurrá-lo com maus modos até à porta de saída e declará-lo persona non grata. Ainda mais quando vinha sendo, apesar de todos os reforços, a primeira opção de Domingos Paciência. E, acreditem, não foi por ele que o Sporting entrou às avessas na temporada. Mas alguém tinha que pagar a fatura, não é?
In Record
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